A Guerra dos Imortais escrita por Cora, O Raposa, Camille M P Machado, PinK Ghenis, Mr Viridis, Mr Viridis, Julia, H M Stark, SuzugamoriRen, Joko


Capítulo 7
Capitulo 07 - Cristiano


Notas iniciais do capítulo

Qualquer semelhança, é só mera coincidência.



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O homem que chegava naquele momento ao grandioso hotel a beira mar era famoso ao redor do mundo. Ele foi uma das revelações da última copa e com certeza seria negociado com algum time grande do mundo. Real Madrid, Bayern de Munique e até mesmo os milionários Paris Saint-Germain e Mônaco o queriam em seu elenco. Só que ele mais queria era curtir férias, andar com seus amigos, beber até o sol raiar e não ter que se preocupar com a alimentação. Um bom vinho e claro uma excelente companhia.

Seu trabalho como goleiro do Internacional foi abalado psicologicamente por ele mesmo. Quando curtia carnaval na Bahia, ele notou certa estranheza no que via e no que ouvia. Parecia estar em outro mundo, vendo monstros ao invés de pessoas. Acreditou, obviamente, no efeito da bebida. Só que a bebida o deixava mais alucinógeno e ele acabara por perder completamente a noção do tempo e do espaço. Parecia saber os gostos de cada bebida e as mulheres, sempre elas, eram atraídas por seu sorriso simples, sincero e mortal. Não era tão bonito, mas tinha algo que atraia as pessoas. Só que ele não conseguia discernir o que era real do imaginário e, naturalmente, pensou que ficaria esquizofrênico.

Foi quando veio à revelação. Sempre ela. Suas memórias passadas misturavam-se com as do presente e ele foi procurar um médium para entender melhor as visões que tinha. Logo descobriu o porquê de tudo aquilo. Ele era nada mais que Dionísio, deus do vinho, da loucura e do êxtase. Talvez se refletisse no seu jeito de ser, de se vestir, em tudo. Porém, o médium que o tratou disse que o espírito pode ser o mesmo, que tudo pode ser influência de seu passado, mas ele era Cristiano Romário de Wjier. Um humano. Nascido em Bruxelas, criado na região metropolitana de Porto Alegre e jogador da seleção belga e do Internacional. As atitudes de uma vida poderiam nunca influenciar da outra, porque normalmente não há a lembrança. Se ele recordou de sua vida passada, algo estava muito errado com o fluxo do mundo.

E um deus como ele tinha tudo para descobrir e quiçá parar o que viria a acontecer.

De férias – graças a deus, ou a ele mesmo... O conceito ficou deturpado a ele depois da descoberta – ele passou a frequentar lugares visando despertar mais memórias. Normalmente festas de alto escalão.

Chegou com seu Corvette ZR devagar e estacionou em frente à entrada do hotel. Agradecia por não existir jornalistas naquele momento e, por isso, ajeitou seu colete de brilhantes e colocou o paletó branco por cima do ombro. Adentraria no caminho, se não visse uma bela mulher ruiva em um lindo vestido negro caminhando rápido. Atrás dela um homem, naturalmente gringo. Ela poderia ser estrangeira depois, logo pensara que seria mais uma briga de marido e mulher. E como ele adorava uma boa treta, quis observar antes de entrar.

Os dois conversavam exaltadamente. Quando o homem a pegou pelos ombros a fim de mostrar seu ponto, ele sofreu um golpe naquele lugar. CR12 como era conhecido pelos fãs sentiu o golpe mentalmente e, à medida que o gringo se contorcia, a mulher seguiu caminho. Ele a seguiu até os jardins detrás do hotel. Uma parte escondida da construção. Assim que ela sentou em um banco e observava as flores, ele sentiu que poderia se aproximar...

Fingiu estar perdido – essa sempre colava com estrangeiras.

– Ei moça! – disse com um sorriso branquíssimo e um jeito malandro, a mesmo que aprendera no Brasil – Eu acabei saindo para uma velha e boa respirada e me distrai com a beleza do local, agora estou perdido... Poderia me ajudar?

As lágrimas cortavam o rosto de Charlotte. Uma face angelical banhada pela dor. Recusava-se a crer nas estranhas palavras de Vincent. Ela não era uma rainha, tão pouco a amada de tão sujeito.

Ouviu o som de passos percorrendo o jardim, imediatamente virou-se. Seu primeiro palpite era de que ele havia retornado, mas seu coração logo se aquietou quando viu que o homem que se aproximava não era nem de longe parecido com Vincent.

– Oui? - ela indagou um "sim" em seu perfeito sotaque francês, corrigindo-se logo em seguida. - Sim?

O homem que se aproximava era, de certo modo, familiar, mas ela ignorou isso e focou apenas em seu sorriso simpático enquanto secava as lágrimas em seu rosto.

– Acho que você não me ouviu antes correto? - ele continuou sorrindo - Eu acabei me perdendo no emaranhado que é a beleza deste local.

Charlotte arqueou os olhos e devolveu o sorriso.

– Tem razão, o jardim é encantador. – Respondeu ao levantar-se e tocar uma rosa. - Aonde quer ir senhor?

– A qualquer lugar ou a nenhum lugar - ele coçou a cabeça - Parece que eu estando perdido encontrei uma bonita companhia pelo resto da noite. Importa-se de eu sentar e conversar com você?

Ela piscou demoradamente ao ouvir o elogio. Era claro que ele havia se encantado por ela. E também era claro que ele havia notado isso. Dera muita bandeira como se dizia na gíria local.

– Sente-se. - Ela respondeu gentilmente enquanto fazia o mesmo, achou proveitoso manter tal homem por perto, ele parecia forte o suficiente para pular em Vincent se ele voltasse. - Mas a bela companhia ainda não sabe seu nome. - Disse com um tom gentil e divertido.

– Sério que não me reconhece? Isso é realmente uma boa surpresa - ele não parava de manter seu sorriso entre uma sentença e outra à medida que se sentou - Cristiano de Wjier. Prazer. E, s'il vous plaît, o seu nome é?

Ela se surpreendeu ao ouvir as palavras em francês, além de belo também era inteligente. - Desculpe. - ela respondeu exibindo um de seus encantadores sorrisos. - Charlotte Wickery.

– Então, Charlotte, o que fazes no país do futebol? Trabalho, prazer - disse ele fitando o vazio e retirando do jardim uma rosa e a oferecendo - Ah! E isto é pra você

– Diversão e prazer. E você Cristiano? - Ela acariciou a rosa com a ponta dos dedos e a colocou sobre seu colo. - Obrigada. É muito gentil da sua parte agradar uma estranha francesa.

– Estou aqui apenas de férias sabe. A temporada foi longa e ainda tem as eliminatórias para a Eurocopa - bufou o homem - Ah! E é por isso que sei francês, sou belga de nascença.

– Uma peça rara. Ficaria muito horrorizado se eu lhe contasse que não sei absolutamente nada sobre futebol? - Ela indagou. - Apesar de amar a França, tenho que admitir que tenha uma queda pelos jardins de Genebra.

– Genebra. Joguei pela minha seleção lá e nem tive tempo de conhecer a cidade direito - ele esticou e cruzou as pernas - E não tem problema saber nada de futebol, minha família também é dessa maneira. Ninguém entende só deixa sentir a emoção.

– Acho que eles têm motivos para se emocionar. Deveria voltar lá, ficaria surpreso com as maravilhas que iria encontrar. – Respondeu. Suas mãos ainda cariciavam a rosa, como se tal ato pudesse acalmá-la e reconforta-lá.

– Sinto que está um pouco tensa. Não para de encarar a rosa que eu te dei.

Cristiano a olhou pela primeira vez para ela desde que sentou. Observou que ela era mais linda de perto. Mas preferiu manter o status quo. Queria ganhar a confiança dela. Mesmo que ela fosse uma estranha, parecia que poderia contar até seus segredos mais internos. Se isso fosse necessário, para fazê-la confiar nele, o faria de bom grado.

– Não tive um bom momento esta noite. – Ela sorriu tristemente ao comentar. Seus olhos fixaram-se nos dele pela primeira vez, Cristiano parecia jovial e enérgico o tipo de pessoa que a encantaria se não estivesse tão assustada – As flores me acalmam.

– Compreendo. E aqui te encontro... - ele murmurou - Mas então, o que gostaria que eu fizesse para a gente esquecer esse momento não agradável?

Levantou-se e mostrou suas duas mãos a ela. O luar, a luz da lua que irradiava o céu o fez ficar com uma espécie de aura na visão daquela jovem.

– Que tal nos aventurarmos um pouco nessa noite?

Ela sorriu travessa para ele e se levantou de imediato, colocou a rosa entre os cabelos, decidida a apagar tudo que havia acontecido.

–Acho que é uma ótima ideia

Correndo através dos jardins com alguns sorrisos no rosto, ele cumprira com seu papel de tornar o momento dela mais agradável. Queria dar uma excelente impressão do país que o acolhera e novamente. Lembranças vieram à tona. Recordações do tempo que o deus Dionísio organizava festas, banquetes e outras felicitações a fim de deixar as pessoas tão excitadas e anestesiadas pela felicidade que esqueciam completamente de seus deveres e direitos como cidadãos. Uma verdadeira orgia consumava-se depois dessas festas e ele, como um bom brasileiro, poderia até gostar.

Mas não o faria com aquela garota. Sentia que ela era um tanto especial e tratou rapidamente de eliminar suas memórias passadas com o único objetivo de focar-se no presente.

Logo pegaram seu carro e partiram em direção a avenida principal da cidade. Após alguns minutos de estada, eles viraram em uma rua que desembocava na praia e em um restaurante de frutos do mar. Se ela não gostasse daquilo, iria para outro lugar com ela. Mas o que importava era a companhia e uma noite agradável em todos os sentidos.

Sentaram-se em uma mesinha próxima a barraca. A brisa do mar vinha e reconfortava os dois enquanto um homem de aparência asiática aproximou para atendê-los.

– Sou Park Ji Young e o que desejam meus caros fregueses? – disse ele sorrindo, com a caneta já em cima de seu bloquinho.

– Vou querer algo leve para a noite e você, Char? Posso te chamar assim não é?

– O mesmo - A ruiva respondeu lançando um breve olhar ao garçom. - É claro que pode. – Continuou, desta vez, olhando apenas para Cristiano.

O garçom se virou por um breve instante para anotar o pedido: Iria oferecer a comida mais leve do cardápio. Já Cristiano olhou em volta. Estava desconfiado de alguma coisa, mas não sabia o que era. Preferiu olhar e apreciar a beleza de Charlotte e deixar passar aquela sensação.

– Agora me conte mais sobre você Char.

– Diga-me o que quer saber, Cris. - Ela respondeu, a presença dele aos poucos afastava as imagens de Vince.

– Vamos pensar assim... Família, seus pais e sua mãe?

– Meus pais morreram, há anos. - Ela deu um sorriso leve, não era radiante, mas também não tinha pesar. - Quando meu pai morreu eu deixei a França, mudei-me para Genebra permanentemente. E sua família?

– Minha família é uma conservadora. Meu pai e minha mãe trabalham como comerciantes. Se conheceram numa viagem da minha mãe a Europa, a Bruxelas e veio comigo pequeno para cá. Minha irmã faz faculdade. Não curtem futebol como eu... Muito simples para um astro não acha?

Charlotte riu brevemente e assentiu.

– Eu diria que sim, mas fiquei curiosa em saber como você se apaixonou pelo futebol já que sua família não foi uma influência.

– Eu diria que foi vendo jogos pela TV na casa de alguns amigos. Dei sorte de ver alguns memoráveis e que mexeram com minha emoção. - Cristiano sorriu, dessa vez, meio envergonhado - Se bem que para você, deve ser estranho sentir emoção por causa de algum esporte.

– Me pareço tanto assim com a Barbie? - Ela mordeu o lábio inferior.

– Não, Não. - ele gargalhou abertamente - Digo por que eu via as caras da minha família e sua face lembrou quando as coisas que eu dizia para meu pai sobre o futebol.

Ele tratou-se logo de se corrigir.

– E você Char, faz o que da vida?

– Fico feliz que meu desentendimento não tenha lhe assustado. - O riso dele a fez sorrir também. - Viagens, festas, caridade... Meu tutor ainda acha que eu não estou pronta para assumir os negócios da família.

– Será uma empresária então? De que ramo, se é que me permite perguntar.

– Meu pai foi fundador do grupo Lagardère, focado na comunicação e na área aeroespacial. - Ela respondeu. - E você, planos para o futuro?

– Eu tenho contrato vitalício com uma marca de material esportivo. Tenho que me manter em alto nível até o fim da carreira - disse ele piscando os olhos - Prefiro focar no presente sabe, pois o futuro a deus pertence.

De novo. A palavra proibida perseguia Dionísio, ou melhor, Cristiano.

– Um homem do momento - Charlotte comentou e sorriu.

– Mas vejo que faz caridade... Além de linda é uma pessoa virtuosa também?

Ela se moveu na cadeira e fitou o mar por alguns instantes.

– Eu tento. Depois da morte da minha mãe, meu pai se compadeceu com algumas causas. Cresci vendo-o ajudar crianças, homens e mulheres. Pode-se dizer que isso também cresceu em mim.

– Sério? Você não aparenta ser uma dessas pessoas, Char - disse ele, arrastando sua cadeira, e ficou a centímetros de distância a ela.

– Me dê um voto de confiança. - Ela respondeu sorrindo, o olhar dele a deixava inebriada.

– Quantos votos você quiser.

E ali, sobre o luar da cidade de São Francisco, os dois se beijaram ardentemente. No quiosque, o garçom retirou uma maquina fotográfica e tirou uma sequência de fotos daquele beijo que poderia mudar a história do panteão emblemático que era o Olimpo.

Charlotte se perdeu entre os lábios dele, com curiosidade, ela notou que eles tinham o gosto de um vinho adocicado, viciante que lhe despertava doces lembranças.

Ela permitiu que os braços dele a acolhessem e a acalmasse, a sensação era a mesma que caminhar descalça em um jardim.

Cristiano também se perdeu nos lábios daquela mulher. Tão cheirosa quanto uma rosa da mais bela estação. Tão doce quanto a mais bela uva das vinícolas gauchas que costumava visitar. Aquela era uma verdadeira mulher. Entregou-se completamente a ela e isso dissipou quaisquer pensamentos negativos.

O garçom oriental tirou mais uma nova sequencia de fotos, de todos os ângulos possíveis e procurou mandar via e-mail para alguém em outro canto da cidade. O titular tinha apenas um nome. Desconhecido.

Mas, tanto Cristiano como Charlotte, não se importavam com nada a não ser o calor daquele momento. Não eram uma herdeira e um famoso jogador. Eram apenas um homem e uma mulher entregando-se aos prazeres.

E além de Park, somente a noite era testemunha daquilo.

Ou assim pensava-se.


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