Death’s P.O.V

Quando eu a encontrei pela primeira vez, Eva não passava de uma garotinha meiga e inocente. Os olhos grandes e verdes me encaravam com uma curiosidade quase palpável. Aquela foi a primeira vez que não encontrei medo nos olhos de alguém que me olhava. Eu não deveria ter me surpreendido tanto, afinal, aquela não era qualquer garota. Embalada nos meus braços estava a última de uma linhagem rara, que eu jamais pensei que encontraria novamente. O sangue que corria em suas veias seria a sua glória, mas também a sua perdição.

Ergui a garotinha eu meus braços, suas mãozinhas chacoalhavam impacientes, tentando a todo o custo tocar em meu rosto sem face.

Seu pequeno coração batia acelerado, seria medo? Talvez, no fim das contas o instinto de sobrevivência não era algo que se ludibriava com facilidade. Mas ao contrário que seria racional, não era medo que eu via naqueles olhinhos, e sim fascínio, um convite mudo para desvendar os segredos daquele mar de esmeraldas. Seu rosto branco, com textura de pétalas de rosa, tornou-se rubro com a força do sangue que corria vivo em suas veias. O sangue que teria poder suficiente para livrar o mundo de toda a maldade, mas que também poderia destruí-lo com a mesma facilidade. A busca por respostas, entretanto, levaria a pequena Eva a descobrir que a resposta para tantas questões a privaria de sua vida.

Um peso tão grande para ombros ainda tão frágeis.

A vida não era nem um pouco justa e a morte tampouco.

Dei um beijo gelado no topo da cabeça da garotinha, que estremeceu no mesmo instante.

“Adeus criança.... até o nosso próximo encontro”.