I Can Hear My Heart Go - SkyeWard escrita por Jessyhmary


Capítulo 2
Não Queria Sair Daquela Sala


Notas iniciais do capítulo

The Last One! Gostaram do começo? Descubram como essa história termina.
#Enjoy!



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Tudo bem, ele não é tão asqueroso quanto eu desenhei no bloco de papel que estava sobre a mesa daquela sala fria e diminuta, devo admitir. Aos poucos, Grant mostrava-se mais agradável do que os vândalos que invadiam minha van. (Sério que eu o havia posto mesmo nesse nível? E que história é essa de “Grant”?) O avião – ou “Ônibus” como eles chamam – era muito mais esplendoroso do que eu pudesse imaginar na vida, eu percorria cada pedacinho como uma criança que nunca havia estado na Disney antes, perguntando, anotando, quase fotografando (se eu tivesse com meu material ali, obviamente) todos os ambientes. Àquela altura estava claro que a S.H.I.E.L.D. não era minha inimiga, o que eu tive mais certeza ainda ao conhecer toda equipe, até mesmo aquela asiática mal encarada que mal olhou pra mim não tinha cara de ser má, mas vi em todos eles uma honra e uma ordem que preenchia todo o espaço do Ônibus.

– Aqui é a cabine do avião. – Ele dizia como se isso não estivesse bastante óbvio.

– Que bom, por que eu já estava começando a me preocupar com o conteúdo perigoso que pudesse existir aí dentro.

– E existe. – Fui interrompida por uma voz firme do assento do Piloto.

– Skye, essa é a agente...

– Melinda May? Sim, passamos por ela mais cedo, mas você não tinha dito que ela era a piloto.

– Ela não é só a piloto. – Ele me dizia como se quisesse chamar a atenção da agente que não desgrudava os olhos das nuvens adiante.

– Vamos, ainda tem outros lugares para você ver.

Após ser apresentada a todos os cômodos e bombardear Ward com perguntas nas quais sete de cada dez tinham como resposta: “Isso é confidencial” ou “Isso é contra o protocolo”, acabamos voltando para a sala onde ele começara arrogantemente seu interrogatório horas atrás. Mas agora, eu entrava na sala voluntariamente, sem nenhum capuz encobrindo minha visão.

– Obrigada por me deixar conhecer o avião.

– Eu não deixei. Colson deixou.

– Mas foi você que o apresentou a mim. – Dei um largo sorriso e sentei-me novamente naquela cadeira, lançando a ele um irônico olhar de déjà vu. – Onde estávamos? Ah, sim... – Fingia lembrar-me de algo quando finalmente arranquei um sorriso de verdade daqueles lábios tensos de horas atrás.

– Você estava me falando sobre sua família. – Ele cruzou as mãos, apoiando os cotovelos sobre a mesa, lançando-me um olhar de quem realmente estava interessado no assunto.

– Por que isso importa tanto pra você? – Falei sem raiva na voz, apenas expressando minha curiosidade a respeito.

–Não, sei... Você tem esse ar... Misterioso... Só queria saber. – Ward tentava construir uma sentença coerente.

– Sua infância também foi dura? – Devolvi a jogada, mas estava mesmo interessada em saber.

– Sim. Penso muito pouco nela. – Ele descruzou os braços sobre a mesa e a encarou involuntariamente por alguns instantes antes de olhar pra mim de novo. – Como disse, eu estou tentando ser amigável.

– Tudo bem, Ward. O que eu vou te contar pode mudar tudo que você pensou de mim nessas poucas horas que esteve comigo, mas serei honesta. – Dei uma pausa e ouvi Grant tomando fôlego antes de eu começar a minha história. – Eu sou órfã, ponto pra você. Desde que me entendo por gente eu vivi pulando de casa em casa, sem nunca me adaptar em lugar algum como se eu não pertencesse a esse mundo. Aos doze anos, depois de passar por sete lares diferentes eu fugi do orfanato pela quarta e última vez. Eles nunca me encontraram, me deram como morta e foi quando eu conheci um grupo de garotos na mesma situação que eu e me juntei a eles. Nós vivíamos em um cômodo de um condomínio totalmente desenganado, que todos os dias arriscava desabar sobre nossas cabeças, e quando isso enfim aconteceu nós não estávamos lá. Por muito pouco. Eu e os garotos entramos na escola depois de um tempo, graças a um amigo de Josh, que era mais velho e conseguiu identidades falsas para todos nós. Desistimos todos juntos antes de terminar o colegial. Nesse momento, os garotos e eu nos separamos por um tempo, até eu entrar no ramo da computação... – Ele fez uma careta, deixando os olhos semiabertos me criticarem. – Okay, tudo bem... Estava mais para uma hacker informal, mas não pode negar que sou muito boa no que faço. – Ele sorriu, concordando a contragosto. – Foi aí que eu finalmente descobri algo sobre os meus pais. – Dei uma pausa e aproximei meu rosto do dele, que me olhava cada vez mais envolvido com a história – E a única pista apontava pra S.H.I.E.L.D.

– Como... O quê?

– Eu também não entendi no começo. Mas única coisa que eu tenho relacionada aos meus pais está em um arquivo fortemente criptografado pela S.H.I.E.L.D.

– Eu... Eu não sei o que... Dizer, Skye... Eu sinto muito. – Ele procurou minhas mãos, o que me pareceu ser algo completamente alheio ao seu conhecimento.

– Está tudo bem. Eu já me acostumei com isso, eu sei como funciona. – Sorri, como se ele precisasse de conforto.

– Você é muito forte. – Confessou em tom sincero.

– E você foi muito doce. Mais do que eu pensei que pudesse ser... Obrigada.

Dessa vez eu fiquei feliz em estar errada. No fim das contas, Ward conseguia ser bem sociável, o que somado àquela visão de beleza que me atraíra imediatamente à primeira vista, resultava em um produto catastrófico para a minha cabeça assimilar.

– E é uma boa hora para eu confessar uma coisa. – Ele brincava com uma mecha do meu cabelo que havia ficado na frente sem permissão. (Em que momento as coisas ficaram tão estranhamente íntimas entre nós?) – Não temos nenhum soro da verdade.

– Mas o quê?! – Dessa vez fui eu que estranhei a afirmação – Como assim, não tem nenhum...

Bem, eu poderia muito bem ter terminado a minha pergunta se não tivesse sido interrompida por um Ward totalmente caído por mim. Okay... Com um pouco mais de modéstia, eu estava completamente entregue a ele, como a muito já estava, desde o instante em que eu senti um coração batendo ali dentro. Era só disso que ele precisava. Seus olhos brilhavam, indicando que debaixo de todos aqueles protocolos estava um homem. De carne e osso. E era só isso que eu estava esperando.

Ele me beijava delicadamente, a despeito de toda a ansiedade que tomava conta do seu corpo e eu sei disso porque podia sentir a respiração dele falhando toda vez que ele me afastava um pouco – bem pouco – para olhar para os meus olhos, como se procurasse neles todas as respostas sobre mim. Suas mãos tinham um misto de fome e de cuidado, como se ele nunca tivesse segurado algo tão frágil e tão forte eu seus braços antes. Aquela sala diminuta, com suas colmeias entediantes – ou algo do tipo – e aquela luz dramaticamente ridícula pareciam agora encaixar-se perfeitamente no ambiente, tornando-o aconchegante e tenro e fazendo-me esquecer de tudo que prometi a mim mesma no momento em que adentrei aquele espaço.

Ward não conseguia afastar-se de mim, e eu em nenhum momento contestei – como se eu fosse capaz de fazê-lo – apenas sentia toda aquela onda passando pelo meu corpo, que já estava cansado de não tê-lo comigo. Seus olhos negros me matavam só pelo simples fato de me encararem com tamanha doçura. Ele realmente não fazia ideia do que aquilo causava dentro de mim. O seu coração – que eu constatei ser bem real – batia com força e tão rápido que não daria pra contar. Eu não tinha escolha. Eu o queria. Nós dois estávamos jogados no chão como dois prisioneiros abandonados esperando a sentença, e eu podia ver uma câmera nos olhando, que segundo ele, havia sido desativada por ele mesmo enquanto passávamos por uma das salas que controlam as coisas dentro do avião.

– Você! – Gritei, me jogando por cima dele para esmurrá-lo.

– Eu o quê? – Ele se fingia de inocente enquanto se defendia dos golpes mal articulados que eu tentava executar.

– Você já estava planejando isso! – Continuei berrando e rindo ao mesmo tempo, tentando acertar algum golpe nele, que se desvencilhava de todos os meus intentos.

– Sabia que você é péssima em dar murros? Isso não machuca nem uma mulherzinha... – Disse ele me imobilizando, cruzando meus braços acima da minha cabeça – Bem que eu poderia te treinar.

– Ah, é... E de que eu te chamaria? Treinador?

– Oficial Superior, seria mais adequado. – Corrigia ele com certo ar de superioridade.

– Okay, O.S... E qual seria o meu primeiro exercício? – Pronunciei vagarosamente a sentença, enquanto o desconcentrava, beijando-o nos intervalos entre as palavras.

– Skye...

E foi só isso que ele conseguiu dizer.


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Notas finais do capítulo

Fim da história. (ou apenas o começo?)
#Thanks a todos que leram a história! :)
Comentários e Sugestões são sempre bem-vindos. :)