Arabella escrita por Queen


Capítulo 2
And a helter skelter around her little finger and I ride it endlessly


Notas iniciais do capítulo

Desculpem ter demorado todo esse tempo para postar, mas acontece que eu acabei esquecendo que tinha outra fic sem terminar hehehe
Então, aqui está o capitulo, espero que vocês gostem!
Beijos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/493007/chapter/2

"Aquele era um momento único"

Katia tamborizava nervosamente os dedos na mesa, seu queixo estava apoiado em cima de sua mochila e qualquer um que a veria ali acharia que ela estava cansada. E ela, definitivamente, estava cansada, cansada de ficar esperando sua prima chegar com a apostila contendo tudo o que ela precisava para começar sua busca. Bufou e revirou os olhos, passando a tirar e colocar seu anel prateado diversas vezes, ter hiperatividade as vezes atrapalhava quando ela deveria ficar quieta, como naquele momento.

O atendente cheio de espinhas foi novamente em sua direção, dessa vez sem o sorriso gentil de sete vezes atrás, ele estava carrancudo e não trazia o cardápio, apenas o bloco de notas.

–Então, senhorita, o que deseja? – Ele perguntou pela oitava vez, com desprezo na voz.

– Eu vou esperar mais um pouco – Katie disse baixinho colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Ela não vai demorar, prometo.

O atendente estalou a língua algumas vezes e chegou mais perto, puxando Katie sem pudor algum e a levantando do assento. Katie arregalou os olhos assustadas e já iria protestar quando ele a cortou:

– Se você está aqui para apenas ficar aproveitando o clima frio da lanchonete pode tirar o cavalinho da chuva. Se não vai comprar nada então se retire!

– Mas eu não estou aqui por causa do clima frio, para a sua informação minha casa é bem arejada! – Katie exclamou tentando se soltar, seu braço começava a doer, o atendendo estava apertando demais.

– Então você está aqui para quê? Hein? – O atendente a soltou de forma grossa e bruta. A lanchonete estava vazia, ele poderia tentar qualquer coisa com ela e ninguém veria. Esse pensamento fez com que o estomago de Katie embrulhasse – Se for para ver o novo atendente bonitão saiba que o turno dele é a noite!

– Eu não estou por causa do clima e muito menos por causa de atendente bonitão. Estou esperando uma amiga para lancharmos! – Katie disse massageando o lugar onde ele havia puxando-a, estava vermelho.

– Amiga ao qual nunca apareceu, ela deve ser invisível ou...

– Olá Octavian – Uma voz calma e educada soou pela lanchonete e Katie agradeceu a todos os deuses possíveis por ela ter chegado – Vejo que conheceu minha prima.

Octavian, que tinha a pele branca e era ossudo, ficou mais branco ainda ao ver Miranda Gardner na sua frente. Com uma bolça Channel e um salto alto. Ele abriu a boca diversas vezes e a fechou, endireitou o corpo e colocou seu melhor sorriso:

– Srta. Gardner, a que devo a honra?

Miranda e Katie se entreolharam. Se aquela pequena lanchonete quase abandonada no turno da tarde não fosse a melhor de todos os bairros em Chicago elas certamente não estariam ali para aturar um garoto como Octavian. Por mais que Miranda fosse filha de uma famosa atriz e andasse nos melhores restaurantes ela tinha de concordar com Katie: A comida do December era divina.

– Traga para mim dois sucos de laranja e quatro sanduiches naturais, por favor.

Octavian assentiu e foi correndo para a parte externa da lanchonete, provavelmente para pegar uma câmera e soltar na redes sociais: "Miranda Gardner lanchando no December's!" para que causasse mais polemica em relação a alimentação de Miranda.

– Ele apertou meu braço de uma forma tão bruta que eu achei que eu iria meio que, sei lá, ser cortada no meio! – Katie exclamou assim que as duas sentaram-se em seus devidos lugares. –Se você não tivesse chegado antes...

– Relaxa, vou dar um jeito de ele levar uma boa bronca do chefe dele e desculpe ter se atrasado, estava organizando todos os papeis antes de te entregar.

– Então você conseguiu? – Katie perguntou com os olhos excitados de animação.

– Foi pouca coisa, mas o suficiente para quem está começando do zero. – Miranda disse enquanto abria a pasta e retirava de lá fotografias e mapas – Eu descobri algumas coisas bem importantes. Semana passada estive em Vancouver e consegui arrancar algumas informações do dono do pub em que seus pais se conheceram. Consegui algumas pistas e também lugares onde ela possivelmente trabalhou, estudou ou morou. Não tive tempo para procurar mais pistas, se minha mãe ao menos sonha o que eu estive fazendo...

–... Ela provavelmente contaria para o meu pai. – Katie completou um pouco desanimada. Mas é claro que sua tia iria correndo contar sobre os planos de Katie para seu pai. – Obrigada Miih, obrigada de verdade.

– Que é isso, amigos e primos são para essas coisas! – Miranda disse animada enquanto se esticava ate Katie e lhe dava um forte abraço – Espero que as coisas fiquem bem por lá.

– Eu também.

Octavian voltou com os pedidos. Antes mesmo que ele virasse as costas para atender um casal que tinha acabado de entrar na lanchonete Miranda lhe estendeu uma grande quantia de dinheiro e disse que ele poderia ficar com o troco. Katie sorriu da expressão em seu rosto, logo voltando sua atenção para os sanduiches na sua frente e dando uma longa mordida.

– Então, onde você ira ficar? – Mirando perguntou logo após ter dado um gole em seu suco.

– Na casa de uns parentes da Abigail, da pra acreditar? – Katie disse sorrindo – Eu odiava ela com todas as minhas forças, mas desde o momento em que ela ofereceu um lugar para que eu ficasse passei ate a chama-la de Abby, igual o papai.

– Hum. Que parentes?

– É na casa de uma irmã dela. O lugar onde os filhos dela mora e tals.

– Ela tem filhos? –Miranda perguntou surpresa e Katie se limitou a sorrir.

– Dois, na verdade, um deles ate chegou a vir aqui, mas você estava viajando. Pelo que me lembre eles são gêmeos, um se chama Connor e outro Travis, 17 anos, cabelos meio que castanhos e são bonitinhos e tals. Pelo menos Connor era bonitinho. Porem um idiota.

– Ai Meu Deus! – Miranda exclamou colocando o rosto nas mãos, um pouco corada – Porque não me disse antes? Talvez um deles estava disposto a ser meu próximo noivo!

Katie riu. Miranda tinha a mania de se relacionar com qualquer garoto acreditando que era o amor da sua vida, que casaria com ele e teria filhos, mas ela sempre quebrava a cara, sempre.

– Não sei. Acho que eles são idiotas. Connor aprontou cada coisa comigo quando ele veio aqui...

– E o tal Travis?

– Nunca vi, o babaca reprovou e por isso ficou de castigo, não pode vir.

– Mas porque eles não moram aqui também?

– Abby acha que eles precisam de um "tempo longe da mãe" e amadureçam um pouco, mas ela pretende traze-los para cá próximo ano.

– Ah... – Foi tudo o que Miranda disse ao terminar de comer.

As duas levantaram-se e colocaram os diversos papeis na pasta e Katie pôs na mochila. Soltou o coque frouxo e o refez novamente, deixando sua franjinha cobrir seus olhos, ela amava a forma como eu cabelo ficava parecido com o da protagonista de (500) Days of Summer. Ajeitou seu vestido de bolinhas e saiu da lanchonete ao lado de Miranda, que tagarelava sobre o novo lançamento da Calvin Klein. Katie nunca foi chegada em moda, apenas usava o cabelo em um coque com a franja para frente e vestidos acompanhados de sapatilha ou botas gatorskin. Esse era seu visual, e ela o amava.

Katie e Miranda foram até o Millennium Park conversando sobre o conteúdo dentro da pasta. A medida que Katie se aproximava do Millennium Park Seu estomago borbulhara, céus, em mais ou menos uma hora ela iria para Vancouver desvendar mistérios do seu passado, tentando descobrir sua verdadeira origem. Ela esperava que corresse tudo bem, esperava que tudo desse certo, e desejou que, ao menos uma vez na vida, ela tivesse sorte para realizar seu maior desejo.

– Vou pegar um ônibus e ir para casa – Katie disse ao chegarem no Cloud Gate. Miranda assentiu e elas se abraçaram – Vou sentir saudades.

– Eu também! – Miranda exclamou com uma voz chorosa – Quando é o seu voou?

– Daqui à uma hora.

– Está tudo pronto? Todos os papeis, malas, anotações...

– Sim.

– Não se esqueça de levar seu casaco!

– Okay.

– E me ligue sempre, tipo sempre, ao menos umas duas vezes por dia.

– Tudo bem, mãe.

As duas sorriram e se abraçaram novamente. Deram um ultimo adeus e seguiram rumos diferentes. Katie no fim preferiu pegar um taxi, assim chegaria mais cedo em casa. Por mais que desde criança ela fosse economista iria sacrificar uns trocados no taxi, quanto mais rápido ela chegasse em casa mais rápido ela sairia dali. Ela estava tão animada, tirando e colocando seu anel diversas vezes. Sua mania era horrível, chegava a machucar sua pele, mas ela fazia isso quando estava nervosa, aliviava a tensão em seus pensamentos.

Ao chegar em casa correu para o quarto, tomou um bom banho e vestiu um vertido florido de alça, meia-calça, um casaco que ela raramente usava e uma bota. Pegou sua mala e checou as horas: faltavam 30 minutos para o voou. Se apressou, não poderia perde-lo. Desceu as escadas cantarolando e se deparando com Abby ao lado de John, seu pai. Ambos sorriam tiravam algumas fotos, como se ela estivesse indo para a formatura. Katie sorriu, seu pai e sua madrasta eram pessoas estranhas, mas eram sem duvida nenhuma as pessoas mais simpáticas e legais que poderia existir.

– Poderia me dizer o por que das fotos? – Ela perguntou risonha ao chegar no fim da escada. Abigail se aproximou e tirou mais uma foto antes de responder:

– Você está indo morar em Vancouver sem os seus pais! Apenas com a companhia de dois garotos e uma senhora baixinha. Deveremos marcar esse momento histórico.

Katie gargalhou e deu um pequeno abraço em Abby, olhou para seu pai, que estava quieto por um tempo e deu-lhe um beijo estalado na bochecha. Seus cabelos castanhos escuros (ao qual ela insistia em dizer que era na verdade preto) estavam soltos, e a franja bem aparada cobrindo sua testa. Seus olhos verdes estavam animados, ela tinha de concordar com Abigail: Aquele era um momento único.

***

Durante o percurso ate o aeroporto Katie foi tagarelando sobre como seria recebida ao chegar em Vancouver. Ela não esperava um mar de rosas, ela sabia que os filhos de Abigail não eram as melhores pessoas do mundo, então ela estava se preparando para tudo, tudo mesmo, ate levar uma ovada na cabeça.

Entrou no avião quinze minutos antes de decolar, segurando a pasta em suas mãos sentou-se na sua poltrona. Com um suspiro, a abriu, olhou todos os papeis e anotações, e o que mais lhe chamou a atenção foi as quatro fotografias, com quatro mulheres diferentes.

– Qual delas será a minha mãe? – Katie sussurrou baixinho olhando todas as fotos. Seus dedos tremiam ao perceber que em algumas delas pequenos traços eram semelhantes aos seus. O frio na barriga que ela vinha sentindo desde que estava com Miranda aumentou a medida que o avião decolava.

Ela estava indo para Vancouver para realizar um dos seus maiores sonhos. Ela não desistiria enquanto não encontrasse sua progenitora, estava tão perto de conseguir o que queria, mas deveria ir com calma, estava cansada de criar mais ilusões.

Katie sentia que iria conseguir encontrar a sua mãe, era aquele sentimento materno que ela sempre quis sentir que a fez pegar um voo para Vancouver.

Ela estava decidida. Mas não imaginava que iria ter de lidar com certas coisas em Vancouver, não imaginava mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eae, gostaram? Espero que sim, deixem recadinhos, amo eles, me inspiram a continuar