Fogo e Gelo Edward e Bella escrita por Bia Braz


Capítulo 7
7- Aparição pública




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7- Aparição pública escrita por BIA BRAZ

BELLA POV

Acordei cedo e pedi que minha criada escovasse e fizesse um penteado em meu cabelo de acordo com o que exigisse uma recepção vespertina. Onze horas, eu estava pronta, usando vestido justo de crepe bege, com rendas e cetins marrom na cintura. O espartilho foi fechado quase dois centímetros mais apertado, expondo assim mais cavidade em minha cintura e enlevado a sinuosidade dos meus seios. A respiração era feita na metade superior de meus pulmões. Mas que importância tinha um pouco de desconforto? Eu queria me apresentar da melhor maneira possível, em minha primeira aparição oficial com o noivo.

Enquanto estacionava em frente da casa do Sr. Cullen, percebi que precisava contratar mais empregados logo. Naquele momento, precisava de alguém para ajudar-me a descer do carro. Além disso, não me sentia a vontade em dirigir o único carro da cidade. Eu preferia ter um motorista.

Aproveitando que não tinha ninguém por perto, levantei o vestido e desci da carruagem. Um assobio baixo veio de minha esquerda.

—Uau! A coisa mais bonita que vi durante todo o dia!— elogiou o Cullen, vindo pelo lado da casa. —Na verdade, você tem pernas melhores do que das dançarinas de todas as casas noturnas que já frequentei— adicionou. Ergui o queixo séria, mas meu peito manchou-se de calor.

—O senhor ainda não está pronto para o nosso compromisso?—inquiri censuradora. Nem mesmo eram as roupas novas que encomendei para ele trabalhar.

—Para qual mesmo?—perguntou passando os dedos no queixo.

Mesmo usando suas roupas xadrezes simples, eu ainda não estava acostumada com o homem que eu via por trás daquelas roupas. Seu rosto esta manhã estava com a barba por fazer, mas isso não escondia a sua extraordinária beleza.

Que sorte!, pensei.

Concordei em me casar com um urso mulambo e agora ele é um deus. Fechei a porta do carro e andei para dentro da casa. Ele não me seguiu. Parei.

—Para a recepção que iremos— informei descontente.

—Ah, aquilo.— lembrou com desdém, deu de ombros e saiu em direção a frente da casa, deixando-me parada lá sozinha.

—Sim, aquilo. —Segurei minha saia de festa e segui-o até o seu escritório. —Pensei que talvez tivéssemos tempo antes de irmos para umas pequenas lições, o suficiente para que se sinta confortável, e é claro que quererá tempo para se vestir.

Ele parou atrás da escrivaninha e pegou um papel.

—Eu sinto mesmo, mas não tenho tempo para ir. Tenho muito trabalho para fazer. Vá você, já está toda arrumada mesmo. Talvez possa levar algumas flores de minha parte.—Ele riscou algo num papel.

Respirei fundo, ciente do que se passava por sua cabeça.

—Talvez eu deva dar dinheiro a eles.—Encostei-me em sua mesa e olhei para cima, fingindo avaliar.

Ele olhou por cima dos papéis, com uma expressão de surpresa.

—Sério? Será que ele gostariam?—animou-se, eu grunhi.

—NÂO!—Aumentei o tom impaciente. —Eles não gostariam, mas tenho certeza de que você sim. Dessa maneira não teria que encará-los.—Acusei.

—Você está dizendo que tenho medo de um bando de esnobes bebedores de chá? Ora, eu poderia comprar e vender...

Encarei-o, ele parou.

—Não vou— Disse teimosamente e cruzou os braços, sentado na cadeira.

Um lampejo de compreensão passou por mim ao ver seu olhar de menino vulnerável e teimoso, eu tive pena dele. Sabia o que se passava dentro dele. Ele realmente tinha medo e não sabia como se comportar em um evento desses, num que será uma das atrações. Por um momento eu quis por a mão em seu ombro, mas não o fiz.

—Eu prometo que não vai ser muito difícil. Até hoje o senhor só encontrou as piores pessoas da cidade. Gostaria de apresentá-lo aos meus amigos, e prometo que ninguém vai desmaiar a seus pés.— Disse carinhosamente, contendo a vontade de bagunçar os seus cabelos bem penteados.

Ele tirou os olhos do papel e olhou em minha direção.

—Quer dizer que nenhuma dama irá desmaiar quando ver o homão bonito com quem você vai se casar?—deu um sorriso zombeteiro- —Nenhuma dama desmaiará quando me vir sem a barba?

Torci os lábios contagiada por seu sorriso convencido e me afastei dele para conter a vontade de sentar em seu colo e rir com ele.

—Está tentando me fazer dizer que será o homem mais bonito de lá, Sr. Cullen?—Prendi o sorriso, fingindo repreensão. Ele esticou a mão, tentando pegar na minha. Eu me afastei mais.

—Vamos ficar aqui você e eu— convidou com um olhar implorativo. —Encontraremos alguma coisa para fazermos juntos. Eu gosto deste vestido.— Apontou para as minhas saias, depois para meu busto. Seu olhar era um misto de malícia e súplica. Ergui os ombros me segurando para não ceder ao seu jeito matreiro e adulador.

—Nem pense, Sr. Cullen—Olhei para o meu busto e pesei se deveria apertar mais ainda para agradá-lo.—Eu não serei seduzida para... para o que seja que tenha em mente. O senhor deve vestir-se para a recepção.— demandei incisiva.

Ele levantou e aproximou-se. Eu dei passos atrás até que ficasse contra a parede. Ele pôs ambas as mãos na parede, uma de cada lado da minha cabeça, e inclinou-se para a frente. Respirei fundo, a pulsação acelerando-se.

—Nós ainda não nos conhecemos bem, não é? Quero dizer, duas pessoas devem passar algum tempo sozinhas antes de se casar, não devem? —sugeriu. Olhei sua boca tentada a tomar iniciativa e senti-la novamente contra meus lábios. Ele umedeceu com a língua. Suspirei fascinada, mas saber que essa era só uma estratégia dele para não irmos à recepção reavivou a determinação. Ele queria trapacear, não necessariamente ficar comigo.

Sai rapidamente de debaixo do seu braço.

—Senhor Cullen.—Segurei firmemente o olhar —Não adianta vir com conversas para que eu desista da festa. Penso que está com medo de ir e, se por acaso o senhor for do tipo de homem que deixa um pequeno grupo de pessoas assustá-lo, não estou certa de que seja o homem com quem quero me casar—ressaltei altiva.

Ele olhou-me zangado, deu um bufo irritado e voltou-se para a sua mesa.

—Diabo! Você sabe ser insistente. Não tenho medo de nenhuma droga de festa!

—Então prove, vestindo-se e indo comigo— desafiei brandamente, olhando as minhas unhas.

Vi a luta interna travada em seus olhos e lutei contra para não ficar em casa com ele. Seja firme, Bella- Disse para mim- É isso que ele quer que você faça: Que desista.

Ele permaneceu na mesa, olhando-me ausente, então jogou os papéis na mesa.

—Irei—falou aborrecido. —E espero que você não se arrependa. —Levantou-se com raiva, passou por mim e saiu do escritório.

—Também espero.—Respirei fundo e fiquei andando pela sala enquanto ele se vestia.

Olhei os papéis sobre a mesa, analisando mentalmente como iria organizar a sala dele. Que moveis iria colocar ali. Depois de uma hora e meia, quando começava a pensar que ele fugira por uma janela do segundo andar, voltei-me para a sala e o vi parado no pé da escada, usando o casaco escuro, camisa branca de linho e calça cinza. Tinha uma gravata branca na mão.

—Não sei como dar o laço disto.—comentou com olhos baixos e desanimados. Ele parecia um condenado a forca.

Por um momento não consegui me mover, hipnotizada enquanto o olhava. Novamente, parte de mim ficou tentada a ficar em casa. Inspirei seu perfume forte e minha determinação claudicava cada segundo mais. A roupa bem feita destacava um peitoral forte, bem definido. Era extraordinária a largura dos ombros e a estreiteza da cintura. O traje escuro realçava seus olhos e cabelos.

Com orgulho, me animei em chegar à festa pelo braço dele. A parte de mim que tinha o orgulho ferido queria mostrar para a cidade que eu podia conseguir outro homem que certamente era a melhor opção que eu pude ter. Milionário, bonito e cheio de generosidade.

Ah, mas não poderia arrumar alguém melhor mesmo!

—Sabe como dar o laço disto?—perguntou novamente, estudando o meu rosto deslumbrado. Eu respirei fundo e me alinhei.

—Sim, claro— aproximei-me dele —Tem que se sentar para que eu possa alcançar seu pescoço.

Ele sentou-se em uma das pequenas cadeiras douradas como se fosse um condenado, mas depois relaxou e ergueu os olhos, fitando meu rosto. Enquanto ajeitava a gravata, comecei a conversar com ele, tentando desviar a tensão de ter seus olhos fixos em mim, tão próximo

—A festa é na casa de uma amiga, Taylor Mallory. Haverá mesas longas dispostas com comidas e bebidas e tudo que terá que fazer é andar por lá e conversar com as pessoas. Ficarei com você o mais que puder—avisei. Ele não comentou. Quando a gravata estava arrumada, eu sorri. Seu ar apreensivo me comovia. Era inacreditável que aquele fosse o homem rude em quem eu quebrei o jarro. Novamente fiquei tentada a acariciar seus cabelos, mas fechei os punhos e me preparei para me afastar.

—Acabará logo, então voltaremos para cá e jantaremos— avisei docemente, ainda olhando o seu rosto perfeito recém descoberto.

Inesperadamente, seus braços se fecharam em minha cintura e ele me puxou para um beijo, como se quisesse coragem. Eu não resisti, pois ansiava por beijos desde cinco dias atrás, quando ele me pediu em casamento. Foi um beijo cauteloso, sério. Um beijo de lábios. Eu esperava não exatamente esse beijo, eu queria mais. Apoiei-me nos seus ombros e acariciei sua bochecha. Minhas pernas perderam forças. Por que eu reagia assim a ele? Será que ele sabia o que me fazia?

Abruptamente, ele encerrou e se pôs em pé ao meu lado.

—Vamos logo com isso— demandou com semblante sério e se dirigiu a porta.

Fiquei muito atordoada para me movimentar. Os poucos beijos pareciam não significar nada para ele, mas deixavam meu cérebro sem oxigênio.

—Você não vem?—Ele perguntou impaciente, da porta.

—Sim, certamente— disse sorrindo, sentindo-me muito viva e quente.

Ele parou em frente ao meu carro e resistiu ir nele por causa da cor e por ser eu a dirigir, embora nem eu quisesse isso. Cedeu somente em dirigir até uma casa de carruagens de aluguel e contratamos o serviço. Durante a curta distância até a casa de Taylor, dei-lhe mais instruções sobre como comportar-se.

—Se queremos que as pessoas acreditem em nosso noivado, talvez você deva ser atencioso comigo— sugeri neutra —Fique perto de mim, fale baixo, segure meu braço... E, por favor, ajude-­me a descer da carruagem.

Ele concordou sem olhar-me, tamanha era seu nervosismo.

—E sorria, caro noivo— adicionei com um sorriso tranquilizador—Com certeza casar-se comigo não é algo tão ruim assim.

—Talvez não seja ruim...Se eu conseguir sobreviver ao noivado— retrucou sério. Não estava para brincadeiras.

As pessoas reunidas no jardim dos Mallory estavam mais que curiosas sobre ele e eu. Fazendo o possível para agirem com polidez, praticamente correram em direção à carruagem, então pararam e ficaram boquiabertos. O cavalariço cabeludo tinha sido substituí­do por um cavalheiro.

Ele não pareceu reparar nas reações das pessoas, mas eu pus as mãos nos grandes ombros dele, orgulhosa, enquanto ele me ajudava a descer da carruagem. Passei meu braço pelo dele e guiei-o em direção às pessoas que nos aguardavam.

—Este é o meu noivo, senhor Edward Cullen—apresentei-o com um sorriso no rosto.

Vinte minutos mais tarde, após ter sido apresentado a todos, eu percebi que ele estava menos tenso e começava a relaxar.

—Não foi tão ruim como pensou, não?—Toquei seu rosto carinhosamente, amando ter que fazer média para o público, pois só assim eu poderia acariciá-lo sem receios.

—Não— concordou satisfeito- —Quer alguma coisa para comer?—ofereceu apontando para a mesa.

O Jacob e a Annebell chegaram mais cedo que nós, porém, eu não tinha os cumprimentado ainda. Em todo o tempo, eu os percebia nos observando. Jacob fez sinal para mim.

—Gostaria de um pouco de ponche?—ofereci olhando distraída Jake por cima dos seus ombros. —Você me dá licença por um momento? Preciso falar com alguém.—Pedi, e observei o Jake se afastando da Annebell, apontando com o dedo para um canto.

Observei o Cullen indo à mesa de comida e reparei que muitas mulheres paravam para olhá-lo. Tanya atravessou a frente dele para falar com ele, sorrindo primeiro para mim, como se pedisse permissão. Só precisou um galo na cabeça para meu sapo virar príncipe, pensei sorrindo e tossi polidamente para encobrir o sorriso. Enquanto ele estava ocupado, dirigi-me até o Jacob, afastados da multidão, no jardim. Antes que eu me aproximasse dele, Emilly me parou.

—Você certamente mudou-o—elogiou com um sorriso no rosto e apontou os olhos em direção ao Cullen, que agora tinha três mulheres por perto.

—Talvez por fora— comentei com certo azedume com o sentimento novo no peito ao vê-lo rodeado assim e ainda conversando, quando outrora ele nem olhava para ninguém. Seria ciúmes? Obviamente não. Sou crescida. —Tem uma coisa me preocupando, Emilly. Temo que o que fazemos comprometa Alice.

—Talvez ela goste do risco. Ela é sua verdadeira amiga, lá dentro.

Suspirei.

—Mas e se me pegarem? Alice ficará com mais problemas. Já era perigoso do jeito que era. Imagine agora que vou casar com um primo dela?

—Bella—-Disse Emilly olhando em meus olhos —Você não pode assumir toda a responsabilidade sozinha.Fiquei em silêncio e ouvi Edward rir alto de alguma coisa que uma das mulheres dissera. Vi as mulheres se aproximarem mais. Torci os lábios. Parecia não ser só a mim que ele encantava.

Deixei Emilly e segui a direção de Jacob, que me olhava impaciente.

—Por que está forçando encontros comigo em cantos isolados, Jacob? —questionei altiva.—Devia respeitar a sua noiva.—salientei questionando a mim mesma o fato de ter ido.

—Eu ainda sou seu amigo, Bella.

—Pra você é Isabella—corrigi com superioridade.

—Ok. Isabella. Eu tentei falar com você em sua casa, mas você nunca está lá— comentou caminhando entre as rosas. Olhei para trás, para ver se alguém nos via. Não pegaria bem ser vista com o meu ex-noivo. Mesmo que muitas pessoas não conseguissem me diferencia da Annebell, eu não queria ofender ao meu noivo.

—O que quer comigo, Jacob Black?—perguntei com superioridade.

—Sei que você quer informações sobre o seu noivo. Eu tenho.

—Eu não lembro de ter te pedido isso, mas fale —concedi com pouco caso.

Ele colocou as mãos nos bolsos e começou a andar.

—Há um segredo sobre seu nascimento, alguma coisa sobre sua mãe. O palpite das fontes é que a mãe dele era uma... há... uma dama da noite, e o pai do Cullen tinha alguma dúvida sobre se o filho era dele. Isso explicaria por que o Cullen foi posto para trabalhar na casa dos Newton, em vez de ter sido criado pelos Cullens.

Eu baixei a guarda e me interessei mais.

—Você sabe o que aconteceu com seus pais?

—Dizem que ambos morreram.—Ele pôs a mão em meu braço e me olhou com olhar suplicante.—Bella...Você está certa de que quer casar-se com esse homem? Sei que eu a feri, mas, como seu amigo de infância...

Olhei repulsivamente para a sua mão e a tirei de mim, encarando-o firmemente.

—Tenho certeza— Disse secamente —Agora, se me der licença, preciso ver meu noivo antes que o roubem de mim.

Deixei-o no jardim e voltei a passos rápidos de volta ao local da recepção. Ao tentar alcançar o Cullen, sempre eu era interceptada por pessoas que queriam me fazer perguntas.

—Ele está muito bonito, Anne-Bella.... Você fez maravilhas com ele.... Você realmente se apaixonou por ele enquanto ainda era noiva de Jacob?Jacob ficou de coração quebrado quando você lhe contou?Você fugia de sua casa para se encontrar com o senhor Cullen?

Finalmente, consegui chegar ao lado do Cullen e passei meu braço no dele.

—Você demorou tempo demais—comentou com um sorriso misterioso. —Você não deveria deixar o seu gatão solto por aqui com esse tanto de damas solteiras.—Piscou, zombeteiro.

—O senhor tem livre arbítrio.—Sorri —Comeu alguma coisa?

—Só um desses pequenos sanduíches. Alguém pode comer todos eles e ainda ficar faminto. Ainda temos que ficar muito tempo?

—Daqui a pouco iremos embora.—Sorri e ele acariciou minha mão.

Andamos um pouco, eu queria desfilar com ele.

—Por que você precisou sair de vista para conversar com o seu ex-noivo?

Engoli em seco, mas tentei disfarçar meu nervosismo.

—T-Talvez porque quisesse discrição— hesitei insegura.

—Seria mais discreto conversar com ele em público— pontuou tranquilo, o que me surpreendeu. —O que conversava com a Emilly?—Mudou de assunto e apertou a minha bochecha, carinhoso. Uma encenação.

—Ela é minha amiga, fazemos algumas coisas juntas— improvisei com o rosto queimando por omitir verdades dele.

—Ah, sim. Você ensina em uma classe com ela na reserva indigena, nas quartas-feiras.—Sorriu e tocou o meu nariz com a ponta dos dedos. Eu arregalei os olhos —Não fique tão surpresa. Sei muito sobre você. Sente-se. Vou trazer-lhe um prato de comida. Vi os outros homens fazerem isso para as mulheres.—Ele afastou-se em direção ás mesas.

Se eu estivesse agora com Jake, ele saberia exatamente o que deveria fazer, pensei. E nós teríamos que sair da festa às três e quinze, porque nas quintas, ele...

—Desejando ter um homem que soubesse o que fazer?—perguntou o Cullen, me tirando dos devaneios, sua grande sombra bloqueando o sol, com um prato de comida na mão.

—Não. Eu não estava...—Respondi e assustei-me, pois uma quantidade de comida muito molhada caiu rolando em meu colo. Arregalei os olhos, ele congelou. Os segundos pareceram horas, e eu tinha que pesar em algo. Obviamente ele fez o mais tinha temido na vida. Ouvi uma risada longe de uma mulher e percebi que a festa toda estava parada, olhando em nossa direção. Vi Annebell, ela abaixou o olhar, parecendo envergonhada por mim.

Rapidamente, levantei-me e a comida caiu toda no chão.

—Levante-me— Sussurrei, mas ele me olhava como se estivesse sem vida.—Carregue-me em seus braços, leve-me até a carruagem e vamos embora— ordenei meigamente, passando os dedos em seus cabelos.

Em silêncio, ele olhou-me cauteloso e me ergueu do chão. Fácil. Como se carregasse uma pena. Enquanto ele me carregava até a carruagem, passei mais os dedos em seus cabelos para acalmá-lo e aconcheguei-me a ele, o nariz em seu pescoço.

Nas quintas, Jacob tinha aulas de esgrima, mas as quintas do Sr. Cullen eram gastas em carregar sua noiva. Edward ficou em silêncio até que estivéssemos na carruagem, a caminho da mansão Forks.

—Por quê?—Ele voltou à vida. —Qual a importância de carregá-la?—Perguntou com o semblante vazio e triste.

—Porque poucos daqueles homens têm costas bastante fortes para carregarem suas esposas, e acredito que toda mulher trocaria um pouco de comida jogada por um homem que a pudesse carregar.—Sorri.

Ele suspirou aliviado.

—Você não pesa nada.—Enfim deu um sorriso tímido e inclinou-se para beijar-me na face.

—Eu não peso nada só para você, senhor Cullen— disse meigamente e deitei minha cabeça em seu ombro.

Ele parou a carruagem e fitou-me.

—Você é uma verdadeira dama, não é, senhorita Forks? Uma verdadeira dama.— Disse acariciando o meu rosto.

—Espero que sim—murmurei e pensei que seria possível tornar-me em qualquer coisa que Edward Cullen quisesse.

Entrei correndo no quarto de minha mãe. Ela bordava um par de punhos.

—Mamãe! Você tem que me ajudar.

—Olhe o seu vestido!— Disse ela, levantando-se. —Você acredita que ficará limpo?

—Não sei. Mamãe, ele está lá embaixo me esperando e você deve distraí-lo, enquanto me troco. Se não for conversar com ele, tenho medo que se vá.—Pedi carinhosamente.

Ela deu um passo atrás.

—Você não pode estar se referindo ao senhor Cullen. Ele está lá embaixo?—abriu a boca espantada.

Segurei as mãos dela com olhar suplicante.

—Ele está muito perturbado. Sem querer, deixou cair comida no meu colo e todos começaram a rir dele. Se você visse sua cara! Estava totalmente humilhado. Por favor, desça e converse com ele durante alguns minutos. Não o deixe ir embora.

Ela assentiu, pesarosa.

—Ninguém devia ter rido dele, se foi um acidente.

—Obrigada.— Disse, beijando rapidamente o rosto dela, antes de sair correndo do quarto.

—Sobre o que conversarei com ele?

Ignorei o grito dela. Susan ajudou-me desabotoar as costas do vestido.

—É só o barrado da frente que está manchado— Disse, levantando o vestido e examinando-o. —Susan, diga à senhora Thomas para esfregar com pó de magnésia para tirar a gordura. Céus, todas as manchas do mundo estão aqui!—exclamei frenética, mas não preocupada exatamente com o vestido. Eu queria estar pronta para fazer companhia para o meu Cullen, agora que, com certeza ele precisava de mim.

Coloquei um roupão, fui até o quarto da minha mãe e liguei na residência dele, pedindo ao Jasper para falar com a Esme.

—Esme, suba as escadas, aquelas do lado da cozinha, até o sótão. A segunda porta à esquerda dá para um quartinho cheio de móveis e, ao longo da parede do fundo, está um pequeno tapete desenhos vermelhos e uma grande sacola de musselina com almofadas. Leve o tapete e as almofadas para baixo, para a pequena sala de visitas. Desenrole o tapete, ponha as almofadas junto a ele e, então, traga o grande candelabro de prata, de três braços, da sala de jantar, que é a porta seguinte, e coloque-o no meio do tapete. Tudo bem?

—Sim, Bella. Um piquenique dentro de casa. É verdade que o senhor Cullen virou a mesa toda de comida em cima das pessoas?

Revirei os olhos

—Onde você ouviu isso?

—O casal de japoneses chegaram da rua e disse.

—Bem, não é verdade. Ah, sim, demorarei o que for possível para dar tempo de cozinhar.

Desliguei o telefone e voltei para o meu quarto a fim de tomar um banho. Vesti um vestido leve, casual, com mangas curtas e botões nas costas, com decote baixo e de cor rosa. Susan desceu e voltou com água.

—O que você ouviu lá embaixo?

—Nada, senhorita—- Disse Susan, começando a prender os botões com um pequeno gancho de bronze. —Quer que eu veja? Acho que a porta da sala está aberta.

—Não. Não precisa.

Estava começando a me preocupar. Rennee Swan, minha mãe, é uma mulher que precisa de proteção, uma mulher que fica chocada com facilidade. Imaginei Edward usando alguns termos de sua línguagem baixa, mamãe desmaiando de choque e Edward sentindo-se na obrigação de levantá-la.

—Não há ninguém mais na casa, não e, Susan?

Ela balançou a cabeça

—Ótimo, porque vou descer e espiar pela fresta da porta. Você pode me abotoar lá embaixo.

Desci na ponta dos pés e fiquei de espreita atrás da porta. Susan continuou abotoando os botões atrás de mim. Ele e a minha mãe estavam sentados próximos um do outro, no sofá de crina de cavalo, olhando, juntos, um estereoscópio.

—Eu mesma nunca vi o local—Dizia minha mãe —Mas dizem que é impressionante.

—Morei em Nova York durante anos, mas nunca ouvi falar desse lugar. Como é mesmo o nome?—Cataratas do Niágara.

Edward abaixou o visor e olhou para ela.

—A senhora gostaria de ir ver, não é verdade?

—Bem, sim, gostaria. Na verdade, senhor Cullen, sempre sonhei secretamente com viagens. Gostaria de alugar um vagão particular no trem e viajar por todos os Estados Unidos.

Edward tomou a mão da mamãe nas suas.

—Eu realizarei esse sonho, senhora Forks. De que cor gostaria que fosse o trem? Digo, o lado de dentro. Gosta de vermelho?

—Claro que eu não poderia...—Mamãe disse e Edward aproximou-se dela.

—Tenho uma verdadeira queda por damas— Disse com carinho. —E a senhora, senhora Forks, é uma dama como sua filha.

Por um momento, houve um silêncio entre eles, e Susan, parou de abotoar.

—Rosa— Disse a mamãe com um sorriso no rosto —Gostaria de um trem totalmente decorado em rosa.

—A senhora terá. Mais alguma coisa que queira?

—Gostaria que me chamasse de Rennee. Temo que meu marido, o senhor Swan, não gostará que sua esposa seja chamada pelo nome do primeiro marido.

Prendi a respiração, para ver como Edward aceitaria a correção. Ele beijou a mão da mamãe, com sinceridade, e não com um beijo cavalheiresco.

—Não é de admirar que tenha uma dama como filha.

—Acho que sua mãe se casará com ele, se a senhorita não o fizer— Disse Susan em meu ouvido com malícia.

—Apresse-se e termine com esses botões.

—Pronto.

Sai de trás da porta e entrei educadamente na sala.

—Espero não ter demorado muito— Disse docemente. —Estava à vontade, senhor Cullen?

—Sim—respondeu sorrindo. —Bem à vontade. Mas agora tenho de ir. Tenho trabalho para fazer.—Beijou novamente a mão da minha mãe e se dirigiu a porta para me esperar.

—Senhor Cullen, poderia, por favor, levar-me até a cidade, à casa da costureira? Preciso levar-lhe alguns modelos.

Uma expressão de desagrado cruzou o rosto dele, mas concordou quando eu disse que demoraríamos quinze minutos no máximo.

—Não espere que eu volte até à noite—Murmurei para a minha mãe enquanto me despedia, beijei-lhe o rosto e peguei a sombrinha.

—Você está em boas mãos, querida— Disse mamãe, sorrindo ternamente para ele.


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Notas finais do capítulo

Oi, Gente. Sei que sumi. Recesso e descando.Leiam a minha fic Entre o Amor e o Poder.Mandem reviews