I Miss You escrita por mandyoca


Capítulo 13
Capítulo 13




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  - Olha, é o seguinte, a pessoa que se resume na minha vida foi sequestrada e eu estou indo atrás das três criminosas. – ofeguei quando o policial pediu para ver a minha carteira de motorista. – Tenho dezessete anos e faço aulas de direção. Amanhã farei dezoito tal quanto farei o teste, mas eu preciso salvar essa garota antes que o mundo todo desabe em volta de mim, porque ela é o centro especial do meu universo e eu preciso dela aqui comigo, por favor!


  - Sem carteira? – perguntou o homem com cara brava.


  - Não, mas eu acabei de dizer que a razão do meu viver foi sequestrada! Eu tenho provas, só não tenho tempo. – gritei.


  - Aos gritos com um policial, fingimento de sequestro, direção de um carro sem a carteira, menor de idade. – refletiu. Fiquei abismado.


  - Não é fingimento, eu estou desesperado! – berrei. – Desculpe pelos gritos. Mas olha, esse caso pode ser sério, bastante grave, o senhor não conhece as garotas que pegaram Kristal, eu preciso dela...


  - Sem carteira, sem carro. – Ele andou até a parte de trás para anotar a placa e eu dei no pé antes que ele pudesse ver a primeira letra. O policial correu até seu carro, e as luzes refletiam no meu painel. Eu estava indo muito rápido, velocidade que fazia o carrinho da patrulha de quinta categoria ficar para trás. Eu deveria me focar na pista. Só assim eu conseguiria encontrar Kris. O jeito com a qual a jogaram na van de forma rude, creio que elas não estejam tratando Kristal como uma diva – como ela merecia. As marcas acabaram quando eu estava no meio da avenida contínua. Estacionei o carro e saí correndo quando vi a enorme van parada na frente de uma das casas.


  Eu não sou besta, então nem encostei na campainha. Girei a maçaneta, mas a porta estava trancada. Segurei-me num quase abraço e com a lateral do corpo me choquei contra a porta, que abriu como um relâmpago. Olhei em volta e não encontrei ninguém. Como encontraria, certo? É Yolanda, Amélia e Cristina, puxa vida! O que eu vou esperar de garotas más que ficam tramando coisas sem piedade?


  - Kris? – chamei baixinho, sem me importar que pessoas ouvissem a minha voz por acidente. Eu só me importava com a garota que provavelmente estava por aqui, e isso me apavora. O local era feio, de longos papéis de jornal tampando as janelas sujas, o chão empoeirado e sem segundos objetos ou móveis espalhados por aí. Eu tentei evitar barulhos porque elas poderiam ter estratégias contra mim. Elas sabiam que eu viria atrás da Kris? Eu acho justo permitirem um caso a mais em seus planos ridículos. E eu creio que não tem só um pedido de dinheiro no meio desse sequestro. Pode ser para dar um susto em alguém ou algo do tipo. Mas também pode ser algum plano maléfico como... Como se livrar dela para que o Luan não seja mais obcecado pela Kris e volte a cair nas mãos de Yolanda.


  Isso parecia tentador para essa loira idiota que, às vezes, é nem tão burra quanto às outras. Mas ainda tem uma insuficiência mental do caramba envolvida nisso, porque ela tem a cabeça em outros mundos. No seu mundo, é claro.


  Eu corri pela casa inteira, agora bem pior do que antes. Todas as portas estavam abertas, e não havia ninguém. Só que eu ouvi um grito e não vinha de nenhuma daquelas portas. Desci as escadas me perguntando onde estava a entrada para o porão. Quando retirei um sofá do lugar – bem pesado – tinha sim uma porta no piso. Bem cinematográfico, não?


  Eu desci as escadas em busca de uma voz, um barulho, um sinal! Mas o silêncio fazia o meu ouvido doer. Os passos refletiam em rangidas que os pisos cheios de pó soltavam pelo peso que agora estava sobre eles.


  - Você pensa que pode ficar tentando gritar? – Yolanda “sussurrava gritando” para alguém. – Quem poderia te ouvir? O mudinho? Escuta, se tentar algo assim de novo, eu explodo você.


  - Desculpe. – A voz me atingiu como um avião em queda. Eu precisava seguir em frente. Eu estava certo, Kristal estava com as Spice Girls imbecis e falsas. – Mas você poderia tentar se menos agressiva. Abaixa essa arma, por favor, eu não estou me sentindo bem sob tamanha ameaça.


  Arma? Yolanda tinha uma arma? Kris, olha onde você se meteu! Eu não sei o que fazer, o policial deve estar louco para me achar (então não posso ir lá fora chamar ajuda). E agora?


  Corri até a porta que iria para a outra parte do porão gigantesco e dei um suspiro ao ver a pequena e doce Kristal encostada na parede, de pé, mãos para trás, encostando os dedos levemente naquela coisa dura de cimento. Minha Rainha Branca De Neve sendo tratada como uma qualquer... Que decadência. Perguntei-me o porquê dela não sair dali. Foi aí que lancei os meus olhos para Yolanda. Nas duas mãos, uma arma preenchia espaço, e estava apontada para a minha querida Kris.


  Eu não era bobo, mas também não era a coisa mais esperta. Tirei do bolso a única caneta que me restava absolutamente vazia. Eu quero largar esse vício esquisito de filmar a vida de Kristal. Mas agora ela estava aqui, eu não precisava mais disso. Ela... me ama. Não ama? Então ela me contaria tudo, eu acreditaria e fim. Já estaria ótimo se eu fosse apenas um melhor amigo, eu só quero ficar perto dela, não importa o que acontecer, não importa o meu “cargo”.


  Cristina e Amélia não estavam lá porque... sei lá. Mas eu só queria correr e arrancar a arma dela, coisa que teria causado um pití em Yolanda, e é bom não arriscar.


  Bem, eu precisava dar um jeito! Mas como? Essa loira escrota perde o controle muito depressa, e isso é estúpido. Qual é? Ela é tão irritante! E eu estava em desespero, eu já falei isso... Oh, Deus.


  - Kristal Steven, fica longe do Luan! – Yolanda gritou. – Você promete para mim que vai deixá-lo em paz?


  - Prometo. – sussurrou. – Mas Yolanda, é sério, essa arma está me intimidando e eu mal consigo pensar. Por favor, eu posso te implorar de joelhos, pare de apontar essa droga para mim.


  - Você acha que manda em mim? – Yolanda avançou um passo em sua direção. – VOCÊ QUE PENSA, SUA CORNA.


  - Eu nunca disse isso. – arfou Kris. – Eu não mando em você, mas você tem escolha de seus atos, e eu peço para que você abaixe isso antes que algo ruim aconteça e você fique com peso na consciência.


  Tão bonita tentando fazer com que a loira nociva, maléfica, cruel abaixasse aquela arma que poderia disparar a qualquer momento.


  - O que me faria ficar com peso na consciência? – a psicopata insistiu. – Atirar em você? Só seria um problema a menos na minha vida, sabendo que eu teria Luan apenas para mim e nenhuma adversária a mais.


- Eu não gosto do Luan, eu o acho o maior babaca. – Kris tentou. – Olha, eu não tenho olhos para ele. Tenho olhos para outra pessoa. Isso não significa nada para você? Não vou dar bola para o Luan.


  - Como você não deu bola no baile, né? – Yolanda revirou os olhos. – Você é uma retardada, só pode ser.


  - É você quem está com a arma. – Kristal retrucou baixinho.


  - CALA A BOCA, KRISTAL STEVEN! – Depois, um barulho ecoou na casa toda. Yolanda olhou para suas mãos, largando a arma a afastando-se dela. A arma disparou. Kristal estava agora esparramada no chão, pressionando o machucado, trincando os dentes e sofrendo.


  Eu entrei em pânico, e tudo o que eu fiz foi correr para onde as duas estavam. A loira olhava para Kris com remorso (como se não tivesse sido avisada) e parecia achar que ela própria era uma assassina. Ou quase, nesse caso. E essa ideia me deixava absolutamente nervoso.


  - Kristal, por favor, Kristal. – Eu senti uma lágrima fria escorrer pelas minhas bochechas. – Escuta, aguente... Aguente, eu te imploro.


  Eu não tinha tempo para virar para olhar o que Yolanda estava pensando disso. Oh, merda, eu sou um inútil! Eu deveria ter feito algo quando pude, e agora estava tudo perdido. Eu segurei as mãos geladas de Kristal enquanto mais água jorrava dos meus olhos sem piedade. Esse seria o fim do amor da minha vida?


  Porque se for assim, o meu sofrimento de nada valeu.


  - Dave... – a voz rouca de Kristal disse meu nome. Ah não, eu não podia me manter vivo com ela dizendo algo desse tipo, nesse tom absurdamente positivo enquanto a sua blusa preta manchava pelo sangue que saía da lateral de sua barriga. – Você... está... aqui... – disse com dificuldade. – Ou eu... morri... e estou no... meu céu par-particular. – brincou. Ah, Kris. Em leito de morte, ainda tão doce.


  - Espero que não tenha. – murmurei. – Porque eu te quero do meu lado, viva, para todo o sempre. Você está me escutando? Para sempre!


  - Eu... não... sei... – tentou. – Se consigo... Dave...


  - Consegue, é claro que consegue! – Coloquei a mão direita em seu rosto, agora tão gelado quanto um cubo de gelo.


  - Não dá... para respirar... – Vi uma gota cintilante descer pela sua face pálida e fraca. – Ah, Dave... – No meio de tanta agonia, eu vi um sorriso se destacar nos lábios dela. Um sorriso que provavelmente seria seu último.


  Gotas de suor apareciam no topo de sua testa. Eu agora estava chorando como um veadinho quando quebra a unha, mas eu tinha um motivo muito sério para isso. Eu não passei tanto tempo esperando por ela para acabar assim! Ou então foi isso: o único modo de me separar dela, era deixando-a partir...


  Só que se é isso, se é para nos separar, não a deixe ir para sempre! Se não for para ficarmos juntos, MANDE ALGUM SINAL QUE ME ENVOLVA! Kristal Steven tem um coração de ouro e não se permite machucar a ninguém. Mas eu fiz tanta merda nesse mundo, juntando as vezes com que xinguei meus pais e depois nunca mais falei com eles. E também fiz com que o emprego de Marie caísse e chegasse ao fim. Eu fiz coisas piores do que ela, e os bons precisam viver, não os ingratos e totalmente hipócritas como eu.


  Então faça isso. Leve-me, mas que droga. Kristal é a única por aqui que tem o direito de ficar viva. Não é culpa dela que o Luan e outros milhares ficaram gamados nela. E ninguém mandou que ela fosse tão linda.


  Mas ela não pode deixar esse mundo agora. Ela só tem dezessete anos. É isso que eu irei ganhar de aniversário, afinal? O amor da minha vida tirado de minhas mãos? É isso o que vai acontecer? É assim que eu vou me lembrar do meu aniversário de dezoito anos? Obrigado. Nada ganharia disso.


  - Dave – chamou Yolanda, com uma voz arrastada. -, desculpe! Eu não queria ter feito isso, era para ser uma ameaça, eu nem sabia que tinha balas nessa arma, ela é do meu pai, me desculpe de novo!


  Eu a encarei, os meus olhos profundamente vermelhos e provavelmente inchados. Minha respiração tinha saído do controle, eu sentia que se Kristal se fosse, eu iria também. E depressa.


  - Deus! – ela exclamou, olhando Kristal. Num impulso, saiu correndo sei lá para onde, e eu não queria segui-la. Eu não ia deixar Kris sozinha, de jeito nenhum. Ela precisava de mim, não precisava? E eu estaria com ela até o fim.


  - Kristal, como você está? Aguente firme, eu vou dar um jeito... – murmurei próximo ao rosto dela. O mais perto que eu pudesse, talvez.


  - Não se... preocupe. – ofegou, fechando os olhos com força. – Eu... sinto... calafrios... Mas eu... vou aguentar... – Ela abriu seus olhos novamente, e uma mão sua passou pelo meu pescoço. – Dave... eu te... – Kris puxou a sua mão de volta, pressionando o local onde o tiro havia lhe atingido. – Eu... te amo.


  - Kris! – sussurrei alto, vendo que o seu rosto virava lentamente para a esquerda. – Eu também te amo, Kris... Você não pode me deixar. Ok? Só continue respirando, continue vivendo. Eu preciso de você.


  Seu rosto virou-se para mim novamente, seus olhos grudando nos meus. Ela não tinha jeito de quem ia dizer mais alguma coisa – não que ela não quisesse, mas como se ela não conseguisse. Então virou novamente.


  Ela gemeu baixinho por causa da dor, esperando que eu não notasse. Logo após, jogou sua cabeça para trás fechando os olhos mais uma vez, talvez porque aquilo estava insuportável para ela. Era quase como se eu sentisse o que ela sentia em mim mesmo, no mesmo lugar.


  Eu senti arrepios, pensando que a hora dela fosse aquela. Só que se ela estava sofrendo; eu desejava que aquilo acabasse, por mais que doesse em mim e em seus familiares. Kristal me importava, e se sua dor estava insuportável, eu teria de aceitar se ela cedesse e partisse.


  Vários passos foram ouvidos se aproximando, e num impulso olhei para trás. Era o policial que havia me parado. Mas não só ele. Tinha também umas pessoas vestidas de branco trazendo uma maca, e outros policiais que seguravam Yolanda pelo pulso. Suspirei num quase alívio, colocando o ouvido no peito de Kristal. Eu fiquei fora de mim ao não ser capaz de ouvir o coração dela.


  - Kristal? – chamei, segurando seu rosto e o virando de volta para mim. As bordas de seus olhos estavam molhadas, e sua pele totalmente gélida. – Por favor... – Passei a mão delicadamente por todo o seu queixo e bochechas.


  Os caras uniformizados de médicos, enfermeiros, ou sei lá, se aproximaram, colocando o corpo de Kristal na maca. Eu acompanhei cada procedimento como se considerasse que ela era só minha.


  Tecnicamente, eu considerava.


  - Vejo que não estava mentindo. – O policial que havia me parado colocou as mãos nas minhas costas. – Então a gente ficou te procurando pela vizinhança. Só que então a sua amiguinha aqui – Apontou Yolanda com a cabeça. – chegou admitindo todo o crime sem nem termos perguntado. É isso o que acontece com quem está com a consciência pesada. Sinto muito não ter acreditado.


  - Você sente? – Franzi o nariz e trinquei os dentes. – VOCÊ sente? Imagine o que eu estou passando agora! Você poderia ter me ajudado, mas NÃO! Você pensou que eu era um dos otários que dirigiam só para ocupar as horas livres e causar problemas! E agora a pessoa mais importante estava morrendo bem diante dos meus olhos. Como você acha que eu estou me sentindo?


  - Eu não sou um leitor de mentes. – disse. – Não podia adivinhar que estava falando a verdade, me desculpe.


  - Eu disse que tinha provas! – gritei. – E eu não estou nem me importando que estou berrando com você porque se eu vou passar a minha vida sem ela, prefiro viver atrás das grades! Amanhã eu vou completar dezoito e serei maior de idade. Então você vai poder me levar para a merda que você quiser!


  - Não vou te prender. – Olhou para o lado. – Já pedi desculpas, o meu trabalho por aqui está cumprido. – Andou até Yolanda. – Já você, teremos conversas absolutamente sérias se você quer mesmo saber.


  Eu subi na traseira da ambulância, minhas mãos apoiadas nas da Kris. Ficavam dez vezes mais frias a cada vez que eu tocava em sua pele.


  - Kristal, você disse que aguenta... – sussurrei em seus ouvidos, afundando em seus cabelos. – Mas se estiver difícil, pode ceder. A única coisa que pode acontecer é eu me juntar a você, e nós teremos um final feliz...


  - Dave... – ela murmurou para a minha surpresa. – Eu... não... vou... desistir de... você... – Sua boca se abriu lentamente e ela sugou uma grande quantidade de ar. Seus olhos fechados não me guiavam mais, por isso tive de olhar para fora. As janelas que ficavam discretamente e minúsculas nas duas grandes e largas portas. – Dói... tudo... – ouvi. Sua voz arrastada... me dava aflição.


  A correria do hospital foi absurda, e os médicos pediram para que eu esperasse do lado de fora do quarto, na sala de espera.


  E aqui estou eu, sozinho, de cabeça baixa, olhando a formiga da mesinha de canto ao lado se mover para lá e para cá, tonta. Peguei uma folha da planta que estava lá em cima, apoiei meu cotovelo do lado da cadeira, e então comecei a encurralar a pequenina. Ela parecia brava por ver essas paredes aparecerem do ar tão de repente. Mas eu me sentia como ela, afinal.


  Encurralado num joguinho sem fim da vida, onde os obstáculos são mais difíceis do que nos jogos de tabuleiros, e as técnicas são mais complicadas do que nos jogos de basquete. Eu não conseguia sair, pois a cara erro no enorme tabuleiro, eu andava passos para trás. No momento, eu acabara de voltar para o início. Recomeçar? É impossível. Mas pelo menos eu me sentiria um vencedor se Kristal sair daqui bem e inteira. Mas tem possibilidades disso não acontecer, portando não entendo o motivo de continuar tendo esperanças.


  Mas ela disse que não ia desistir de mim. Isso era ótimo, era quase como se eu me sentisse completo – coisa que só aconteceria totalmente quando eu a visse do meu lado, quando a sua mão tocasse a minha mais uma vez, ou quando eu ouvir aquela pulsação do seu coração bater bem forte.


  “A Kris não vai desistir”, eu pensava. “Ela vai aguentar, ela é alguém forte e eu sei disso. Tem vida demais pela frente, não é o fim dela por culpa da imbecil da Yolanda que pegou uma arma de verdade para fazer ameaças e atirou acidentalmente.”


  O tempo passava tão devagar, que aquelas duas horas de espera pareceram o dobro. Mas então o homem careca me chamou, dizendo o meu nome inteiro mesmo eu sendo o único naquela sala.


  Levantei e o acompanhei, nervoso.


  O que era?


  Ela estava bem?


  Ela aguentou?


  Ela estava falando normalmente?


  Nada atingiu seriamente?


  Ou...


  Ela não conseguiu?


  Ela teve um fim ruim?


  Ele estava me chamando para ver se eu tinha parentesco, para ver se eu podia permitir a doação de órgãos?


  Ela morreu?


  Eu já não aguentava mais. Esse médico não abria essa maldita boca para me dar a notícia que ele queria, isso me deixou tão pê da vida que tive vontade de gritar desesperado por alguma informação.


  Mas eu estava com medo.


  Primeiro: Ele diria que ela estava bem e eu seria o cara mais feliz do planeta pelo resto de toda a minha vida.


  Segundo: Ele diria que ela não conseguiu se manter viva, e nesse caso eu seria o cara mais triste do planeta.


  Então o médico pigarreou e meus olhos correram urgentes para ele. Eu esperava qualquer notícia dela, eu só queria saber. Eu precisava saber. Cruzei os braços, incapaz de lutar contra a tremedeira que se lançava pelo meu corpo.


  - Dave Loyer, é esse o seu nome? – perguntou o homem. – Eu fiquei sabendo. Bem, eu tenho de dizer algo para você e...


  - Kristal está bem? – interrompi. – Aconteceu alguma coisa com ela? Ela sobreviveu, certo? Se não você pode ter certeza de que logo terão outro nome no hospital: Yolanda. Tá bem? Como Kristal está? Por que o senhor não responde? Por que o senhor está me olhando assim? Eu vou surtar se eu não tiver uma resposta, eu preciso saber nesse exato momento se ela está bem porque estou esperando há duas horas. POR FAVOR, DIGA COMO ELA ESTÁ, ISSO É TUDO O QUE EU QUERO SABER! É pedir demais uma única resposta?


  - Acalme-se. – Sua expressão ficou séria. Eu estava ficando louco com aquela seriedade, e provavelmente coisa boa não viria. – Eu pensei que só um tagarela já estava sendo demais. Mas dois? – Pausa. – Está calmo?


  - Estou, que seja. – Revirei os olhos.


  - Eu quero um favor seu. – sussurrou. Ligar para Marie e dizer que Kristal havia deixado de existir nesse mundo? Porque se for isso eu não vou fazer. Eu estou sendo TÃO negativo... Por quê? O medo.


  - Kristal está num estado um pouco sério, mas está melhor do que qualquer um. Ela está falando como alguém que não teve problema algum, e só tagarela dizendo que quer ir para casa. Mas é importante que ela fique aqui no hospital e... Ah, sim, ela está louca para te ver. Por favor, diga a ela que ela precisa muito ficar aqui sob nossa orientação e tudo mais.


  - Resumindo, Kristal está bem? – perguntei, e meus olhos devem ter se arregalado até o máximo que eles puderam.


  - Sim, ela está maravilhosamente bem. Mas precisa ficar sob nossa vigilância, e ela não quer isso de forma alguma. – Ergueu as sobrancelhas. – Você acha que pode dar um jeito nisso, Dave? Estamos contando com você.


  - Ér, claro. – Olhei para os lados, o sorriso cresceu no rosto e eu comecei a ofegar de ansiedade. O médico me guiou até o quarto e me deixou lá na porta, sozinho. Precisei respirar fundo milhões de vezes.


  Só então dei duas batidinhas na porta, abrindo devagar. Kristal me olhou com aquele seu rosto tão bonito e eu comecei a me aproximar da sua cama, o lugar onde ela estava, não conseguindo tirar o sorriso do rosto nem uma única e inofensiva vez. Eu estava feliz demais para fazer qualquer coisa.


  - Você está viva. – eu murmurei, meus lábios puxados nos cantos. Ora, era isso! Ela estava viva, tudo estava bem!


  - Eu falei que conseguiria. – Ela pegou minha mão, e com a sua outra, apoiou no local do machucado profundo, suspirando. – Isso ainda dói um pouco. Vai demorar a curar. Dá para acreditar que eles querem me deixar internada aqui? Ah, fala sério. Eu estou bem, não estou? “Melhor do que os outros”, eles disseram.


  - É melhor você ficar aqui. – dei de ombros. – Você tomou um tiro, poxa, nunca se sabe o que vai acontecer amanhã. Ou depois.


  - Eu não ligo, eu só quero ir para casa. – insistiu. – Não vai acontecer nada, caramba. Além do mais, se eles me deixarem aqui, vão precisar de muitas revistas. Sabe por quê? Porque eu não vou passar todo dia no meu quarto, isolada de todo mundo, olhando para o teto ou vendo televisão. Sai dessa.


  - Ou então conversando comigo. Isso não é muita coisa, mas é algo para a sua listinha de contra tédio. – sugeri. – Você acha mesmo que eu ia te deixar aqui com esses maníacos hospitaleiros? Vai sonhando. Eu vou ficar aqui, cada segundo, apenas te fazendo companhia para você.


  - Você faria isso? – Ela acariciou minha mão docemente. Tão típico dela. Eu retribuí o carinho. – Faria mesmo por mim?


  - Faria mil vezes se preciso. – assegurei. – Como você acha que eu ocupo o tempo quando não estou com você?


  - No seu site. – chutou.


  - Postando coisas sobre você. Ou então eu fico na televisão vendo todos aqueles vídeos sobre a sua vida. Você acha que seria um grande esforço passar os dias contigo? De forma alguma. Seria um prazer. – Eu fui o mais sincero que pude.


  - Obrigada. – Eu pude até ver as suas bochechas ficarem mais rosadas do que o comum. Ela corou.


  O barulho dos aparelhos ficou impossível. Aquele “pi, pi, pi” ficou mias rápido, sinal de que seu coração havia acelerado. O meu fez o mesmo, então resolvi poupar os comentários bobos.


  - Estou tão feliz por você estar bem. – ajoelhei do lado da cama, o meu rosto perto do dela, processo que fez os meus olhos encher de desejo. Pelo que vi, os seus desceram rapidamente para os meus lábios e depois voltaram para os meus olhos. Nós nos olhamos durante uns minutos e ela sorriu. Hesitei um pouco para frente e o “pi, pi, pi” ficou mais depressa.


  Ela revirou os olhos.


  - Que foi? – me dei o direito de perguntar. Eu sabia que eu estava dizendo isso para provocar, mas nessas horas, o que importa?


  - Que foi o quê? – Franziu o cenho levemente, um pouco sem graça.


  - Esses batimentos cardíacos aumentando e tudo mais. – expliquei com uma pontada um pouquinho irônica.


  - Ei, gênio, você não vai à escola? As batidas do coração são involuntárias. – zombou. – Eu não tenho culpa de nada, sou inocente. O único criminoso é esse órgão bobo que me incrimina o tempo todo. Nós somos inimigos de nascença.


  - Que pena, eu gosto desse “órgão bobo”. – brinquei. – Ele continuou batendo apesar até mesmo do que ocorreu hoje. Ele é forte e persistente, ora, para que essa inimizade? Ainda bem que ele é assim.


  Fui um pouquinho mais para frente de novo, o aparelho continuava a ficar mais convulso. Eu não conseguia não sorrir diante a isso, e Kristal corava todas as vezes, o que resultava em diversas reviradas de olhos.


  - Então, o que você está pensando, Kristal? – eu quis saber. – Eu fico curioso quando esse aparelho começa a ir mais depressa.


  - Eu não estou... ér... pensando nada. – arfou. – Tudo bem, eu estou pensando, mas... bem... Não é nada de importante, nem nada assim. Alto grau de idiotice, talvez algumas pitadas de besteira e até feminilidade. Nada de mais.


  - Então diga. – insisti.


  - Nããão. – reclamou.


  Tirei a minha mão da dela e segurei seu rosto com delicadeza, deslizando os dedos pelas suas bochechas rosadinhas.


  - Eu fiquei tão preocupado, não posso nem lembrar. – murmurei. – Você é tão resistente, isso é maravilhoso. Obrigado por cumprir o que você disse, até de não me deixar e de conseguir aguentar a dor.


  Ela não respondeu. Tirou a mão de seu machucado coberto de curativos brancos e levou sua mão pequena até o meu rosto, o acariciando como eu fiz. Depois de um t tempo assim, os batimentos cardíacos ficaram mais lentos, ela começou a se acalmar finalmente. Ah, Kristal.


  Foi difícil vê-la levar um tiro, tá bem? Por isso eu queria ter um prêmio pelo menos pelo sofrimento que passei. Mas veja, eu já ganhei. Eu estou com ela aqui, sozinho, com o rosto a centímetros do dela. Isso me fazia ficar ansioso por, você sabe, e eu não quero passar a impressão de quem está viciado em beijos ou coisa assim. Só que eu sou viciado nela, isso não conta?


  Então o “pi, pi, pi” aumentou outra vez e eu não entendi o motivo, já que não avancei para frente nem nada. Jurei ter visto suas bochechas mais rosas do que o comum, e observei sua outra mão se rastejar até o meu rosto juntamente com a outra, acariciando-o e pousando em meu pescoço, puxando-o para mais perto.


  Isso foi uma surpresa para mim, afinal, ela é Kristal – Kristal -, a garota pequena, reservada e altamente tímida de dez anos atrás.


  Ela hesitou, chegando um pouquinho mais perto, olhando para abaixo de meus olhos, se ajeitando na cama enquanto os fios grudados próximos ao seu coração reclamavam pelo movimento.


  Kristal mordeu o canto da boca provavelmente porque começou a sentir a dor novamente. Só então ela encostou os seus lábios nos meus bem devagar, ainda me puxando para ela, ignorando a agonia.


  Eu coloquei minha mão vagarosamente no local em que o tiro havia lhe atingido, porque ela parecia bem rígida. A tensão diminuiu e uma das suas mãos pousou em cima da minha.


  Eu não precisava de urgência no beijo, mas eu nunca disse que eu não queria. Eu tinha bastante medo de me esquecer daquele seu ferimento e acabar machucando Kris, isso me deixaria absolutamente bravo comigo mesmo.


  E eu temo sua rejeição.


  Se ela não desejasse isso da mesma forma que eu, ela podia mudar o seu conceito sobre mim e é óbvio que eu não quero isso. Não quero que ela me odeie para sempre por causa de um ato que eu tinha escolhas.


  Mas o seu beijo me atrai como ouro a um mercenário. Uma analogia simples, um desejo absoluto. Eu tinha vontade de abraçá-la e apertá-la contra mim. Eu gostaria de tocar aquela cicatriz que ela tem em suas costas, secretamente por minha culpa, mas feita através de outra pessoa – uma garota um ano mais velha, magra, de cabelos curtos e loiros, pele bem pálida. Não chegava nem aos pés de Kristal e eu nunca tive interesse de saber o seu nome.


  Quando eu me dei conta da cena que estava ocorrendo agora, reparei que Kris me envolvia pelas costas já que eu havia me levantado – como? Não sei. – e eu tinha as mãos entrelaçadas em seus cabelos longos e macios.


  Seus lábios não eram mais tão carinhosos quanto antes, e sim agitados, precisos. Era até legal saber que Kris é mais corajosa do que eu, porque eu não arriscaria assim. Ei, ela já esqueceu o seu machucado? Porque eu estava quase me encostando nele e ela nem aparentou sentir dor. Eu não sabia se ela estava fingindo ou se era sério.


  Agora eu estava quase sobre ela, e de repente a porta abriu. Eu demorei a perceber. Quando ouvi os passos, me joguei para trás tão rápido que foi como alguém que foi encostar a mão numa panela quente.


  - Desculpe. – Marie pareceu constrangida por ter interrompido um momento desses de sua neta. – Parece que vocês estão saindo do casulo, hein? Ah, Kris. Eu me lembro de quando você não ligava para ter amigos e tudo mais, mas agora você parece tão carente. Oi, Dave.


  - Oi, Marie. – dei de ombros. Kristal me olhou com os olhos cheios de apreciação, aprovando. Eu realmente devo ter saído do casulo, é maravilhoso saber disso. Marie é sábia, é uma ótima psicóloga. Só que eu não sabia apreciar isso quando vivia num mundo só meu, onde tudo era cinza. Eu era praticamente um autista que só queria a sua vida de volta, só que tudo o que recebi foi o que eu queria. Kristal, a parte colorida do meu mundo, aparecendo como um arco-íris após o dia chuvoso, e isso foi o máximo. É tão bom estar feliz.


  - Kristal, Kristal, Kristal. O que você apronta? – Marie sentou-se na beira da cama. – Aqueles médicos ligaram para mim desesperados perguntando se eu tinha um parentesco com você, mas não me explicaram bulhufas. Agora eu quero que vocês me contem cada detalhe do que aconteceu. E é óbvio que eu vou reclamar com os enfermeiros, porque os fios deveriam estar nos dedos para que eles pegassem esses batimentos cardíacos, mas estão no seu peito e isso está errado. E se o seu coração para de bater? Oh, meu Deus, não é um caso tão sério assim, não é?


  - Vovó, é uma história grande e eu estou meio cansada agora. – Kristal murmurou com aquela voz arrastadinha. – Mas eles querem me deixar no hospital e eu quero ir para casa, com a senhora. Dave disse que fica aqui comigo se eu precisar, mas eu não estou muito a fim de ficar nessa prisão.


  - Eu falo com eles. Prometo que vamos para casa amanhã. – Marie sorriu diabolicamente. Um truque nas mangas, extremamente maldoso. – Eu só vou falar com eles, tá?


  - Eu vou ficar aqui com ela. – prometi. – Fico aqui até quanto tempo precisar, não terá problema faltar algumas poucas vezes na escola.


  - Agradeço, Dave. – Marie me olhou perspicaz. – Adivinhem por que eu não vou poder te levar para casa hoje, Kris.


  - Porque os médicos não vão liberar mais cedo, talvez. – palpitou. – Se não for isso, não me peça para chutar mais coisas. Eu não sei.


  - Errou. – Marie levantou da cama. – Eu não vou te levar para casa porque (rufem os tambores) eu terei de permanecer em casa para a consulta que terei daqui a pouco. Eu voltei a trabalhar!


  - Ah, vovó, eu estou tão feliz! – Kris exclamou. – Eu juro que começaria a gritar, mas é que isso aqui está doendo um pouco de novo. – Ela apontou os ferimentos. – Isso não é muito agradável.


  - Meu Deus, o que é isso? – Marie ficou surpresa.


  - Kristal levou um tiro. – desembuchei. – De Yolanda. Mas não foi tão sério, disseram que Kris está melhor do que qualquer pessoa que teria ficado nessas mesmas condições. – Lancei um olhar de desculpas para Kris, que agora me fuzilava com os olhos, uma expressão que dizia: “Isso, acabou de encher a velha de preocupação, e eu não falei porque não-queria-isso!”


  - O QUÊ? – Marie quase gritou. – YOLANDA ATIROU EM VOCÊ? AQUELA GAROTA EXIBIDA? ATÉ PARECE QUE EU VOU DEIXAR ISSO BARATO, ESSA MENINA DEVERÁ FICAR ATRÁS DAS GRADES ONDE É O LUGAR DELA. É ISSO AÍ, PORQUE ELA TEM DEZOITO ANOS E TEM RESPONSABILIDADE O BASTANTE PARA SABER QUE ESSAS COISAS SÃO SÉRIAS DEMAIS E CREIO QUE NADA DISSO FOI SÓ UM ACIDENTE!


  - Marie, os policiais já pegaram Yolanda. Tudo ficará bem. – eu sussurrei. – Por favor, não se atrase para a sua consulta.


  - Sinto muito que não posso ficar. – Marie se acalmou. – Eu vou para casa, mas depois eu converso com vocês mais tranquilamente.


  Ela saiu do quarto.


  Kristal estava mesmo cansada, por isso dei um beijo em seu rosto e apaguei a luz. Em seguida, deitei no sofá e adormeci rapidamente.


  Dia seguinte, eu conversei um pouco com Hayley e com Augusto enquanto Kristal tomava o seu banho com a ajuda da enfermeira Lins. Esses amigos dela eram mesmo muito legais, tanto no computador quanto na realidade. Contei que hoje era o meu aniversário de dezoito anos e que eu deveria fazer um teste de direção que provavelmente seria adiado. E depois, eu fui obrigado a dizer tudo para eles, contar toda a história detalhadamente.


  - Você é mesmo demais, Dave. – Hayley admirou. – E Kristal teve sorte em se mudar para cá e conhecer você. Acho que você é um dos caras mais legais que eu já conheci, tirando esse feio aqui do meu lado. – Ela deu um soquinho em Augusto, que começou a rir em vez de implicar com ela.


  - Nós nos conhecíamos antes. – murmurei. – Mas ela não sabia que era eu o garoto que gostava tanto dela há dez anos.


  - COMO É? – Augusto deixou seu queixo cair. – Vocês já se conheciam? Certo, agora você vai mesmo contar toda a história.


  Mas a enfermeira Lins nos interrompeu – Graças a Deus! – e nós entramos no quarto de Kristal, que estava linda como sempre, cabelos quase pingando na toalha que envolvia suas costas.


  - Kris! – Hayley e Augusto pronunciaram em uníssono e correram para dar-lhe um abraço duplo. – Que sau-da-des!


  - Me desculpem por isso. Eu queria muito sair com vocês nessa uma semana que teremos, mas eu estou num estado não muito legal. – Kris disse com culpa. – Eu estou tão feliz de estar com vocês aqui.


  - Nós também estamos. – Hayley cambaleou para trás, deixando o abraço. – Kristal Steven, mudando de assunto, por que você não nos contou que hoje é o aniversário do Dave? Eu teria trazido um presente.


  - Aniversário de QUEM? – sibilou Kristal, olhando para mim com pontadas de raiva por eu não ter lhe avisado antes. – E você preferiu ficar comigo no hospital a sair por aí com sua família comemorando o seu ANIVERSÁRIO? Dave, se eu pudesse, eu me levantaria e te daria um tapa muito bem dado!


  - Não daria não. – dei de ombros. – E eu sei que no meu aniversário, o que eu mais quero é passar esse dia com você.


  “Uiii”, saiu da boca de Hayley, e um assobio da boca de Augusto.


  - É, eu amo o Dave, e daí? – Kristal pareceu um pouco irritada. – Mas eu estou me lembrando de outra coisa. Você disse que iria fazer um teste de direção no seu aniversário, não disse?


  Então eu fiquei em silêncio, amassando meu lábio inferior com o superior, tentando não dizer nada que me comprometesse.


  - EU NÃO ACREDITO! – gritou Kristal com a sua voz tão agradável de escutar. – Dave Loyer, por quê? Que horas é isso?


  - Estou dois minutos atrasados. – falei baixinho, olhando no relógio de pulso. Ela me mataria, eu sabia disso.


  - Se você não for agora mesmo para essa merda de teste eu vou ficar muito brava e você não conhece a Kristal Steven estilo nervosa. – ela praticamente berrava. – Vai logo, eu estou esperando!


  Então, eu obedeci, correndo para fora do quarto pronto para o meu destino, esperando que aceitassem meus atrasos.


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Notas finais do capítulo

Ei, povo Estão gostando? Então, tá no fim já! Se vocês querem o último capítulo, enviem reviews para que eu saiba que postar a fic (eu ia tentar publicar essa história, admito .____.) está mesmo valendo a pena!
beijo! :*