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_Violetta – Francesca disse me repreendendo. – Pare de se mexer criatura, eu sei que você está nervosa, mas pare de ser tão ansiosa. – disse passando o blush em minhas bochechas.

_Eu estou morrendo de medo – murmurei enquanto ela pegava o batom vermelho. – Eu tenho toda a certeza do mundo que eles vão me odiar – disse com minhas mãos frias e tremulas.

_Cale a boca – disse em um tom nenhum um pouquinho delicado. – Se você ficar com essa babaquice até eu vou te odiar. – disse terminando de passar aquilo em meus lábios, que ficaram mais vermelhos que o indicado.

Francesca pegou um papel e tirou o excesso. Logo tirou os bobes do meu cabelo, deixando-os totalmente ondulados, separou ao lado, e penteou para abaixar o volume, ficando perfeito aos meus olhos.

Fui até a minha cama, pegando o vestido parcialmente justo, mas adequado no tamanho, era um tomara que caia preto. Vesti-me rapidamente, com a ajuda de Francesca para fechar o zíper.

_Como eu estou? – perguntei um pouco nervosa.

_Está linda – disse sorrindo. – Como uma princesa. – ri. – Uma princesa moderna, claro. – rimos.

León havia marcado um jantar, comigo para conhecer a família dele. Ele disse que mesmo que não me aceitassem, não iriam demonstrar isso na minha frente, mas mesmo assim, era horrível, saber que os pais do meu namorado poderiam simplesmente acabar com a nossa história de romance pelo simples fato de eu não ter dinheiro. Fui tirada de meus devaneios com meu celular tocando.

_Meu amor? – era o León. – Está pronta?

_Quase lá – respondi com a voz trêmula e ele riu. – Corro sério riscos de ter um enfarte assim que chegar ao apartamento de seus pais.

_Não fale bobagens – ele riu. – Se eles não te aprovarem, meus irmãos com certeza vão gostar de você.

_Menos mal.

_Tenho certeza que Melanie, minha irmã, vai amar te conhecer. – disse e parecia feliz com isso. – Ela é a rebelde da família, é quase que previsível saber que ela vai amar o irmão dela que quebrou as regras de casa e está namorando uma mulher incrível, no qual não tem empresas e nem um nome de uma família estúpida a zelar.

_Falando assim até parece que eu sou a pessoa que vai fazer com que vocês se separem ainda mais – resmunguei.

_E vai – León riu e eu me assustei. – Estou em frente a sua casa, quanto terminar é só vir, beijos.

Desliguei o telefone e corri para frente do espelho. Dei uma última olhada em mim, e me senti bem, quer dizer, só um pouco nervosa, muito, mas nada de mais. Despedi-me de Francesca e saí de casa.

León estava lá em frente, lindo de morrer. Ele estava distraído olhando para o lado, vendo qualquer outra coisa. Ele estava maravilhoso com aquele terno tão bem alinhado, perfeito em seu corpo.

Saí de casa, e pelo barulho que aquele velho portão fez, León percebeu a minha presença e abriu um grande sorriso, satisfatório, eu diria. Sorri também, quer dizer, tentei sorrir, porque eu estava tão ansiosa que seria incapaz de ser carinhosa com ele esta noite, não que serei grossa, só não conseguirei focar 100% no León.

_Está perfeita.

_Obrigada – agradeci um pouco envergonhada com o seu olhar que pairou em meu corpo. – Fico feliz que tenha gostado. – disse e ele sorriu.

León abriu a porta do carro para eu entrar, e com ajuda do mesmo, adentrei no automóvel, e logo o León também entrou. Ele olhou para mim mais uma vez, e logo deu partida no carro, indo em direção ao condomínio da mãe dele.

***

León estacionou o carro em frente a um grande condomínio, e também onde tinha a placa com o E cortado, ou seja, onde não podíamos parar se não, certamente, ele levaria uma multa. Olhei para ele que estava com uma expressão séria, tinha as mãos no volante e a cabeça abaixada.

_Está tudo bem León? – perguntei o olhando preocupada, pois sua face não estava com uma expressão nada boa.

Ele balançou a cabeça positivamente, e levantou seu olhar até mim, levando sua mão até a minha bochecha, acariciando-a, me olhando com paixão.

_ Você é tão linda... – disse meigo me fazendo sorrir suavemente. – Tão delicada, tão... Indefesa, que tenho medo de machucar. – León confessou com uma tristeza evidente na voz, me deixando um pouco confusa.

_Me... Machucar? – perguntei sem entender.

_Violetta... – suspirou. – Não sei como minha família vai reagir quando vê você. Tenho medo que isso acabe com a relação que nós temos. – explicou.

_Só se você deixar que isso aconteça – sorri. – León, mesmo que o universo esteja contra a gente, se nós não quisermos, não vamos nos separar. – falei. – E se você achar que eu realmente nunca vou me adaptar a esse preconceito que a sua família tem, ou se você tem vergonha de namorar uma mulher pobre como eu, sugiro que terminemos aqui. – disse tirando sua mão de meu rosto.

_Não tenho vergonha de você – falou suavemente. – Apenas tenho medo de te machucar com esse grupo preconceituoso chamado de família que eu tenho.

Apenas assenti um pouco triste, o León conseguiu aumentar o meu nervosismo. Agora além de nervosa estou ciente que a família dele me odiará. Comecei a sentir algo. Algo chamado arrependimento por ter aceitado o convite de jantar com os familiares dele, meu coração disparou, e agora, literalmente eu vou surtar.

_Acho melhor eu voltar para casa – falei.

_Não – disse segurando a minha mão. – Vamos entrar juntos. Temos que enfrentar isso de algum jeito. – falou sorrindo.

Não respondi, mas também não pestanejei, pelo menos ficaria sabendo de uma vez por todas que a mãe dele me odeia. León rapidamente estacionou o carro dentro do condomínio, e logo saímos do carro.

De mãos dadas, entramos no elevador, e minha barriga estava levemente embrulhada, ao imaginar a cena de uma mulher pobre como eu, num lar extremamente grande e luxuoso de pessoas ricas. Logo chegamos a frente a uma porta, e tudo indicava que ali era onde os pais de León moravam.

_Pronta? – León perguntou e eu assenti um pouco receosa.

León tocou a campainha, e em menos de segundos, alguém veio nos atender. Novamente senti um mal-estar me invadir. Vou ter um treco. A porta fez um barulho do lado de dentro, e em instantes uma mulher baixinha, de uniforme, bem magrinha, veio nos atender.

_León – a mulher disse entusiasmada com um sorriso estampado no rosto. – Que bom que chegou. Sua mãe ficará muito contente com isso. – disse nos dando passagem para entrar.

Entramos e eu fiquei totalmente incomodada com o local. Era três vezes maior que o apartamento aconchegante do León. Estava totalmente deslocada, por sorte ainda tinha uma pessoa ao meu lado, segurando a minha mão, e de alguma forma, me transmitindo certa confiança.

Olhei para aquelas pessoas que estavam sentadas conversando. Não eram muitas, mas o suficiente para me deixarem envergonhada. Acho que León percebeu meu nervosismo, pois beijou rapidamente a minha testa, e logo enlaçou minha cintura com o seu braço.

_Filho querido! – uma mulher mais ou menos da minha altura se aproximou de nós com um largo sorriso. Ela era magra, e estava com um vestido longo, na cor vinho, muito elegante, deixando claro que aquela era a mãe de León.

León soltou minha cintura, me deixando desamparada por alguns instantes, enquanto abraçava aquela mulher. Ela parecia feliz em vê-lo, mas León não demonstrava a mesma coisa, pelo menos a meu ver.

_Quem é você? – perguntou olhando de cima abaixo para mim, com um sorriso pequeno nos lábios, enquanto tentava “me decifrar”.

_Mãe – León disse enlaçando novamente minha cintura, eu simplesmente gelei quando ela fez aquela pergunta. – Essa é a mulher que eu te falei. – disse com um suave sorriso nos lábios. – Minha namorada. Violetta.

_Ah Claro – disse não se importando e logo voltando a olhar o León. – Não sabe como eu senti sua falta, meu filho. – disse sorrindo emocionada. – Esta casa ficou vazia sem você. – Nossa... Que sentimental. – Espero que não se importe, mas para esse jantar, eu chamei o seu irmão, e toda a família dele. – disse olhando discretamente para mim, mas logo voltando a fitar o seu filho. – Daqui a alguns minutos eles chegaram.

Senti-me um pouco mal. A tal irmã da mulher do irmão do León iria vir, e com certeza eu seria ignorada, ou sofreria o mal do ciúme incontrolável. Realmente não foi uma boa ideia de ter vindo aqui, conhecer os pais dele.

León não disse nada, apenas pegou em minha mão, tirando-me da presença de sua mãe, e indo cumprimentar as pessoas que ali estavam. Cumprimentei-as também, e eram bem mais interessantes do que a mãe dele.

_León! – uma mulher pulou no pescoço dele o abraçando apertadamente, causando-me certa surpresa. – Que saudade de você, brother!

_Melanie! – a mãe dele repreendeu. – Tenha modos de uma mulher elegante. – disse séria. – Receba seu irmão de uma maneira normal, e não com ataques de uma menina sem noção. – Senhor que mulher chata!

A mãe dele desapareceu de minhas vistas como num passe de mágica assim que repreendeu a irmã de León. A mulher fez uma careta, fazendo o León soltar um riso fraco.

_Mamãe continua a mesma de sempre – murmurou irritada.

_Estou vendo – León riu.

_Não vai me apresentar sua namorada? – perguntou sorridente me olhando.

_Ah Claro – León disse com um sorriso nos lábios também. – Esta é a Violetta – disse pegando novamente em minha cintura.

_Por favor, me diga que você não é uma daquelas ricas e arrogante, capaz de fazer qualquer coisa para chamar atenção. – perguntou fazendo com que eu e o León ríssemos.

_Não – respondi assim que parei com os risos. – Não sou dessas.

_Ufa... Pelo menos isso. – disse vindo me abraçar. – Prazer, sou a Melanie.

Ficamos conversando por um tempo. Melanie era muito simpática e engraçada, era muito linda a relação que ela tinha com o León, eles pareciam bem ligados um ao outro. Era bem legal.

Logo a porta novamente se abriu, e um homem, muito parecido com o León, só que um pouquinho mais velho, entrou ao lado de uma mulher alta, quase da mesma altura que o marido, por causa dos saltos que usava. Óbvio.

Era o irmão dele. Como eu fiquei sabendo disso? A mãe dele praticamente gritou quando eles chegaram, chamando atenção de todo mundo. Uma mulher se aproximou de León, quando a mãe dele praticamente a arrastou até o meu namorado.

_León, lembra da Lara, a irmã da Alicia? – León assentiu um pouco sério. – Veja como ela está linda. – disse apontando para a garota que tinha um sorriso tímido nos lábios.

Era a Lara, a prima da Ludmila. Ela sorriu a me ver. León estava com a cara fechada, na era para menos, eu também estava incomodada com aquela situação. A mãe dele começou com os elogios, me deixando para baixo, literalmente, depois de praticamente um século e meio falando das qualidades dela, a mãe dele saiu.

_Desculpa gente, realmente a senhora Vargas é um pouco exagerada – disse com um sorriso simples no rosto. – Olá Violetta, fico feliz em te encontrar aqui, e também estou feliz por saber que está namorando o León, desejo felicidades aos dois. – disse saindo.

Olhei para o León que continuava emburrado. Pus a mão em seus ombros a fim de chamar a atenção dele. Sorri assim que olhou para mim. Ele soltou um suspiro, um tanto cansado.

_Era ela? – perguntei e ele apenas olhou em meus olhos. – É essa a mulher que sua mãe quer que você se case? – perguntei e ele assentiu um pouco chateado. – Ela é uma boa pessoa. – Sorri.

_Sou mil vezes você – León disse me fazendo sorrir.

Depois de algum tempo ali, servindo bebidas, o que eu não aceitei nenhuma vez, pois como todo mundo sabe, eu não tomo coisas alcoólicas. Serviram alguns aperitivos que eu não soube o que era aí o León teve que me explicar, eu fiquei com certo receio de comer aquilo que serviram.

A mãe de León o chamou para conversar, e durante uma hora, contada, ele não tinha voltado ainda, então fui procurá-lo, aquelas pessoas estavam me olhando de um modo estranho, principalmente o irmão dele, menos a Lara e a Melanie, elas eram bem legais, nem pareciam que pertenciam àquela família.

Passei por um corredor vazio, e vi, por uma fresta de porta, que o León ainda conversava com a mãe dele, mas assim que eu ouvi do que eles falavam me senti mal de novo.

_Você não pode namorar uma garota tão sem classe como aquela – a senhora Vargas dizia com certa irritação na voz. – Ela não é para você León, não chega nem aos seus pés, é uma garota, que de longe, percebem que é de baixa classe social.

_Mãe...

_Mãe nada – disse brava. – Você é meu filho, e é seu direito fazer o que eu mando. – disse ainda mais alterada. – Você nunca terá minha permissão para ter um relacionamento com aquele ser. Eu e seu pai não aceitaremos isso.

_Vocês não tem que aceitar. Eu a amo. – sorri com as palavras dele.

_Não, você não a ama – disse grossa. – Você pensa que a ama. Ela é só uma diversão, só mais uma das vadias na qual você ficou quando mais novo. – aquilo me feriu, me feriu muito mais do que uma facada ou um tiro que me descem, senti algo quente escorrendo de meus olhos, eram lágrimas. – A pessoa certa para você é a Lara, ela sim é uma mulher de princípios, a pessoa ideal para você meu filho...

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