Pokémon. Connected Steps. escrita por Frederico J, Bardos da Ocarina


Capítulo 1
Chapter 01 - A Neuro-Conexão.


Notas iniciais do capítulo

Texto e Personagens criados por: Frederico J.
Correção e revisão por: Anna Beatriz Moraes Pedroso
Ilustração por: Patrick Levy Capeto.
Baseado na obra de Satoshi Tajiri.

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Hearthome City – Sinnoh.

Lamont abriu os olhos um pouco atordoado, arrumou os óculos, passou as mãos no rosto e olhou para seu pokétch¹. Eram onze horas da manhã, ele tinha voltado a dormir no laboratório. A cabeça lhe doía e decidiu que não tomaria chá de Chesto Berry² naquele dia.

– Água, apenas água durante uma semana. -Disse a si mesmo o homem que vestia um jaleco branco amassado por cima de uma camisa preta; seus cabelos eram igualmente amassados e pretos, mas já grisalhos dos lados.

O professor foi fechar urgentemente as cortinas da janela que davam de frente para a Catedral. A luz era pouco intensa, pois o clima estava nublado, mas qualquer claridade já era muita para olhos que não descansaram o suficiente. A noite tinha sido agitada. Em meio a suas pesquisas tinha descoberto um poema dos antigos habitantes de Kalos que falavam sobre homens que não usavam palavras para se comunicar com seus Pokémons e sim seu pensamento. Isso faria parte do uso perfeito da teoria da Neuro-Conexão? Ou apenas mais um caso de Pokémons psíquicos e seus poderes?

Por mais que estudasse sobre o tema não conseguia encontrar a resposta; era difícil ficar traduzindo aqueles textos, onde várias e várias letras significam apenas uma palavra com sentidos múltiplos e seu único aliado era um velho dicionário de cem anos atrás. A linguagem estava tão ultrapassada que o mais simples sinônimo resultava em mais de meia hora de tradução. Mas Lamont não queria pensar naquilo agora; bebeu uma jarra de água até o fim e foi se sentar no sofá que parecia extremamente macio e aconchegante se comparado a mesa de vidro na qual tinha dormido. “Vou descansar mais meia hora e depois irei continuar” pensou consigo mesmo. No entanto logo depois de fechar os olhos, batidas vieram da porta junto a uma voz extremamente alta.

– Professor Roderick, sou eu, Valentina. Abra a porta professor eu sei que o senhor está ai. Vamos não temos muito tempo.

Valentina era uma boa assistente, mas aquela voz aguda misturada com as batidas na porta era um pesadelo para sua cabeça, que parecia que ia explodir.

– Só um minuto Tina, só um minuto. -Disse Lamont enquanto se levantava e abria a porta tentando evitar a luz que vinha do exterior.

– Bom dia dorminhoco, eu trouxe croissants e suco de Mango Berry². Coma enquanto vou organizando este lugar. Espero que o senhor tenha lembrado que temos um compromisso muito importante hoje.

–Compromisso importante? -Perguntou meio sem jeito Lamont.

–Sim temos que ir até Jubilife City se lembra? -Disse a jovem garota enquanto arrumava os utensílios do laboratório.

O professor atordoado se sentou novamente no sofá com um croissant na mão e apenas ficou observando Tina enquanto essa corria de um lado para o outro arrumando pilhas de papéis e manuscritos, colocando tudo em seu devido lugar. Ela era uma garota bonita, tinha vinte três anos, cabelos louros que ia até seus ombros e uma pele como porcelana, no entanto, Lamont sempre ficava assombrado com a eficiência da garota quando a mesma se dispunha a fazer algo.

– Me diga uma pessoa normal que tem toda essa energia logo de manhã, Valentina.

– Manhã para você, né professor?! Eu estou acordada há horas e sou muito normal também, mas se alguém não arrumar isso o senhor fica me ligando às três horas da madrugada, me perguntando onde deixei o livro tal ou o aparelho tal. Por isso prefiro fazer tudo agora antes que senhor estrague meu sono de beleza novamente. -Respondeu rapidamente a assistente enquanto socava vários e vários livros dentro de um baú.

– E por falar em sono de beleza, professor, o senhor deveria ir dormir na sua casa de vez em quando sabe, fazer a barba, tomar um banho e coisas do tipo. Daqui a pouco estarei de confundido seu cheiro com o de um Trubbish.

O professor corou um pouco, pois realmente devia fazer uns quatro dias que não tomava um belo banho, o trabalho ocupava tanto seu tempo que ele não podia se permitir a coisas tão “fúteis” como fazer a barba.

– Olha só o que eu encontrei aqui, quilos de borra de Chesto Berry. Já te disse mil vezes para interromper esse vício, pois por culpa deste seu chá o senhor está com essa cara horrorosa. Não dorme direito e fica se entupindo de chá de Chesto, a eu vou te contar viu.

– Valentina, eu te pago para ser minha assistente ou minha mãe? -Perguntou Lamont, depois de tomar um longo gole do suco de Mango Berry.

– Um pouco dos dois né. Como um professor tão renomado como o senhor pode ser tão bagunceiro, em?

– Minha genialidade é voltada apenas para minha pesquisa e não para meu entorno. –Disse o professor enquanto se levantava e esticava os braços para cima com um longo bocejo.

– Pois então pare de reclamar e vá para casa. Te espero na estação daqui duas horas.

Lamont sentiu que era ele que deveria estar marcando as coisas e não ela, mas a ideia de um bom banho quente era ótima, então o professor se limitou a caminhar até a porta e dizer um adeus com a mão.

“E não se esqueça de colocar um jaleco limpo.”

Foi a ultima coisa que ele escutou de sua assistente enquanto caminhava pelas belas ruas de Hearthome City em direção a sua casa.

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Após tomar um belo banho e colocar uma roupa limpa, Lamont já se sentia muito melhor. Foi até a cômoda e colocou seu pokétch novamente em seu pulso, mas quando parou para ver, já estava vinte minutos atrasado.

– A Valentina vai falar muito na minha cabeça.

E naquele instante seu telefone tocou. Era sua jovem assistente.

– Por Arceus, onde você está? Vamos perder o trem sabia? -Disse quase histérica a garota.

– Não se preocupe chego ai em dois minutos. -Respondeu rapidamente o professor que logo após desligou o telefone.

Lamont correu escadas abaixo e saiu pela porta da frente o mais rápido que pode lançando uma Pokéball ao ar, da qual saiu um grande Golurk. O Pokémon tinha tonalidades acinzentadas e a energia vital que circulava por seu corpo era de um verde brilhante.

– Vamos respirar um pouco de ar fresco meu velho amigo shiny. -Disse Lamont enquanto subia nas costas de seu Pokémon.

– Priamus, use Fly. Temos que chegar a estação o mais rápido possível.

O Pokémon rapidamente soltou rajadas de energia esverdeada por sua cintura e por seus pulsos, cobrindo assim suas pernas e mãos enquanto ascendia em um voo extremadamente rápido. A vista de Hearthome City era incrívelmente bela daquele ângulo, e como sempre Lamont sentiu uma paz interior enquanto segurava-se em seu melhor amigo, que parecia tão confortável quanto ele.

Chegaram à estação bem a tempo de pegar o trem para Jubilife City. Priamus voltou para sua Pokéball e Lamont entrou no trem onde Valentina já esperava sentada em um dos assentos próximos da janela.

– Achei que não ia chegar mais. -Disse a garota enquanto colocava uns papeis dentro de uma pasta.

– Desculpe pelo atraso, relaxei tanto que acabei perdendo a hora. -Desculpou-se Lamont.

– Bom, o importante é que o senhor chegou. O Presidente da Jubilife TV teria ficado realmente nervoso com você, professor. Ele lutou meses para conseguir que o senhor aceitasse fazer este documentário. E olha que ele fez tantos favores pelo senhor.

–Eu sei muito bem disso, Tina, e sempre serei muito grato a Charles. Mas o trabalho me mantém muito ocupado e minha pesquisa não pode parar por nada. -Disse o professor enquanto reclinava sua poltrona e buscava um ângulo confortável.

– Eu sei, mas isso vai te ajudar também professor. Espera um momento, o senhor não fez a barba de novo? Vai parecer um Ursaring de tão peludo. É assim que você quer aparecer em rede inter-regional? -Falou a garota, mas Lamont já tinha pegado no sono com a cabeça para trás e a boca aberta.

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Chegando a estação o professor e sua assistente foram recebidos pelo representante da Jubilife TV. Ele os encaminhou até a sede da empresa onde o presidente da mesma os aguardava.

– Professor Roderick, seja bem-vindo. Agradeço do fundo do coração sua participação nesta nossa empreitada rumo à disseminação de sua teoria. -Disse pomposamente Charles, o presidente da Jubilife TV.

– Eu que agradeço esta oportunidade, Charles. -Disse Lamont enquanto apertava a mão do homenzinho.

Charles era realmente miúdo, sua careca brilhante e seus olhos verdes combinavam perfeitamente com o cheiro de Watmel Berry² de seu perfume.

– Todos os preparativos já foram finalizados, você irá ao vivo para toda Sinnoh, Kalos, Kanto e Johto e também para aqueles que assinam nossa programação em Hoenn e Unova. E não se esqueça de que estamos fazendo propaganda disso há semanas. Seu show não será interrompido por comercial algum. Huhuhu.

Charles parecia realmente empolgando. A Jubilife TV era a principal emissora de televisão do mundo e não parava de crescer. Seu presidente acreditava cegamente na teoria de Lamont e o ajudou muito nos primeiros anos de pesquisa com doações bem generosas. E é claro que falar sobre o tema da Guerra do Desequilíbrio sempre rendia muita audiência.

Já dentro do estúdio o professor pode observar um local com uma grande tela acinzentada, várias câmeras sendo controladas por dois Mr. Mime, que focavam em uma mesma direção. A iluminação era proporcionada por um Solrock utilizando Flash. Atrás de tantos utensílios, existiam varias pessoas com diferentes dispositivos menores em mãos, uma equipe de som e também um homem vestido com um estranho terno branco.

– Professor, este é um dos meus melhores diretores, o senhor Quentin Del Taurus. -Disse Charles enquanto apresentava o homem de branco. Del Taurus era alto e tinha um rosto firme, cabelos longos e negros por baixo de uma boina branca.

– É um prazer professor. Eu já trabalhei em todos os preparativos visuais e ângulos de câmera. O senhor terá de se limitar a olhar para a câmera certa no momento certo, e eu te direi quando trocar. -Disse Quentin dando um ponto de ouvido para Lamont, que imediatamente o colocou na orelha direita.

– O prazer é meu, e muito obrigado pelo seu trabalho, senhor Del Taurus. -Falou Lamont enquanto se dirigia até o centro do cenário.

– Senhor Roderick, a tela que está atrás do senhor é Touch, o senhor poderá utilizar-se dela durante o programa para fazer indicações e dar referências para que tudo seja um pouco mais visual, afinal, isto é a TV. -Disse uma mulher de cabelos castanhos, curtos e repicados. A mesma vestia uma camiseta onde dizia “Técnica de efeitos visuais”.

– Professor, o senhor vai ao ar em 3, 2, 1... -Falou pelo ponto de ouvido o diretor de produção enquanto a câmera ligava e o programa começava. Lamont se concentrou olhou firmemente para frente e começou.

– Olá, sou o Professor Lamont Roderick criador e pesquisador da Teoria da Neuro-Conexão.

– Os Pokémons são como nós. Vivem suas vidas de diferentes formas, em contato com diferentes espécies, se alimentado, progredindo e aprendendo a cada momento. O intelecto de um Pokémon varia de espécie para espécie, mas em geral a comunicação entre humanos e Pokémons é algo extremamente sutil e comum. Apesar de serem privados do dom da fala, os Pokémons se fazem entender por suas expressões, por sua movimentação e principalmente por seu espírito. Há quem diz que consegue se comunicar com seus Pokémons perfeitamente, como se ambos unissem sua linha de raciocínio, uma espécie de telepatia transcendental que vai além de poderes psíquicos e intelecto avançado. Já foi dito uma vez que os laços entre um Pokémon e um humano podem vir a se transformar em uma verdadeira conexão neural, transmutando o córtex cerebral e realizando uma união idéias, pensamentos e reações. A teoria da conexão cogita que ao formarem laços muito poderosos, Pokémons e humanos emitem ondas eletromagnéticas que serão captadas pela glândula pineal do companheiro que enviará uma série de informações para o córtex cerebral, fazendo o mesmo evoluir a um estágio de conexão, formando uma espécie de ponte de raciocínio que eu nomeei de Neuro-Conexão.

O professor colocou em tela imagens que representavam pessoas e Pokémons, fazendo pequenas ligações com vários fios.

– Mas o que aconteceria se um dos dois falecesse?

Então cortou alguns fios que ligavam pessoas e Pokémons.

– A conexão seria quebrada? Haveria um vazio no lugar? O córtex cerebral voltaria a ser como era antes de sua suposta evolução? São muitas perguntas quem vêm sendo feitas há muito tempo e infelizmente poucas delas já foram respondidas.

– Os Pokémons vivem em média de vinte a quarenta anos dependendo da espécie. Isso é bem abaixo da média de vida de um humano, que gira entorno de setenta a noventa anos. Normalmente o Pokémon morre antes de seu treinador, fazendo com que a conexão que há entre eles seja quebrada, ou ao menos distorcida. Isso gera um mar de dúvidas quanto ao estado que o treinador se encontra após esse rompimento. Às vezes, quando vemos uma pessoa chorando no tumulo de seu Pokémon recém-falecido, estamos vendo a quebra da conexão, uma dor insuportável de retrocesso evolutivo, mas que é camuflada pela tristeza e pela angústia, fazendo com que nem quem a sofre perceba. No caso da distorção da conexão, algo muito pior acontece: o distanciamento psicológico da pessoa. Parte dela vai para o outro lado por culpa da conexão e essa parte fica impossibilitada de interagir com o resto do cérebro deixando a pessoa com consciência vaga, uma espécie de coma consciente que pode até mesmo levar à loucura.

Lamont abriu varias imagens seguidas dos eventos da Guerra do Desequilíbrio na tela detrás dele.

– Tudo isso vem sendo estudado e provado desde que grande parte da Região de Unova foi dizimada pela Guerra do Desequilíbrio, quando os Pokémons lendários Reshiram e Zekrom travaram uma batalha encarniçada, dizimando tudo que havia no caminho. Muitas pessoas e Pokémons tentaram impedi-los, no entanto de nada adiantou. Milhares vidas foram perdidas nos trinta e oito dias de terror que só terminaram quando um matou ao outro. O índice de treinadores que perderam seus Pokémons foi muito grande e esse foi o ponto de partida para o estudo da loucura que assolava seus corações. Estudos atuais revelam que quanto mais bruta e violenta for a forma na qual a conexão se interromper, maior é a possibilidade de ocorrer a distorção.

– Muitas pessoas rebatem essa teoria dizendo que a guerra os deixou loucos, mas registros de casos idênticos a esses eram feitos todos os anos, e em cem por cento das vezes, a pessoa tinha perdido um Pokémon ao qual era muito ligada.

– Eu fui o pioneiro no estudo da conexão entre um Pokémon e seu treinador. E mesmo depois de dez anos ainda tenho muitas perguntas sem respostas. Mas minha pesquisa sempre continua me levando a diferentes lugares e a diferentes pessoas. Existem muitas lendas antigas que já falavam sobre uma espécie de ligação diferente, mas nada que eu possa provar até o momento.

– Se entendermos como funciona essa espécie de conexão, poderemos dominá-la para avançar em termos científicos, tecnológicos e espirituais. Teremos também o poder de nos comunicarmos melhor com nossos companheiros Pokémons e principalmente ajudá-los quando necessário, para que o que aconteceu em Unova nunca volte a se repetir.

– Agradeço a atenção de todos, e uma boa tarde.


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Notas finais do capítulo

¹ - Pokétch é um objeto similar a um relógio, apresentado nos jogos de Pokémon da quarta geração.
² - As Berries são as frutas do mundo Pokémon.
Oran Berry se assemelha bastante a uma laranja.
Chesto Berry seria uma espécie de café.
Watmel Berry se parece com uma Melancia.
Córtex Cerebral : http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3rtex_cerebral
Glândula Pineal : http://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%A2ndula_pineal



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