Atraída por um Darcy escrita por Efêmera


Capítulo 3
Travessuras do Destino - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Reação do Darcy em 3, 2, 1...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/489705/chapter/3

Eu devo ter permanecido olhando muito em sua direção, pois sua mãe, acompanhando meu olhar, tornou a falar com uma expressão alegre: ― Fitzwilliam, mostre a educação que lhe demos e dê as devidas boas vindas! ― Ele, sem demonstrar qualquer irritação por ter sido chamado atenção, levantou-se e caminhou até o meu pai, lhe estendendo a mão em cumprimento.

― É um prazer recebê-los, Sr. Bennet... ― e voltando-se para mim, meneou a cabeça: ― Srta. Bennet. Eu sou o filho mais velho, Fitzwilliam Darcy, mas chamem-me de William. ―

― É uma bela jovem, não é, filho? ― falou seu pai, Sr. Darcy, deixando-me mais ruborizada do que eu achei que ficaria naquele dia.

― Não tenho palavras para descrever. ― replicou, liberando um sorriso que, antes daquele dia, nunca havia presenciado. Sarcástico, talvez?

Após nos acomodarmos na sala, continuamos a conversar por mais meia-hora. Enquanto os senhores lembravam-se dos assuntos que haviam se perdido no tempo, eu, Sra. Darcy e a outra senhora que se chamava Sra. Reynolds, falávamos de como havia sido os últimos anos, desde que minha mãe e minha irmã nos deixaram. Era um assunto mórbido, mas eu não me sentia muito infeliz em falar sobre elas. Sentia saudade, era inevitável, mas fazia tanto tempo que dificilmente me pegava chorando por esse motivo. Era um assunto delicado, mas não perigoso. O que parecia perigoso era a forma como me sentia sendo vigiada, mas não arriscava a olhar – preferia mil vezes ficar na ignorância. Quando todos já pareciam cansados de tanto conversar, a Sra. Darcy levantou-se e puxou minha mão, fazendo com que me levantasse.

― Vamos, Lizzie. Você precisa conhecer seu novo quarto, assim como seu closet. ― Eu tinha ouvido direito?

― Closet? Mas... ― tentei falar olhando assustada para o meu pai. Ele me olhou sem entender, e quando estava prestes a falar a Sra. Darcy foi mais rápida.

― É claro que você tem um closet novo e não está autorizada a recusar. Diverti-me bastante organizando. Foram as horas mais maravilhosas da minha semana, Georgie estava feliz como não via nos últimos dias. Você não pode recusar um trabalho feito com tanto amor! ― exclamou com o semblante triste. Eu reconheci um pouco de drama ali, o que parecia ser uma característica de Maggie, mas decidi ignorar.

― É verdade, Lizzie, nunca vi a minha mulher tão feliz desde que os nossos filhos nasceram. ― interpelou o Sr. Darcy, fazendo-me menear a face novamente na direção da sua esposa e sorrir em agradecimento, embora ainda estivesse bastante assustada com o rumo das coisas.

― Obrigada, senhora. Espero que me permita agradecer adequadamente no futuro por tudo o que tem feito. ― pedi solenemente, mas mesmo que ela não permitisse eu iria encontrar a minha forma peculiar de agradecer.

― Lizzie, isso pouco me custou. Eu e Georgie gostamos de fazer compras, mas, como temos tanto e não gostamos de desperdício, acaba sendo muito frustrante. ― lamentou.

― Mas eu nunca tive um closet, será estranho... E quem é Georgie? ― indaguei.

― Ah, Georgiana... Ou Georgie, se preferir. ― iniciou a senhora Darcy, eles pareciam gostar de nomes esquisitos. ― É a nossa pequena. Ela, infelizmente, ficou gripada de ontem para hoje e não quis contaminar ninguém, então se trancou no quarto. Esperamos que melhore até o jantar... Aquela menina é estranha às vezes, penso que deve ter mais de mim do que me agrada. ― pausou lançando uma piscadela na minha direção e segurando a minha mão esquerda. ― Mas vamos, você deve estar cansada, então pretendo mostrar logo o seu quarto. ― E, com isso, deixamos a sala após se despedir dos senhores e caminhamos por um corredor enorme no terceiro andar até que paramos em uma enorme porta com desenhos esculpidos na madeira, que parecia ter sido feita para lá do século XVIII. Acho que só aquela porta deveria valer uma quantia exorbitante, que dirá aquela casa...

Com a mesma expressão de felicidade anterior, a Sra. Darcy abriu ambas as partes da porta e eu fiquei admirada com o enorme quarto que parecia ser meu a partir daquele dia. Era quase do mesmo tamanho de toda a minha casa que infelizmente foi queimada. ― Es-este quarto se-será meu? ― Aquilo não era possível.

― Claro, Elizabeth. ― respondeu e, tomando uma expressão triste, tornou: ― Espero que me perdoe, infelizmente os quartos maiores deste andar estão ocupados, e não queria deixá-la sozinha no quarto andar, mas se você preferir... ― O quê?

― Mas este quarto é muito melhor do que eu pensei! ― exclamei.

― Há alguns melhores, lhe garanto, mas eles ficam nos andares superiores... É muito incômodo, mesmo com os elevadores, ficar subindo e descendo durante o dia a dia... Preferimos os deste andar para facilitar. ― Então existia um motivo... Aquela família era estranhamente rica demais para o meu gosto. Pior, meu Darcy era mais rico do que eu pensava, o que resultava em ser menos ainda para mim. Isso era motivo para eu estar triste novamente, o que a Sra. Darcy notou no mesmo momento.

― Lizzie, é sério, se preferir um quarto melhor pode me falar! Mandarei que o arrume e em poucos minutos você poderá estar lá... ― Antes que ela pudesse continuar eu fui logo me desculpando...

― Não, não é isso... Sinto muito, você estava sendo tão gentil comigo e eu pensando em outras coisas. Espero que me desculpe. ―

― Não se preocupe, mas já que gostou, irei deixá-la para que se familiarize com o ambiente. Mandarei alguém lhe chamar quando for a hora do jantar. ― e deixou o meu quarto.

Assim que a Sra. Darcy saiu eu soltei a minha mochila e me joguei na cama. Não tinha roupa, nem nada para me distrair ali que realmente me pertencesse. Mas antes que fosse entregue ao sono de tão confortável que aquela cama era, eu me forcei a ir até algumas portas que ficavam no quarto. Na primeira eu me deparei com um banheiro ricamente mobiliado. E, se fosse possível, eu poderia jurar que as partes douradas ali eram de ouro. Mas claro que não... Quem usaria ouro no banheiro? Sem chance. Já bastante ter um banheiro no meu quarto, se fosse um que tinha ouro na privada iria me fazer surtar. Saí rapidamente, antes que o “surtasse” tivesse efeito, e fui até a porta que ficava relativamente próxima. Dentro me imaginei em uma loja, com tudo o que uma garota de 17 anos (ou de qualquer idade) poderia sonhar, organizado estrategicamente em um espaço bem maior que o meu antigo quarto. Aquilo era surreal, não podia acreditar que tivessem feito aquilo por mim em menos de 24 horas! Tentei refletir sobre tudo e vi que não tinha mais como voltar atrás, por outro lado eu iria usar o mínimo de peças que fosse possível daquele closet. E quando fosse embora, não levaria nada... Elas só estavam sendo emprestadas para mim, nada ali me pertencia de verdade. Entrei completamente no âmbito e procurei entre as roupas que pareciam de marca, por duas peças que pudesse usar durante o jantar. Considerando as pessoas que jantaria, escolhi algo que nunca usaria na minha antiga (e única) casa, uma calça jeans e um suéter azul turquesa. Tomei um banho bem demorado e me vesti rapidamente. Mal tinha saído do banheiro quando notei uma segunda pessoa no local, olhando pela janela.

― Eu sei que é inconveniente, e garanto que não irá se repetir, mas bati e ninguém me respondeu, então achei melhor entrar e ver o que tinha acontecido. ― Ele estava preocupado comigo? ― E antes que crie estórias nessa sua cabeça de vento ― tornou, virando-se finalmente para mim. ―, eu não estava preocupado com você, mas com o que seria do nome da minha família se uma garota insignificante e ignorante como você se matasse dentro de um dos quartos da casa. ―

Aquelas eram as piores palavras que alguém poderia me dizer. Certo, eu sabia que para ele eu não significava nada e que era ignorante, mas certas coisas doem ao ouvir. ― Você não precisava dizer isso... ― tentei falar, minha voz não passando de um sussurro. De alguma forma, ele ouviu.

― Eu sei que não, mas gostei da mesma forma. Me fez bem. ― tornou, virando-se para a janela novamente. ― Eu sei que para você só foi mais um ato impensado, mas a sua ousadia em tentar me entregar aquela carta idiota causou sérios danos à minha paz. ― Então ele se lembrava de mim? ― Eu sempre agradeci por ser ignorado. Mesmo tendo dinheiro, sendo, segundo outros, inteligente, e, segundo algumas pessoas superficiais, bonito, ainda assim me deixavam em paz. Mas você... sua irresponsabilidade acabou com ela. Passei os três anos seguintes tentando fugir de mulheres dementes e oferecidas assim como você. ― É, ele se lembrar de mim não era necessariamente uma coisa boa, afinal.

― Me descu- ―

― Lhe desculpar? E vai devolver os meus dias de paz? ― indagou ainda olhando pela janela, mas eu senti como se seus olhos perfurassem a minha alma com tamanho ódio em sua voz.

― Nã- ―

― Eu sei que não, por isso esteja preparada para os seus dias aqui. ― falou virando-se novamente para mim. ― Você gostava de mim, não é? Então deve estar feliz em passar seus próximos dias ao meu lado... Mas, não atrapalhe o meu estilo de vida. ― finalizou indo até porta, mas se voltou novamente para mim: ― Ah! Minha mãe mandou avisar que servirá o jantar, então você deve descer. ― e dito isso, deixou o quarto.

Tudo aquilo era pior do que eu pensava... Nada, absolutamente nada, havia me preparado para encarar um Darcy rancoroso por algo que eu nem sabia que tinha feito. Eu havia atrapalhado a vida dele, então a única coisa que eu poderia fazer era sair de seu caminho. ― Eu certamente vim para um lugar horrível... talvez... ―

Depois de levar algum tempo para me acalmar, desci e fui me encontrar com todos na sala de jantar. Foi difícil encontrar, mas nessas horas eu tinha muito que agradecer aos funcionários. Fui recebida com um sorriso de felicidade de quase todos os presentes. Quase todos... Porque Darcy se recusava mesmo a me tratar de forma aceitável, eu sabia bem o quanto seria infeliz ali. Com bastante esforço psicológico, dei de ombros e me sentei no lugar indicado pela governanta, ao lado, claro, do cara que me odiava. O jantar seguiu tranquilo, embora Darcy me ignorasse quase o tempo todo, exceto para me criticar pelos meus erros de etiqueta. Ok, se as coisas seria daquela forma, eu iria aceitar. Mas, ainda assim, eu me sentia bem... Afinal, ele estava falando comigo. Pouco, mas falava, e ouvir a voz dele era ótimo. Desde que eu trabalhasse bastante, eu poderia fazer com que ele me perdoasse pelo que tinha feito e, talvez, me aceitasse como alguém que iria morar na casa dele pelos próximos meses.

Já estávamos na sobremesa, que por sinal estava deliciosa, quando Darcy deu uma cotovelada na minha costela, fazendo-me gemer de dor. ― Au! ―

Ele se inclinou para o lado e murmurou no meu ouvido: ― Não seja demente, não se come Summer pudding com essa colher! Se for jantar ao meu lado, ao menos aprenda a fazer corretamente. ― Olhei-o fixamente, já estava prestes a responder quando ouvi a voz da Sra. Darcy.

― Lizzie, espero que não fique com raiva de mim, mas cuidei hoje mesmo para que você fosse transferida para outra escola. Como está se dando tão bem com o Fitzwilliam, creio que não haverá problema. Fiz de tudo para que vocês estudassem juntos, e na mesma sala! Não é ótimo? ―

Eu ainda estava tentando compreender bem o que aquilo significava quando uma voz recheada de raiva tomou a sala de jantar. ― O QUÊ? ― Poderia ser a minha, mas não... Era Darcy que se levantou tão rapidamente que a cadeira na qual estava sentado quase tombou para trás. Deus me salve, eu estava ferrada e talvez nem passasse daquela noite.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Darcy, Darcy, Darcy... que pena de você! E pena mesmo. Eu sei que devem estar odiando o Darcy por ser tão rude, além da Lizzie por ser tão compreensiva, mas depois, nos próximos capítulos, vão... Desculpa, seria spoiler. :3 Té. E esse 2020 me assustou, sos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Atraída por um Darcy" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.