Skadi e May sorriam ao lado de Gymir e Gerda que se dispuseram a ajuda-los. Asgard não era bem o que se chamava de aliado, então eles não puderam simplesmente convocar um exército de Jotuns. E mesmo que Skadi fosse poderosa, ela não se atreveria a ordenar o povo a lutar por uma causa pessoal, colocando-os em risco.

– Gymir e Gerda estarão lutando ao nosso lado. – Skadi aproximou-se de Thor, apresentando a atual conjuntura. – Devemos partir o mais rápido possível, já que não sabemos quem está vencendo a guerra.

– Ou onde está Loki. – Fitz lembrou-se.

– Droga, Loki. – Ward deu um soco na coluna do templo como se houvesse uma foto do deus da trapaça ali. – A garota está certa, precisamos agir.

– Eu não sou uma garota – Skadi o corrigiu, arrancando um leve sorriso de May e Lady Sif. – Eu sou pelo menos um século mais velha do que você – ela sorriu triunfante para ele, só poderia ser mesmo irmã da Skye. – Garoto.

– Okay – ele jogou os braços para cima, desculpando-se. – Você venceu por pelo menos um século de vantagem. – Ward sorriu para ela e olhou para o resto da equipe. – Vamos salvar a nossa garota.

– Vamos. – todos responderam em uníssono.

– Não, mãe – Skadi aproximou-se de Idunna, empurrando-a de volta para a cama. – A senhora fica. Não estás em condições de lutar conosco. Veja se consegues alguns frutos do pomar sagrado. Assim poderá cuidar de nós quando voltarmos.

– Mas a Violet...

– Eu sei, eu sei... A Violet. – ela sorriu para a mãe, compassiva. – Nós vamos trazê-la de volta.

Todos correram em direção à Nave alienígena que May mal poderia esperar para pilotar novamente. Estavam indo para colocar um ponto final naquilo tudo.

(...)

As duas estavam completamente sujas com o próprio sangue, que antes de voltar para os seus corpos deixava um rastro negro sobre o tecido de suas roupas. Elas haviam destruído meio mundo de rochas durante a batalha, aquilo estava uma verdadeira bagunça. Uma enorme nuvem de poeira embaçava a visão de quem estivesse mais afastado delas, não permitindo que o observador entendesse o que se passava ali.

– Ora, ora – Skye aproximou uma espada do pescoço de Hela, tendo-a sobre seu controle. – Não é que a impostora sabe mesmo lutar – ela dizia com deboche. – Pena que encontrou uma Hela mais poderosa no seu caminho.

– Você acha que me venceu? – Hela pronunciava ofegante e com uma ponta de nojo. – Boa sorte com isso, novata. Nós duas sabemos que você não pode me destruir.

– É isso que vamos ver agora. – Skye pressionava a lâmina contra o pescoço da gigante e o sangue ia se esvaindo aos poucos.

– Como se eu não pudesse sugar o meu próprio sangue novamente. – Hela desafiou. – Qual vai ser o truque dessa vez?

– Não sei, irmãzinha – ela olhou para cima num tom irônico, antes que sua voz se tornasse macabra novamente. – Tente se regenerar agora!

Skye pressionava a espada com uma das mãos, enquanto a outra estava apertando fortemente o pulso de Hela, que começava a enfraquecer. A Rainha de Niflheim tentava sugar seu sangue negro de volta, mas Skye a impedia. Ao invés disso, seu sangue e sua energia estavam migrando para o corpo de Skye que ficava mais forte a cada segundo.

– Quem ri por último agora, queridinha? – Skye a olhou com desprezo enquanto assistia Hela padecendo em suas mãos. – O que acha desse truque agora?

– Você vai pagar caro por isso, sua ladra de energia!

– O nome disso é poder, meu amor... Embora não consiga ver agora, já que está cega demais de inveja. – Skye a humilhava enquanto via seu rosto empalidecer cada vez mais.

– Loki vai me pagar também! Vocês todos vão! Eles nunca te aceitarão como rainha, Skye! E sabe por quê? – um sorriso de satisfação parecia surgir em seus lábios. – O SEU LUGAR NÃO É AQUI! NÃO É E NUNCA SERÁ!

Hela gritou, sentindo a fraqueza e a morte percorrendo os seus ossos, mas dessa vez ela não as tinha sobre controle. A morte costumava emanar dela, mas nunca a tomar conta dela. Bem, dessa vez seu corpo não poderia ajuda-la.

– Agora, de uma vez por todas – Skye pronunciou com os dentes cerrados. – Eu não sou...

– SKYE!

A voz de Ward surgia em desespero bem detrás dela. Ele não estava ouvindo a conversa, obviamente, e nem poderia fazê-lo se quisesse. Apenas gritou pelo nome da mulher que amava, instintivamente, como se aquilo fosse protegê-la de si mesma. Como se ao som de sua voz, esse estranho encantamento pudesse ser quebrado. Infelizmente para ele, aquele não era um feitiço que se quebrava com um beijo de amor verdadeiro, ou mesmo com a menção de seu nome por seu amado.

– Humano insolente! – ela largou o pulso de Hela, que começou a se regenerar lentamente, jogada ao chão. – Quem pensa que és para interromper minha batalha? Não vês que estou a ponto de vencer essa impostora?

– A única impostora aqui é você, Skye. – ele pronunciou calmamente e sério.

– O que é preciso fazer para que vocês parem de me chamar assim? – ela pegou sua capa e a rodopiou, desfazendo assim a nuvem de poeira. – Que bonitinho! – ela disse olhando a equipe, que agora estava visível novamente. – Sabia que reencontraria meus amiguinhos novamente.

– Hela, você precisa parar. – May tentava argumentar com ela.

– Gostei dessa daí – ela aproximou-se de May com um sorriso travesso. – É a única que me chama pelo meu nome.

Os agentes se entreolhavam enquanto Hela permanecia jogada no chão, aproveitando esse meio tempo para tentar se fortalecer. Skye andava de um lado para o outro, encarando cada um deles. Apenas May, Coulson, Ward e Fitz-Simmons estavam no campo, Thor e os outros estavam sobrevoando bem acima deles com a nave camuflada, tentando localizar Loki e atentos a qualquer reação violenta de Hela. Skadi assistia à irmã com o coração aflito, afinal não queria ter que lutar com ela no seu primeiro encontro, mas pelo que ela podia ver, não havia outra escolha.

A nova Hela aproximou-se de Jemma e no mesmo instante Fitz se colocou na frente dela, a defendendo. Ele sabia que Skye era sua amiga, mas não podia arriscar perder Simmons também. Aquele episódio com o raio já havia sido muito traumático para os dois.

– Olá, Jemma – ela sorriu descarada. – Estava com saudades.

Simmons engoliu o choro. Ela amava Skye e queria que aquelas palavras não se referissem à sua experiência de quase morte anterior, mas infelizmente era exatamente aquilo que significavam. Ela olhou nos olhos da amiga, podia senti-la em algum lugar lá dentro, mas parecia longe de mais para que sua voz pudesse alcança-la.

– Por favor, pare com...

– Não.

Antes que Fitz pudesse perceber, Skye estava novamente com Simmons, dessa vez apertando o pescoço da amiga. Após afastá-la do alcance da equipe, ela a segurou pelos braços e a espada com que ela torturava Hela apareceu em suas mãos com um único sopro negro.

– Ela não vai escapar dessa vez.

(...)

– Thor! – Skadi gritava atônita assistindo a cena. – Violet pegou a cientista deles... De novo, eu acho.

– Isso não é bom – ele apertou seu martelo com força. – Eu vou descer e ajudar...

– Pessoal – Gerda interrompeu o deus do trovão. – Aquilo é o que eu acho que é?

– Ótimo! Pra completar a nossa diversão. – Sif confirmou com desgosto. – Achamos o inseto de chifres.

– O que faremos? – Gymir girava sua lança de um lado para outro, aquecendo-se para a batalha.

– Eu vou lutar com o meu irmão – Thor se pronunciava. – Sif, você fica e pilota a nave, será o único apoio aéreo para a equipe de Philip filho de Coul. Gymir e Gerda, vocês podem descer e ajudar a salvar a cientista, A equipe precisará de artilharia pesada e vocês podem tomar conta disso.

– E eu? – Skadi perguntou, confusa.

– O trono, Skadi. – Thor apontou para trás dela. – Traga as memórias de Skye de volta. – Skadi acenou com a cabeça concordando. – Todos entenderam?

– Entendemos. – Gerda e Gymir responderam juntos.

– Apoio aéreo. Entendido. – Sif respondeu, concentrada.

– Estou indo encontrar Loki.

Ele preparou-se para girar seu martelo quando foi impedido pelo toque leve de Sif no seu braço.

– Cuidado – ela pediu quase sussurrando. – Você o conhece. Não o deixe entrar em sua mente.

– Eu terei. – ele sorriu, segurando a mão que ela deixara descansando no braço dele. – Proteja-os, eu confio em você – ele aproximou-se do seu rosto e acariciou uma mecha de seu cabelo negro. – Tenha cuidado. Eu preciso de você.

(...)

– Hela, não! Deixe-a! Ela é inocente! – May gritava, tentando controlar o desespero no seu tom de voz.

– Isso só me faz querer mata-la mais. – Os olhos vermelhos de Skye brilhavam olhando para a lâmina da espada. – Inocente.

Ward aproximou-se dela e com um levantar de mãos ela o suspendeu no ar, fazendo-o flutuar.

– Deixe a Simmons, Skye. Essa não é você!

– Já chega, vou acabar com isso de vez!

Skadi conseguia visualizar a equipe. Ela corria rapidamente e silenciosamente utilizando a camuflagem que aprendera a dominar. Carregava consigo o trono que traria de volta a memória de Skye.

– Pronto, agora é só fazer com que ela...

– NÃAAAOO!!

Os pensamentos de Skadi foram interrompidos por um grito. Na verdade, mais de um. Na verdade, mais parecia um coro. A Gigante levantou os seus olhos para frente e pôde visualizar a cena: Sua irmã sorrindo de um jeito macabro, ajoelhada no chão. Em seus braços estava uma garota pálida e ensanguentada, com os cabelos claros e os olhos se enchendo de um profundo vazio. A espada a havia atravessado no peito.

– Violet – os olhos dela estavam arregalados – O que você fez?!