Hope, Mais Uma Vez Amor escrita por Nynna Days


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo, pessoal. E que bom que estão acompanhando mais uma etapa de Broken Wings. E melhor ainda que gostaram de Mellany no comando. Ou talvez seja pela participação de Adriel. kkkkkk



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“Ele veio de Yale, segundo a diretora Miller.”, eu disse me encostando no meu armário. “Claro que ela não parava de puxar o saco dele e dizer o quanto eu tenho sorte de tê-lo como monitor. A única coisa que ela não conseguir perceber foi que eu não queria um monitor.”

Ainda mais um tão bonito e que futuramente fosse se torna parte da minha família.

“Acho que está exagerando.”, Mary disse terminando de guardar os livros no armário. Levantei uma sobrancelha para ela. “Monitores são bons para te auxiliar em suas dificuldades. Eu já fui monitoras de alguns estudantes do fundamental.”, ela deu de ombros. “Foi divertido.”

“Equações são divertidas para você.”, eu disse bufando. “Para mim, são pesadelos.”

Mary deu de ombros novamente. Nunca falaria aquilo em voz alta, mas tinha inveja dela. O jeito como arrumava tempo para a banda, seus amigos e ainda era uma das alunas mais promissoras de St. Loise. Dexter já havia ido embora mais cedo, porque morava bem distante de nós e mais tarde teríamos ensaio. Eu estava esperando Harper sair da aula de francês. E Nicolas e Caliel terminarem de assinar os papeis na secretaria.

Assim que sinal tocou, eu suspirei aliviada. As portas ao meu redor se abriram, liberando uma grande multidão de alunos desesperados por sua liberdade. Diabos, ainda era segunda feira. Alguns apenas se arrastavam, mostrando o quanto o final de semana havia sido produtivo. Dei um pequeno sorriso. Sentia saudades dessa época. Quando me divertia esquecendo qual era o dia da semana e o que tinha que fazer no dia seguinte.

Mas aquilo era uma forma de escape. E, depois de refletir bastante – graças as ameaças de humilhação feitas por Caliel – percebi que estava me arrastando para o mesmo buraco que meu pai. Fechei os olhos, não querendo que as lembranças de Seattle voltassem a mim. Nesses momentos, meus punhos se fechavam, ansiando por uma garrafa de vodca. Respirei fundo e tentei me focar no mundo atual, á tudo o que acontecia ao meu redor.

Uma mão em meu ombro me fez abrir os olhos.

“O ensaio está de pé?”, Harper perguntou parando na minha frente. Assenti, ainda um pouco perturbada pelas emoções que me tomaram em poucos segundos. Ela franziu o cenho, preocupada. “Está tudo bem com você?”

Mesmo Harper sendo a melhor amiga que eu tinha tido em todos os meus quase dezessete anos de vida, tinha uma parte de mim que simplesmente não conseguia contar sobre Seattle. O fracasso que era a minha vida e como eu escondia tudo em uma fachada. Ao invés disso, apenas sorri e desviei sua atenção do assunto real.

“Arrumei um monitor.”, disse.

Isso a fez gargalhar. Fiquei aliviada por ter desviado do assunto central.

“Sério? Quer dizer que você vai passar seu final de semana com um nerd de Princeton?”

Algo chamou minha atenção – e da maioria das garotas – no corredor. Sorri.

“Digamos que ele irá superar suas expectativas.”

Mary e Harper seguiram o meu olhar e suas bocas penderam abertas. Adriel Crista realmente era o tipo de homem que fazia todas pararem o que estão fazendo apenas para estuda-lo com cuidado. Estava usando um suéter branco que quase não se destacava com o seu tom de pele claro, mas ficava em contraste com sua calças jeans escuras. Com as mãos nos bolsos e um meio sorriso nos lábios, ele parecia estar ciente á atenção que recebia e gostava.

“Nem fodendo ele é o seu monitor.”, Mary disse. Harper estreitou os olhos e bufou. Levantei uma sobrancelha. “Ele é muito gato.”

“Apenas um nerd de Yale.”, dei de ombros.

Por um curto – muito curto mesmo – segundo, observei Harper. Ela não olhava Adriel com tanta admiração quanto á maioria das garotas. Vi uma ou duas trombando entre si, por não estarem vendo o caminho que tomavam. Aquilo me fez sorrir. Mas a reação de Harper era estranha, mas nem tanto. Já que nunca a vi realmente fascinada por nenhum garoto daquela escola.

Aquele momento de observação acabou e voltei meu olhar para Adriel. E ele olhava diretamente para mim com aquele maldito sorriso. Senti meu coração dando uma parada brusca e minhas bochechas queimando. Mesmo ele ainda estando do outro lado do corredor, consegui sentir a intensidade de seu olhar. Ele ficou sério por um segundo, olhando para Harper.

Algo dentro de mim esquentou. Esperava sinceramente que eles não se atraíssem. Ela era minha melhor amiga e ele era o meu monitor. Não queria ser usada de elo para juntar nenhum casal. Ainda mais aqueles dois. Além disso, Harper tinha a minha idade. Adriel – como eu havia suposto na diretoria – tinha quase 21 anos. Aquilo seria pedofilia, certo? Tudo bem que homens mais velhos eram mais sexys, mas...

Não, eles não poderiam ficar juntos.

Só que o jeito como se estudavam, me lembrou de algumas histórias da aula de literatura. O famoso ódio/amor. Adriel estreitou levemente seus olhos verdes para Harper, que imitou perfeitamente esse movimento com seus olhos azuis. Cacete, eu tinha que terminar com esse momento. Já conseguia sentir a tensão no ar, afetando minha respiração. Mas, por um segundo, eu hesitei. Estudei-os por mais um segundo. Era como se quisessem tomar controle do território. Como cães prontos para se enfrentarem.

Fiquei totalmente perdida naquele mar de emoções. E nem eram as minhas emoções.

O primeiro a desviar o olhar foi Adriel e eu soltei o ar que nem percebi que estava prendendo. Harper – com sua essência rebelde – ficou encarando-o por mais alguns segundos até que se concentrou em guardar os livros no armário. Levantei uma sobrancelha, achando aquele momento muito estranho. Só que não poderia comentar nada. Não quando percebi que Adriel estava vindo na minha direção.

“Eu realmente preciso de óculos ou ele está vindo para cá?”, Mary perguntou.

Não tirei os olhos dele. Era quase impossível. O jeito como andava, como se tudo ao seu redor fosse inferior á sua presença, enchia o meu peito com uma sensação desconhecida. Que rapidamente eu tratei de ignorar. Cruzei os braços, colocando um pé na parede atrás de mim e deixando meu rosto o mais neutro possível.

“Ele está vindo e nós estamos saindo.”, Harper disse segundo Mary pelo braço e não dando tempo para que ela rebatasse. “Nos encontramos no ensaio, Mel. Ás sete na minha casa.”

Antes que eu pudesse dar a minha resposta concordando, elas já haviam entrado no mar de estudante, me deixando sozinha com meu monitor. Com aquela resposta inesperada, minha expressão vazia tinha se tornado confusa. Mas tratei de refazê-la no segundo que senti que Adriel parou na minha frente. Demorou alguns segundos para encará-lo e quando o fiz, me amaldiçoei por corar novamente.

Mas, poxa, ele era tão bonito. Seus olhos verdes pareciam brilhar enquanto me encaravam, como se aquilo estivesse o divertindo. Rapidamente minha admiração se tornou desprezo e eu o desafiei com os meus olhos azuis, estreitando-os. Pressionei os lábios juntos, me recusando á ser a primeira a falar. Adriel soltou uma risada baixa e se encostou no armário ao meu lado. Sua proximidade me fez recuar inconscientemente. O calor que irradiava de sua pele parecia me atrair e me repelir. Como se fosse errado chegar perto, mas seus olhos me convidavam para um contato mais intimo.

“Então, está ansiosa para estudarmos?”, ele perguntou. Mesmo falando aquilo baixo, parecia que sua voz se sobressaía no barulho do corredor. Tive a impressão que se ele falasse do outro lado do pátio, eu o escutaria. “Espero que sim. Escutei algumas coisas interessantes sobre você, Mellany Brown.”

“Aposto que a maioria não foi muito boa.”

Ele sorriu e balançou a cabeça, negando.

“Realmente seu histórico não é muito elegante.”, me olhou de cima a baixo e franziu o cenho. “Acho que estou começando a entender o porquê.”

Olhei para minhas roupas, incomodada com o seu tom de voz. Estava com uma calça jeans escura surrada e rasgada nos joelhos. Coturnos desgastados. E uma camisa antiga do Guns n’ Rose que estava com as mangas rasgadas e curtas, mostrando minha barriga chapada e pálida. Bufei. Aquelas eram as minhas habituais roupas para ir a escola. E nenhum nerd de Yale iria me fazer mudar.

“Se está falando da minha roupa, está entendendo errado.”, eu disse em tom bem ameaçador. Um rastro de sorriso apareceu em seus lábios tentadores. Ele achava tudo isso divertido. “O que meu histórico deveria dizer – essencialmente – são minhas péssimas notas e o meu mau comportamento.”

Ele assentiu vagamente e balançou a mão, como se aquilo não importasse.

“Eu sei de tudo, Mellany. As bebedeiras, as drogas, as festas.”, fez uma careta. Desviei o olhar. Não sabia o motivo, mas escutá-lo dizer aquilo, me fez ficar envergonhada por tudo. “Inclusive de seu péssimo gosto para namorados. Austin Parker?”, meneou a cabeça. “Sinceramente, Mellany. Acho que consegue coisa melhor que isso.”

Encarei-o com raiva. Quem ele achava para falar de meus relacionamentos? Tudo bem que Austin não tinha sido a minha melhor escolha, mas nenhum desconhecido iria me julgar. Ainda mais um que era tão gato.

Me repreendi mentalmente. Aquele cara tinha idade para ser... Na verdade, ele não tinha idade para ser nada meu. Mas mesmo assim. Adriel em pouco tempo seria oficialmente parte da minha família. Seria meu cunhado. Ou qualquer coisa desse tipo. Só de pensar em conviver com ele todos os dias, meu corpo se arrepiou. Aquela seria a minha prova de fogo diária.

“Você quer se oferecer?”, retorqui. Adriel levantou uma sobrancelha, incrédulo. Aquele era um dos meus comentários usuais, mas fazendo-o para ele, me fez sentir idiota. “Não se meta na minha vida particular. Você é meu monitor e ponto final.”

Arfei quando ele se aproximou ainda mais, deixando seu rosto bem próximo do meu. Sua respiração batia em meu rosto, mesmo que ele fosse consideravelmente mais alto. A sensação de terminar com a distância ou dar um passo para trás, me tomou novamente. Sua beleza era algo que me atraía só que tinha algo nele que me fazia sentir suja só de ter aqueles pensamentos.

“Estarei na sua casa ás sete horas.”, ele sussurrou bem próximo de minha pele. “E vamos começar com matemática.”, seus lábios se contorceram em um sorriso sarcástico. “Talvez desse jeito você não precise xingar o professor.”

Minha boca pendeu aberta. Como, diabos, ele sabia? Quero dizer, aquilo só havia acontecido a um par de horas. E foi antes dele chegar á escola. Nossa, realmente meu histórico deveria ser enorme. E então, meu cérebro registrou outra coisa de sua frase e meus músculos se tencionaram novamente.

“Ás sete estarei ocupada.”

Sua expressão se tornou indecifrável.

“Se você não estiver em casa ás sete, eu irei atrás de você.”, seus olhos brilharam perigosamente. “E, eu te garanto, Mellany. Vou encontra-la”

******************************

I raise my flag, and dye my clothes

It's a revolution I suppose

We'll paint it red to fit right in, whoa

I'm breaking in, and shaping up

Then checking out on the prison bus

This is it, the apocalypse, whoa

I'm waking up, I feel it in my bones

Enough to make my systems blow

Welcome to the new age, to the new age

Welcome to the new age, to the new age

Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive

Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive

“Parem!”, Harper gritou soltando sua guitarra no suporte. Todos obedeceram prontamente. Ela se aproximou de mim. Os olhos azuis pareciam pegar fogo. “Você errou a nota três vezes, Mellany. Já ensaiamos essa música umas vinte vezes e isso nunca aconteceu.”, franziu o cenho, parecendo preocupada. “O que está acontecendo?”

Balancei a cabeça, não querendo falar nada. Pelo canto do olho, vi Mary soltando as baquetas e Dexter pondo o baixo encostado na parede. Tudo para se aproximar de mim. Eu poderia ter errado muito durante minha curta vida, mas musicalmente? Nunca. Era quase irônico ser meticulosamente perfeita cantando e uma merda em matemática e literatura, quando tudo estava relacionado.

“Esqueça, ok?”, dei de ombros e peguei o microfone, para ampliar minha voz. “Vamos tentar mais uma vez. E quantas mais forem necessárias.”

Dexter e Mary aceitaram isso prontamente, mas Harper ficou um tempo parada na minha frente. Era incrível como ela me olhava intimamente, como se estivesse tentando decifrar todos os meus pensamentos. Fui eu quem desviou o olhar para a parede da grande – desarrumada e empoeirada – garagem dos Moore. Harper balançou a cabeça e voltou a pegar sua guitarra.

“De novo, pessoal.”, ela gritou. “Um, dois, três!”

“Harper.”

“Puta merda!”, ela murmurou, se virando para a porta de entrada. Nos primeiros degraus da escada, estava a sorridente e simpática – além de ingênua – Senhora Moore. “O que é, mãe?”

Gael Moore era uma mulher bastante bonita, que, mesmo com seus quase quarenta anos, colocava qualquer garota de vinte anos em estado catatônico. Seus cabelos eram longos e loiros platinados – uma coisa que Harper não havia herdado – e desciam ondulados por suas costas. Seus olhos azuis escuros faziam sua pele clara brilhar. E ela sempre via o melhor das pessoas. O pai de Harper foi embora quando Gael ainda estava grávida e nós nunca ouvimos falar dele. Não que Harper se importasse. Era menos uma pessoa para supervisioná-la.

“Vieram buscar a Mellany.”, Gael disse. Demorei um segundo para perceber o quanto ela estava tensa, mas foi só eu ver quem havia vindo me buscar, que eu descobri o motivo.

“Cacete, você está me perseguindo?”

Adriel deu um pequeno sorriso, cruzando os braços.

“Você está atrasada.”

“Foda-se!”

Seus olhos se estreitaram e ele deu um passo para trás. Legal, mais um da família que não gostava de palavrões. Ele respirou fundo e ficou sério. Observadora, como sempre, reparei que Gael tentava manter o máximo de distância de Adriel. Ele também evitava olhar em sua direção. As bochechas da Senhora Moore estavam levemente rosadas. Ela abriu a boca para dizer algo, mas rapidamente desistiu, saindo do porão.

“Mellany, você vai vir comigo, por bem ou por mal?”, Adriel perguntou descendo os degraus lentamente. A cada passo que ele dava na minha direção, meu coração se acelerava mais um pouco. Ignorando totalmente meus amigos, ele tirou o microfone de minha mão e se abaixou até que nossos rostos estivessem na mesma altura. “E eu garanto que se você vier por mal, não vai se divertir nem um pouco.”

Se fosse com qualquer outra pessoa, garanto que cruzaria os meus braços e diria para ir em frente e me mostrar o que tem. Só que tinha alguma coisa nos olhos de Adriel que me dava a certeza que eu realmente não ia gostar do jeito que ele me levaria para casa. Peguei o microfone e o coloquei no lugar. Adriel sorriu, vendo que tinha ganhado. Meus amigos tinham os olhos arregalados – tirando Harper, que o encarava com ódio mortal – enquanto eu pegava o casaco e o vestia.

“Nos vemos amanhã e irei ensaiar em casa.”, garanti.

“Até, Mel.”, Dexter disse. “Até mais, cara.”

“Adriel.”, meu monitor disse. “Até mais Senhor Castelli e Senhorita Bogossian.”

Harper e ele não trocaram nenhuma palavra.

*****************************

“Qual é o resultado?”, Adriel me perguntou pela terceira vez.

Massageei minhas têmporas, sentindo uma maldita dor de cabeça me tomando. Todos aqueles números estavam me enlouquecendo. E nem fazia uma hora que estávamos ali. Adriel me explicou de todos as maneiras possíveis e parecia fácil. Mas na prática parecia impossível. Estávamos sentados no tapete vermelho da sala e todos os meus cadernos encontravam-se na mesa de centro. Me segurei para não bater minha cabeça na madeira maciça.

Além do fato de os números e eu não nos darmos bem há muitas vidas passadas, tinha também outro motivo para eu não me concentrar. Caramba, Adriel era bonito, mas precisava ficar tão perto de mim? E seu cheiro tinham que ser tão almiscarado? E nem iria comentar de como a minha pele parecia pegar fogo toda as vezes que nossas mãos se esbarravam sem querer.

“Desisto.”, disse fechando o caderno.

Adriel bufou.

“Não sabia que você desistia tão fácil.”, me provocou.

Olhei-o com deboche.

“Isso não estava no meu histórico?”

Ele riu.

“Na verdade, não.”, deu de ombros, pegando os cadernos e os empilhando ordenadamente. “Tem algumas coisas que eu tenho que descobrir sozinho. Eu gosto disso.”, seus olhos brilharam por baixo dos longos cílios. “É mais divertido.”

Por que tudo o que ele dizia, tinha uma conotação sexual para mim? Era como o mais excitante dos afrodisíacos sendo colocados bem perto das minhas mãos, mas eu não conseguia alcança-lo. Tudo por conta do bom sendo – sim, eu ainda tinha um pouco de bom senso. Pouco, mas existente – e aquela sensação de me sentir suja com aqueles pensamentos.

Com qualquer outra pessoa, eu já teria flertado. Na verdade, com qualquer outra pessoa com a beleza de Adriel, eu já teria me atirado. Sorri, vendo-o fazer o mesmo. Caliel e Nicolas estavam no andar de cima. Nem queria saber o que estavam fazendo. Mas estava tudo silencioso. Na verdade, estava silencioso demais. Por isso que eu dei um salto quando escutei meu celular tocando.

Austin Parker brilhava na tela.

Fiquei tão surpreendida que dei uma risada. Não, eu gargalhei. Adriel manteve seu rosto impassível, apenas esperando que eu parasse de surtar. Depois daquela overdose numeral, nada seria melhor do que um ex namorado te ligando. Ah, e para fechar a noite, estava com vontade de agarrar o meu cunhado quatro anos mais velho e gostoso. E ele fazia questão de me irritar.

“Não vai atender?”

Encarei Adriel, séria.

“Nem se me pagassem.”, virei o celular, de modo que não pudesse mais ver o nome de Austin na tela. “Vamos voltar para os números. De repente, eles começaram a me interessar.”

Adriel pegou o caderno e o abriu exatamente na página em que estávamos.

“Sabe que não pode fugir dele para sempre, não é?”, disse, cauteloso. Encarei-o, pronta para dizer que ele não tinha nada a ver com aquilo. Não sabia metade da história. “Sei que ele tentou fazer uma coisa terrível com você, mas você tem que enfrenta-lo.”

Caliel e sua boca enorme. A raiva chegou com a mesma velocidade que foi embora, subitamente. Não conseguia ficar irritada com minha futura cunhada. Ela que tinha me encontrado. Era natural que dividisse aquilo com o irmão depois que soube que ele iria me supervisionar nos estudos. Eles eram irmãos, por Deus. Deveriam dividir tudo. Eu era assim boa parte do tempo com Nicolas.

Mas, me senti envergonhada. Era como se eu fosse invadida. Reprimi as lembranças de tomarem conta de minha mente. O gosto de álcool tomando conta de minha boca. O cheiro da maconha que inundava o quarto. Suas palavras sujas. O jeito que ele me tocou e rasgou minhas roupas. Fechei os olhos com força e respirei fundo.

“Você não entende.”, eu disse entredentes.

“Eu quero entender.”, ele respondeu suavemente e senti sua mão tocando minha bochecha. Abri os olhos e me senti tomada pela intensidade de seus orbes esmeraldas. “Mas agora, vamos voltar para os números.”, ele me soltou e voltou a encarar o caderno. Um pequeno sorriso habitava seus lábios. “Você realmente vai precisar de muita ajuda.”


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Notas finais do capítulo

Muitos segredos rodam Hope, pessoal. Alguém chuta alguma coisa?



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