I Miss You escrita por mandyoca


Capítulo 11
Capítulo 11




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  Eu sabia do jogo de mistério do Dave, mas agora já estava demais. Eu não o vi na festa, ele não foi com ninguém. Como ele sabia do que a gente havia conversado se nós estávamos absolutamente sozinhos?

  Mas eu já me acostumei com o mistério. Ele protegia demais a sua vida, fechando-a num cubo e trancando com dez cadeados sem chaves reservas. Eu me pergunto como ele aguenta submeter-se a tantos segredos. Parece tão fácil! Mas eu sei que lá no fundo tenho certeza de que ele precisa se esforçar muito para não quebrar a cara dos patetas que o ofendem toda hora.

  Só que eu estava confusa.

  Nada disso justifica o que ele sabe sobre mim e sobre meus atos. Ele sabia coisa demais, e isso não é muito legal. Faz com que eu me sinta estranha e vigiada.

  Marie serviu o jantar – macarrão mais uma vez! – e ele estava muito saboroso. Ela contou sobre os dias pesados que ele teve com Dave. Esse sim era um garoto muito malvado e sapeca. Quebrou muitos vasos, dependurou quadros, estraçalhou objetos de decoração, ameaçou flores... E tudo isso sem dizer uma única palavra. O que ela mais odiou foi a última, da qual ele estragou suas preciosas plantas que ela cuidava com todo o carinho possível.

  Então eu fui me deitar. Hoje estava mais frio, fato que me fez trocar o pijama. Eu usava uma calça moletom cinza com uma tira rosa do lado. A blusa era rosa e a tira, cinza. Eu tinha colocado as minhas meias – as cumpridas, grossas e feias -, porque meus pés estavam prestes a congelar. Eu estava sentada na cama, pensando em deitar, quando o telefone da sala tocou.

  Eu saí correndo, Marie estava dormindo.

  - Alô? – atendi.

  - Kris, desculpa. – a voz de Luan pediu. – Aceite, eu não fiz grande coisa, mas eu posso melhorar!

  - Luan, eu estava prestes a dormir e...

  - E você prefere dormir a dizer um “aceito as suas desculpas”. – me cortou. – Eu acho que seu mundo é mesmo com o mudinho esquisito.

  - E o seu é mesmo com os populares metidos. – Revirei os olhos. – A gente conversa amanhã. Eu estou com sono.

  - Se apaixone pelo seu sono. Beije o seu sono. Case com o seu sono. – retrucou. – Espero que ninguém te dê valor como eu te dei, Kristal Steven.

 E desligou na minha cara, batendo o telefone e tudo mais.

  O sono sumiu. Eu fui me deitar, mas não consegui dormir. A frase que ele usara começou a ecoar em minha mente. Depois de um tempo, imaginei: “Devem ter se passado umas duas horas.” Mas quando vi o relógio, foram-se apenas quarenta minutos. Dei um suspiro e fechei os olhos, tentando relaxar.

  Alguns minutos depois ouvi um barulho. Um único e estridente barulho de um vidro se arrastando. Continuei relaxada, pensando: “Foi só o vento.” Só que claramente escutei passos. Eu tinha certeza disso.

  Minha mão vagou desocupada pela parede e apertou o interruptor, acendendo a luz. O efeito que aquilo deu em meus olhos foi tê-lo deixado embaçado, o que me fez enxergar apenas o porte físico – que era idêntico ao do Luan – e ele me olhou. Correu para fora e eu me despertei (entre aspas, já que eu já estava acordada e sem sono). Taquei os meus pés no chão e corri atrás dele, jogando a força que me restava para a perna. Aquele cara corria rápido demais. Foi por isso que ele chegou em terceiro lugar. Mas eu cheguei antes dele, eu podia alcançar Luan! Eu podia!

  Eu era uma louca de pijama e meias correndo pela rua a ponto de começar a gritar de ódio. Peguei você, ladrãozinho infernal! Luan, você está morto!

  Então me infiltrei nas árvores e arbustos do vizinho dele. Ele entrou, olhando os dois lados e vendo o vazio. A casa estava toda apagada, mas uma única luz acendeu – um quarto à direita, no andar de baixo.

  Eu fui até lá, eu precisava! Olhei pela janela e não achei ninguém. Por isso apoiei as duas mãos no vidro e levantei. Entrei, hesitante.

  Eu não podia acreditar. Eu simplesmente não podia.

  Tinha um altarzinho com caixas. Essas estavam nomeadas como Kristal Steven e em seguida uma data, um ano. Fitas de vídeo – isso é estranho – da mesma forma.

  Eu me aproximava delas quando um braço forte segurando um pano me agarrou por trás e o tecido cercou minha bola. Eu tentei gritar, mas senti um cheiro estranho, sentindo minhas pernas ficarem trêmulas e o ar começou a desaparecer.

  - Desculpe. – um sussurro soou baixinho no meu ouvido, e eu caí nos braços fortes dele. E o preto invadiu cada segmento do meu corpo, acabando com todos os meus frágeis sentidos.

  Algum tempo depois, um som finalmente se aventurou em volta de mim e eu ouvi a música tocar bem baixinha:

   Você pertence a mim
  Minha rainha, branca de neve
  Não há pra onde correr,

  Então vamos acabar logo com isso
  Em breve eu sei que você verá
  Que você é igual a mim
  Não grite nunca mais meu amor,

  Porque tudo o que eu quero é você

   Era “Snow White Queen”, da Evanescence. Eu reconhecia.

  Então eu abri os olhos e me encontrei no chão, e em volta tinham pétalas de rosas vermelhas. Levantei, preocupada com o que havia acontecido comigo. Olhei para o quarto, vendo muitas prateleiras lotadas de fitas de vídeo. Caixas espalhadas pelo quarto todo, meu nome em todas elas. Engoli em seco. Tentei forçar as janelas a abrir, e as portas a destrancar. Mas nada cedia. Eu estava absolutamente presa na casa de Luan, o ladrãozinho filho da mãe.

  Encontrei um computador e o liguei. Uma página foi aberta automaticamente na tela. Apertei “iniciar”. Eu planejava apertar o Messenger para que eu pudesse pedir ajuda para alguém, mas algo me chamou a atenção.

  O nome do usuário.

  Dave.

  Nada de Luan.

  Imediatamente, entrei no site e comecei a revirar o maior número de páginas que eu pudesse antes que ele me descobrisse mexendo no computador.

  Meu primeiro dia de aula, eu saindo inocente do banheiro, eu o seguindo no corredor, eu no Porsche de Luan, eu em casa, eu dormindo, o beijo entre mim e Luan, as conversas que eu tinha com Marie, todas as palavras que eu disse para a coordenadora e vice-versa, eu me jogando no meio dos dois para pararem a briga, eu, eu, eu! Vídeos da minha vida pessoal... Todos gravados secretamente.

  Coloquei na página mais velha que eu consegui encontrar. Eu até me levantei da cadeira, olhando fixamente a tela. Cenas minhas em casa. E eu tinha apenas dez/onze anos de idade. Os postes eram assinados por um tal Joe Carter. Seu nome falso.

  Meu coração se acelerou.

  Duas mãos seguraram meu ombro. Soltei um gritinho baixo e abafado. Lágrimas escorreram acidentalmente dos meus olhos. Dave Loyer era então “o garoto”. Foi por ele que esperei durante tanto tempo?

  E ele esteve me vigiando, me seguindo, gravando, filmando sem minha permissão. Esse é o seu crime.

  - Você descobriu. – ele murmurou. – Descobriu tudo o que eu guardei com minha própria alma. O que ninguém jamais conseguiu. Você achou meu site, meu nome falso, minha casa. Desmascarou o ladrão.

  Vi uma caixa cheia de canetas. Aquele tipo de caneta preferida dele, que me assustava. E o pior de tudo: era uma caneta-espiã.

  Certo.

  Os pelos dos meus braços se eriçaram.

  - Agora você não vai me responder? – Dave falou. – Você está sabendo o motivo do meu mistério, deveria estar feliz. Você queria isso.

  - Tem o meu nome espalhado por todo o quarto. – rumorejei suavemente, talvez deprimida, totalmente sem ter o que dizer. – Eu deveria estar feliz?

  - Eu sei que você gostava de outro. – sussurrou. – Aos dez anos, uma garota bateu em você porque ambas estavam afim do mesmo cara. E que sorte ele tinha de ter você como opção, Kristal.

  Quando eu o vi, não reconheci seu rosto. Quando ouvi seu nome, ele não soou conhecido. Quando ele falou, pensei nunca ter escutado sua voz. Mas agora eu me lembrava de cada passo que ele deu e eu anotei no meu caderno, como eu fazia com cada ato que ele ousava fazer. Mas ele não acreditaria em mim se eu dissesse. Ele pensaria que eu fiquei com dó. Só que doeria tentar?

  - Era você, Dave. – murmurei. – O garoto era você. Quando você se mudou, eu sofri como uma condenada. Sem você a minha vida não teve nenhum sentido. E você fez isso porque sua mãe te obrigou, preocupada pelo seu choro diário. Foi tão ruim assim descobrir que eu era apaixonada por você?

  - Não podia ser eu. – suspirou. – Eu zoava com todas as garotas, falava com elas... Mas não com você. Eu te observava, e com o tempo percebi que você era muito reservada, eu não arriscaria. Por isso eu não conversei com você. E também, eu ficava envergonhado sempre que o seu olhar encontrava o meu. Isso não chegou a me encorajar muito.

  - Eu adorava isso. – admiti. – Talvez o fato de parecer diferente me atraísse na época. É esquisito falar isso para você, mas eu tinha medo de me apaixonar, medo de trair o que nunca foi meu, e o que eu provavelmente nunca teria. Tecnicamente, creio que sempre fui apaixonada por você, Dave, mas tentando te esquecer perdi o seu nome e até o seu rosto. Só que a lembrança de “aquele garoto” vinha com violência até mim, e eu doía. Meu coração ardia como se estivesse ardendo no fogo do inferno. Foi uma árdua caminhada até eu chegar aqui inteira.

  - Se você pensa que eu não cheguei aqui com dificuldade, está errada. – Ele passou a mão em meus cabelos, e apesar de eu estar absolutamente chocada com essa obsessão que ele tem por mim, permiti que ele o fizesse. – Kristal Steven, você pode me xingar o quanto desejar, mas você não tem noção do que você me faz sentir. Eu me sinto profundamente bem quando está por perto. Você se arrependeu? Esperava que eu fosse diferente do que sou?

   - Dave, eu nunca pensei que te encontraria de novo. – disse a verdade. – Eu não esperava que você estivesse pior ou melhor. Eu não esperava te ver mais uma vez nessa vida. Nunca.

  - Tecnicamente foi ruim eu ter entrado na sua vida uma segunda vez quando eu deveria ter ficado longe. – acusou. – Desculpe.

  - Não! – Segurei sua mão. – A verdade é que foi ótimo você ter vindo falar comigo, caso contrário eu estaria absolutamente solitária agora.

  - Você estaria com Luan. – deu uma de vidente. – Talvez namorando apaixonadamente ou algo desse grau. Os populares mesquinhos a teriam em seus grupos e isso seria um sonho para eles.

  - Certo. – Vacilei um passo, olhando diretamente em seus olhos escuros e turvos, talvez tão turvos quanto à água de um oceano após uma tempestade. E o melhor de tudo é que isso é lindo. Chegava a ser mai bonito que o sol com aqueles raios de fogo. – Corrigindo: Caso contrário, eu não estaria revivendo a paixão que eu vivi aos dez anos de idade. Dave, independentemente de você ser ou não o garoto, eu já estava apaixonada por você, estava tudo perdido.

  - Você não precisa sentir dó de mim. – Ele respirou fundo.

  - Você sabe há quanto tempo estou esperando por este momento? – perguntei com raiva. – Não o estrague dizendo que eu estou com .

  - Então fique menos nervosinha, Kris. – Ele se aproximou de mim. Sim, aquele era o momento que eu tanto aguardei, o dia que faria valer a pena todas as lágrimas que foram acidentalmente derramadas.

  Num momento inesperado, uma mulher abriu a porta e nos encontrou lá, quase grudados no abraço, rostos pertos demais. Dei um passo para trás como reação. O que alguém faria na minha situação? Sair correndo aos berros que não seria. A não ser que ela seja uma assassina, aí tudo bem.

  - Dave? – perguntou ela, como se eu fosse invisível. Depois seus olhos vagaram para mim. Ela parecia emocionada. – Quem é você?

  - Kristal Steven. Sou amiga do Dave. – Olhei para ele com o canto dos olhos. – Ér... Desculpe, eu já tinha que ir embora mesmo.

  - Kristal, eu sou a mãe dele, Nicole, muito prazer. – Ela estendeu as mãos e barrou a minha saída quando eu tentei passar pela porta. A cumprimentei. – Eu gostaria que ficasse um pouco mais! Eu só fiquei preocupada com Dave porque vi uma luz vindo de seu quarto, mas esqueça. Fique, por favor.

  - Eu não acho que Marie goste de saber que eu estava na casa de um garoto nessas horas. – insisti. – Eu não sei se ela ficaria muito brava.

  - Marie? A psicóloga? – arfou. – A que tentou curar Dave dessa coisa toda de não falar, e acabou fracassando?

  - Ela fechou os negócios de psicóloga por causa disso. – Encarei Dave. – Eu ainda acho isso idiota.

  - Ah, Davezinho. – Sua mãe o olhou, apreciando, olhares magoados e pacíficos. – Eu gostaria que tivesse sido diferente...

  - Eu sei, mãe. – Ele chegou mais perto, parando ao meu lado, quase encostando em minha pele. – Sei que foi tudo para o meu bem, e que quando algo é para acontecer, isso irá chegar até você. – Eu senti uma coisa abraçando a minha mão, e já sabendo que era a de Dave, apertei mais forte.

  Nicole arregalou os olhos, abrindo o sorriso, e deu-lhe um abraço. Ela acenou para mim e para ele, afastando-se com glória. Dave fechou a porta novamente, agora girando a chave para a esquerda.

  - Eu falei com ela. – sussurrou ele.

  - Você falou. – confirmei. – Ela deve ter ganhado o dia, você viu só o sorriso que ela botou no rosto? Viu como é bom falar com as pessoas?

  Ele deu de ombros e me prendeu na parede, que agora estava perto demais. Tudo bem, e o que eu faço? Fujo?

  - Presa. – disse entre um grande e belo sorriso.

  - Oh, não, agora quem irá me salvar? – zombei.

  Dessa vez ele utilizou a pressa para que nada pudesse nos interromper, e então me beijou. Seus lábios não eram urgentes como os de Luan. Era bem mais delicado, mais proveitoso. Aquilo foi ótimo até eu abrir os olhos e vê-lo segurando uma caneta. Lá embaixo, mas ainda segurava.

  Eu não conseguia ir para trás, como também não queria. Eu soltei a mão que segurava a dele, fechei novamente os olhos e peguei a caneta que estava na outra mão. Num impulso a joguei longe. “Desculpe, não foi de propósito!”

  Dave não pareceu se importar muito com o caso. Ele só usou dessa vez as duas mãos para me envolver, colocando-as nos meus ombros e me puxando para a sua direção. Dave era humilde, suave, se importava com quem estava ali, na frente dele. Isso era maravilhoso, porque eu sonho com um dia desses desde os meus oito anos de idade, enquanto ele sonha desde os seus sete.

  Ele então deu passos para trás, e eu o acompanhava. Ele me jogou na cama – não vai passar disso, calma aí! – e continuava a me beijar docemente como um homem que cuida de uma esmeralda.

  Quando nos separamos, Dave continuou me abraçando sem dizer uma única palavra. Seu abraço quente e delicado não fazia nada de extraordinário além de me manter protegida e totalmente relaxada.

  - Você pode descansar, minha Rainha Branca De Neve. – murmurou naquela voz rouca e tranquilizadora.

  Fechei os olhos, serena no abraço apertado do cara que eu amava há nove anos com um desejo profundo de encontrá-lo uma única vez para que o que eu sentia não precisasse ficar trancado no meu coração como se tivesse cometido um crime horroroso. E não cometeu? Se apaixonar é ruim. É péssimo. Mas quando corresponde, é a coisa mais bela, de forma que faz sua vida parecer um conto de fadas.

  Eu dormi aquecida na noite fria, envolvida entre braços.

  Eu sonhei com o céu estrelado e sem lua, a neblina branca rastejante que fazia os meus pés congelados pelo frio desaparecerem. Eu caminhava com resistência pelo piso de gelo, procurando – bem, não sei exatamente o que eu procurava – algo. Eu usava um longo vestido branco que levava consigo uma faixa caída, que se arrastava no chão suavemente.

  Meu cumprido cabelo liso estava enfeitado com faixas que lembrava a do vestido. Eu sentia a brisa me guiando enquanto eu partia em direção a infinita paisagem negra, mas que também exibia uma luz. Era Dave gravando os meus passos escuros enquanto eu buscava – agora eu havia descoberto – uma saída.

  A imagem atravessou o preto e quando colidiu com a lente da pequena câmera, eu acordei, pulando na cama com um susto ofensivo.

  Então olhei em volta, suspirando alto, encontrando o meu quarto. Tudo que me haviam roubado estava lá, em seus devidos lugares. Olhando mais para o lado, encontrei a escrivaninha – juntamente com as pilhas de fotos – uma roa murcha e encantadora, acompanhada de um papelzinho. “Corro pro mar pra não lembrar você, e o vento me trás o que eu quero esquecer, ente os soluços do meu choro eu tento te explicar, nos teus braços é o meu lugar...” Mas desta vez uma assinatura estava no cantinho direito do pedaço de papel. Dave. Recitando os belos versos da canção do D’black, que eu logo reconheci quando observei as palavras suaves.

  Troquei de roupa, agora dando mais valor ao que minha mãe me disse sobre alguém te vigiar e tudo mais. Por isso fui ao banheiro e coloquei o modelito. Era uma calça jeans, um all star de cano médio preto e uma blusa preta. Penteei o cabelo, e coloquei maquiagem. Mas poxa, eu não vou fazer nada disso. É como se eu estivesse esperando a visita de Dave, ou algo assim.

  Liguei o meu computador e entrei no Messenger, imaginando se ontem foi só um sonho ou se foi verdade verdadeira. As lembranças eram pouquíssimas, por isso aposto na ilusão. Apesar de que eu me lembro do meu sonho, que no caso eu estava com um vestido belíssimo caminhando em nuvens, eu ainda não acredito que a minha vida possa estar tão boa.

  Hayley: Advinha!

  Augusto: Vai, advinha.

  Kristal: Vocês estão namorando?

  Hayley: Não seja imbecil.

  Augusto: Tente novamente.

  Kristal: A Hayley finalmente deixou de ser obcecada por garotos?

  Augusto: Tente novamente.

  Kristal: Augusto virou gay?

  Hayley: HAHA, boa Kris!

  Augusto: Engraçado. Não. Tente novamente.

  Kristal: Não faço ideia. Desisto.

  Hayley: NÓS VAMOS TE FAZER UMA VISITA BEM INTERESSANTE AMANHÃ, ISSO NÃO É PERFEITO?

  Kristal: O quê? Como? Onde vocês vão ficar? Vocês vão me deixar louca, sério!

  Augusto: Aguentou bastante, hein, Hayley?

  Hayley: Somente o necessário.

  Kristal: Vocês querem me responder antes que eu tenha um colapso nervoso por ignorância dos meus melhores amigos?

  Hayley: A mãe do Augusto vai viajar por causa do trabalho e coincidentemente (ou não) é uma cidade próxima. Yupi! Vamos estudar no mesmo colégio de novo, ÉÉÉ! Ah, mas é só uma semana.

  Kristal: Uma semana? L Tá certo. Eu vou adorar ter vocês comigo. Vocês são os pedaços que estão faltando no meu pobre, delicado, sensível, frio, frágil, aberto, duro coração.

  Augusto: Exagerada. Você também é a parte que falta no nosso coração pobre, delicado e o resto.

  Kristal: Obrigada. J

  A outra janelinha passou a piscar naquelas duas cores agonizantes, estressantes e nada agradáveis. Cliquei.

  Dave: Dormiu bem? Você parecia estar com febre. Uns trinta e nove graus no mínimo, você estava fervendo.

  Kristal: Oh meu Deus. Obrigada por me lembrar. Hoje é quarta. O que você está fazendo no computador? O que Augusto e Hayley faziam no computador? Por que Marie não me acordou? O que você está fazendo no computador? Você faltou? As pessoas vão estranhar, estamos ferrados. E o que você está fazendo no computador? Sendo quarta, não tem aula? Ei, o que você está fazendo no computador?

  Dave: Kris.

  Kristal: E eu não estou com febre, dormi como uma pedra num sono de beleza. E o que você está fazendo no computador em plena quarta-feira?

  Dave: Kris.

  Kristal: Eu estou muito bem, eu deveria ter ido. Ninguém vai sentir minha falta, mas é melhor eu ir... Que horas são? Porque se for cedo, ainda dá e... O que você está fazendo nesse maldito computador?

  Dave: Kris, são duas horas da tarde. Marie provavelmente não te acordou porque você parecia estar com febre alta. Eu fui ao colégio, e você faz falta sim, já que todo mundo perguntou o motivo de sua ausência. Yolanda falou mal de você até onde pôde, confie. Que vontade de avançar naquela loira exibida.

  Kristal: Ela falou? Por quê?

  Dave: Ela é apaixonada por Luan, que no caso é apaixonado por você. Só fala “Kristal, Kristal, Kristal”. Ele te defendia quando Yolanda te criticava... Coisa que eu não podia fazer. Xingá-la de volta.

  Kristal: Ele pode ter me defendido, tudo bem, mas eu ainda o considero tão... Não vou dizer. É ofensivo. Ele é irritante, é isso. Menos complexo, muito melhor. Você não concorda?

  Dave: Ele é um estúpido medíocre e cretino. Exibido, em todos os casos. Não liga para ninguém além de si mesmo. Age com desgosto à vida e se acha bem superior aos outros. Não concordo com apenas “irritante” quando ele merece muito mais. Muito infantil para pouca coisa.

  Kristal: Certo. É, isso aí. Aham.

  Dave: Kris, eu posso te perguntar uma coisa?

  Vou admitir. Fiquei com medo. Se ele pergunta se pode perguntar, aí vem bomba. E eu nunca fui fã disso, dependendo da intensidade do momento e também do assunto, e estávamos criticando Luan. Fala sério, o clima está pesado – talvez eu seja mesmo exagerada -, e tudo mais. Você não ficaria com medo?

  Kristal: Pergunte, ora.

  Dave: O que nele te atraiu? As palavras? O rosto? A popularidade?

  Kristal: Dave. Eu não me atraí por ele. E perdão se eu estava claramente desesperada. Afinal, como eu vou adivinhar que você era... Aquele garoto? Desculpe, eu não tenho uma resposta melhor.

  Dave: Não seria agradável se eu dissesse para você.

  Kristal: Por que não?

  Dave: Porque só assim eu saberia se você estaria apaixonada pelo fantasma do passado ou por mim como sou agora quando descobrisse.

  Kristal: Ér...

  Dave: O quê?

 Senti uma pequena onda de vergonha voar pelo meu corpo, o embaraço preenchendo a parte rosada das minhas bochechas. Eu não sabia o motivo. Talvez porque as lembranças chegaram à tona na minha cabecinha oca.

   Kristal: Nada. Só pensamentos ilusórios, lembranças inevitáveis, sabe como é. Não estou prestando AQUELA atenção que a conversa merecia.

  Dave: Ah, Kris. Eu não sei adivinhar as coisas. No que exatamente você estava pensando quando perguntei?

  Por alguns segundos, pensei que nada tinha passado de um sonho. Um simples e inútil sonho que foi juntado com o vestido branco e a névoa inodora. Algo que não faria sentido agora, já que descobri que Dave era o “Davezinho”, a paixão da minha vida. E eu conversei com ele, coisa que leva esse tipo de teoria lá para baixo. Mas será que ele está lembrando?

  Kristal: Nada importante.

 Claro. Nada importante. Só a sua vida.

  Dave: Hum... Eu pensei que era sobre, ahn, ontem.

  Kristal: Ér... Bem... Ahn... Não sei.

  Dave: Pensa que eu zombaria de você?

  Kristal: Eu nunca disse nada disso.

  Dave: Eu não sou burro.

  Kristal: Eu sei que você não é.

  Dave: Kristal?

  Hesitei por alguns instantes.

  E se ele dissesse que não quer me ver nunca mais porque eu tenho um jeito de garota fresca e metidinha? E se ele dissesse que eu não sou o tipo dele, mesmo que ele tenha esperado bastante tempo para mim?

  Kristal: Dave?

  Dave: Você me faz sentir único. Eu quero agradecer pelo tipo de consideração positiva que você demonstra.

  Kristal: Você é único, Dave. Não fui eu quem mudou nada.

  Dave: Obrigado.

 

  Ouvi um barulho involuntário do lado de fora e achei melhor ver o que era. Saí do computador só no caso de encontrar algo que eu não gostaria, e então passei pela janela-porta, até que, de repente...


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Notas finais do capítulo

Então, gente! Qual é o autor que não gosta de saber quem são as pessoas que estão lendo as suas histórias? Lembrem-se de deixar um review para eu saber como está indo a fic
Não sei quando postarei o próximo capítulo, isso vai depender do humor da minha pessoa ODSIDSOIDS. É difícil alguém me deixar de mau humor, então outro fato importante é o pc da minha mãe funcionar (longa história, o meu pc não copia grandes textos, e eu faço tudo no word, então para passar para o nyah fica difícil :B).
Amo vocês, aproveitem a leitura