Fogo e Gelo Edward e Bella escrita por Bia Braz


Capítulo 17
Capítulo 17- Um lar




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Capítulo 17- Um lar

Bella POV

Ao chegar em casa, a mansão estava praticamente deserta, visto que quase todos os funcionários estavam prestando ajuda na mina. Somente os jardineiros e Susan estavam presentes. Apressada, pedi que Susan organizasse algumas peças de roupas leves e as colocasse em duas bolsas. Enquanto ela fazia isso, organizei meus documentos.

Desci acelerada, avistei o telefone e sentei com o catálogo nas mãos. Fiz todas as ligações necessárias, quando finalmente estava tudo certo, liguei para Emmett, explicando o que eu queria que ele fizesse.

—Ele está com você aí?—Perguntei depois de adiantar os meus planos.

—Sim, a mãe dele está comigo aqui embaixo e ele está lá em cima com Alice.

—A mãe dele está aí?—Perguntei meio sem jeito, lembrando que seu pai tinha falecido hoje e eu não pude ser solidária, já que eu também estava com problemas. —Vocês estão... se vendo ainda?—Eu não queria parecer mexeriqueira, mas inevitavelmente saiu.

—Alice e Jasper já sabem e nos apóiam.— Disse vacilante ao perceber o embaraço em minha voz. Eu sabia que era uma situação complicada para deles, logo, eu que não deveria censurar. Rosalie merecia ser feliz.

—Tá, então não conte nem mesmo para ela, pelo menos por enquanto.—Tratei logo de mudar o foco do assunto.

—Tudo bem.

—Em quanto tempo eu te pego?

—Dez minutos. Mais tarde pegamos o garoto.

Desliguei, subi apressada, peguei as duas bolsas que Susan organizou e desci para o escritório de Edward. Lá, abri os cofres, peguei jóias e dinheiro e coloquei junto com as roupas. Eu não poderia sair sem nada. Tinha que ter pelo menos como recomeçar.

Subi mais uma vez e troquei de roupa celeremente, vestindo calça e casaco de frio com capuz. Quando estava pronta, deixei um bilhete para Esme em seu quarto e saí, deixando a propriedade. Já de longe, olhei, saudosa, minha tão linda casa, enquanto descia a colina, sabendo que nunca mais retornaria para ela.

No horário combinado, peguei Emmett e seguimos nosso destino.

As minhas mãos no volante estavam brancas pelo esforço em mantê-las lá, tão tensas como estava. Tinha levado seis horas para planejar e organizar tudo, desde o momento em que tinha deixado Edward. Eu sabia o que queria fazer e também sabia que nenhum adulto me ajudaria. Quando perguntei a Emmett no telefone se ele estava disposto, expliquei-lhe que ele estava correndo risco e poderia ter problemas sérios se fosse envolvido, mas Emmett disse que devia a mim tudo que tinha agora, como estar estudando, ter saído das minas, e que por isso estava pronto a arriscar qualquer coisa.

Para meu pesar, foi Emmett que pediu para levar Anthony alegando que precisava de alguém para segurar as cordas. À uma hora da manhã, nos encontrávamos na mina Rosalie e, contando com a confusão causada pela explosão da mina, quebramos as correntes do barracão de dinamite e roubamos o suficiente para mandar para os ares cerca de dois quarteirões da cidade. Pelo menos é o que eu imagino que daria, pelo tanto de dinamite que Emmett pegou.

Por fim, conseguimos pôr a caixa disfarçadamente no meu carro que estava escondido no escuro. Nesta hora, umas poucas pessoas passaram e me cumprimentaram, porém eles me viam com tanta freqüência nos últimos dias que não podiam desconfiar de nada. Eu contava com isso.

Emmett e eu já tínhamos descido metade da ladeira, quando encontramos Anthony, que vinha em direção a nós. Ele saíra pela sua janela, usando uma corda, e pretendia andar todo o caminho a pé.

—Não faça nada além de ficar com as cordas, nada mais.—Adverti. —E, assim que seu pai e eu embarcarmos, você volta para sua casa. Emmett, você pode entrar de volta na casa de Jasper sem problemas?

—Claro.

—E você, Tony?

—Claro. Nenhum problema.—O garoto riu, como se estivesse fazendo algo extasiante. Pasmada com sua disposição em achar tudo muito interessante, revirei os olhos e continuei seguindo caminho.

Não relaxei nenhum minuto até aproximarmos da cidade adormecida. Eram quase três horas quando alcançamos a cadeia. Eu já tinha pensado em tudo. Estava saindo exatamente no tempo que eu tinha calculado. Iria fazer o que tinha que fazer e depois tinha um barco pesqueiro esperando no rio. Ele nos atravessaria pelo canal até Seattle, onde poderíamos pegar um navio que partiria às sete da manhã, depois uma nova vida recomeçaria.

Parei o carro bem distante da cadeia e olhei nervosamente Emmett que retirava a caixa de dinamite. Sabia que ele fora treinado nas minas como disparador, mas não estava convencida de que ele soubesse como explodir o lado da cadeia de pedra.

—Você sabe mesmo fazer isso, Emmett?—Perguntei desconfiada, com as mãos trêmulas de tensão.

Despreocupado, Emmett concordou com a cabeça, fazendo careta como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Depois olhou divertido para trás, para o pequeno engradado de madeira na parte traseira do carro. Ao lado dele, sentava-se Anthony olhando firme para frente, bastante excitado. Anthony ainda não era bastante crescido para estar plenamente consciente dos perigos do que havíamos planejado, e isso me deixava mais preocupada, porém, infelizmente, Emmett precisava dele.

—Não há nenhum perigo de explodir por si, não é?—Perguntei temerosa.

—Não.—Respondeu Emmett, mas não parava de olhar para a pequena caixa de madeira que tinha a dinamite.

Antes que eu ficasse mais aflita, Emmett explicou:

—Porei alguns bastões na base daquela parede que está no morro. Quando explodir, a parede toda descerá. Será como abrir uma janela muito larga. Edward terá que pular no chão e aí nós nos mandamos. Não pode ser mais simples.

—Um plano muito simples, pelo qual podemos passar o resto de nossas vidas na prisão.—Murmurei, tomada por angústia.

Ontem à tarde, quando Edward me contou que podia ser enforcado por um crime que não cometeu, cheguei à conclusão de que realmente não importava se ele fosse ou não um assassino. Pensei apenas que alguma coisa tinha que ser feita para libertá-lo.

A simpatia da cidade poderia até estar do lado de Edward depois de seu empenho em remediar o desastre, mas o julgamento seria certamente em Seattle e, lá, a Newton Coal and Iron é uma força poderosa.

Eu não acreditava que ele fosse ter um julgamento honesto, até por que, Edward não tinha testemunhas, e o fato de ter sido encontrado perto de Joseph bastaria para condená-lo.

Depois de um rápido exame de consciência, sabia o que devia ser feito. Tinha que tirá-lo da cadeia, mesmo que isso significasse que teríamos que passar o resto de nossas vidas nos escondendo. Convicta, decidi que iríamos para o Canadá, planejando pedir Annebell que nos mandasse dinheiro suficiente para vivermos. No bilhete para Esme eu expliquei tudo que acontecia e que era para Esme avisar Annebell que eu iria usar a minha conta com ela conjunta, a qual recebíamos nossos aluguéis do nosso falecido pai. Creio que Annebell não me negaria isso. Com certeza, ao saber disso Jasper lhe recompensaria, já que ele era procurador de Edward.

Desde que Edward mantivesse um comportamento tranqüilo e não chamasse muita atenção para si, achava que conseguiríamos escapar da lei americana. Era pesaroso mudar de país assim repentinamente, mas, infelizmente, Edward era muito conhecido em várias regiões do país, e por isso não poderíamos nos esconder em suas terras pelos Estados Unidos, tinha que ser no Canadá ou no México. Escolhi o Canadá por que era o país mais perto do estado de Washington.

A única mágoa que eu tinha era que não poderia me despedir de minha família e amigos. Provavelmente, não poderia nem escrever para eles, pois serviriam como uma pista para a captura de Edward. Mas sabia o que devia ser feito e sentia que, desde que eu pudesse ter Edward, seria feliz. Não importava onde vivêssemos ou em que condições.

Minhas mãos tremiam ao ajudar Emmett a colocar os pavios de dinamite nas fundas da parede de pedra. Quando estava tudo pronto, fiz com que Emmett me levantasse em seus ombros, a fim de que pudesse ver o interior pela janela.

—Diga-lhe que ponha o colchão em volta da cabeça.— Disse Emmett, ao me levantar.

—A dinamite que temos não irá machucá-lo?—Perguntei com pavor.

—Os saltos dessas suas botas machucam, portanto não perca tempo fazendo perguntas idiotas.—O grosso do Emmett rosnou.

Olhei para dentro da cela escura e vi Edward deitado no pequeno colchão. Joguei uma pedrinha na cela. Ele nem se moveu e foram necessárias seis pedras, uma delas acertando em cheio em seu peito, antes que acordasse.

—Edward!—Chamei-o, com o coração enternecido em vê-lo, tamanha era a certeza que eu o amava incondicionalmente.

—O quê?—Perguntou ele, sentando-se, meio perdido —É você, Bella? O que está fazendo aqui, no meio da noite?

Fiz sinal para que se aproximasse da janela.

—Não tenho tempo agora para explicar, mas Emmett e eu vamos tirá-lo da cadeia. Vamos dinamitar esta parede, portanto quero que fique no canto mais afastado e proteja-se com o colchão da melhor forma que puder.

—Vocês o quê?—Edward ofegou —Dinamite!? Escute, Bella, tem uma coisa que tenho que lhe dizer.

—Bella!—Gritou Emmett abaixo de mim. —Esses seus saltos estão me matando. Vai ficar aí em cima a noite toda?

—Tenho que ir. Vá para um canto e, quando a parede cair, já estarei te esperando. Te amo.— Disse, me curvei e saltei dos ombros de Emmett.

Edward POV

Ofeguei desentendido, os sentidos se passando lentamente. Aturdido, fiquei perto da janela por alguns minutos, sorrindo para mim mesmo. Ela não tinha fugido para conseguir o dinheiro, mas, em vez disso, tinha arquitetado um plano para arrebentar o lado da cadeia e livrar-me!!

Satisfeito e convicto, pus as mãos nos bolsos e comecei a assobiar, sorrindo ao pensar em como Bella se preocupava comigo. Ela verdadeiramente me amava. Eu realmente era amado como nunca fui em minha vida. Não era por dinheiro, ou uma paixão adolescente como com Rosalie. Era o amor de uma mulher de verdade que me completava.

Foi enquanto assobiava que ouvi um som estranho, como alguma coisa queimando.

—Dinamite?! Foi isso que ela disse?—Pensei e agarrei o colchão, saltando para o canto da cela.

Nada poderia ter me preparado para aquele barulho da explosão. Era como se o alto de minha cabeça tivesse sido arrancada e o barulho continuava e continuava.

Bella POV

Eu, Emmett e Tony nos escondemos atrás de uma grande pedra, enquanto a parede da prisão ruía. A dinamite removeu a fundação da parede de dois andares e as pedras acima de nós caíram, deixando uma clara visão do interior da cadeia.

Edward estava encolhido em um canto e, quando o pó começou a baixar, ele não fez tentativa alguma para se mover.

—Nós o matamos!—Ofeguei, começando a correr, com Emmett atrás de mim.

—Provavelmente só o deixamos surdo. Edward!—Gritou Emmett, acima do som das pedras que ainda caíam, e quando Edward não respondeu, Emmett pulou as pedras e entrou na cela semidestruída.

Emmett puxou o colchão e começou a falar, mas Edward não entendia uma palavra que ele dizia, e Emmett começou a gesticular. Por algum motivo, Edward parecia ter ficado abobalhado pela explosão, pois ficava sacudindo a cabeça em negativa para mim, e Emmett quase que teve de empurrá-lo por cima do montão de pedras para que ele pudesse chegar ao chão.

Eu os esperava com o carro ligado e, quando Edward aproximou-se de mim, pude ver que ele continuava pondo as mãos na cabeça, como se sentisse muita dor. Ele parecia querer dizer alguma coisa, mas eu não lhe dei tempo. Emmett e Tony começaram a empurrá-lo para o carro e subiram logo atrás, foi quando arranquei com as lanternas apagadas.

—Assim que chegarmos à beira do rio vocês dois vão embora.—Ordenei e quando já estávamos de uma distância longa, olhei para trás e as pessoas estavam saindo para o meio da rua, depois de terem ouvido a explosão.

—Corre, Bella. É bom que não vejam um dos únicos carros da cidade essa hora por aqui.—Emmett disse, eu ofeguei e acelerei, descendo o morro em direção ao local onde o barco pesqueiro nos esperava.

Eu corria o mais rápido que podia, acelerando, às vezes olhando para Edward, que me olhava com uma expressão vazia e estranha no rosto.

Emmett e Tony estavam eufóricos atrás, rindo muito, recontando como foi extasiante ver as pedras caindo e dizendo como era boa a sensação de ser fugitivo. Eu revirava os olhos, nervosa, com muito medo de ser pega e ainda envolver as crianças. Eu era uma irresponsável egoísta, mas eu precisava viver o meu amor em um mundo livre, sem julgamentos. Sem chance de perdê-lo.

—Emmett, pega uma blusa e uma calça que eu coloquei em cima do banco e dê para Edward se vestir.—Avisei trêmula, já avistando o barco ancorado no rio.

Chegamos ao local onde o barco estava, abracei rápido Emmett, dei um beijo em Tony, controlando as emoções para não dizer que não os veria mais, então empurrei Edward, que estava com olhar perdido, para dentro do barco, o qual nos esperava com o motor ligado.

De dentro do barco, já saindo, fiquei observando Emmett fazer a manobra e subir de volta para a cidade. Eu esperava que ele cumprisse com o que combinamos. Esperava que ele fosse a minha casa, deixasse o carro estacionado e fosse a cavalo para a casa dele, assim, não deixaria pistas.

Edward continuava fazendo careta, como se estivesse com muita dor, então coloquei sua cabeça em minha perna e alisei o seu cabelo, enquanto a viagem de uma hora se seguia.

O sol ainda não tinha nascido quando chegamos ao porto onde pegaríamos o navio que nos levaria para o Canadá. Ainda dentro do barco pesqueiro, ajustei os suspensórios de Edward e coloquei sua boina xadrez, olhando com compaixão seu rosto que demonstrava dor. Eu queria cuidar dele, mas não tínhamos tempo, logo coloquei um chapéu discreto em mim, peguei as bolsas com roupas e me virei para o dono do barco, pegando uma quantia de dinheiro na bolsa para dar em sua mão.

—Ele está bem?—Perguntou o homem do barco, indicando com a cabeça Edward, que, encostado em um ferro, batia com as mãos na cabeça.

Dei ao velho vinte notas de cem dólares.

—Você não nos viu.—Cortei o assunto.

—Só me meto com minha vida, senhora.— Disse, pegando o dinheiro.

Tentei falar com Edward, mas ele olhava-me em silêncio e só me seguia depois que eu o fiz descer e andei em direção ao navio.

Entramos discretamente no convés, indo direto para nossa cabine. Eu tinha conferido o horário de saída no dia anterior, por telefone, então estávamos adiantados duas horas. Mesmo assim, pudemos nos alojar enquanto o navio recebia o restante dos passageiros. Eu ainda estava muito nervosa, arquitetando como seria nosso futuro. Talvez comprássemos umas terras distantes, criássemos gados e fossemos viver anonimamente. Eu tinha trago uma quantia boa de dinheiro em nossas bolsas, não nos proporcionaria luxos, mas viveríamos bem. Eu teria filhos em breve, se Edward quisesse, e assim, recomeçaríamos de novo. Não importava se não tivéssemos várias propriedades, o importante é que eu que lhe daria abrigo e lar. O importante era tê-lo vivo e livre.

Agora com tempo e amparados em nosso camarote, procurei em minha bolsa um coquetel de analgésico, que ganhei de amostra de Annebell, ofereci a Edward e direcionei ao banheiro, tomando em seguida um banho. Ao sair, vesti roupas bem simples, a fim de não chamar atenção quando descêssemos em Vancouver, e fiz tranças no cabelo, desejando parecer uma camponesa. Estava pronta e Edward sentado na cama, ainda com a mão na cabeça. Ele me olhou e tentou falar, mas, percebendo que não ouvia a si mesmo, fez gestos para mim que, finalmente, entendi que ele queria saber para onde estávamos indo.

—Canadá.—Falei quatro vezes, antes que ele demonstrasse ter entendido.

Repentinamente tenso, Edward sacudiu a cabeça em negativa, com os olhos arregalados, mas, decidida a não deixá-lo me fazer mudar de idéia, o empurrei para o banheiro e o ignorei. Sem dúvida, ele não queria que eu me metesse em encrencas com ele, mas não o deixaria me convencer a voltar. Se ele tinha que passar a vida no exílio, iria ser comigo.

Olhei no relógio e ainda faltavam uma hora e meia para o navio levantar âncora. Eu estava aflita, andando de um lado para o outro, com medo de alguém ter descoberto para onde estávamos indo e a qualquer momento aparecer a guarda da cidade para nos prender.

Edward saiu do banho com a toalha enrolada na cintura, e sua expressão não aparentava mais dor, provavelmente o remédio tivesse feito efeito. Ele me estudou por minutos, depois balançou a cabeça devagar e um sorriso torto enfeitou seu rosto. Ele me encarou intensamente e caminhou de modo lento em minha direção, me olhando de um jeito que chegava a me causar temor.

Muito lentamente, ele tirou o chapéu de meus cabelos, jogou no chão, e, depois de um olhar que eu não soube interpretar, caiu em cima de mim, me jogando, sem delongas, no chão daquela cabine.

Sua boca colou na minha de modo exigente. Ele era como um animal faminto, ansioso. Eu, subitamente feliz, depois de ter passado a surpresa, reagi à altura. Minhas roupas foram rasgadas, botões voando para todos os lados, assim, sua boca desceu sobre mim.

Aquele instante só serviu para me dar mais uma certeza: eu estava certa de que tudo que eu precisava na vida era ele. Nada era mais certo do que ele comigo a vida toda.

Edward POV

Desde a explosão nada se ajustava em minha mente. Eu estava aéreo, com dor. Só queria fechar os olhos e esperar aquela sensação de fagulhas no cérebro passar.Somente ao chegar ao navio, me dei conta do que estava acontecendo. Ela realmente acreditava que estava em perigo, e ansiosa, queria sair rapidamente de lá.

Na cabina, eu queria falar-lhe a verdade antes de sairmos. Eu tinha certeza que ela encararia como brincadeira, e, depois dela saber a verdade poderíamos aproveitar o ensejo e enfim sairmos de lua de mel. Porém, ela não estava disposta a ouvir argumentos, então me jogou banheiro adentro. Durante o banho, senti o efeito do remédio sobre meus sentidos, aliviando minha dor, então, sarado, a única coisa que podia sentir era felicidade e euforia.

Decidido e satisfeito, eu aceitava com todos os meus poros que não conseguiria mais nunca me soltar dessa mulher. Eu estava preso para sempre. Ela me amava e era isso que importava. Saí do banheiro e ela estava olhando ansiosa pela janela. Olhei-a com todo o sentimento queimando-me, Não poderia esperar um segundo para possuir minha mulher. Não podia esperar um minuto para marcar território em seu corpo. Pra sempre ela seria minha.

—Edward.—Ela sorriu quando a joguei no chão da cabine e arranquei suas roupas, beijando sua boca.

—Quer dizer, lindona, que você se apaixonou mesmo foi pelo cavalariço, não foi?—E deslizei a boca na sua, sem gentileza, apertando seguramente seu traseiro. —Quer dizer que vai dar fuga a um fora da lei, um bandido...—Apertei seus seios em minhas mãos e ela ofegou, sorrindo. —Tsc tsc tsc. Eu realmente me enganei com as senhoras de sua classe.—Desci minha boca para o seu pescoço, mordiscando, na mesma hora em que peguei sua mão e a conduzi para meu membro intumescido. Ela, ousadamente, acariciou, lambendo a minha boca, enquanto gemidos de deleite saiam de meus lábios. Desci com a boca furiosamente para seus seios, sugando com rudez.

Quando vi seu risinho satisfeito em me deixar tão bobo de paixão, respirei fundo, controlando minha vontade de invadi-la, e voltei para seus lábios. Após minutos me beijando, ela me olhou com determinação, me afastou, ainda com a mão em meu membro, e se abaixou lentamente, passando a boca por meu abdômen, até chegar em minha barriga. Olhei-a incrédulo de que ela iria fazer, segurando seus ombros um pouco, impedindo ela de continuar. Mas, como ela só fazia o que queria desde que a conheci, ela entrecerrou os olhos, abriu a boca e abocanhou meu membro, sugando com vontade.

Surpreso com sua atitude, mas ganindo como um cão ordinário, joguei a cabeça para trás e estremeci, perplexo que eu fosse tão cheio de sorte.

Em toda a minha vida pensei que só fosse capaz de fazer isso uma mulher de rua, uma meretriz por vias de dinheiro. Mas não, ela me beijava, sugava com misto de luxúria e delicadeza, escorregando a língua, portando-se como uma vil mulher, sendo a mais renomada dama. Era um quinhão a minha vida, sortudo como eu era, essa era a mulher com quem eu iria dividir o resto dos meus dias.

Eu já não consegui controlar os desejos mais infames e carnais ao ser tratado daquele jeito por sua boca. Meu lado mais selvagem se erguia, me fazendo empurrar com viço minha ereção em sua garganta, esquecendo de vez que ela era minha imponente e cheia de pose esposa. Ela me olhava sorrindo, sem um pingo de acanhamento ou rubor, o que só me dava mais viço ainda.

—Vem aqui, garota.—Com muito desgosto tirei sua boca de lá, recebendo o seu risinho satisfeito, então inverti nossas posições.

Embora ser lambido por minha célebre e renomada senhora fosse fora do comum, era eu que devia dar esse gosto a minha mulher. Sem rodeios, joguei-a sobre o chão e invadi sua gruta com minha língua, era esse o propósito antes dela me dominar e tomar as rédeas. Com as investidas, ela se contorcia e se debatia, e eu não lhe dava chance de se afastar. Assim como eu, eu a faria a pessoa mais realizada do mundo.

Lambi circularmente no broto, implacável em lhe dar agrados, vendo-a se contorcer entontecida, com olhar de perdição. Era disso que ela gostava, não era? Do meu modo indecente e rude?

Após senti-la alcançar o seu prazer, ofegando com os punhos fechados, pus-me por cima dela e, erguendo uma perna sua, a invadi em um só ato, tampando sua boca do grito com a minha. Ela mordeu meus lábios, estremecendo, me fazendo ter que concentrar para não expelir o gozo na primeira enterrada.

Esperei ela se acalmar e conduzi um ritmo lento, abraçando-a, fazendo com que ela dançasse junto comigo aquele ritmo. Acariciei sua nuca, beijando seus lábios com carinho; ela, com o corpo mole, fechou os olhos e se abandonou ao beijo. Soltei seus lábios e comecei a cobri-la com beijos, sentindo sua pele cheirosa, seu gosto doce. Enquanto a beijava senti novamente seu corpo me prensar, trazendo-a de volta a ativa. Rolamos no chão, nossos corpos encaixados, em uma busca desenfreada um pelo outro, com paixão.

—Escolha, lindona, você me quer agora com os bons modos do cavalheiro ou com o jeito não polido do cavalariço?—Sussurrei em seu ouvido, beijando sua orelha.

Ela sorriu sem pudor e apertou seus músculos em mim, mordendo, descarada, o meu queixo.

—Quero o cavalariço com seus modos bárbaros.

Grunhi, ciente de nunca saber o que as mulheres realmente querem, mordisquei uma vez seu seio e me afastei.

—De quatro agora, cadelinha.— Disse virando-a, num gesto rápido e rude. Segurei com força sua cintura, zonzo com aquela posição, e empalei-a, em uma invasão sem aviso. Ela gritou, o que já era previsto, logo minha mão já estava próxima a sua boca, para tampar. Ela mordeu minha mão, grunhindo, o que só me deu certeza de que era assim que ela gostava.

—Empina, vai.—Dei uma tapinha em sua coxa, passando minha mão por todo o seu traseiro, no instante em que praticamente babava com aquele monumento.

Minha boca percorreu sua cintura, costas, e ela simplesmente gemia e se empurrava, como uma fêmea no cio. Enrolei sua trança em meu pulso, ainda indeciso se a tratava gentilmente ou se daria o que ela pediu, um sexo rude. Ela ergueu a cabeça e se jogou mais em mim, saracoteando ansiosa, me apertando, fazendo meu corpo ficar desgovernado.

Vê lá pedindo daquele jeito desordenava meus pensamentos, logo os impulsos de entra e sai que estavam lentos, ao ouvir seus gemidos, aceleraram e me fez perder o bom senso, empurrando dentro, profundo, mais, mais, com a força da dinamite que tinha sido usada na madrugada.

Foi pelo cavalariço sem modos que ela se apaixonou, não foi?

Ela ia ter.

Na cama, no chão, no mato, no feno, eu nunca seria um refinado cavalheiro, nunca a trataria como uma ilustre entre suas coxas, ela seria simplesmente minha esposa rameira.

Eu pensava que seria o condutor, mas era ela que me dominava, movendo, circulando, tirando o meu juízo.

Bem que Jasper disse que eu era o cara mais sortudo do mundo. Eu que pensava antes que teria que procurar mulheres de rua para satisfazer meus desejos promíscuos, tinha uma mulher completamente pervertida entre paredes.

Uma mão apertava sua cintura, forte, outra mão, determinada, aumentava os seus incentivos, ora apertando seus seios, ora deslizando em sua fenda.

Acelerei o meu ritmo, enterrando minha mão em sua carne, logo ela jogou a cabeça para trás, e quando, enfim, a ouvi gritar mais uma vez, me apertando ilimitada em seu corpo fervente, não me agüentei, sentindo a liberação subir as paredes de minha pele, logo, urgindo, estremeci até o último fio de cabelo e me derramei, caindo por cima dela, com meu corpo todo britando pela força da paixão.

Ainda esvaindo, pus meu peso sobre uma perna e a abracei, mordendo seu ombro, enquanto apertava seu corpo com meus braços.

—Eu te amo, Bella.—Resfoleguei em seu ouvido.

Durante um tempo, ouvimos somente o som de nossa respiração se acalmando, enquanto nossos corpos se recuperavam. Ficamos deitados no chão, então, então ouvi o som de aviso que o navio iria levantar âncora. Eu abraçava-a com força, incapaz de um dia deixá-la. —Quero muitos filhos Forks Cullen com você.—Sussurrei, acariciando preguiçosamente seu ventre com os dedos

Ela respirou fundo, recuperada e virou-se para mim, com o olhar carinhoso, enquanto acariciava meu rosto.

—Não se preocupe com nada, Edward. Eu pensei em tudo. Teremos filhos e os criaremos com vida simples, porém com muito amor.—Ela disse enquanto acariciava meu rosto. Sorri e a abracei mais forte, lembrando que quase eu a perdi, quase que saí da cidade sem saber se ela realmente me amava.

—Graças a Deus o navio já está deixando o porto. Deu tudo certo.— Disse e sentou-se puxando os restos de sua roupa rasgada. —Estarão logo atrás de nós e não creio que pararão algum dia.

Sentei e peguei seu braço:

—Bella, quero que me conte o que planejou. Por que estamos indo fugidos para o Canadá?

—Vou lhe contar.— Disse e foi para a janela, olhando com impaciência para fora. —Acredito que possamos nos esconder no Canadá.

—Por quanto tempo?—Levantei e peguei uma roupa em cima da cama para me vestir.

—Para sempre, claro. Não acredito que a lei alguma vez perdoe alguém por assassinato. Acho que podemos levar uma vida simples lá, e ouvi dizer que as pessoas não fazem tantas perguntas como aqui neste país.

Desacreditado, fui até a janela e peguei em seu braço.

—Espere um minuto. Você quer dizer que está planejando viver no Canadá comigo? Que se eu sou um fora-da-lei, você será uma também?

—Sim, é claro que estou planejando viver com você.—Revirou os olhos, como se fosse o óbvio. Peguei-a pela cintura e a ergui.

—Lindona, essa foi a melhor coisa que alguém já disse para mim.

—Edward.— Disse estranhando minha atitude. —Desde que eu te peguei lá você deveria saber que eu fazia isso. Você achou que eu só ia te dar fuga e voltar?

Abracei-a mais forte e cessei as palavras de sua boca com um longo e apaixonado beijo. Eu não poderia ter felicidade maior do que eu tinha. Definitivamente ela me amava.

—Amor, não estou fugindo de ninguém.—Ofeguei soltando-a de meus lábios. —Lógico que agora iremos aproveitar a viagem, fugir dos negócios e curtir uma lua de mel. Mas não tem ninguém vindo atrás de nós, a menos que seja o dele­ado, louco da vida por você ter acabado com a cadeia dele. Sinceramente, lindona, eu gostaria de poder ver a cara do homem.—Gargalhei alto.

Ela afastou-se de mim, com o olhar desconfiado. Não entendia o que eu dizia.

—Talvez você deva explicar essa observação.— Disse séria.

Peguei uma roupa na bolsa dela e joguei para ela, para que ela se vestisse.

—Eu só queria ver como você... bem, como você se sentiria sabendo que eu não era mais um homem rico.— Disse com um sorriso, mas gelei, quando ela lançou-me um olhar tão frio que era capaz de assustar qualquer homem.

—Gostaria de saber sobre Joseph Newton.—Fechou o semblante, enquanto vestia sua calça.

Comecei a ficar tenso diante daquele olhar inquisitório.

—Er... eu não lhe disse nenhuma mentira, Bella.—Me adiantei e peguei sua mão. Ela se soltou, pegando sua blusa para vestir. —É que, bem, suponho que não lhe tenha contado tudo. Quando cheguei lá, encontrei-o morto ao pé da escada, e fui levado para a cadeia acusado de tê-lo matado, mas a verdade é que os criados tinham fugido da casa e sabiam que ele já estava morto quando eu cheguei. Porém, eu não perguntei se algum deles o viu morrer.—Recolhi uma mecha solta de seu rosto, e ela se afastou. —Foi muito inteligente de sua parte pensar nisso, sobre os empregados. Você realmente é muito esperta.—Expliquei, tentando fazê-la sorrir.

—Então, por que estava na cadeia quando cheguei lá? Por que não o soltaram imediatamente?—Ela indagou, me olhando com os olhos entrecerrados, no instante em que se sentava para calçar as botas.

—Na verdade, eu já estava livre, lindona.—Estendi os braços em direção a ela, para que ela levantasse e me abraçasse. —Eu só queria saber, com certeza, se você gostava de mim por mim mesmo, ou se era o meu dinheiro que queria. Sabe, quando você saiu daquela cadeia, depois de ter lhe contado que perderia meu dinheiro, pensei com certeza que você estava indo falar com o Seth Black para ver o que poderia conseguir antes que eu fosse enforcado.—Confessei sem jeito.

Ela respirou fundo.

—É isso o que pensou de mim?— Disse com a voz baixa, sem levantar o olhar para minhas mãos esticadas. —Você pensou que eu era um ser humano tão baixo que deixaria o homem que amo sozinho para enfrentar um julgamento por assassinato e não levantaria um dedo para ajudar?—Levantou-se rápido e dirigiu-se a uma bolsa que estava sobre a cama.

—Bella, querida, eu não quis dizer nada disso que está falando. Só queria ter certeza. Eu não tinha nenhuma idéia de que você faria uma coisa tão tola como...—Interrompi e passei, nervoso, a mão no cabelo. —Bem, quero dizer, não tinha idéia de que mandaria a cadeia para outro mundo e quase me mataria.

—Parece que você já se divertiu bastante com essa história, não é Sr. Cullen.— Disse friamente, indo em direção a porta. Nesse momento ouvi mais um som de aviso que o navio partiria.

—Bella, você não vai ficar zangada, vai? Foi só uma pequena brincadeira.—Dei uns passos em direção a ela e ela levantou a mão para que eu parasse. —Você não tem nenhum senso de humor? Veja, todos na cidade irão...—Parei de falar ao pensar no que todos da cidade fariam.

—Sim.—Ela se virou, com a mão na maçaneta e a sobrancelha arqueada, com o olhar frio fixado em mim. —Continue, o que todos na cidade farão?

Sorri, desajeitado, fazendo uma careta.

—Er... T-Talvez nem reparem.—Balbuciei.

Irada, ela bateu a porta, jogou a bolsa no chão e avançou em minha direção, empurrando a mão em meu peito.

—Não repararão que eu removi o lado todo de uma cadeia que tinha paredes de pedra de sessenta centímetros de espessura? Rá! Talvez tenham pegado no sono com a explosão. Sim, talvez eles passem pela construção e nem ao menos reparem. E, talvez, o delegado se esqueça de contar a história da década, sobre como uma das gêmeas Forks socou dinamite na parede para resgatar um marido que nem estava acusado de assassinato. Talvez as pessoas a quilômetros daqui não estejam apostando em quando descobrirei meu engano, ou se eu serei acusada de assassinato por ter matado meu próprio marido ao descobrir que ele me fez fazer papel de tola.—Voltou para a porta, com o rosto vermelho de raiva.

Avancei e segurei seu pulso.

—Bella, você tem que compreender meu lado nisso tudo. Eu queria saber se era a mim ou ao meu dinheiro que amava. Vi uma oportunidade de descobrir e aproveitei. Você não pode culpar um homem inseguro por tentar.

—Sim, eu posso culpá-lo. Só por um momento, gostaria que me ouvisse. EU LHE DISSE QUE O AMAVA. A você, não ao seu dinheiro. No entanto, você nunca ouviu uma palavra do que eu disse.

—Bem, você também disse que não podia viver com um homem que não pudesse respeitar, mas voltou, e nem foi preciso muita persuasão.—Pisquei cínico. —Acho que você não consegue me resistir.—Dei um sorriso torto.

Ela esperneou, grunhindo, com uma careta no rosto e o punho fechado de raiva.

—De todos os homens arrogantes e convencidos que já encontrei, você é o pior. Eu sinto muito, muito mesmo tê-lo libertado. Queria que o tivessem enforcado.—Abriu a porta e saiu. Peguei a outra bolsa na cama e fui atrás dela.

—Bella, amor, você não quer dizer isso.—Tentei alcançar os seus passos. —Foi só uma brincadeira. Não foi por mal.

—Pare, moço. Com licença, eu vou descer.—Ela pediu para o marujo que estava recolhendo a escada.

Agradeci ao marujo e desci logo atrás dela. Caminhamos pelo cais, em todo tempo eu dando explicações dos meus motivos, mas ela estava indiferente. Quando paramos no cais para conseguir um barco para Forks, tive uma amostra do que estava por vir. O mesmo homem que nos trouxe, estava lá, rindo.

—Oi, estava esperando vocês.—Ele ria e ofegava, junto com outros pescadores. —Eu voltei para a cidade e o seu primo me contou que vocês iam voltar. Ele sabia que ela iria descobrir e que vocês iriam precisar dos meus serviços de novo.—Ele ria tanto que mal conseguia recontar a história.

Bella olhou-me com os dentes cerrados, estava completamente encolerizada e distante. Deixamos o porto e a cada minuto eu apresentava argumentos para ela, ou pensava em novas desculpas que a convencessem de que deveria estar agradecida a mim pelo que tinha feito. Eu dizia que ela agora poderia ter mais certeza de seus sentimentos por mim. Tentei fazê-la ver o humor da situação. Repreendi-a por usar os meninos para ajudá-la e mostrei-lhe o perigo em que tinha colocado todos eles. Tentei tudo o que podia pensar para conseguir uma reação da parte dela, mas ela agora estava impassível e gelada, daquele jeito que eu mais tinha medo. Me tratando como estrume.

Quando chegamos a Forks, o dono do barco tentou devolver os dois mil dólares que Bella tinha lhe dado.

—Essa história vale uns dez mil para mim.— Disse, batendo nas minhas costas. —Eu devo oito mil para vocês.—Eu somente sorri para o velho, mas no instante que olhei para Bella gelei.

Bella deixou o homem com a mão estendido para lhe devolver o dinheiro, levantou o queixo e andou em direção a Emmett, que nos esperava com um sorriso preso nos lábios, nos aguardando no cais. Emmett não disse nada quando o olhei e coloquei o indicador na boca em sinal de que não era para ele fazer nenhum comentário.

Quando pegamos a estrada para Forks, eu não agüentei o silêncio e comecei a conversar com renovado vigor, querendo saber com Emmett o que tinha acontecido quando ele voltou para a cidade. Emmett não se controlou e começou a rir alto, recontando todos os fatos.

—Primo, eu tive que confessar que tinha ajudado.—Ele gargalhou. —Todos ficavam se perguntado como a gêmea Forks conseguiu fazer aquilo. Mas pior foi que o bocão do Tony fez questão de ficar se exibindo, contando detalhes de toda a história.

Convencido, bati em meu peito.

—Eles não sabiam do que minha garota era capaz pelo maridão aqui.—Olhei sorridente para trás e ela estava com os braços cruzados, olhando zangada para fora do carro. —Amor, quando vi você parada lá, dizendo que iria explodir tudo para salvar-me do enforcamento, não consegui pensar o que dizer, eu estava tão abismado.—Parei para rir e busquei ar. —E então Emmett começou a gritar sobre os saltos de suas botinhas.—Tive que parar de novo para tentar fechar o riso. —Bella, todas as mulheres de Washington, Califórnia e Montana a invejarão. Todas desejarão ter a coragem e a bravura de salvarem seus maridos das garras da morte e...—Parei para respirar, ouvindo as gargalhadas altas de Emmett. Bella olhou-nos do banco de trás demoradamente, com um olhar assassino, mas nós dois não conseguíamos controlar o riso. —Quando me lembro da expressão de seu rosto quando entrei no carro... Quem eram aquelas mulheres que usavam chifres em suas cabeças, Emmett?—Bati no ombro dele.

—Vikings.—Respondeu gargalhando.

—Vikings, isso é o que você parecia: uma dama Viking vindo salvar seu homem. E a expressão do rosto de Anthony! Se minha cabeça não estivesse doendo tanto...—Engoli o riso assustado, quando chegávamos em nossa rua. O rosto dela se transformou em pleno horror diante do que estava lá. Tinha dúzias de pessoas eufóricas nos esperando em frente a nossa casa.

Bella POV

Eu queria gritar, espernear, me jogar do carro em movimento. Nada tinha me preparado para o que eu teria que enfrentar quando os vi lá. O que vi foi além das minhas expectativas. Eram quase nove horas da manhã quando subimos a colina para a casa de Cullen, mas já havia cerca de vinte casais que por acaso estavam em frente da casa. A maior parte dos criados da mansão estava no caminho da entrada, falando com o pessoal da cidade.

Ignorando Edward com sua parvoíce, pedi que Emmett tentasse entrar por um caminho alternativo da propriedade, para evitar ao máximo as pessoas possíveis. Ajeitei a frente de minha roupa e, reunindo toda a dignidade que pude, avancei pela entrada da cozinha, enquanto Edward fez questão de ir até a frente de casa, onde todas as pessoas correram para ele.

—Provavelmente, vai se vangloriar.—Murmurei derrotada.

De alguma forma, consegui passar pela cozinha e pelas perguntas pouco sutis da Esme.

Em cima, dispensei Susan e preparei meu próprio banho. Cansada, fiquei pouco tempo na banheira e fui para a cama dormir, já que tinha passado uma noite em claro. Ouvi Edward entrar no quarto mais tarde, mas fingi que estava dormindo profundamente e ele saiu.

Depois de dezenove horas de sono e de uma refeição farta, senti-me fisicamente melhor, mas minha disposição estava pior. Quando andei pelo jardim suspenso, pude ver a rua e o extraordinário número de pessoas que passeavam em frente da casa.

Edward entrou em meu quarto uma vez para dizer-me que estava indo até a mina Rosalie para ver se precisavam de ajuda e pediu que eu fosse com ele. Sacudi a cabeça, recusando.

—Você não pode se esconder aqui para sempre.— Disse impaciente, passando a mão no cabelo. —Por que não está orgulhosa com o que fez? Com todos os diabos, eu estou. Eu sou o homem mais feliz do mundo.—Ele se aproximou e eu o empurrei, sempre com o semblante frio.

Após ele ter saído, eu sabia que ele estava certo, que teria que encarar o povo da cidade e quanto mais cedo superasse isso, melhor. Vesti-me com vagar, com um vestido simples, de algodão azul, desci e peguei as chaves do meu carro.

Não levou dez minutos para que eu descobrisse que a predição de Edward, de como o povo de Forks reagiria, estava muito errada. Não me consideravam como uma heroína que salva o marido, mas como uma mulher tola e amalucada, que primeiro fica histérica, e depois faz as perguntas. Dirigi meu carro pelo lado de fora da cidade e subi a estrada para mina Rosalie. Talvez na mina eles precisassem de tanta ajuda que não teriam tempo para falar de minha aventura.

Não tive tanta sorte. As vítimas do desastre queriam alguma coisa para rir e a minha aventura era o alvo.

Fiz o melhor que pude para manter a cabeça erguida, enquanto ajudava a limpar os escombros e tentava fazer arranjos para as acomodações das viúvas e órfãos.

Ele em todo o tempo passava por mim, ora beliscando minha cintura, ora cheirando meu cabelo. Minha maior mágoa era que Edward estava se divertindo muito com tudo. Quando pensava em tudo, meu sangue fervia, e eu recusava-me a ouvir uma única palavra carinhosa do que ele dizia. O fato de que eu tinha lhe dado meu amor e ele duvidara tão publicamente, duvidara de mim de uma maneira tão ultrajante e espetacular, era particularmente humilhante.

No casamento, ele ficara ferido porque as pessoas acreditavam que qualquer mulher preferiria Jacob em vez dele, mas agora tivera prova muito pública de meu amor. Eu ficava pensando em todas as vezes que ele podia ter me contado que não estava realmente sendo acusado de assassinato, mas cada minuto ficava mais encolerizada. Quando queria, bem que ele podia falar depressa, portanto, por que ficara com a língua tão amarrada naquela noite?

O dia passava, e as pessoas tornavam-se mais impertinentes com as perguntas. —Você quer dizer que não perguntou ao delegado quais eram as chances dele, nem falou com um advogado? Seth entende de tudo isso. Ele poderia ter lhe dito. Ou você podia...

Eu queria me esconder de tantas perguntas, e de longe via Edward encostado a um engradado, me olhando com um sorriso presunçoso. Respirei fundo, contei até mil e voltei a separar alimentos. Eu queria gritar para ele que ele estava enganado, que eu não o amava tanto como ele achava não! No momento, eu o achava era um gabão convencido.

Mais tarde ele passou por mim mais uma vez, me puxou pela cintura, deu-me um entusiástico beijo estalado, piscou sorridente e disse, beijando meu pescoço. —Vamos, lindona, foi só uma brincadeira.

Eu queria gritar que para ele podia ter sido uma brincadeira, mas para mim a humilhação pública era apavorante, porém, para não me expor mais, simplesmente o deixei lá, me dirigi ao meu carro e voltei para casa.

Meia hora depois o vi chegar, quando eu ainda estava no jardim, tentando me esconder dos empregados. Fiquei lá e ele entrou, aparentemente me procurando. Deitei minha cabeça no encosto do banco e me acomodei, esperando que a vida passasse.

Ao anoitecer, vi Rosalie Newton discutindo veementemente com Edward e, na fria brisa noturna, ouvi as palavras: —No casamento, você disse que não a humilharia. O que pensa que fez agora?

O pensamento de que alguém estava lutando pela minha causa foi gratificante.

—Vá pro inferno, Rosalie, cuide da sua vida!—Exasperou, olhando ansioso por toda a propriedade. Parecendo estar a minha procura.

—Você pelo menos já a ama? No casamento você disse que não a amava.—Ela andou atrás dele.

—Eu sempre a amei.—Se virou para ela, falando mais baixo. —Eu só estava confuso e com medo de não ser correspondido à altura. Como você acha que eu me sinto agora depois dessa prova? Eu não vou deixá-la nunca, Rosalie.

Aproveitei que eles estavam andando em direção contrária à cozinha e corri, entrando rapidamente. Dentro de casa, jantei em meu quarto e Edward, mais uma vez, tentou conversar.

—Amor, leva numa boa.—Eu mal olhei para ele. —Por favor, você não vê como eu me sinto não? E daí que as pessoas achem que você é louca por mim? Bella, eu nunca fui amado de verdade na vida, ninguém nunca mostrou que me ama como você mostrou.

Ele se ajoelhou em minha frente, colocando as mãos em minhas pernas.

—Me desculpe pelo modo como foi, mas você não vê como eu fico feliz? Se você já tinha de mim o que queria, agora então eu sou seu súdito. Por favor, deixa isso pra lá.—Eu não respondi, agi como se ele não tivesse falado.

Ele bufou, levantou e se dirigiu a porta, abrindo-a.

—Inferno! Você já está passando dos limites! Você não tem senso de humor!—Saiu furioso do quarto.

Chorei até dormir. Mais tarde ele aconchegou-se na cama e eu senti o cheiro de seu perfume, juntamente com a sensação de conforto que seu corpo trazia. Eu o amava, isso era óbvio, mas eu não queria lhe perdoar. Se eu pelo menos pudesse me esconder das ruas.

Por mais que eu tentasse não pensar, meus pensamentos iam para o povo de Forks. Depois do horror do desastre da mina, eles queriam alguma coisa para aliviar as suas disposições e, sem dúvida, enriqueceriam essa história com vários toques de humor. O delegado a enfeitaria com tudo a que tinha direito, e o Forks Jornal provavelmente escreveria uma série de artigos sobre o caso, começando com o casamento e terminando... terminando com um homem que devia ter sido enforcado. Aaaahhhhh!!

No dia seguinte, estava arrumando flores em um vaso grande no corredor que dava para o escritório de Edward. Eu ainda estava zangada, ainda muito magoada e humilhada para falar com ele, e não aceitava a idéia de sair da segurança de minha própria casa.

A porta do escritório estava aberta e junto com Edward estavam Carlisle, Jacob e Jasper. Edward convocara a reunião para discutirem as possíveis conseqüências da explosão da mina. Ele ficou seriamente preocupado quando descobriu que as viúvas dos mineiros, provavelmente, não receberiam nenhuma compensação.

Parada, eu ouvia os homens discutindo o futuro de Forks e sentia grande orgulho pelo que meu marido fazia. Balancei a cabeça e na mesma hora me senti uma tola em pensar que eu pude acreditar que ele seria capaz de transformar Forks em uma cidade fantasma, quando na verdade ele hoje está se doando para mantê-la erguida.

Lembrei do que ele tinha falado minutos antes da mina explodir e interromper a nossa conversa na qual ele confessou que tudo tinha sido uma arquitetada chantagem para me fazer voltar, mas se eu ainda quisesse ir embora, eu poderia ir...

Eu conseguiria ir? Mesmo com toda zanga, eu conseguiria ir?

—...Ele te ama tanto, Bella, e não vejo por que você tem que ficar zangada com ele agora.—Refletia nas palavras que minha mãe disse quando ligou no dia anterior para mim.

Poderia ter resolvido meu futuro com ele naquela mesma hora que divagava, mas naquele momento ouvi três mulheres no corredor, tagarelando como escolares. Tinham vindo me ver e saber das últimas novidades, foi o que disseram para Susan quando esta veio falar comigo. Eu, delicadamente, recusei-me a vê-las, ou a qualquer outra pessoa.

Quando Susan saiu continuei o que fazia, parada no corredor, ouvindo com orgulho as reformas que meu marido planejava. Mas então ouvi Jake fazer uma pergunta que me deixou estática.

—Isso aí é uma conta da Cidade de Forks?

—Sim.—Respondeu Edward.

—O delegado quer cinco mil dólares, à vista, para consertar a cadeia. Acredito que essa seja a única conta que eu já fiz questão de pagar.—Edward gargalhou.

—Talvez possam fazer uma grande inauguração e Bella cortaria a fita...—Ouvi Carlisle dizer ironicamente.

Houve um longo silêncio.

—Se ela voltar a falar com ele.— Disse Jasper em tom de pesar e advertência. —Eu bem que avisei desde o início.—Houve outra pausa.

Jacob interrompeu o silêncio:

—Não creio que se consiga conhecer uma pessoa. Conheço Bella praticamente a minha vida toda, mas Bella que eu conheço e a que explodiu a parede da cadeia não são a mesma pessoa. Há poucos anos, levei-a a um baile e ela usava um vestido vermelho muito bonito, mas Swan disse alguma coisa que feriu seus sentimentos e ela permaneceu enrolada na sua capa, de forma que cada centímetro do vestido ficasse coberto. Ela estava tão nervosa quando chegamos ao baile que eu lhe disse que, se quisesse continuar usando a capa, eu não fazia objeção. Hã, quero ser condenado se ela não passou a noite toda sentada em um canto, com jeito de quem ia chorar.

Parei o que fazia, segurando uma flor. Era estranho como o mesmo episódio podia ser visto de duas maneiras. Agora, quando relembrava o fato, talvez tivesse sido mesmo uma boba por ter ficado tão transtornada por causa de um vestido vermelho. E lembrava-me que Sue Black sempre usava aquele tom de vermelho que me causara tanta angústia naquela noite.

Sorri da minha atitude infantil e balancei a cabeça, continuando a arranjar as flores.

—Bom, se ela estava a fim de mudar de comportamento, podia ter feito com menos perigo para meu lado.— Disse Edward. —Vocês não têm idéia do que é ter alguém dizendo que acabou de acender dinamite embaixo de seus pés, e não ter onde se esconder.

—Pode parar de reclamar, seu bastardo.— Disse Jasper em tom brincalhão. —Você adorou o que ela fez, e sabe muito bem disso.

Um sorriso alargou-se no meu rosto.

—Foi uma pena que não vissem o que aconteceu depois da explosão.—Jake gargalhou. —Todos pensaram que outra mina tivesse explodido e correram para a rua com suas roupas de baixo. Quando vimos a cadeia, com metade dela faltando, ficamos parados, abobalhados. Nenhum de nós podia entender o que tinha acontecido. Foi Jasper quem primeiro lembrou que você estava preso na cadeia.

Uma pequena risada escapou dos meus lábios, mas eu consegui me controlar.

—Escutem.— Disse Jasper. —Assim que vi aquela cadeia, soube que Bella estava envolvida. Enquanto vocês todos ficavam aos seus pés admirando-a durante esses meses, dizendo como ela era uma princesa de gelo, eu a estive seguindo por aí. Debaixo daquela aparência afetada, há uma mulher... Bem, vocês não acreditariam em algumas das coisas que aquela mulher faz regularmente.

Agora eu tinha mais dificuldade em controlar a risada. Jasper parecia meio chocado, meio admirado. Pensei no tempo que ele ficou escondido e assistiu à festa pré-nupcial. No dia em que ele me contou que assistiu à festa, eu só pensei sobre o que ele ouvira a respeito de meus planos para as minas, mas agora me lembrava do pugilista, e do Kama Sutra. Na ocasião, fiquei com medo de que Edward descobrisse algumas coisas que fazia, tais como as festas só para mulheres da Irmandade, a infiltração nos campos das minas, mas afinal ele descobriu quase tudo isso e minha vida não acabou. Para ele não tinha mudado nada. Eu continuava sendo sua dama, mesmo sabendo das coisas ilegais e aparentemente horríveis que eu fazia. Pelo contrário, a cada dia ele se mostrava mais orgulhoso e admirado comigo. Sempre se submetendo a todos os meus caprichos.

Na noite em que usei aquele vestido vermelho, estava certa de que, se mostrasse para alguém, minha reputação ficaria arruinada e não poderia ser a esposa conveniente para Jacob. Mas olhe o que tinha feito nos últimos meses! Houve uma vez em que desci pelo gradeado das rosas com minhas roupas de baixo. Então dias depois convidei todas aquelas pessoas para morar conosco, obrigando meu marido a aceitar sem reclamar, e só depois avisei a ele que ele teria de sustentá-las.

Quanto mais pensava, mais a vontade de rir crescia dentro de mim. Antes de nos casarmos, eu estava bem certa de quem estava casando com Edward Cullen. Ele queria uma dama e eu estava certa de que poderia satisfazer o pedido. Mas quando comecei a lembrar-me das coisas que o fiz passar, e de todas às vezes em que ele disse, com aquela expressão especial da descrença em seu rosto, ‘não tinha idéia do que fazia quando casei com uma dama real, verdadeira, de berço. Todas são mandonas assim?’ Quando me lembrei disso não consegui mais controlar a risada. Saiu de dentro de mim com um som que fez o vaso tremer na mesa. Agarrei o lado da mesa e continuei rindo, sentindo os joelhos fracos.

Imediatamente, os homens saíram correndo da sala.

—Bella, querida, você está bem?—Perguntou Edward, pegando meu braço e tentando erguer-me. Mas era como tentar pôr uma alga marinha de pé.

—Cobri meu vestido vermelho porque não queria que pensassem que eu não era uma dama, mas depois explodi a parede da cadeia!—Dobrava-me de rir e eles me olhavam boquiabertos, sem entender. Acabei sentando-me no chão sem nenhuma cerimônia. —Eu mantive a pose? Tive pose de dama na noite que desafiei o pugilista para uma exibição de músculos, Jasper?

—Do que está falando?—Perguntou Edward, desconfiado, e eu sorri para Jasper.

Jasper começou a sorrir cúmplice, e agora o riso aumentava.

—Você a perdeu enquanto dançava, seu filho de uma égua, sortudo!—Bateu nas costas de Edward enquanto gargalhava. —Bella, naquela noite levei uma garrafa de uísque porque pensei que me aborreceria assistindo a um chá-de-panela, mas eu nunca me diverti tanto!—Quando terminou, estava no chão comigo. —E a Srta. Emilly...—Ele mal conseguia falar. —Não consigo passar em frente à sua loja com uma cara séria.

Eu estava rindo demais para falar com clareza e Edward nos olhava com bastante interesse no assunto.

—E Jacob! Fui tão cuidadosa durante todos esses anos. Nunca o deixei saber sobre Leah ou qualquer das outras coisas.

Jacob, sorrindo, me observava.

—Você sabe do que ela está falando, Edward?—Jake se virou com a cara abobada para Edward, que me olhava intensamente.

Carlisle respondeu:

—Essa pequena e doce senhora de cabeça oca, que parece ser tão delicada que não poderia fazer outra coisa a não ser bordar, costuma dirigir uma carroça de quatro cavalos para as minas Rosalie.

—Posso dirigir doze!!—Declarei e isso fez com que Jasper tivesse novos acessos de riso.

—E ela tem uma direita capaz de derrubar meninos duas vezes o tamanho dela.— Disse Edward com o braço cruzado no peito, me encarando. —E pôde deixar sua própria festa de casamento para seguir o marido teimoso quando ele se fez de tolo em frente à cidade inteira.—Ele sorriu torto, enternecido. E para mim, naquele momento, era como se estivesse só ele na sala, orgulhoso de mim. Mais uma vez vi o quanto o amava. O quanto ele era tudo para mim. E se o que eu fiz trazia orgulho para meu marido, eu também deveria me sentir orgulhosa. —...E pagou minha amante para sair da cidade... E grita quando...—Parou quando falou a última coisa e começou a ficar embaraçado, passando a mão no cabelo.

Jacob olhou para mim sentada no chão com os braços em volta de Jasper, ambos fracos de tanto rir. Virou-se para Edward e notou a maneira como me olhava, com um misto de orgulho e amor.

—E pensar que eu a chamava de Princesa de Gelo.—Murmurou Jake.

Edward girou em seus calcanhares, com os polegares na cintura da calça.

—Eu derreti o gelo.— Disse presunçoso e continuou me olhando intensamente, como se pedisse autorização com o olhar para se aproximar.

Jake, Carlisle, eu e Jasper, caímos mais na risada, tanto pelas palavras, como pelo orgulho de Edward.

Carlisle acenou para mim.

—É melhor fazer alguma coisa com esse pedaço de gelo antes que ela derreta de tanto rir e entre nas frestas do chão. Não acredito que queira perdê-la.

Edward finalmente inclinou-se e me levantou nos braços.

—Nunca deixarei que você se vá.—Sibilou em uma declaração tão profunda que fez meu peito inflar. Ainda rindo, aconcheguei-me mais a ele enquanto ele me carregava no colo. —Nada vai nos separar, nem outras mulheres, ou filhos delas, nem o carrasco. Acho que é por isso que te amo tanto. Não é mesmo, Bella?—Olhei-o, apertei os dedos em seu pescoço e beijei contente seu queixo.

Ele pôs a cabeça junto da minha, e murmurou de forma que os outros não ouvissem:

—Quando chegarmos lá em cima, você vai me explicar o que é uma exibição de músculos.—Gargalhei de novo. —E não comece a rir outra vez, Bella!

Epílogo

Um mês se passou e tudo se firmou com relação às minas. Carlisle ficou responsável por administrá-la por ordem de Edward, que não quis deixar as minas nas mãos de Mike. Ele passou uma procuração para Carlisle responder por Anthony, até que este tivesse vinte e um anos. Mike pôde ficar com as propriedades da companhia, como: o casarão e a siderúrgica em Seattle, sendo acordado antes que ele iria dividir os lucros com Rosalie.

Carlisle e Esme se casaram e fixaram residência em nossa casa, já que Edward fez questão disso. Carlisle estava sempre se aconselhando com Edward sobre os negócios na mina, já Esme, que era a administradora dos nossos empregados, nos tratava com nímio cuidado de mãe, ao ponto de deixar minha própria mãe enciumada.

Rosalie assumiu publicamente seu romance com Emmett, levando-o para morar em sua casa, até por que Emmett não seria motivo de vergonha para ninguém. Mesmo tendo 19 anos, já se portava e vestia como um homem feito, um homem de negócios, uma vez que ele e Jasper eram responsáveis pela negociação e administração de terras de Edward.

Edward contou para Anthony que não era seu pai, mas o garoto continuou agindo como se fosse, vindo regularmente em nossa casa, acompanhado por Emmett para as longas reuniões com Jasper. Edward agora só comparecia às reuniões quando bem entendia, visto que queria passar maior parte do seu tempo cuidando dos novos cavalos de raça que adquirira.

As atividades da irmandade se estenderam, dando espaço para Alice, Annebell e Rosalie trabalhar. Rosalie estendeu as idéias de artigos do jornal. Alice trabalhava diretamente com as mulheres dos mineiros e Annebell levou um posto de saúde pública para a mina, em concordata com o prefeito. Todas nós, antigas e novas na irmandade - que não era mais uma atividade secreta - administrávamos as doações recebidas da prefeitura e também de cidadãos comuns, conduzindo-as diretamente para os mineiros.

Regularmente, por escala, uma de nós subia duas vezes para as minas, a fim de lecionar e promover leituras com as crianças, além de administrarmos as bibliotecas volantes que Edward adquiriu. Essa atitude das carroças foi seguida pela prefeitura, que, além de aderir à iniciativa, estendeu para outras minas e reservas.

Semanalmente, quando eu ia às minas, Edward me acompanhava, e, sempre após minhas aulas, ele e Tony organizavam com as crianças em uma partida de baseball. Os meses se passaram e um belo dia ouço uma discussão de Edward e Jasper no escritório, no momento em que passava pelo corredor.

—Eu não acredito que você não conseguiu comprar aquelas terras, Jasper? Aquele maldito fanfarrão continua relutante?—Edward disse em um tom mais alto, um pouco ofegante.

—Ele não quer vender. Já fui lá três vezes e não consegui.

Interessada no assunto, abri a porta e entrei em sua sala.

—Bom dia, Jasper.— Disse suavemente. Ele se aproximou e beijou minha mão. —De que terras estavam falando, Edward?—Sentei delicadamente em uma cadeira ao lado de Jasper, pondo minhas mãos no colo, sobre as pernas cruzadas.

—Das terras do Sr. Mackenzie, no sul da Califórnia.—Jasper informou e Edward me chamou com o indicador, apontando as pernas dele para que eu sentasse. Balancei a cabeça em negativa brevemente, mas ele sorriu e bateu na perna de novo, insistindo que eu fosse.

Levantei e fui.

—Por que ele não quer vender?—Perguntei enquanto Edward brincava com meus cabelos soltos, enrolando cachos com os dedos.

—Especulação.—Respondeu Edward. —Ele viu meu interesse e quer ver meu limite.—Sua mão desceu para minha barriga, que embora não tivesse tamanho notável, ele insistia em acariciar. Parecia que tinha sido ontem que eu descobri a minha gravidez. Na ocasião, não era minha intenção ficar gestante ainda, pois eu ainda queria aproveitar mais um tempo sem filhos, logo, eu ainda tomava as ervas que minha mãe preparava. Por vezes eu tinha suspeita que minha mãe estivesse dando somente chá de erva doce para eu tomar, mas não acreditei que ela fosse tão arguta.

Mas como todo engano e mentira têm perna curta, foi quando estava saindo para andar à cavalo com Edward em uma ensolarada manhã que descobri a verdade, quando minha mãe chegou em nossa casa, e, com olhar desconfiado, me chamou em um canto, perguntando quando tinha sido minhas ultimas regras. Despreocupada, fiz as contas mentalmente, e, não lembrado exatamente o ultimo dia, dei de ombros.

O momento seguinte foi seguido de total confusão. Minha mãe, nervosa, fez um escândalo, me empurrando de perto do cavalo, assustando a nós todos, dizendo que eu estava grávida e que não poderia cavalgar. Perguntei-lhe como, se eu tomava as ervas dela mensalmente, então, com um sorriso conspirador, ela confessou: os chás que eu te dava desde que casou, não passavam de ervas afrodisíacas, usadas para deixar mulheres mais quentes. Olhei com os olhos arregalados para ela, pronta para gritar por ela ter me traído, mas o súbito abraço de Edward por trás de mim, seguido de beijos e ele me rodando desarmou qualquer reclamação que eu pudesse fazer.

Desde aquele dia tenho sido a mulher mais completa da face da terra. Antes eu pensava que só precisava de Edward para ser feliz, agora não, tenho certeza que deixá-lo feliz me faz feliz. E nosso filho, ou filha, tem sido nossa maior felicidade nos últimos dias. Eu nunca pensei que um filho pudesse realizar tanto uma mulher, mas me sentir mãe, é a sensação mais completa do mundo.

—Quando você pretende vê-lo para uma nova proposta?—Perguntei para Jasper, ainda me deliciando com a carícia de Edward em minha barriga, com a mão por dentro do meu vestido de botões.

Jasper deu um suspiro desanimado.

—Creio que eu não resolva mais. Só Edward para lidar com ele agora.

Levantei e fiquei em pé, ao lado da cadeira de Edward.

—Que dizer que meu marido quer algo e alguém está lhe negando? Tsc tsc tsc—Passei as mãos nos cabelos de Edward. —Como podem negar algo ao meu marido? Ao homem que sempre conseguiu tudo que quis? Não podemos deixar isso acontecer, não é?—Sorri e beijei sua boca levemente.

Ele ergueu a sobrancelha sem entender.

—Resolvido. Antes de irmos para Paris, passamos na Califórnia. Eu tenho certeza que consigo comprar essas terras.—Sorri e pisquei para Jasper, que ergueu uma sobrancelha com interesse.

—Eu aposto mil que ela consegue.—Jasper pôs rápido a mão na carteira, com bastante entusiasmo.

—Eu te pago dez mil para você mudar de aposta, depois aposto cem mil que ela realmente consegue dobrar aquele velho rabugento.—Os dois gargalharam, jogando dinheiro sobre a mesa. Edward me tomou pela cintura e me abraçou forte, pousando sua cabeça em meu busto. —Já disse, minha dama, que você é capaz de iniciar uma guerra com esse seu jeitinho determinado.—Ele me deitou em seu colo e se inclinou, encostando a testa na minha. —Nenhum homem seria louco de não se dobrar aos seus pés.

Acariciei o seu rosto, apaixonada pelo homem livre de embaraços que ele tinha se transformado, não se importando de externar carinhos em frente ao Jasper.

—O dinheiro dobra qualquer homem, Edward. E você tem dinheiro suficiente para comprar o Sr. Mackenzie e tudo dele.

Ele enfiou os dedos em meus cabelos e levou uma mecha ao seu nariz.

—Eu duvido muito que seja meu dinheiro que o dobre depois que ele te conhecer. É capaz dele se entregar de mãos levantadas como um rendido em uma guerra.—Ele sorriu, e eu ouvi o som de uma cadeira se arrastando. —Após te conhecer, dinheiro fica sem valor para qualquer homem. E se tem alguém beneficiado com o fato de você não ter preço sou eu...—Olhou-me penetrante, beijando minhas pálpebras. —Por que se eu fosse dar valor monetário ao que você é, eu não teria dinheiro suficiente para comprar algo tão valioso nem aqui, nem no fim do mundo. Fico me perguntando como um tosco como eu teve de graça algo tão valioso como o seu amor. Amor este que me ensinou que: o que adiantava ter uma casa luxuosa, sem ter você para me dar um lar? O que adiantava gastar horas fazendo negócios milionários, perdendo meu tempo, quando eu podia estar com você que prolonga meus dias, me faz adolescente e faz meu tempo se transformar?— Disse beijando várias vezes meu rosto. Suspirei admirada, cada minuto mais perplexa com suas palavras. Suspirei satisfeita e ouvi a porta se fechando.

Sorri contente e coloquei mais os braços em seu pescoço.

—Então, melhor nos arrumarmos logo porque temos um negócio para eu fazer e uma lua de mel de três meses para desfrutarmos.—Beijei seus lábios.

—Como queira, lindona. Sou apenas um cavalariço às ordens de sua dama.—E ergueu-me no colo, me levando para o meu quarto.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Oie!!!Eu já disse que fico deprê em fim de estória?Pois é. Eu fico. Eu adoro essa estória. Espero que tenham gostado dessa versão.
Gente vim agradecer pela companhia. Muito obrigada por tudo. pelos reviews, pelas indicações.Eu fiquei muito feliz com as indicações.Obrigada.Mil beijos.