Atraída por um Darcy escrita por Efêmera


Capítulo 26
Adeus, Darcy — Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho para vocês. Espero que gostem ♥



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Ele iria me deixar, eu tinha plena certeza disso. Ele mal havia sido meu e já iria me deixar. Eu precisava me preparar para isso... mas como se prepara para perder o amor da sua vida? O medo, a desilusão, a esperança e todo meu amor transformaram-se em lágrimas que passaram em deslizar por meu rosto enquanto eu abraçava o mais forte que podia meu travesseiro. Dentro de mim, a dor abraçava a solidão de forma desesperada e eu mais uma vez provava o dissabor de uma esperança vazia.

Eu sei, durante muito tempo eu acreditei que era corajosa, que havia enfrentado muitas coisas, mas naquele momento eu não conseguia. Estava exausta e por isso me mantive dentro do meu quarto. Não conseguia encontrar ninguém, pois tinha medo de desmoronar e acabar preocupando a todos. E mais do que tudo, eu tinha medo de encontrar Darcy e acabar escutando o que mais temia escutar, que ele havia se enganado em começar a namorar comigo. Eu era uma covarde, sim, não tinha qualquer receio de admitir isso.

Não me lembro quanto tempo exatamente fiquei ali, só de ter usado o pouco da coragem que ainda tinha para encontrar desculpas a fim de me manter o maior tempo possível em meu casulo. E foi nesse momento que eu detestei pela primeira vez estar naquela casa, pois se estivesse em minha casa, sozinha com meu pai, poderia me trancar no quarto sem problema, uma vez que por estar trabalhando haveria pouca chance dele perceber. Mas ali, com toda aquela família para se fazer presente, era impossível.

Darcy não me procurou. E enquanto uma parte de mim agradecia por isso, pois poderia me manter como sua namorada mesmo que apenas na minha mente, havia uma outra, bem mais realista, que entendia que aquilo era um péssimo sinal; se ele não me procurava isso só poderia significar uma coisa: eu o estava perdendo. Mal o tive, e já estava perdendo. É como dizem… sorte de pobre dura pouco. E, no meu caso, não havia durado nem vinte e quatro horas.

Acredito que já havia anoitecido quando alguém bateu em minha porta. Como já estava de pijama, apressei-me em me jogar embaixo das cobertas e fingir que estava dormindo. Depois disso ouvi a porta se abrindo, então alguns passos se aproximando. A pessoa parou, provavelmente me olhando. De alguma forma senti quando a pessoa se aproximou. E, se a minha sensibilidade não fosse o suficiente a esse ponto, pude ter certeza quando senti uma mão tocando minha face. Não consegui identificar quem poderia ser, porém de qualquer forma a pessoa logo se afastou. Foi só depois de ouvir a porta se fechando que eu tornei a abrir os olhos, mas não sem antes dar algum tempo para não ser pega no flagra.

Eu não dormi naquela noite. E nem poderia, afinal havia passado um dia quase-morta sobre a cama. Qualquer pessoa que me olhasse naquele estado poderia jurar que eu estava doente. E estava… doente de amor e, mais do que tudo, doente de falta de amor. E era a única coisa que eu desejava…

Passei o dia depois do Natal novamente na cama. E esse foi bem complicado de administrar. Maggie e Georgie passaram praticamente o tempo todo comigo. E eu não sei como, mas de alguma forma acabei tendo uma febre. Estava tomando um chá que Maggie havia preparado quando ela falou:

— É uma pena você estar assim, Lizzie, ou poderíamos estar em Pemberley agora.

Isso me pegou de surpresa.

— Pemberley? —  perguntei curiosa.

— Sim — Maggie suspirou. —  Fitzwilliam arrastou o pai para lá, precisavam resolver umas questões administrativas que não podiam ser adiadas.

Então ele estava em Pemberley? Era por isso que não havia me procurado? Eu poderia ter alguma esperança?

— Eles têm dia para retornar? — perguntei, mas logo me arrependi, pois Georgie me olhou de lado, uma ruga se formando sobre sua sobrancelha esquerda. Tentei disfarçar olhando para Maggie.

— Ah, sim. Eles estarão retornando até amanhã pela manhã, pois estaremos recebendo visita à tarde.

Senti algo dentro de mim gelar, provavelmente meu estômago. Eles estariam esperando a tal Anne? A provável futura marquesa de Derby?

Eu tremi.

Porém, para disfarçar, assenti e retornei ao meu chá.

Minhas companhias não demoraram muito a irem embora, deixando-me para me recuperar da minha febre. Aproveitei para chorar mais um pouco, até que o sono me alcançou e provavelmente acabei dormindo pelo resto do dia. Quando acordei, meio desorientada, já estava tudo escuro. Precisei de algum tempo deitada, até que finalmente consegui a coragem necessária para me levantar. Como não aguentava mais, tomei um banho e vesti a primeira roupa que encontrei. Estava refletindo sobre voltar a deitar quando lembrei que Darcy não estava em casa. É, eu não precisava mais me esconder…

Cansada de ficar presa no quarto, passei a caminhar pela área externa até que, sem perceber, cheguei à estufa. Eu amava aquele lugar, mas de alguma forma um sentimento de tristeza se apossou de mim. Me virei para sair na mesma hora, mas estanquei ao me deparar com a última pessoa que desejava encontrar.

— Você está melhor? — ele perguntou depois de alguns segundos em silêncio.

Mantive o meu silêncio, olhando-o ainda em choque. Ele não deveria estar em Pemberley? O que estava fazendo ali? O que eu iria fazer para fugir dali antes que fosse tarde demais?

Eu estava muito perdida!

— Lizzie…

Sua voz me despertou e eu movi a cabeça para me recuperar.

— Er… Eu saí para dar uma volta, mas tenho que voltar. Depois a gente conversa — falei nervosa e apressei o passo, tentando passar por ele. Sem sucesso, ele segurou meu braço e eu não tive escolha a não ser parar.

— Fui no seu quarto ontem, desejava avisar que estava indo para Pemberley, mas você estava dormindo. Hoje mamãe ligou avisando que você estava doente, então… eu quis voltar para ver como estava.

Suas palavras tocaram o meu coração e minha expressão suavizou. Eu relaxei, virando-me e retornando para a estufa.

— Eu não sabia que você havia ido no meu quarto… — falei a quase mentira (porque, na verdade, eu só não sabia que havia sido ele quem havia ido lá).

Darcy suspirou.

— Fiquei preocupado. Eu… — ele começou e eu estava quase, quase, derretendo, mas uma coisa ainda me incomodava e foi isso que me manteve firme.

— Você sumiu pelo resto do dia de Natal — falei. E por mais que eu pudesse só perguntar onde ele estava, preferia bem mais apontar o óbvio.

O silêncio nos envolveu. Então, depois do que me pareceu uma eternidade, ele falou:

— Você também.

Não havia como negar e eu assenti.

— E você não foi até mim.

Um suspiro novamente deixou seus lábios e isso me preocupou; Darcy não era do tipo que vivia suspirando por aí. Então, dando alguns passos para dentro da estufa, ele falou, ainda de costas para mim.

— Eu não sei… acho que precisava pensar… — Ele falou e eu pude ver, quando ele virou de lado, que sua expressão era confusa. E isso me preocupou.

Eu sabia que não devia perguntar, tinha plena certeza disso, mas de alguma forma me vi abrindo minha boca para falar:

— Pensar sobre o quê?

E novamente a minha coragem estava ali. Uma coragem que ainda iria me fazer chorar muito.

— Sobre tudo. Sobre… — ele parou, virando para mim antes de falar: — sobre nós.

Sua expressão estava estranha, como se ele estivesse levando um mundo nas costas, e mais uma vez eu não gostei disso.

E mais uma vez me ouvi falando:

— O que há sobre nós para pensar?

Ele ficou em silêncio por um tempo que estava quase me matando, mas por fim falou:

— Você… — então ele olhou para mim, algo brilhando em seus olhos. — Ainda não sei, Lizzie, estou confuso… Eu... não sei, mas talvez as coisas podem vir a mudar.

— Mudar?

Sim, eu estava ali para tornar as coisas piores. Para mim. Mas não conseguia me segurar, aquilo estava me matando.

— Eu não sei… — foi a última coisa que ele disse antes de dar as costas a mim novamente. Eu não precisava de mais, resolvi que já havia tido o suficiente e dei as costas para ir embora. Então, quando cheguei ao meu quarto, desabei em lágrimas.

Não sei exatamente quanto tempo fiquei trancada em meu quarto chorando, mas despertei do meu transe quando ouvi batidas na porta. Resolvi ignorar, ninguém poderia me ver naquele estado, pois iriam descobrir na hora o que se passava; afinal por que mais eu choraria? Mas a pessoa do outro lado era persistente demais e não parava. Demorei mais um pouco, tendo esperança de que ela finalmente iria embora, mas ela não foi, continuou batendo até que ouvi a voz do meu pai me pedindo para abrir a porta.

Praticamente pulei da minha cama, correndo para o banheiro e jogando água em meu rosto. Em seguida, fui até a porta e a abri para que ele pudesse entrar.

— Está tudo bem? —  ele perguntou parecendo desconfiado. Eu forcei um sorriso que provavelmente não havia chegado aos olhos.

— Claro, pai, eu só estava no banheiro — falei tentando não olhar em seus olhos; por mais que estivesse bastante ocupado nos últimos meses, papai me conhecia demais para perceber a mentira só em olhar em meus olhos.

— Certo, compreendo — respondeu e deu alguns passos, avançando pelo meu quarto até que parou em frente à poltrona, onde sentou-se. — Se sente melhor?

Eu gelei. Como assim me sinto melhor? Será que ele percebeu que e-

— Lizzie?

Virei em sua direção. Seu olhar estava preso em mim e pareciam esperar por algo. Ah, sim, a pergunta! Como eu poderia ter esquecido a que se referia? Eu havia estado doente. Era isso, ele ainda não fazia ideia do que realmente havia acontecido. O alívio me tomou e eu consegui sorrir.

— Sim, papai. Ainda com um pouco de cabeça, mas muito melhor — falei me aproximando da cama e me sentando.

— Não seria melhor tomar algum analgésico? — Ele tornou a falar, seu olhar preocupado.

— Já tomei um mais cedo, logo ficarei melhor — apressei em falar qualquer coisa, não queria que ele ficasse ainda mais preocupado.

Papai ainda permaneceu algum tempo em meu quarto, mas não falou muito. Durante todo tempo ele me olhava preocupado e eu tentava esconder tudo o que estava sentindo, pois não queria preocupá-lo ainda mais. Então, de repente, ele se levantou e caminhou até a porta, mas parou com a mão na maçaneta e olhou para mim.

— Tem certeza de que está tudo bem, Lizzie?

A pergunta foi tão inesperada que me pegou de surpresa. Não tive tempo de esconder, então ele viu a verdade em meus olhos.

— Minha querida… — começou, mas não o deixei terminar, não queria ouvir o que sabia que ele com toda certeza iria dizer. Praticamente pulei em seus braços, o abraçando apertado e me deixei ser envolvida pelo meu pai.

— Eu vou ficar bem, pai, prometo que vou ficar.

Ele nada respondeu, apenas permaneceu me abraçando. Eu amava como meu pai sabia respeitar a minha vontade de não falar sobre algo, mas também sabia que ele não respeitaria por muito tempo, pois fazia parte dele vir em minha defesa. Depois de um tempo, então, ele se afastou um pouco para me olhar. Forcei um sorriso e ele se inclinou para depositar um beijo em minha testa, o que me fez sorrir mais abertamente. Então, quando papai saiu do meu quarto, eu comecei a fechar a porta até que algo veio à minha mente.

— Pai! — O chamei e ele virou, se aproximando novamente. — Como… É... — Meu rosto esquentava só em imaginar o que eu ia perguntar para ele. — Como podemos ter certeza dos sentimentos de alguém?

Pronto, foi, era isso. E a julgar pela forma como me olhava, só um trouxa para acreditar que não sabia exatamente o motivo por trás da minha pergunta.

— Você está tendo algum problema do tipo, querida?

Senti meu rosto esquentar na hora.

— É… eu…

— Lizzie… — papai começou e se aproximou ainda mais, apoiando suas mãos em meus ombros. — Sentimento é algo muito complicado e se manifesta de forma particular em cada pessoa. Porém eu tenho certeza de uma coisa… se alguém não dá a certeza do que sente, e faz a outra pessoa se sentir insegura sobre isso, talvez não mereça ser retribuído. Principalmente no seu caso, querida. Eu sei que você sempre se mostra mais forte do que realmente é, e que por dentro se machuca com facilidade. Por isso eu te dou esse conselho: não se torture esperando que as pessoas tomem decisões por você, principalmente relacionado a isso, siga o seu caminho sozinha e pare de se machucar esperando por algo que sabe que não virá.

E, dito isso, ele depositou um beijo em minha cabeça e deixou meu quarto sem olhar para trás. Eu fiquei ali, parada, pensando em tudo o que ele havia dito… Então papai sabia sobre o que eu ainda sentia por Darcy e estava me dizendo para parar de esperá-lo? Ou eu estava pensando demais já que minha cabeça estava em uma completa desordem?

Bem, não tinha como saber sem perguntá-lo e alguma coisa me impedia de fazer isso. Mas de uma coisa eu tinha certeza: ele estava certo. Eu não podia ficar ali parada esperando Darcy decidir se eu devia ou não ser feliz com ele, precisava tomar uma atitude e colocar um fim naquilo. O problema era… era… que a única forma de colocar um fim naquilo era colocar um fim em tudo o que sentia por ele.

E eu não fazia ideia de como fazer isso.


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Notas finais do capítulo

Tenho que ser sincera com vocês sobre uma coisa... Além do meu problema de falta de inspiração, que já citei aqui, eu tenho sofrido para encontrar um fim satisfatório (para mim) nesse capítulo dividido. Na real já estava tudo decidido há anos, desde que comecei a escrever (porque, claro, embora eu não fosse seguir o final do mangá/anime/séries, ia seguir alguma coisa e a Lizzie ia perdoar o Darcy fácil). Só que aí eu inventei de ir ver Kiss me thai, que foi lançado mais ou menos quando lancei essa história, não lembro exatamente a data. E me bateu uma vontade de complicar as coisas, ainda mais do que em Kiss me. Me perdoem por ser fdp assim, mas alguém vai levar a pior nessa história. E não será eu.
Beijos, até breve (espero).