R O S E

W E A S L E Y

Minha infância toda eu fui uma menininha sonhadora, eu sempre lia contos de fadas e pensava "Isso ainda vai acontecer comigo!", e isso me tornou uma pré-adolescente ingênua e me fez sofrer muito. Minha família sempre foi um dos pontos que mais me fazia derramar lágrimas. Eles não se importavam comigo, ninguém ligava, e eu só tinha eles. Nunca tive amigos verdadeiros, só tive tranqueiras que eu me apegava e depois quebrava a cara. Nunca tive alguém para me apoiar. E sempre que aparecia alguém que eu pensava que poderia ser aquela pessoa, eu quebrava a cara.

Sou mestre em quebrar a cara.

Dezessete anos de vida de pura dor. Sempre rejeitada pela minha própria família por não ser o que esperavam, na verdade nem era para eu ter nascido. Eu fui um acidente, sempre fui e sempre serei. Não teve aquela história de "Não estávamos planejando, mas será bem-vinda(o)", não, não, pensaram até em me jogar em um Orfanato qualquer, pensaram isso até meus dez anos, e nem sequer faziam questão de me esconder isso. Eu fui a criança renegada. Sempre fui a perdedora em casa, na escola, na cidade, em qualquer lugar que eu fosse eu sempre seria a perdedora. A ninguém.

Se eu sofri com isso? Claro. Quem não sofreria? Eu admito que já tentei ser a melhor para a minha mãe, mas quando uma mãe acha o filho feio... Não há saídas para o pobre bebê, ele está encurralado, e isso é o que me aconteceu. Minha mãe teve depressão depois que me teve e até hoje tem rastros do seu ódio materno por mim. Mas ela não está mais aqui. Nem ela, nem meu pai e nem meu irmão, Hugo. Eles morreram.

Eu estou sozinha no mundo. Novidade? Não, sempre fui mesmo. Nunca tive presentes de natal de ninguém, por quê teria? Sou sozinha, não tenho amigos, me acham esquisita por ser ansiosa e depressiva. Não tenho pais, eles me acham perdedora demais. Nem irmão, ele me acha chata e ignorante. Me acha não-digna de ser sua irmã ou de dirigir a falava a mim. Ou melhor, ele achava.

Eles morreram, me deixaram.

Não que um dia estivessem comigo.

Mas tudo bem. Agora eu estou indo para a casa de parentes que eu nem sequer conheço. Estou indo para a casa dos Potters, a casa que minha mãe tanto odiou e tanto quis evitar, é pra lá que eu vou. E eu não sei o que esperar, nunca sei de nada, sempre sou a ninguém, a burra, a indigna. Tanto Faz.

Uma das quatro coisas que eu sei sobre os Potters são:

1. Eles tem três filhos: James, 18. Albus, 17. Lily, 16.

2. Eles são felizes de verdade.

3. Eles moram em Hogsmeade.

4. Eles são amigos dos inimigos do meu pai, os Malfoys.

Não que eu fosse levar essa rixa idiota a frente. Mas seria estranho. Acho que é por isso que papai parou de falar com os Potters, por eles falarem com o homem que amou sua esposa e vise-versa. Mas eu não ligo, se o Sr. Malfoy e minha mãe tivessem se amado talvez eu não estaria aqui. Eu estaria mais feliz morta. Acho que seria até melhor.

E por isso o Psicologo que falou comigo decidiu que eu não ficaria sozinha. Eu entendo, quem quer deixar uma suicida sozinha? Eu não deixaria. Não que ela se importasse comigo, mas é a carreira dela ali.

E minha ficha na polícia também não está ao meu favor. Mas quem se importa, não é? A minha opinião não conta mesmo.

E então, aqui estou eu, sentada em um avião, saindo dos E.U.A e indo para a Inglaterra conhecer os parentes que eu só sei o nome por ter visto no Facebook suas fotos. Eu estou indo para viver com cinco pessoas, mas ainda assim me senti sozinha, vazia. E isso é terrível.

Ah, é, meu nome é Rose Weasley, e essa história não tem só o meu lado. Mas eu ainda não sabia disso. Essa história também tem o lado de uma pessoa também importante. Scorpius Malfoy.