I never told you what I do for a living escrita por Iofthestorm


Capítulo 7
Capítulo Seis - Sam


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa a demora, eu realmente não tava planejando isso, mas é que tive algumas provas e eu fiquei mais envolvida nisso do que eu imaginei. Nem vou prometer quando sai o próximo capítulo porque eu realmente não sei. Desculpem!



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E lá vamos nós

E todos nós caímos

Eu tentei, eu tentei,

E nós iremos dançar sozinhos a canção da sua morte

Nós amaremos novamente, nós riremos novamente

E é melhor assim

Cinco dias depois, sábado.

SAM

A primeira coisa que eu senti foi a pressão do travesseiro contra a minha pele. Os lençóis eram macios e eu não estava muito acostumado com aquilo. Abri os olhos, entrava um pouco de claridade por entre as cortinas. Me virei na cama, mas já sabia que Mel já tinha saído para trabalhar e eu também sabia que ela voltaria a tempo para o almoço. De sábado, o turno era menor. Eram já dez horas, logo ela estaria de volta.

Me levantei, indo até a cozinha, onde ela tinha – mais uma vez – deixado o café da manhã pronto para mim. Suspirei fundo, enquanto colocava o café numa xicara. Eu prometi a mim mesmo que aquele seria o dia em que eu conversaria direito com ela sobre as nossas circunstâncias. Sim, nós tínhamos passado muito tempo juntos nos últimos dias e conversando muito, mas havia algumas coisas que estavam passando batido...

...Como por exemplo o fato de eu estar praticamente morando com ela. Desde aquela noite de segunda em que ela tinha aparecido no meu trabalho, tínhamos estabelecido uma rotina: ela saia de manhã cedo para trabalhar, eu saia um pouco mais tarde. Ela aparecia para almoçar comigo no Smith. Nós dois voltávamos para a casa dela no inicio da noite e jantávamos juntos lá. Mel gostava de cozinhar e de cantar qualquer tipo de música enquanto cozinhava. E quando eu a via na cozinha, preparando qualquer coisa que seja, cantarolando a última música pop de sucesso ou algum rock obscuro e antigo, meu coração queria parar de tanto que eu a amava. Assim. Tão rápido. Tão inconsequente e tão irresponsável. Tomei um gole do café para perceber que eu tinha me esquecido de colocar açúcar e estava horrivelmente amargo. O problema é que eu não podia continuar ignorando o fato “apocalipse” e tem demônios e anjos atrás de mim.

Enquanto eu esperava ela voltar, eu tomei banho e lavei a louça e limpei algumas coisas na casa. Eu não suportaria ficar parado, sabendo que logo eu teria que fazer o que era certo. Ir embora. Eu estava sendo irresponsável, eu dizia a mim mesmo o tempo todo que eu ia matar Mel, ela agora tinha um alvo no meio das costas para demônios. Eu tinha que partir e dizer para ela nunca dizer meu nome. Esquecer que me conheceu.

Mas era tarde demais. Eu tinha mudado a vida dela para sempre. Se algum dia algum anjo ou demônios descobrissem o que eu sentia por ela, ela jamais teria paz. Ela seria sequestrada, torturada e morta, tudo para me atingir.

Comecei a tentar arrumar a estante dela. Alguns livros já tinham sido colocados, outros estavam nas várias caixas espalhadas pela sala. Mel gostava de ler, havia de tudo ali – dos clássicos livros de medicina e todo o tipo de livro, romances, policias, suspenses, ficção cientifica, muita coisa sobre culinária e história. Numa das caixas encontrei fotos.

Eram Melaine mais nova, ainda na faculdade, pelo visto. Eram fotos tanto posadas quanto espontâneas, de vários momentos dela na faculdade. Ela tinha estudado em Princeton. Ver tudo aquilo me fez sentir ainda mais as coisas que eu tinha perdido ao longo da vida, e novamente, a minha velha conhecida, a dor, voltou. Eu queria ter tido aquilo tudo, eu queria poder me apaixonar sem ter medo que algo horrível acontecesse. Eu queria que eu não tivesse cometido tantos erros, magoado tantas pessoas, confiado na Ruby, bebido sangue de demônio. Eu tinha chegado mais baixo onde um ser humano pode chegar, cometido o pior erro que alguém poderia cometer e Melaine não saberia dessas coisas.

O que ela achava é que eu tinha tido um problema com drogas. Ela não sabia o quanto eu não era uma pessoa boa, que eu não era merecedor de estar ali com ela, e que tudo que eu podia oferecer a ela era dor – porque era a única coisa que eu tinha.

Eu tinha aprendido tanto sobre ela nos últimos dias, mas ela ainda não sabia a verdade sobre mim. Eu queria saber tudo sobre ela, conhece-la melhor do que ninguém no mundo, dividir a minha vida com a dela. O problema é que eu não tinha uma vida. Eu tinha perdido tudo.

Ouvi o barulho da porta se abrindo, e eu larguei as fotos dentro da caixa. Não queria que ela pensasse que eu estava mexendo em suas coisas, não quando ela tinha confiado em mim e aberto sua casa e seu coração para alguém tão indigno de qualquer coisa que fosse.

Ela andou depressa até mim, me abraçando. Dei um beijo em seus lábios, feliz em vê-la, mas tentando manter minha mente clara do que eu devia fazer. Eu deveria por um fim a tudo isso, antes que fosse tarde demais e ficasse cada vez mais perigoso.

O que eu sentia por Melaine era... Loucura. Mas eu sempre tinha sido assim – eu sempre me apaixonava fácil demais, de forma intensa demais e isso costumava ser mortal. Eu não tinha o direito de arruinar a vida dela.

–Mel – eu falei, quando parei de beijá-la – nós precisamos conversar.

–Isso nunca é bom – ela disse, e seus olhos estavam cheio de preocupação. Eu sabia que ela tinha medo de ser magoado, medo de se envolver, medo de sofrer e eu seria mais uma decepção para a vida dela, mas melhor com um coração partido do que morta. – ainda há coisas que você não sabe sobre mim.

–Bem, eu imagino algumas coisas. – ela falou. – eu quero dizer, com seu passado e ter fugido para cá agora... Eu sei que você deve ter feito coisas... Erradas e perigosas, mas eu não ligo. Eu não me importo. Eu não sei explicar, Sam. Desde a primeira vez que eu te vi, eu confiei em você e eu sei que não estou errada.

–Mas você está. Eu sou perigoso e eu nunca ter me envolvido com você. Eu não posso. As pessoas a minha volta... Elas se machucam. Sempre.

A verdade era que, mais uma vez, eu estava provando para mim mesmo o quanto eu era fraco. Eu deveria sair por aquela porta e nunca mais voltar, mas eu não conseguia me soltar do abraço dela. Ela olhava para mim com muita intensidade e seus olhos brilhavam de lagrimas.

–Eu não sei o que se passa com você, Sam. Mas isso... Nós dois... Parece certo. Você precisa confiar em mim. Esses últimos dias, não tem sido maravilhosos?

–Tem, Mel, mas...

–Tente se preocupar menos. Eu não vou fugir. Eu não quero fugir. Eu estou disposta a lidar com qualquer coisa que você tenha feito, ok? Porque eu não posso imaginar que você tenha feito algo tão terrível. Eu acho que você é uma pessoa boa que cometeu erros demais e se pune demais, e não deveria. Você pode me contar qualquer coisa, quando você achar que for o momento certo. Mas... Você merece ser feliz, Sam.

Eu encostei minha testa na dela, sentindo a respiração dela no meu rosto. “Você merece ser feliz, Sam”. Ela não sabia do que falava, ela não sabia o que eu tinha feito e é por isso mesmo que eu não conseguia acreditar em nada do que ela dizia.

Eu tinha que partir, e não havia outro caminho, não havia outra escolha, eu sabia que era melhor assim. Eu não podia deixar que nada a machucasse. Eu a abracei com força, sabendo que seria o último dia. A última vez. Não havia esperança para mim.

Amor... Amar... Ser amado... Tudo isso eu tive que abrir mão há muito tempo. Agora quando eu olhava para Mel, lembrava como Jess teve que morrer para eu me tornar o receptáculo de Lucifer, e como vão usar Mel, que nem sonha que anjos e demônios existem, para me atingir.


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Notas finais do capítulo

acho que o próximo capítulo quem narra é a Melaine, ou pro Sam, a Mel. Fofinhos. Na segunda parte da fic teremos mais ação também, eu acho.
comentários? beijinhos.