Megaman 9 escrita por Tronos


Capítulo 10
Capítulo 10




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/494682/chapter/10

–Deixa eu ver se entendi tudo direito... – Ryuko murmurou, com a cabeça entre os joelhos e um biscoito nas mãos. A garota na sua frente tinha insistido, pelo menos umas cinco vezes, pra que ela pegasse um, ao ponto que recusar era simples falta de educação – Aparentemente, você é um Kamui.

A garotinha assentiu.

–Um Kamui superior ao Senketsu.

Ela assentiu novamente.

–Um Kamui feito por aquele homem... O Alfaiate.

Outro aceno.

–Que supostamente, é seu marido.

Mais um aceno.

–E então... eu vou me casar com o Senketsu?!

O rosto dela explodiu em vermelho, feito uma beterraba, enquanto a garotinha assentiu, alegre, com um rubor feliz no rosto.

–É... não vai ser lindo?! Eu vou ter certeza de te vestir como uma princesa quando isso acontecer, mas é claro que vocês só podem fazer sexo depois do casamento... ahh, quem eu estou enganando, eu e o vovô já nos pegávamos bem antes disso, tenho certeza que vocês não precisam esperar, mas isso fica entre a gente, eu vou ter certeza de distrair seu avô quando você for dar uma com seu Kamui.

–Você diz muito bobagem, eu nem sei em que devo acreditar...

–Ara... seja gentil com sua baa-chan, eu não sei todas as gírias que os jovens de hoje usam – ela riu como uma boboca, conseguindo ser fofa ao extremo cada vez que fazia isso –Eu devo te tratar por “mano” ou “maluco” quando falar? Será que é muito chato a sua avó agir como uma menininha?

–Não é disse que eu estou falando... e não, você não pode me chamar de nenhum desses nomes, sua louca.

–Ahh, então agora “louca” é a gíria?

A garotinha acertou um soco de brincadeira no braço de Ryuko, a fazendo bufar de irritação.

–Não tem por que agir desse jeito, se não puder fazer amizade com sua própria avó, com quem vai fazer? – ela apontou a fornada – Veja, eu até fiz biscoitos pra você. Estão bons?

–Estão horríveis!

Ryuko não esperava, mas os olhos da garota se encheram de lágrimas, de um jeito alarmantemente parecido ao do Alfaiate.

–Você não gostou?! – ela praticamente vazou lágrimas no chão, toda encolhida e parecendo tão fofinha magoada que devia ser um crime – Eu tentei setenta e três vezes até acertar... quer dizer que mesmo depois de tudo isso ainda não consigo fazer biscoitos gostosos? Quer dizer que a minha netinha vai me odiar por isso?

Ela explodiu num choro histérico, estremecendo da cabeça aos pés. Sendo quem era, Ryuko tentou consola-la.

–O-oe... não precisa chorar desse jeito, foi só brincadeirinha – ela pegou um biscoito na fornada e mordeu, por incrível que pareça, estavam... horríveis mesmo. – Viu, esta bom, eu estou até comendo mais um!

–Não, não, Ryuko-chan, não precisa passar pelo tormento de comer a minha comida só pra tentar agradar a vovó, eu entendo que não sou mais necessária no mundo – ela caiu de joelhos e pegou a lamina tesoura do chão, uma expressão solenemente decida na carinha fofa – Sinceramente, eu sempre estive preparada pra isso, só me arrependo de não ter dito ao seu avô mais uma vez o quanto o amava antes de cometer harakiri... então, jaa-ne.

Ryuko pulou encima dela pra tentar impedi-la, mas a loura enfiou a espada no estomago uma e outra vez, pintando o chão da sala com vermelho vivo. Ryuko estremeceu e seus olhos lacrimejaram, até a pirralha olhar novamente na sua direção, com um sorriso no rosto.

–Brincadeirinha, é claro que não vou morrer sua boba!

Ela puxou a espada pra fora da ferida, que se curou num instante.

–Isso é o que chamam de brincadeirinha inocente entre avó e neta – ela segurou o rostinho entre as mãos, dançando feliz no lugar – Eu estou tão feliz por finalmente poder fazer isso com você, Ryuko-chan, eu... Ryuko-chan?! Ryuko-chan?!

Ryuko havia desmaiado encima de uma poça do próprio vomito.

–Eca, que menininha porca... eu vou ter a certeza de ensinar bons modos a ela mais tarde.

..............................................

Me olhei no espelho, mal acreditando no que estava vendo. As fibras tinham se desfiado completamente, assumindo uma outra forma, e agora...

–E então, o que acha, eu sou ou não sou um gênio, Sen-chan?!

–Eu nunca pensei que um Kamui pudesse fazer isso, é... é incrível – eu disse, e coloquei a mão dentro da boca. Eu tinha mesmo uma língua dessa vez, e ela era molhada! – Quer dizer que eu sou... humano?!

–Bem... quase, você é um mestiço de fibras de vida e um ser humano. Francamente, só pude fazer isso mesmo por que Isshin usou uma boa quantidade do sangue da sua irmã pra te criar, então trazer sua natureza humana pra fora foi incrivelmente fácil... Isso é, pra alguém foda como eu.

–Incrível... Você é incrível, Ji-chan!

–yare, yare, diga isso muitas vezes e vou acabar acreditando.

Eu tinha pele, realmente, era macia e se eu perfurasse com a unha, ela sangrava de verdade, sangrava o sangue da Ryuko. Eu tinha olhos, ou pelo menos um deles, o outro ainda estava abaixo do tapa-olho, e cabelos pretos, e pernas e braços e mãos de verdade, e até mesmo bolas!

–Onde é que a Ryuko esta, eu quero mostrar isso pra ela!

Eu não estava me referindo especificamente as minha bolas, mas o alfaiate pareceu ter entendido errado, por que a agulha-espada acertou com tudo a minha cabeça, me mandando de cara no chão.

.....................................

–Tadaima... – Ryuko murmurou, ainda meio aborrecida com as palhaçadas daquele Kamui maluco que se dizia a sua avó. Ela deu de cara com a sala de jantar reconstruída e ampliada da família Mankanshoku, e todos seus habitantes.

–Okaeri, Ryuko.

Makanshoku Barazo... Ok, Makanshoku Sukuyo... ok, Gusts e Mataro...ok, e Mako e um garoto de cabelos pretos de tapa olho... ok.

Espere... garoto de cabelos pretos e tapa olho?!

–Eto... Quem é você?

Limpei a garganta, um tanto ruborizado ao vê-la novamente, sendo que a última coisa que eu havia dito era um “Eu te amo”. Como você cumprimentava uma pessoa que tinha ouvido algo assim de você.

–E-Eu estou feliz que você esteja bem, Ryuko...

–Qual é, essa voz... SENKETSU!

–Yo... – levantei uma mão, sem saber ao certo o que dizer.

Mako ao meu lado nos olhou, dela pra mim e de mim pra ela, uma e outra vez, até explodir no que devia ser, na sua opinião, uma conclusão impressionante. Aquela garota tinha que ter zero de cérebro mesmo.

–Ahh! Já sei!

As luzes se acenderam e ela começou sua exibição indescritível de... seja lá o que fosse aquilo.

–Ryuko-chan amava muito o Senketsu por que o Senketsu era o precioso uniforme dela, que ela nunca tirava nem pra tomar banho, só que o nome dele era Senketsu por que Senketsu é o nome do namorado dela.

Mil flechas de cores diferentes saídas direto da mente dela apontaram pra mim. Franzi o cenho, tentando juntar todo aquele surrealismo em algo que fizesse sentido.

–E o namorado dela agora esta de volta, então Senketsu e Ryuko vão ficar juntos pra sempre! Eba! Croquetes!

Ela pegou pelo menos dez porções e os fez descer pela garganta. Obaa-san sorriu, satisfeita como sempre.

–Ahh... Bem vinda de volta Ryuko-chan, seu avo disse que tinha um compromisso pendente assim que terminou de arrumar as coisas aqui, ele falou que vai te ver depois – ela apontou a colher de pau pra mim – Por que não se senta do lado do seu namorado pra jantar? Eu já preparei dois futons num quarto separado pra vocês dois.

Ela ficou quieta, eu acho que por experiência própria mesmo, já que discutir com aquela família maluca era uma completa perda de tempo. Calmamente ela se sentou do meu lado, e pegou uma tigela de arroz.

“Senketsu... é você mesmo?” – ela sussurrou pra mim, escondendo o rosto por trás de um croquete cheio de ingredientes misteriosos.

“O primeiro e único...”.

“Como você ficou desse jeito?”.

“Agradeça o vovô por isso, ele me reconstruiu e melhorou todas as minhas fibras, eu acabei ganhando essa habilidade no processo, ele disse que é por que somos irmãos”.

“Espere... vovô, irmãos?! Do que você esta falando?”.

“Bem... já que eu fui feito usando seu sangue, isso meio que nos torna irmãos né? E já que o Alfaiate é o pai adotivo do seu pai... isso não o torna seu avo?!”

“Eu não sei, isso é tudo muito complicado, mas eu não confio neles”.

“Bem, eles poderiam ter nos matado, mas eles salvaram a gente e me refizeram mais forte...”.

“Será que eles não mudaram algo em você pra obedece-los?”

“Não, eu não me sinto diferente, só melhor, e além do mais, você ainda é a coisa mais importante do mundo pra mim, eu vou passar por cima de qualquer um se isso significar ficar com você”.

Ryuko corou em vermelho profundo, olhando pro outro lado. Foi quando eu – nós, notamos que todos os outros integrantes da mesa estavam nos observando, como se fossemos o casal principal de uma novela particularmente emocionante.

–Ara, kawaii... vocês ficam tão fofos, cochichando pertinho um do outro desse jeito!

Ryuko explodiu num rubor e se afastou uns bons palmos de mim, só então percebi que estávamos com os rostos quase encostados um no outro, e escondi um sorriso por trás da tigela de arroz.

–Ara! Agora que os pombinhos terminaram de comer, é hora de ir pra cama, vamos! Mataro! Guts! Nós vamos dormir também!

–Hai!

Os três fizeram uma correria em volta da sala, se arrumando nos seus futons e roncando logo em seguida. Algo me dizia que eles estavam fingindo, só pra poder observar a Ryuko de novo. A oba-san pensava assim também, por que, cinco minutos depois, eles estavam todos presos com fita isolante das fortes, gemendo no próprio lugar.

–Não se preocupe com eles, Ryuko-chan, eles não vão incomodar você e o seu namorado, vão dormir, vão. Tenham uma boa noite.

E ela fechou as portas de arroz às nossas costas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Megaman 9" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.