Fogo e Gelo Edward e Bella escrita por Bia Braz


Capítulo 2
Capítulo 2- Investidas




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Capítulo Investidas-1918

Bella POV

Minha irmã Annebell, contra sua vontade, veio visitar-nos nessas férias, depois que eu insistisse muito. Tive que convencê-la sem lhe dizer o real motivo de pedir tanto pela sua vinda. Se contasse, com certeza sua implicância começaria antes mesmo de se instalar.

Logo que ela chegou marcamos de ir as duas, mais duas amigas, a uma sessão única de cinema de rua na cidade. Estávamos eufóricas, pois havia meses que não nos víamos. Iríamos passear e colocar as novas em dias.

—Emilly, na Califórnia tem tantos homens lindos. Los Angeles, Óh Los Angeles!—Annebell suspirou dramaticamente enquanto ríamos. —Eles têm os beijos quentes, as mãos poderosas.

—Ainn, eu sonho com um lugar assim.— Emilly disse. —Aqui tem homens demais, mas são uns caipiras antiquados. Homens quentes e experientes assim só devem existir na Califórnia.— Comentou.

Antes de nos sentarmos em nossas cadeiras, notei Annebell olhando de viés para dois homens mal-vestidos encostados na mureta de proteção.

—Quem é?—Annebell apontou para eles, um ruivo e um louro que olhavam em nossa direção.

O louro tinha um rosto jovem e bonito, mas o ruivo tinha uma barba grande, os cabelos grandes e despenteados, e eles se vestiam como mineiros.

Fiquei constrangida ao perceber a atenção deles em nós.

—Ah, o ruivo é o novo rico Edward Cullen, dono daquela casa da Colina que Bella acha linda.—Jéssica que se pronunciou e, sem mais explicação, caminhou em direção a eles. Antes que raciocinássemos o que ela faria, ela caiu em frente a eles, eles viraram o rosto e fingiram não ver.

Outro rapaz que passava perto viu o ocorrido e ajudou-a a levantar. Imediatamente atravessamos o corredor apressadas. Annebell com sua experiência do curso em medicina, apressou-se em fazer algum exame visual. Colocamos ela na cadeira, em seguida vimos um sorriso cínico brotar em seu rosto.

—O que foi isso?—Sibilei, todas nós em volta dela.

—Ah, vaqueiro sem modos!— Reclamou. —Ele nem se moveu para me levantar!

—Isso foi um golpe?— Emilly quis saber, perplexa. —Você queria que ele te notasse desmaiando na frente dele e te levantasse?

—É né, esse asno não enxerga ninguém nessa cidade!

—Mas quem ia querer um homem vestido assim?— Annebell perguntou incrédula. —Uma barba dessas? Ui! Que nojo!—Fez careta e olhou em direção a eles, que fitavam a tela de cinema sem piscar os olhos.

—Com o dinheiro que ele tem, ele poderia ser até um macaco peludo.—Jéssica admitiu sorrindo.

Eles olharam mais uma vez em nossa direção e saíram antes que o filme terminasse.

Mais tarde, chegamos a mansão Forks e descemos do carro de passeio, sempre conversando sobre o filme. Enquanto Annebell foi à cozinha, eu pus tranquilamente a sombrinha no cabide de porcelana no pequeno átrio.

—Ora diabos! Quem colocou essa desgraça no meio do corredor!—Era Annebell que mal chegou em casa já soltava seu vocabulário vulgo.

—Annebell!— Charlie pôs o rosto no corredor. —Não permitirei que xingues em minha casa. Este não é linguajar que se use! Não penses que por se achar DOUTORA podes portar-se indecentemente em meu lar!—Esbravejou.

Minha gêmea, dotada de um gênio forte e intolerante, principalmente quando se tratava de nosso padrasto, deu um passo a frente empertigada, preparada para confrontá-lo.

—Quando foi que você comprou essa casa? Que eu saiba foi meu pai!

Antes que ela continuasse a discussão, apressei-me para entrar na sala, pondo-me entre ele e o Sr. Charlie.

—Sr. Swan, não sabes como o filme foi interessante.— Segurei no braço dele e o puxei em direção ao jardim, dando antes uma piscadela para Annebell, pedindo com o olhar que ela relevasse.

Com um suspiro, Annebell deu de ombros e subiu as escadas, enfurecida.

O jardim era cultivado por minha mãe, num local entre a casa e o quintal. Isso mantinha nossa casa sempre cheia de flores frescas e perfumadas. Sentamos em um banquinho no jardim para discutir o filme, a lua iluminava o céu, o clima entre nós dois era amistoso, ele ria de algumas cenas e com passar dos minutos se acalmou com relação às ações da Annebell. —Graças aos céus eu tenho uma filha descente, Bella.— Sr. Swan disse, colheu uma rosa e me deu.

No dia seguinte, reunimo-nos à grande mesa de cerejeira para fazermos a refeição matinal, todavia o sermão em desfavor de Annebell começou logo cedo.

—Você devia fazer alguma coisa pela família.—Começou, distribuindo tensão entre os presentes. —Você é tão egoísta que não se preocupa com os outros! As vontades da família não significam nada!

Annebell, com os lábios cerrados de raiva, olhou para minha mãe, que tinha a vivacidade mais apagada hoje pela manhã.

—Mãe.— Chamou Annebell —Você quer que eu volte para Forks, me case com algum médico chato ou lapideiro grosso, tenha uma dúzia de filhos e desista da medicina?— Chantageou dramaticamente.

O modo indireto como ela falou foi para de algum modo me afetar. Na cabeça dela, a medicina é o ápice da vida. Ela não respeita as escolhas que eu fiz.

—Quero que busque o que te satisfaça,filha. É muito humano da sua parte estudar para salvar vidas.— Sorriu singelamente, enquanto servia-se de bolo de milho.

Annebell sorriu sarcasticamente e olhou com olhos triunfantes em direção ao nosso padrasto.

—A Bella não tem personalidade própria porque você impôs suas vontades, então ela quer o agradar. Não lhe basta isso, ver uma de nós sem vontades próprias? Tem que me ver na inércia também?

Charlie olhou em minha direção com os punhos cerrados ao lado do corpo.

—Bella! —Apelou. —Você não vai falar nada!?—Suspirei e tudo que eu temia aconteceu. Eu não queria de nenhuma forma tomar algum partido nem de um, nem do outro. Depois do meu casamento, Annebell voltará para Califórnia, e eu continuarei aqui em Forks tendo que ter uma vivência com o Charlie.

Com alegria, ouvi a empregada anunciar o Dr. Jacob Black, e eu me levantei aliviada por não ter que responder. Jacob entrou a passos suaves. Ele era forte, moreno, extremamente bonito, com uns olhos verdes de tirar o fôlego e tinha no rosto o semblante de autoconfiança.

Ele cumprimentou todos e beijou-me rapidamente. Beijar-me dessa forma em frente aos meus pais, mesmo eu sendo sua noiva, não era algo conveniente. Mas Jake sempre manteve um ar de superioridade que fazia com que as pessoas aceitassem todas as suas atitudes.

—Desjejum conosco?—Perguntei cordialmente, indicando o lugar próximo a mim.

—Já fiz, mas talvez eu ainda tome um café. Bom dia, Annebell— Cumprimentou ao sentar-se na frente dela.

Annebell lançou-lhe apenas um olhar frio em resposta, enquanto passava a manteiga no pão.

—Annebell, fale direito com Jacob—Ordenou Charlie.

—Não se preocupe, senhor Charlie. Bella, hoje você está linda como uma noiva.

—Noiva!—Gritou Annebell estupefata, levantando-se e quase derrubando a cadeira, antes de correr para fora da sala.

Eu não tinha revelado a ela ainda que o motivo que insisti que ela viesse foi porque resolvi casar-me em menos de um mês. Certamente, ela ficou chocada com a informação repentina.

—Ela deve estar preocupada com alguma coisa. —Fui em sua defesa. —De repente esteja sentindo falta da cidade grande ou de suas amigas da Califórnia. —Pus o guardanapo sobre a mesa. ­—Com licença. Vem, Jake.

Peguei sua mão e nos direcionamos a carruagem a fim de ir ao parque onde os namorados passeavam e tomavam sorvetes. Ao chegar lá, sentamos na grama, no meio do jardim, embaixo de uma árvore.

—Agora, diga-me o que está acontecendo— Ele disse, acariciando o meu rosto. —Parece-me que você está preocupada com Annebell

Mantive o semblante firme, as lágrimas queriam brotar em meu rosto. Era bom estar sozinha com o meu Jake, o meu sol.

—É o senhor Charlie sempre implicando com as escolhas da Annebell está insuportável de agüentar. Ele fica sempre fazendo comparações entre nós duas e sempre está pedindo que ela desista da medicina e fique em Forks. Ele sempre diz que eu sou melhor que ela.—Reclamei, e ele acolheu-me em seu ombro.

—Mas, querida — Disse Jake docemente, com o braço em volta de minha cintura —você é melhor que ela. Você é educada, gentil, fácil de lidar... De qualquer maneira, não quero mais conversar sobre a sua irmã. Ela não é nossa responsabilidade.—Apertou-me a ele —Temos nossa própria vida para viver.

Ele aproximou-se do meu rosto e começou a passar os dedos em minha orelha, ao tempo que beijava o meu rosto. Jake sempre foi super gentil, estar perto dele era fácil como respirar. Ele é alguém que eu admiro e adoro, somos comprometidos desde que eu tinha sete e ele treze. Porém, eu odeio quando ele faz isso. Quando começa com intimidades.

Hoje, aos dezoito, quase toda a minha vida passamos juntos. Sempre soube que um dia eu seria a Sra. Black. Preparei-me para isso a vida toda: ser a esposa de Jacob Black. Mas desde que ele voltou da ultima viagem, há poucos meses, ele começou com essa beijação.

Ele puxou-me para o seu colo e começou a tatear o meu colo, enquanto beijava o meu rosto. Eu queria urgentemente que ele parasse com aquilo. Se dependesse de Jake, na mínima brecha, ele me levaria para a nossa futura casa e tiraria minha virtude.

Ele sempre se chateia com a minha frieza, chamando-me de puro gelo, e sempre vai embora quando percebe que eu não estou interessada. Às vezes fico chateada e até choro, porque eu queria sentir algo por ele, queria que fosse diferente. Sei que o amo e o respeito como meu futuro esposo, mas não sinto a mínima excitação ao seu toque.

Foi como se ele tivesse lido os meus pensamentos quando se afastou, com cólera no olhar.

—Falta menos de um mês!—Lembrou impaciente.

Eu suspirei e tentei passar esperança na minha voz. —Logos seremos marido e mulher e então...

—Ah... o gelo derrete?—Falou meio sarcástico.

—É o que espero —murmurei num som inaudível. —Ninguém espera mais do que eu.

O ar foi preenchido por um silêncio cortante, só minutos depois ele se acalmou e voltou a falar.

—Já tomou todas as medidas para o jantar na casa do prefeito amanhã? —Perguntou, tentando amenizar o clima.

—Meu vestido já está passado e pronto. —Respondi com um sorriso trêmulo. Os minutos após a minha rejeição eram os mais constrangedores e nos deixavam distantes.

—Tenho certeza que o prefeito vai adorar você.—Sorriu, mas eu sentia que ele estava forçando. —Algum dia terei a mais linda esposa da cidade ao meu lado.

Tentei relaxar. Um jantar na casa do prefeito era o lugar onde eu saberia me portar, fui habilitada para isso. Seria bom ter feito um curso sobre como não ser uma esposa fria e assexuada. Alguns homens não se importam se a mulher sente prazer ou não na cama, mas Jake faz questão disso, já tivemos essa conversa.

—Tenho de ir à cidade amanhã.Quer vir comigo?—´perguntou-me ainda forçando.

—Adoraria. Annebell quer dar uma volta na cidade.

Logo que ele saiu pensei, o que Jake faria se soubesse que sua —perfeita—noiva, uma vez por semana, faz algo que é ilegal- Sorri em pensamento.

**

Subi para acordar Annebell que se espreguiçou com o meu chamado na cama, um joelho dobrado, mostrando a separação de suas calças. Seu quarto grande, verde e branco era no terceiro andar. Ela tinha um quarto no segundo andar conosco, mas após ter deixado Forks, quando tinha doze anos, o Sr. Charlie ocupou o seu quarto com quinquilharias dele.

—Por que temos que ir com o Jacob? Venho tão pouco aqui, agora tenho que dividir você com ele!.—Reclamou Annebell.

—Estamos indo de carona e eu sinceramente não consigo entender por que você não gosta dele. Ele é tão bom, educado, cavalheiro...

—E é seu senhor, você é propriedade dele, eu não aguento ver isso!!—Gritou Annebell e desceu da cama em um pulo, fazendo um estrondo. —Você não percebe que mulheres como você são tão infelizes que freqüentemente tentam tirar a vida?

—Tirar a vida Annebell?? Você está exagerando. Sou muito feliz e vou ser muito feliz com ele, não tenho por que me matar.—Sorri de seu comentário.

—Bella— Disse Annebell com calma —Você mudou muito, agora está fria, calculista e distante. Nunca se diverte, está sempre mantendo pose. Não entendo por que você está se casando com um homem que vai mandar em você como seu objeto pessoal?

—Eu amo Jacob— Disse gentilmente. —Há anos que o amo, e tudo que sempre quis foi casar-me, ter filhos e formar minha família. Você não vê que sou feliz?

—Não há amor, vocês dois se parecem como um casal de velhos, sem paixão, emoção.

—Nós nos damos bem.—Parei em frente ao espelho e penteei meu cabelo.

Ela parou em minha frente, olhando em meus olhos.

—Emilly me contou de Leah. O que o seu querido Jacob vai dizer quando descobrir o que você faz todas as quartas-feiras? E como será para um médico da posição dele estar casado com uma transgressora?—Ela estava determinada a me tirar do sério.

—Estou ajudando aquelas pessoas—Minha voz foi um murmurio, e eu queria encerrar o assunto. Prendi o coque na cabeça e coloquei o chapéu—O Jake não vai descobrir—Afirmei.

—Ele vai descobrir e te prender em casa, como propriedade dele. E você como uma dama obediente e respeitadora vai aceitar sem queixar-se.

—Por respeito ao meu marido eu posso deixar de ser Leah quando casar. Embora me traga desgosto, sou capaz de tudo pelo meu casamento.

—Bella, eu amo você. Sinto falta da irmã com que eu cresci. Eles estão te transformando em um corpo sem alma. Você se porta agora como se não fosse capaz de enfrentar o novo, o mundo. Tudo seu gira em volta do Jacob. Você quer desistir de uma coisa magnífica e humana como Leah por causa de um casamento com o Jacob. Cadê você, irmã? Cadê a diversão dos seus olhos? Sinto muita falta de você...—Ela segurava na minha mão com um pesar explicito.

—Eu amo o Jacob, Annebell, você tem que entender isso. Eu sou assim agora. As pessoas mudam, não somos crianças irresponsáveis para sempre.—Soltei-me de suas mãos e desci escada abaixo. Mas as palavras da Annebell ecoavam em minha mente.

Amo Annebell, ela me conhece mais do que ninguém, somos muito mais unidas do que irmãos normais, porque ela é minha gêmea. Mas não posso dar ouvidos a ela. O que seria de mim se não me casasse com o Jake? Fui educada para casar nas melhores escolas de damas. Aprendi desde o que servir em um chá até como parar uma discussão sutilmente, logo eu não me imagino fazendo outra coisa, se não ter a vida simples que sempre sonhei.

Jake já me esperava lá fora e ajudou-me a subir na carruagem.

—Você está ótima, como sempre—Sibilou em uma proximidade não desejável.

—Jake, você acha que nós nos portamos como casais... antigos?—Lembrei-me do comentário de Annebell.

Ele olhou-me maliciosamente e sorriu.

—Bella, se fosse isso, faríamos o que casais antigos fazem.—Fitou descaradamente o meu colo.

Seguimos caminho para o centro, eu viajava em pensamentos enquanto Annebell discutia com o Jake.

Passamos pela estrada e eu pensava longe.

Por volta de toda a cidade havia casas e mansões no estilo colonial, algumas simples e pequenas. No extremo sul estava a mansão de Joseph Newton, uma mansão imensa que até poucos anos era a maior casa de Forks.

No extremo leste da cidade, distante minimamente da mansão dos Newton, na encosta de uma montanha, fora construída a maior mansão de Forks, do Sr. Edward Cullen.

A mansão dos Newton caberia dez vezes dentro da mansão do Cullen.

—É verdade que todos morrem de curiosidade quanto a casa desse Cullen?—perguntou Annebell, referindo-se a mansão que resplandecia entre as árvores.

Ele construiu em um ponto onde qualquer pessoa que passasse pela cidade poderia vê-la.

—Sim.—Sorri —Mas o senhor Cullen não convidou ninguém, nem recebeu ninguém, nem mesmo os oferecidos. Então as pessoas agora o odeiam e inventam histórias sobre ele.

—Joseph Newton disse que nem tudo é história, parece que já se conhecem...— Disse Jacob

Não interessei mais pelo assunto, tudo que eu queria admirar naquela hora era aquela bela casa. Virei o rosto para olhar quando passamos por ela e desejei profundamente conhecer o seu interior. Não me interessava em saber se o que diziam sobre o Sr. Cullen, para mim tanto fazia se era mentira ou não, sei que a casa dele era o que vi de mais lindo na vida, isso eu não podia negar.

Ele era um desconhecido na cidade. Tudo o que sei é que há três anos construiu essa casa pomposa, onde ele lotou trens inteiros com materiais de construção e trabalhadores. Muitas pessoas estavam curiosas sobre a construção e sobre o seu dono.Ninguém entendia por que um homem escolhera uma cidade como Forks para construir uma casa tão magnífica.

Pelo que dizem a construção durou dois anos para terminar. Uma construção em forma de V, esplendida, com telhas beges. O tamanho sem igual, de dois andares. Diziam pela cidade que devia ter mais de cinquenta cômodos. Depois que a casa ficou pronta, chegaram muitas caixas de móveis pelos trens, vagões lotados vindos da Itália, Alemanha, Escócia, de todos os países vinha algo. Mas durante um tempo o Sr.Cullen se manteve em segredo.

Até que um dia apareceram dois forasteiros. Ambos fortes, um louro gentil e um ruivo barbudo e rude. Trajando-se com roupas normais, simples. O ruivo foi à casa do Sr. Joseph Newton e, de acordo com as línguas maléficas, eles queriam empregos nas minas do Sr. Joseph, mas o ruivo simplesmente falou ao Sr. Newton: Estou de volta Newton, aquela é minha casa. Gosta? Enfim, dizem que ele atravessou a rua e entrou na grande casa. Pelo que disse o Sr. Swan, nos meses seguintes as mulheres suspiravam por eles e investiam todas as armas a fim de conquistá-los. Porém os mesmos pareciam não notar todas as investidas das solteironas e viúvas da cidade.

Passou-se um tempo e várias mulheres não foram notadas, então começaram a inventar boatos sobre eles. Dizendo que ele era um marginal, que ele torturava as pessoas em seu porão, além disso diziam que ele era um rico mal educado e portava-se como um misógino. Com vestes inadequadas e linguajar de submundo .

Dizem os boatos que um conhecido dos Newton lembrou-se de que Edward Cullen tinha sido o rapaz que cuidava do estábulo, até começar a namorar Rosalie Newton, a filha mais jovem de Joseph. Quando Sr. Joseph descobriu o namoro o mandou embora as pressas, por ele ser um zé ninguém.

Essa nova fofoca gerou novo assunto. As pessoas perguntam, quem ele pensa que é? Construiu essa casa suntuosa e em vista de toda a cidade, somente para vingar-se do Sr. Newton?

Pelo que sei o Cullen não se importa com o que falem, pensem, nem com as investidas das mulheres.

Ele é um milionário bizarro, que dirige uma carroça velha e passa muito tempo dentro de casa, indo ao centro somente uma vez por semana. Fora um milagre que ele tenha comparecido aquela sessão única de cinema na cidade.

Forks é uma cidade em que todos sabem da vida de todos, ainda mais quando se trata de uma fofoca grande dessas. Dizem que às vezes chegam homens de trem, passam o dia com ele e vão embora ao anoitecer.

Pelo que parece as únicas pessoas que se relacionam com eles são esses visitantes e o funcionário dele que se chama Jasper. Os comentários são tão maldosos que já chegaram a dizer que os dois vivem juntos maritalmente.

—...Eu sei que Bella sonha com essa casa.—ouvi meu nome e voltei para a realidade.

Era o Jake que parou de discutir com Annebell e se voltou a mim e sorriu. —Ela com certeza entraria na disputa pelo novo rico somente para ter essa casa, se fosse umas das solteironas.

—Não chegaria a tanto, caro noivo. O máximo que eu queria era conhecer a casa por dentro. O novo rico não me interessa.—Deixem-me aqui que em poucos minutos encontro vocês na sapataria que Annebell irá passar.—Avisei e deixei a carruagem, abrindo a minha sombrinha.

Fiquei aliviada em ficar longe da discussão dos dois sobre medicina.

A loja da família do Sr. Luis não era a mais moderna da cidade, mas tinha a maioria das utilidades domésticas que alguém precisasse, desde aviamentos até pratarias. Além disso, nos conhecíamos há muitos anos e era um local onde costumo encontrar pessoas conhecidas.

Entrei na loja empolgada em comprar umas rendas para uma blusa, mas embora estivesse com vários clientes, todos estavam muito silenciosos, conversando por cochichos.

Então virei-me e percebi qual seria a razão para aquelas ações. O novo rico, Edward Cullen estava dentro da loja, escolhendo algo. Direcionei-me ao balcão de aviamentos interessada em saber o que acontecia.

—Não, querida, eu não posso me portar assim, não usarei esse tipo de renda. Irei parecer alguém querendo impressionar ser o que não é.—Era a Jessica provocando o Sr. Cullen com os seus comentários indiretos—Estarei agindo como um colcheiro que vira rico e quer esbanjar, quando na verdade um colcheiro é um colcheiro. De jeito nenhum, não uso essa renda.

A situação me incomodou. Jéssica estava recalcada por ele ter desdenhado as suas investidas, então se sentia no direito a ofendê-lo. Ele estava quieto, aparentemente fingia não ouvir, mas sua expressão estava dura, cenho franzido.

Olhei em direção ao espelho e o vi por trás de uma imensa barba, com traços completamente escondidos, mas os olhos verdes esmeraldas estavam no todo transtornados.

Não o conhecia, mas sabia que aquele era o semblante de alguém prestes a explodir. Passei um tempo olhando em seus olhos, o que o fez parar e me estudar. Assustei comigo mesma e desviei o olhar, pois estava encarando um estranho sem intencionar.

—Oi, Jéssica, está bem? Parece estar suando frio...—Peguei um lenço e toquei o rosto dela com ele.

Ela se mostrou perdida com a minha observação.

—Estou bem, Anne-Bella. Não há nada errado comigo.—Ela conteve o lenço que eu passava em seu rosto.

—Só estou garantindo que esteja bem pra que não caia por aqui desmaiando outra vez—Falei sugestivamente, encarando-a.

Referia-me as investidas dela no Sr. Cullen, que por vezes desmaiara em sua frente a fim de que ele a levantasse, porém o mesmo passara direto. Uma delas eu presenciei.

—Sinceramente eu não acredito no que estou ouvindo, Anne-Bella. Pensei que éramos amigas!—Esbravejou e saiu da loja, segurando na mão de nossa outra amiga de infância.

Parei em frente ao balcão tomando nota do que tinha acabado de fazer. Segundos depois, caí em mim e zanguei-me comigo por ter agido assim contra a minha amiga em função de uma pessoa que nem conheço.

Do canto do olho observei que o Sr. Cullen estava virado em minha direção, olhando para mim da cabeça aos pés. Não olhei em sua direção, pedi a minha renda, transtornada, interessada em sair rapidamente dali e pedir desculpas para Jéssica.

Guardei meus aviamentos, coloquei minhas luvas de pelica, abri o sombrinha e pus o pé fora da loja.

—Isabella Forks.—Olhei para trás e o Sr. Cullen me chamava.

Olhei friamente para ele. Não costumo conversar com quem não conheço. Independente do ocorrido anterior que me fez tomar o seu partido, isso não nos tornava conhecidos.

—Pois não?

—Por que sua amiga te chamou pelo nome da sua irmã?

Franzi o cenho. Ele agora iria me tratar como conhecidos?

—Somos gêmeas idênticas, ninguém consegue nos diferenciar então nos chamam pelos dois nomes. Seria muito difícil chamar Isabella-Annabell, por isso os diminutivos.—expliquei longa e desnecessária justificativa.—O Sr. me dá licença.—Virei-me novamente para ir embora.

—Eu já vi a sua irmã e não me é difícil diferenciá-las. Você é mais suave e bonita.

Olhei em seus olhos perplexa. Ele era ousado. Como podia falar assim comigo em público, sabendo que sou noiva? Mesmo assim, fiquei lisonjeada. Nunca ninguém foi capaz de nos diferenciar, ainda mais dizendo que eu sou mais bonita que Annebell.

Seus olhos fixaram nos meus algum tempo, intensos. Não me dei conta de quanto tempo o encarei, o que não era louvável para uma jovem nas minhas condições. Consegui desviar o olhar, sacudi a cabeça e virei o rosto de novo para sair.

Respirei fundo, atordoada com o que aconteceu e com minha reação, quando uma mão agarrou o meu braço. Nunca ninguém se atreveu a tocar em mim toda a vida. Nenhum homem que não fosse Jake encostou o dedo em mim publicamente. Por que esse homem achava-se no direito?

Encarei-o repreensiva. Ele rapidamente retirou a mão do meu braço, porém ficou perto de mim. Sua altura e braços largos de trabalhador braçal fez sentir-me vulnerável perto dele.

—Eu queria te perguntar algo...—hesitou, falando baixo e depois deu um sorriso meio torto, mostrando uns dentes perfeitos. —Caso a senhorita permita que eu lhe dirija a palavra— adicionou.

Eu estava na porta da rua, não queria ser vista conversando com alguém que não fosse meu noivo, porém balancei a cabeça em afirmativa, mostrando que ele deveria prosseguir.

—Não sei se você sabe, sou Edward Cullen e tenho uma casa na colina...Sabe qual é? —questionou com um riso infantil. —Se você fosse decorar uma casa como aquela, qual desses tecidos você escolheria?

Ele entrou na loja e pegou em cima do balcão dois rolos de tecidos, um azul royal e um verde florescente. Olhei com altivez para os tecidos, sem a mínima intenção de colaborar.

—Sr. Edward Cullen— chamei com orgulho nobre. —Caso eu fosse decorar uma casa como a do senhor, encomendaria tecidos de Paris. E agora, adeus.—Saí da loja, pisando firme, sem olhar para trás, passando pelas ruas movimentadas, completamente perturbada com aquele encontro.

A seguir, tudo me irritou, o sol quente, o movimento de pessoas, meu sapato apertado. Depois que me vi longe daquela loja, diminui os passou e consegui respirar e até sorrir com aquele encontro inusitado com o Sr. Edward Cullen.

Estava ansiosa para contar para minhas amigas a prepotência dele quando me falou sobre a sua casa na colina. Eu me arrependi instantaneamente por não ter me oferecido para ajudá-lo com a decoração, assim poderia contar para todas as meninas como era o interior da mansão.

Mas o que ele queria que eu fizesse: Que isso, Edward Cullen, eu posso decorar sua casa todinha pra você!

Hã! Ele que espere!

Andando nas nuvens, sorria da situação e rodava minha sombrinha, então senti meu braço ser puxado rudemente para um corredor estreito e sombreado atrás do Forks bar. Já preparava os meus pulmões para gritar, quando uma mão calosa e quente tapou a minha boca e um corpo encurralou-me na parede fria.

Arregalei os olhos temerosa. Todos os boatos sobre esse homem misterioso deviam ser verdades, e eu iria presenciar as atitudes de um milionário criminoso na minha própria pele.

Edward Cullen fitava-me atento, estudando o meu rosto.

—Ei, calma— ciciou, e com a mão desocupada esfregou asperamente minha bochecha. Eu já entrava em pânico e sacudi as pernas, o que fez com que ele recostasse seu corpo a mim e sorrir misteriosamente.

—Calma, Isabella, não vou lhe fazer mal. Me dê um minuto seu, somente. Percebi que não gosta de falar com estranhos em público, e eu ainda queria falar com você. Eu vou soltar você agora e você vai ficar quietinha, me ouvindo, você faz isso?

Sacudi a cabeça afirmando, ele retirou a mão lentamente, mas ficou perto demais de mim. Eu queria ficar calma, mas estava respirando com dificuldade.

—Você tem um cheiro bom e a pele macia, além disso, é mais bonita de perto— elogiou, mas saindo dele soava como um selvagem espreitando a presa, o que me fez tremer as pernas.

Seu olhar me varreu de um jeito insultuoso da cabeça aos pés. Eu senti todas as sensações que uma pessoa pode ter diante do perigo: medo, raiva, repulsa, lisonja. Lisonja? Como posso sentir lisonja com esse vaqueiro me olhando com esse olhar promiscuo?!

—Você é uma perfeita dama. Pelo menos se porta como uma.

—Senhor Edward Cullen—Pus no rosto minha capa de superioridade e falei pausadamente.—Tenha modos. Não o conheço e você não tem o direito de me puxar para becos isolados e encostar-me em paredes como uma mulher da...Ah! Fale logo o que desejas porque eu preciso ir.

Ele deu uma gargalhada, colocou as duas mãos nas paredes e respirou próximo ao meu rosto. Seu olhar baixou para meu decote de um modo insolente. Um arrepio correu na pele do meu pescoço onde sua respiração quente soprava. Havia um traço de cinismo nos seus olhos. Dos seus lábios escondidos por aquela barba cheia saía um sorriso torto. Fiquei curiosa em como ele seria por trás da barba. O nariz era bonito, varonil, o lábio inferior carnudo. Desviei o olhar. Eu não devia olhá-lo assim!

—Por que tomou o meu partido ao invés da sua amiga? Você já sabia o que ela andou fazendo para chamar a minha atenção?

—Senhor....—ofeguei.—A cidade é pequena...todos sabem de tudo...eu estava lá na ultima vez que ela desmaiou na sua frente. Além disso, percebi que ela estava indo além dos limites em magoar alguém. Mesmo sendo amiga dela não concordo com aquelas atitudes em desdenhar-te porque nunca reparou as atitudes de conquistas dela para cima do senhor.

—Sempre percebi.—Sorriu maior. —Elas são os motivos que tenho para sorrir com o Jasper desde que cheguei nessa cidade.—Gargalhou, jogando a cabeça para trás.

—Senhor, isso é deselegante. Um bom homem não deve nunca deixar uma dama fazer papel de tola e nem rir da mesma—indignei-me.

Ele respirou fundo próximo ao meu rosto novamente e sua respiração tinha um cheiro de menta e ervas. Inspirei fundo. Seu corpo tinha um perfume forte de homem mundano. Suor e madeira. Inspirei novamente e me repreendi internamente. Eu sou noiva!

—Pelo que vejo, essas mulheres agem assim porque sou o novo rico da cidade e elas estão doidas para fisgar-me. Mas ao meu ver elas não passam de meretrizes trocando-se por dinheiro. Se elas fossem damas não agiriam assim. Portanto, não pense que eu agirei com cadelas como agiria com uma dama. Podem cair todas a minha frente que não me dou o trabalho de levantá-las.—Desdenhou-as rudemente.

Pisquei os olhos aturdida com aquele vocabulário chulo. Nunca homem nenhum usara tais palavras em minha frente.

—Pelo que vi você não tentou chamar a minha atenção...Você também não está interessada em meu dinheiro?—Aproximou-se bastante do meu rosto e cheirou-me. Abri bem os olhos horrorizada. Saí da inércia e reorientei-me.

—Sr. Edward Cullen, eu não me interesso pelo seu dinheiro, tenho o meu próprio para sobreviver. Além disso, não trate nunca mais uma dama dessa maneira como fez. É degradante ser encostada assim num beco sujo. Preciso ir—falei entredentes, passei por baixo dos braços dele e saí do corredor, ouvindo suas risadas.

Eu estava zangada por ter sido mal-interpretada. O novo rico imaginou que minha atitude essa manhã era mais uma investida a fim de me apoderar do seu dinheiro. Muito prepotente esse senhor! Apressadamente cheguei à sapataria que combinei encontrar com Annebell e Jake.

—Tudo certo para hoje à noite, querida?

—Sim, claro— respondi distraidamente enquanto ele me ajudava a subir na carruagem.

Fiquei grata por Jake e Annebell começarem novamente a discutir. As discussões deles desviariam o foco da minha distração. Após tudo o que aconteceu, eu estava ligeiramente satisfeita por alguém ter diferenciado eu e minha irmã. Desde criança, foi como se não tivéssemos identidade própria, e o fato de ele ter diferido nos duas, deixou-me feliz, embora não tivesse de todo confiada de que ele realmente pudesse diferenciar; talvez fosse somente presunção.

Quando saiamos da cidade, mudei as vistas para trás. O Sr. Edward Cullen e Jasper vinham em nossa direção em sua carroça velha. Ao estar prestes a passar por nós, ele diminuiu os passos do cavalo e gritou o nome de Jacob Black.

Espantado, Jake diminuiu os passos do cavalo.

—Bom dia, Black. Eu queria cumprimentar as suas damas. Senhorita Annebell.— Olhou Annebell mais à frente. —E senhorita Isabella—sua voz suavizou-se e um sorriso cínico caiu em sua boca enquanto olhava-me diretamente. —Bom dia para vocês.—Moveu a cabeça e se pôs em movimento muito cheio de si.

—O que deu nesse homem?—Annebell olhou-me cheia de suspeita.

—Pensei que vocês não o conheciam.—Jake levantou as sobrancelhas.

Eu me calei perplexa ainda com a atitude do Sr. Cullen.

—Como ele é estranho... É o dono daquela casa, não é? Como um homem milionário anda em uma carroça dessas?—Annebell comentou.

Desviei o rosto acalorado e tentei disfarçar o meu nervosismo. Ele soube nos distinguir como se tivesse lido meus pensamentos. Eu não disse mais nenhuma palavra durante todo o trajeto. Deixei que Annebell e Jake se engalfinhassem com suas ideias contrárias. Minha cabeça ficou em outro lugar. No beco. No cheiro dele.


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Notas finais do capítulo

Leiam entre o amor e o poder.é minha filhinha mais velha.bjsmandem reviews.