Capitulo 13 - Terra do Nunca

___ Então nos encontramos novamente Fordfil... – ela comentou aparecendo de braços cruzados, em frente a aquele homem. Lucy podia encarar aqueles olhos com atenção agora, e ver o quão nojento eram. O azul já não se tornara tão belo a seu ver. Os cabelos negros não eram tão sedosos, e sim longos e embaraçados. ___ Acho que você tem que me devolver algo que me pertence.

___ Você realmente é persistente mocinha – ele sorriu, guardando o mapa dentro de seu bolso. ___ Se você quer, vai ter de pegar. – Lucy não pode deixar que um sorriso de canto escapasse do canto de seus lábios. Ela esticou o chicote o batendo no chão, com uma mão, enquanto a outra se posicionara em cima de suas chaves.

___ Vamos resolver isso, rapidamente.

*x*

___ Se aliou aos Cães minha jovem? – o moreno indagou com os cabelos escorridos, passando por seus olhos, os tampando. Lucy podia sentir o olhar direcionado a si, e por trás de toda aquela face imunda, um sorriso sádico. Ele estava provavelmente pensando em algo maligno, ou quem sabe já até teria o feito. ___ Quanto tempo acha que eles vão te ajudar? Afinal você sabe que aqueles dois estão loucos para entregar você mastigada ao Conselho, se é que me entende? – deu um passo para frente, aproximando-se, com coragem, de Lucy.

___ Minha condição esta bem posicionada a meu ver, se a situação se complicar eu irei desaparecer como pó... Por hora, não vi grandes desvantagens – Blefou. Sabia que a ideia do mago de Lacrimosa era apenas desestabilizá-la para conseguir escapar, mas aquilo não iria funcionar, não agora que ele não poderia entrar em sua própria mente, graças ao colar de Gray. ___ Qual suas intenções com este mapa?

___ Perderia a graça se eu te contasse, guardiã.

___ Como sabe quem eu sou? – imediatamente ele dera mais um passo para perto o que fez Lucy dar um para trás, ainda em posição de ataque com as mãos no chicote e nas chaves. Ele riu alto, uma risada desnecessária e arrepiante.

___ Seria melhor perguntar, quem não sabe quem é você... - suspirou – Creio que seus amiguinhos Cães não lhe contaram sobre a bomba que o conselho soltou pelo mundo... todos estão atrás de você minha querida. – pegou um papel da bolsa que carregava. ___ Sabe esse retrato falado seu não esta muito bom, mas facilmente encontramos você... – Lucy entrou em choque, quem diria que o desespero do conselho faria isso. Ela era um pobre coelho em meio a tantos predadores. ___ Porque perder seu tempo comigo... eu apenas preciso desse mapa, seria mais prudente fugir... Aproveite essa chance que estou lhe dando.

___ Há quanto tempo esse retrato falado esta liberado? – o homem não entendeu mas respondera e para o choque de Heartphilia, fora dois dias após a descoberta de Natsu. “Ele não o teria feito..” – pensou incrédula.

___ Bem, acredito que nossa conversa terminou aqui... Alem do mais, me agradeça. Nós temos planos em relação ao portal, iremos resolver inúmeros problemas para você, e para melhorar, eu te deixei longe da maior encrenca que o Portal....

___ Do que esta falando?

___ Oras, Natsu Dragneel... Não acha que iria ter interesse em mata-lo à toa, certo? – ele sorriu e em seguida prosseguiu ao perceber que não estava deixando muitas coisas claras ___ Ele é sinônimo de problemas, veio do ventre de um imortal que deu a vida para a escuridão.. Entenda, daquele garoto você só vai absorver maiores problemas. – suspirou dando as costas para Lucy. Um erro já que a garota não iria deixa-lo escapar tão facilmente. Um buraco se fez no chão fazendo o homem cair no mesmo. ___ Mas que merda é essa?

___ O que achou que iria cair nessa sua conversa e simplesmente ignorar minha missão? Creio que toda sua sabedoria não esta sendo de grande lucro, afinal se fosse muito inteligente, saberia que um alerta tão fraco com este, não me impediria de concluir minha missão. – ela sibilou olhando-o de cima, ao seu lado um espírito. Virgo. Era a primeira vez na vida que vira um espírito celestial, e Casttiel estava surpreso.

Uma mulher simples, vestida de empregada com algemas e correntes no pulso, um rosto sem grandes expressões, cabelos róseos arroxeados, e olhos azuis tão intensos quanto o de um céu sem nuvens durante o dia. Poderia ser um espírito? __ Hime.. – a empregada disse fazendo reverencia, mas Lucy manteve-se seria apenas encarando o homem que subitamente sorriu e desapareceu diante de seus olhos.

Um flash passou do lado de seu corpo, e ela virou para trás, dando de frente com seus olhos azuis agora um tanto avermelhados, ele estava sério, e tinha orbes de um louco, desviou com ajuda de Virgo que lhe dera um impulso para cima, a fazendo saltar. Lucy novamente havia o perdido de vista, era ágil, muito alem do que imaginava, mas não tanto quando um membro da Oracion Seis.

Estava no ar ainda, quando sentira um impacto sutil e imediatamente brusco em suas costas, o que a impulsionou para o chão, ela não teve como desviar, sendo arrastada no chão pela força do golpe. Estava agachada, com os fios em frente aos olhos fortemente irritados, o suor de seu corpo fazia com que ficasse mais pegajosa, seus músculos mais tensos, com uma mão no meio das pernas, fazendo o corpo encontrar novamente equilíbrio. ___ Iremos brincar de pega a pega o que você acha? – uma voz sussurrou em seu ouvido, e ela pode sentir o halito quente na ponta de sua orelha.

___ Castle of Mirrors – ela ouviu a voz baixinha sibilando tais palavras, e pode ver paredes sendo formadas em sua volta, como as de uma casa. Quando se viu finalmente presa, em um lugar totalmente espelhado, até mesmo o chão, percebeu que a magia daquele mago era uma esquecida. ___ Um mago que cria desafios para alma? Acredito que não foi à toa que se tornou um membro de Lacrimosa... – gritou, sabendo que mesmo sozinha ele ainda estava ali presente.

___ Bem acredito que você conheça essa minha magia, mesmo ela sendo tão.. como posso dizer... Impopular... – apareceu novamente diante dos olhos de Heartphilia que já havia mandando Virgo novamente para o mundo celestial.

__ Sua projeção é muito mal feita... – comentou logo que jogara uma faca no meio do peito do homem que inicialmente fizera uma careta, mas em seguida pegara a mesma faca e jogara em direção a Lucy que desviara facilmente. ___ Qual sua intenção aqui? Só para avisar, eu não tenho medo de meu próprio reflexo...

___ Acredito que você possa não ter medo de seu reflexo... Mas e sua alma? E o peso que ela carrega? .... – Lucy calou-se imaginando em qual seria o peso de sua alma. ___ Vamos fazer um joguinho... Você sabe que estou preso a esse castelo de vidro, se você ganhar imediatamente ira encontrar meu coração consequentemente eu irei acabar morto, o que é muito difícil – riu – se você perder, terei sua alma presa nesse castelo, sendo torturada a cada dia por mim...

___ Fechado. – ela concluiu com os olhos semiabertos, pronta para começar a encarar seus maiores terrores, sentindo a dor de cada erro que cometeu e poderia cometer. Casttiel tinha controle da situação, sabia que daquele lugar a loira não iria sair tão facilmente. Não se ele jogasse sujo até o ultimo momento.

*x*

____ Esta se sentindo melhor? – o moreno perguntou ao amigo que finalmente havia começado a dar sinais de que estava recobrando a consciência. Natsu abriu os olhos lentamente, vendo que a sua volta tudo era escuro. Seu corpo doía, e não se sentia em um estado muito confortável, já que estava deitado num chão duro e frio. Virou a cabeça para o lado, evitando mover o corpo.

___ O que esta fazendo aqui ainda, Gray? – ríspido e um pouco fraco perguntou ao amigo que imediatamente fez uma careta.

___ Bem, posso começar a enumerar os motivos que me trouxeram até aqui e os que me fizeram ficar por mais um tempinho... – parou para contar e como se uma lâmpada tivesse acendido em sua cabeça, encarou o rosado com ódio e concluiu ___ Se meu amigo não fosse louco o suficiente para se envolver com uma loira oxigenada como Lucy Heartphilia, e não tivesse sido apunhalado pela mesma pessoa, creio que eu já teria resolvido todo o problema da minha vida, e adivinhe só? Eu não estaria aqui. – como de súbito o rosado simplesmente ignorou tudo, absorvendo apenas o nome de Lucy que como de imediato lhe trouxera o motivo de sua dor e preocupação.

___ Cadê aquela garota? – perguntou tentando se sentar, mas fora proibido por Gray que segurou seu ombro, o apoiando contra o chão, fazendo Dragneel se manter deitado.

___ Seu machucado não esta nada bom só para constar... – suspirou e ao perceber que o amigo não iria parar de tentar levantar se não contasse a verdade ___ Ela ainda não voltou Natsu... – murmurou com os fios negros tapando os olhos fechados, a cabeça estava abaixada, pode perceber a respiração do Cão parar por um instante. ___ Ela provavelmente ...

___ Aquela idiota se banca de fortalhona, mas é uma fraca mesmo... Eu preciso ir atrás dela. – disse tentando se levantar, mas imediatamente Gray o interrompeu, novamente. ___ Que merda esta fazendo?

___ Não vou deixar você sair desse lugar... – sibilou baixinho. ___ Suas feridas estão bem ruins, e você precisa repousar... – Dragneel o encarou com tanto ódio, que Gray pode sentir o calor saindo dos olhos do rosado. Suspirou. ___ Ela não vai voltar... Não percebe que não existe razão alguma para ela retornar? Já se passaram horas... nenhuma luta demora isso tudo, ou ela esta morta ou fugiu, o que nos deixa na desvantagem de toda forma já que ela teria de ser entregue viva ao conselho.

___ Ela não esta morta e nem fugiu.. Esta com problemas, preciso ajuda-la, ok?

___ O que passa pela sua cabeça em ajudar um Heartphilia, você sabe que o mundo todo esta procurando ela certo? E se o conselho souber algo sobre você se aliando a essa garota você esta frito... Sua reputação nunca foi das melhores, mesmo você sempre matando todos que eles pedissem.

___ Gray eu não me importo, ela é uma chave importante, se você não consegue ver isso pela razão, então tente entender o apelo de seu amigo e me deixe ir atrás dela. – então um silêncio se fez no local, e quando o rosado novamente pensou em levantar Gray o fizera primeiro.

___ Pois bem...

*x*

Seu corpo já estava fraco, e ela quase desistira. Quantos golpes já havia recebido? Umas 10 pancadas, não com certeza já haviam sido muitas outras. Lucy atacava apenas figuras falsas, miragens. Peças pregadas por aquele maldito que provavelmente estava se divertindo com aquela situação. Ela caia de um desespero para o outro, em uma sequencia sem nem um pingo de descanso ou compaixão. Iria morrer. Sabia que tudo aquilo era uma ilusão, mas os golpes não eram, ela recebia com a mesma entonação e intensidade que um dado na realidade.

“Golpe sujo” – pensou. Não sabia que Casttiel poderia machuca-la apenas ao brincar com sua visão, mas ele conseguia. E doía, sempre doía mais e mais. Quanto tempo já havia passado desde que aquela tortura havia se iniciado?

O chão estava molhado, e ela estava em um salão escuro, com um lustre em cima de sua cabeça. Mantinha-se ajoelhada, com as mãos tremulas e feridas apoiadas no piso, olhou para baixo e se deu conta de que nada existia por de baixo de seus pés, e então ela caia. Os olhos se arregalaram por um instante, vendo aquela luz que então brilhava forte em cima de si, se apagando pouco a pouco, e ela era arrastada para as profundezas da escuridão. Seus cabelos estavam sujos de seu próprio sangue, assim como seus lábios estavam secos de tanto correr, ela sentia o corpo sendo engolido por um frio um tanto reconfortante, que imediatamente fora tomado por uma dor aguda, totalmente insuportável, nas costas, que haviam sido perfuradas por inúmeras agulhas que estavam no fim do abismo. Os olhos se fecharam desistente, e imediatamente se abriram novamente, como se estivesse a despertando de um pesadelo.

Olhou para os lados e reparou que estava no mesmo quarto em que dormira quando era mais nova. Sentiu um alivio interno, fechou os olhos puxando ar para seus pulmões, mas em seguida sentira falta de oxigênio. Abriu os olhos rapidamente, e conseguiu sentir gotas de chuva caindo sobre sua pele. O que não entendia era como cada gotícula caia tão lentamente que ela poderia até mesmo ver uma por uma tocando sua pele ou o chão que seus pés tocavam. ___ Apenas perdi meu tempo com você... – a voz de Baltazar soou em seus ouvidos. Sim aquele era um de seus piores pesadelos, estar presa em um tempo continuo onde seu mestre sentia desapontamento consigo. ___ Sua missão era fechar o portal... e olhe bem, acabou por cair em uma armadilha com essa... E tudo o que te ensinei, para onde você mandou?

Uma lagrima escorreu por seus olhos, e ela pode sentir esta primeira deslizando quente a cada piscadela que dava. Baltazar desapareceu diante de seus olhos antes mesmo que ela pudesse falar algo, e então Casttiel apareceu, falando um “bu” a trazendo de volta ao pesadelo torturante, enfiando uma espada em seu estomago, no mesmo lugar que ela havia perfurado Natsu, contra seus pensamentos.

___ Você realmente quis me matar garota! Qual seu problema? – era Dragneel, em frente a si, com os olhos sendo tapados por seus fios rosados. Os punhos estavam fechados demonstrando o ódio ___ Sting estava certo, você é fria como o gelo... acredito que ele fez correto... Devia te usar da mesma forma e por fim manda-la para o conselho... Fui um tolo.

___ Natsu... – ela murmurou baixinho sem conseguir acreditar no que estava ouvindo. Ele deu as costas para Heartphilia, e ela esticou os braços tentando alcançá-lo, mas fora em vão, já que ele desapareceu, caminhando em frente, enquanto Lucy era arrastada por membros do conselho para dentro da prisão onde passaria o resto de sua vida.

Uma risada infantil e sádica soou no ar, e ela reconheceu ser Casttiel. A loira perdia-se em seus próprios medos dentro de uma teia em que aquele mago havia criado, e vez ou outra a ilusão se tornara uma realidade apenas dolorosa. ___ Quem diria que você não somente estaria envolvida com um membro do conselho, como também apaixonada por dois Cães ao mesmo tempo... – ele disse aproximando-se de Lucy que estava amarrada por cordas que não havia percebido o momento em que haviam prendido suas mãos a um poste. Estava nua, e sentiu o chicote em que ela havia usado um dia para derrotar um inimigo a rasgando, queimando seu corpo. ___ Uma inútil, Lucy Heartphilia. – ela olhou para cima, encarando a si mesma. ___ Olhe bem no que você se tornou... um trapo.

Ela estava sendo torturada e sabia disso, mas dentro de seu subconsciente ainda sentia-se viva, e tentava lutar. Há muito tempo atrás, dentro de uma memória distante, havia uma voz que dizia:

Você acredita em um mundo de finais felizes, Lucy?

Alguns momentos ela parava para pensar em tais palavras...

Acordou novamente, conseguia ouvir uma sirene soando em seus tímpanos, recobrara sua consciência por um instante, tentando lembra-se se haviam finais felizes em algum mundo. ___Na terra do nunca... – pensou desistente fechando os olhos, abafando um grito para a morte que passara direto de si naquele instante ela tentava novamente encontrar paz e de alguma forma derrotar Casttiel.

Novamente caia na armadilha da realidade.

___ Lucy.... Eu havia lhe deixado a missão de manter aquele portal fechado...- era a voz de sua mãe soando tão suavemente que ela podia jurar ser ela realmente, mas não poderia, nem em seus melhores sonhos conseguia sonhar com sua mãe, quem dirá em um momento como aquele. ___ Lucy, olhe para mim. –abriu lentamente os olhos sabendo que se depararia com tudo menos com sua mãe, como poderia saber como Layla era sendo que nem mesmo havia a conhecido e o pouco que conhecera não fora o suficiente para se ter lembranças. Então fora surpreendida por um amontoado acima, com imagens dilaceradas do futuro...

Um futuro lastimável... Previsível, e inevitável.

O fim para sua existência, e a de todo o mundo.

___ Tudo isso foi resultado de seu fracasso.

Lucy continuava por passear no mundo de Casttiel, onde as palavras a feriam como facas, e a cada ferida aberta no corpo da garota, ele poderia rir de sua dor. Hearphilia sentia como se não pudesse fazer nada. Sua voz não saia, e as poucas vezes que tentava falar algo, era tremula, sem firmeza alguma, o que a fazia cair novamente em outra armadilha. Em um breu, na solidão eterna. Lagrimas escorriam por seus olhos, lembranças de um passado atormentador, e um futuro frustrante passavam diante de si. Ela sentia que sua essência era perdida a cada instante em que seu coração e sua mente eram massacrados. Aquela situação havia se transformado em um palco para uma tragédia maníaca e instável, onde oscilava de boas há terríveis e horripilantes pensamentos, lembranças, e pesadelos. Danças de fantasmas da sua vida passageira... Uma vida sem sentido algum.

Ela pode fechar os olhos novamente, sentindo uma dor após mais uma palavra de sua mãe. Talvez aquela realmente fosse sua mãe, aquela que sempre a guiou para onde deveria ir para encontrar o portal. Do outro ladro de suas pálpebras atravessa uma luz clara, como o nascer de um sol tranquilo. Que num outro instante queimava com as chamas de uma enorme dragão vermelho. Um mundo distorcido apareceu de repente, e sem perceber ela estava se afundando novamente. “Acho que não podemos mudar as pessoas” – pensou por um breve instante “Tudo isso deveria mesmo ter se tornado realidade?” - seus medos, quem diria que um dia acabaria por a matar. Novamente ela cai, sentindo a pele sendo cortada suavemente por flashs de suas memórias...

“___ Isso esta errado, você não devia olhar sua vida com esses olhos... – a voz de uma criança na sua cabeça. Quem diria em um momento como esses ela poderia ter uma lembrança tão doce. ___ Você deveria criar sua terra do nunca, não se trancafiar em uma realidade pessimista cheia de sangue e mortes.

___ A vida não é perfeita.

___ Só não é perfeita se você não desejar...” – murmurou e então Lucy caiu no chão duro, sentindo o osso de seu joelho doer. Doia muito, muito alem do que imaginava que pudesse doer um dia. “Talvez se eu fosse para essa tal terra do nunca em que criei quando criança” – pensou tristemente com um sorriso no rosto, sínico.

___ Minha filha, olhe aqui... – novamente a voz de sua mãe, ela não sentia tanto medo em olhar, sabia que não a veria, mas se enganou, afinal um corpo havia se abaixado um pouco, deixando os frios tão loiros quanto os seus caírem sobre sua face, e antes que pudesse olhar um pouco mais para cima, sentiu uma espada perfurando sua perna, fazendo com que a loira grunhisse, na sequencia de um sorriso deprimente. ___ Voce arruinou tudo ... – a mulher falou fria.

___ É acredito que eu fiz isso mesmo... – murmurou fazendo com que sua mãe se calasse, afundando um pouco mais a espada em sua cocha. Fechou os olhos insistentemente, deixando de lado tudo, ignorando qualquer dor, qualquer ruído, qualquer destino, qualquer passado... Ela sabia exatamente o que queria. E era o oposto do que estava acontecendo, não queria o desapontamento de todos a sua volta, não queria um mundo com apenas finais tristes. Todos aqueles momentos poderiam se apagar pouco a pouco de sua mente, restando apenas aquele ultimo com sua mãe. ___ O ser humano realmente não possui cura..

___ Do que esta falando? – a mulher perguntou afastando-se.

___ Nos afundamos em nossos piores pesadelos, piores agonias, mas são elas que nos fortalecem, e elas que nos deixam isolados do mundo... São dias inalterados, e inúmeras voltas inúteis, que nos fazem em algum momento acordar para a realidade. – murmurou retirando a espada lentamente de sua perna que sangrava. A lamina banhada em sangue, se estendeu para frente, acertando em cheio o coração de Layla.

___ Como você pode Lucy? – a mulher perguntou segurando a espada. Era apenas uma ilusão e Lucy desejava de forma intensa que aquele momento acabasse para sempre.

___ Quem diria que um lugar tão fenomenal como minha terra do nunca se tornaria em meu pior pesadelo nos dias de hoje.

___ Você me achou... – a voz de Layla já estava fraca, e finalmente a loira pode recobrar totalmente sua sanidade. Seu corpo estava machucado, mas não tanto quanto poderia imaginar, a ilusão havia a danificado menos do que pensou, mas sua cabeça ainda não confiava em tudo que via, afinal que merda estava acontecendo a sua volta. ___ Como soube que não era uma ilusão assim como todas as outras?

Finalmente pode ver o céu estrelado se abrindo para si, com o desmoronar no castelo de espelhos de Casttiel. A miragem de Layla se desfez, e transformou-se no corpo do mago de Lacrimosa, que estava caído no chão com uma espada no coração. ___ Você criou um jogo perigoso dentro de um mundo no qual apenas eu mesma conhecia as regras, logicamente eu nunca poderia me machucar tanto quanto um invasor, que provavelmente morreria com apenas um golpe... eu só precisava achar o invasor e na hora correta mata-lo.

___ Como você me achou afinal?

___ Seu pior disfarce foi ser minha mãe... você não combinou muito com esse papel. – ela concluiu sorrindo se agachando ao lado do corpo quase sem vida. Buscou no bolso do homem seu preciso papel, e em poucos segundos o encontrou. ___ Layla nunca fez parte da minha Terra do Nunca, afinal eu nunca quis minha mãe lá, mas sim na minha realidade... – ao concluir olhou novamente para Casttiel que já não respirava. Ela suspirou, ajoelhando-se, sentindo um peso enorme sair de seu corpo.

___ Como eu odeio ter que enfrentar a mim mesma.. – murmurou baixinho, deixando uma lagrima rolar. Por um instante sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, e em seguida olhou para o céu. Novamente a marca, aquilo não era bom sinal, mais membros de Lacrimosa estavam por perto, e ela não daria conta de mais uma luta psicológica como aquela. Estavam provavelmente procurando Casttiel e o mapa.

___ Oe, você esta bem? – uma voz apareceu atrás de seu corpo, ela olhou para trás por um instante. Havia acabado de sair de seu pior pesadelo, e veja só, um demônio havia aparecido para atormenta-la, lhe dando as boas vindas para a realidade. Lucy virou o corpo para trás, levantando-se com grande dificuldade. ___ Eu te ajudo, calma ai...

___ Não preciso. – disse fazendo com que Gray imediatamente se afastasse, ou melhor, não se aproximasse em nem mais um milímetro. ___ O que raios esta fazendo aqui, checando para ver se seu troféu já havia fugido ou morrido?

___ Exatamente. – ele concluiu ríspido fazendo Lucy virar os olhos o respondendo imediatamente com tanta frieza que se Gray não fosse um mago do gelo provavelmente estaria congelado.

___ Para sua sorte e azar eu não fugi nem morri, na realidade quero voltar para saber como Natsu esta... Então que tal deixarmos a ladainha toda para um outro momento, não sei se você pode perceber mas não estou na minha melhor posição agora... Na realidade seria jogo sujo você tentar começar uma briga comigo aqui ...

___ A única que começou a briga foi você garota – ele começou, mas Lucy imediatamente tapou sua boca com uma mão e fez um gesto para fazer silencio e escutar com atenção. A inicio Fullbuster não conseguia ouvir nada e apenas achava que ela estava tentando mante-lo calado, mas num outro instante conseguiu ouvir ruídos de galhos se quebrando. Eram passos para próximo do local.

___ Oe Luceeee! – aquela voz. Ela poderia reconhecer em qualquer lugar no mundo. Então soltou Gray e respondeu no mesmo tom, chamando o rosado para perto. ___ Você esta bem? – Drangneel perguntou assim que chegara perto da loira que estava com as roupas levemente rasgadas, alguns machucados mais fortes, e o cabelo todo grudado na face suada.

___ Mas que merda você esta fazendo aqui Natsu? – o moreno perguntou puto da vida, já que o acordo seria que se ele saísse atrás de Lucy o rosado iria ficar naquela caverna descansando. Mas como esperado do Dragon Slayer, ele pode ‘sentir’ que a ajuda de Gray não seria das melhores para Lucy.

___ Eu sabia que vocês iriam começar a brigar.

___ A situação esta começando a me parecer um tanto nostálgica... – Lucy murmurou ao lembrar-se em como brigava imenso com Natsu e como o odiava assim como Gray. Seria engraçado a história se repetindo com um mago do gelo. Mas não, aquilo não iria dar certo. Gray parecia mais destemido que Dragneel em entrega-la ao conselho, e Lucy não sabia como iria enrola-lo.

___ Seu cabeça de fósforo eu tento ser seu amigo e você desconfia de mim desse nível?

___ Cueca congelada fica caladinho, eu tenho meus motivos para duvidar de você... qualquer um ficaria preocupado com um tarado andando apenas de cueca atrás de uma garota.

___ Quando foi que eu? – perguntou ao perceber que estava apenas de roupas intimas. Lucy intimamente havia notado e se sentindo envergonhada com Gray, mas simplesmente fingiu não se importar.

___ Dois Cães idiotas.. – murmurou e como de imediato os dois a encararam com os olhos faiscando de ódio. Certamente ela não deveria provoca-los, mas por algum motivo era inevitável.

___ O que foi que você disse Garota? – ambos perguntaram aos berros em uníssono. Lucy caiu na gargalhada, mas imediatamente parou. Fazendo shii para ambos que se calaram. Novamente conseguia sentir algo errado, estava se aproximando rapidamente.

___ Precisamos sair daqui logo. – e sem mais delongas saíram correndo para o mais longe que puderam. Gray era o mais em forma, Lucy estava muito ferida, a ponto de quase não consegui se movimentar, Natsu também estava gravemente ferido, mas conseguia correr velozmente. ___ Suba. – o moreno disse agachando em frente a Heartphilia que o encarou desconfiado. ___ Quer ficar para trás e morrer de vez? – ela não disse nada, apenas sibilou um ‘tsc’ e sem mais subiu nas costas do outro. Correndo em disparada para o mais longe que conseguiam daquelas presenças que haviam sentido.

*x*

Lucy já estava correndo com suas próprias pernas, e finalmente eles pararam.

Natsu já não resistindo precisou estourar.

___ Você é maluca ou o que? Sabia que poderia ter morrido? – ele berrava ofegante, com os olhos arregalados e os músculos tensos. ____ Não! Na realidade eu que estou maluco! Se continuar dando uma de herói tentando te salvar, EU quem vai acabar morto!
____ Eu não pedi sua ajuda lá! ... Estava tudo sob controle – Lucy disse também ofegante, apoiando as mãos nos joelhos, recuperando o ar e descansando o corpo. ____ Se você acabar morto, a culpa será totalmente sua.
____AGHRR! – ele rosnou puxando os cabelos enquanto dava uma volta de 360°. Precisava manter a calma. Desde que se metera com aquela garota não tivera nem mesmo um dia de sossego, era como se Lucy fosse um imã para problemas. ____ Ao menos você conseguiu algo de útil indo lá?
____ Alem de quase te matar do coração? – ela disse com os olhos brilhantes, achando que talvez aquela não fosse uma ideia tão ruim. Natsu a encarou irritado, os cabelos estavam todos bagunçados, o rosto totalmente sujo e as roupas sujas de lama. Lucy riu com aquela situação, afinal o tão arrogante poderia ficar cômico em alguns momentos ____ Consegui algo sim, agora temos um mapa, novamente...

___ Viva – Gray murmurou logo atrás trazendo a realidade a tona. Lucy havia se esquecido de Fullbuster por alguns instantes.

___ E então, qual sua decisão Cão?