Quando Peter disse que Emma corria para a morte estava certo em dizer que ela corria. Sentia os galhos baterem contra seu rosto e seus braços, arranhando-os. Sentia o habitual peso da espada do lado esquerdo do corpo e tropeçou algumas vezes. Descia uma ladeira de floresta fechada, escura e misteriosa cercada por montanhas perigosas algumas até impossíveis de escalar, mas era lá que se escondiam os seres mais exóticos da ilha, era na escuridão que as feras mostravam suas faces.

***

Rumple contou a Belle um pouco mais sobre a ilha em que estavam, ela observava o esforço dele para se manter gentil. Peter poderia facilmente encontrá-los se Rumple usasse sua magia e era por isso que eles estavam caminhando e ele tinha de sair para encontrar comida, também estava coletando ingredientes para fazer uma poção, mas não quis falar muito a respeito disso. Ficava muito impaciente quando Belle lhe fazia perguntas e então ela simplesmente lhe pedia desculpas e ele se acalmava. Então recomeçava, disse que planejava encontrar uma maneira de sair da ilha e assim ir para algum lugar onde eles pudessem viver em paz, contou a ela sobre uma terra onde a magia não existia.

Ela fora inocente. Depois se culpou. Porque disse a ele que não o amava, que não queria ir, que ele precisava entender. Sentiu a pancada e então o calor da dor. Ele a esbofeteou e então desapareceu acovardado pela culpa.

Não demorou até Ruby aparecer. A princesa sabia que ela viria, sabia que se estivesse em perigo o lobo sentiria. Ruby aproximou-se lentamente e quando estava a centímetros da pequena garota parou e esperou que ela viesse a seu encontro. Sentiu o toque suave das mãos da menina em seu pelo e então abriu os olhos enormes e azuis que fechara inconscientemente, o que sentia dentro de si só podia ser explicado como uma magia muito poderosa. Belle não disse a ela que quem a havia ferido tinha sido Rumplestiltskin disse que Peter Pan e os garotos perdidos tinham atacado.

O lobo ficou extremamente furioso, não era Ruby, os olhos mudaram para amarelo brilhante e a fera ergueu-se majestosamente soltando um uivo que irradiava poder. Encarou sua princesa por alguns segundos preciosos e enfiou-se na floresta indo atrás do inimigo errado.

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Regina seguia o maldito mapa floresta adentro, não sabia onde aquela coisa a estava levando e achava que isso era o que a irritava mais. Tinha o garoto que ameaçava a vida de seu filho, tinha seu reino a qual ela abandonara a própria sorte, tinha os problemas emocionais dentro de si e Emma... Engoliu seco ao pensar em Emma.

Parou em frente a uma gruta bloqueada por pedras, o mapa simplesmente atravessou magicamente a barreira e seguiu adiante deixando Regina boquiaberta para trás. Ela respirou fundo, imaginou a maior bola de fogo que pudesse e então realmente produziu uma em sua mão, atirou a bola de fogo contra as pedras que explodiram dando espaço para ela passar. Conseguiu alcançar o mapa dentro da gruta e viu que ela seguia pelas profundezas de uma montanha, sentiu-se uma idiota, sabia desde o começo que aquilo era uma armadilha.

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Emma tinha chegado a uma parte onde a escuridão a impedia de ver aonde estava indo então parou, se sentisse que precisava continuar ainda mais fundo, teria ido, mas felizmente a fera também tinha parado de correr.

Tinha feito alguma coisa errada, estava sentindo, mesmo sem mexer um músculo sentia que a fera a estava vendo. Pegou a espada, rápida como um gato. O vulto gelado passou pelas suas costas e ela se virou rapidamente, mas a escuridão era a sua casa, ali a fera tinha vantagem.

Emma apertou os olhos tentando vê-la, mas em vão. Esperou então até que ela falasse.

– O que a salvadora veio fazer na floresta proibida? – A voz era grave como a da própria morte.

– Caçando. – Ela respondeu, só precisava que a fera continuasse falando para que soubesse onde ela estava.

– Caçando a mim? – Riu. – Você sabe que eu sou o ser mais precioso dessa ilha.

A voz mudara de lugar, Emma a seguiu com os olhos e viu a lua cheia no céu escapar por uma brecha entre as arvores, viu também mesmo que em fração de segundos a fera, a sombra de Peter Pan.

– Esta com medo. – Disse a Sombra. – Posso sentir que esta apavorada salvadora.

– Não estou caçando você. – Disse ela bravamente. – Estou caçando uma mulher lobo.

A sombra estava muito mais perto dela agora e parecia interessada no que Emma tinha a dizer.

– Uma mulher lobo? Aqui em Neverland? – Perguntou.

– Ah sim. – Respondeu Emma, apesar da sensação horrível que a sombra a fazia ter ela quase sorriu ao pensar no que aconteceria a seguir. – E é essa mulher lobo quem esta caçando você.

Era a deixa de Ruby.

Por causa da completa escuridão Emma não conseguiu ver direito o que aconteceu. Mas sabia que eram cenas de muita violência. Viu uma arvore sendo partida ao meio, escutou gritos agourentos e amaldiçoados da sombra, os uivos raivosos do lobo. Após alguns minutos tudo ficou silencioso e ela foi procurar pelas criaturas. A sombra jogada desmaiada em um canto parecia amarrotada e inútil. O lobo tinha apenas alguns arranhões.

– É isso ai, mas ainda temos muito o que fazer.

Ela amarrou a sombra a arvore e esperou que acordasse. Colocou a espada em seu pescoço e ameaçadoramente perguntou onde era o esconderijo de Peter Pan.

– Vocês vão morrer se estão pensando em entrar lá, Peter Pan perdeu o controle de sua mente, esta enlouquecido e faz jogos sem sentido somente para ferir e se divertir.

Ruby rosnou mostrando dentes afiados. Emma sorriu de lado ao ver a expressão de horror da sombra.

– Eu não me importo. Agora diga logo onde é o esconderijo de Peter Pan.

– Há uma entrada de visitante, fica na montanha da lua minguante ao leste, vocês verão um muro de pedra encantado bloqueando a entrada.

Emma guardou a espada e encarou o lobo.

– Vou encontrar essa entrada e te mando um sinal sei que você tem outras coisas a resolver no momento, mas antes de ir certifique-se de que ele não vai poder nos entregar.

Os olhos amarelos da fera percorreram maliciosamente a sombra amarrada a arvore. Emma partiu o mais rápido que pode desejando não ouvir os lamentos da sombra.