Nora Fulkert - Um conto de amor na Terra Média escrita por Norha Wood


Capítulo 38
A estrada




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Nimarie acordou cedo naquele dia, penteou demoradamente o cabelo e observou-se no espelho de prata já um pouco corroído pela ação do tempo. Ela havia envelhecido um pouco naqueles anos, aparentando ser uma mulher de vinte e oito anos. Olhou as mãos calejadas e rudes, assim como seu vestido. Se não fosse por sua estatura e rara beleza todos diriam que ela era puramente humana. Os traços da delicadeza e educação élfica, haviam sido negligenciados durante esses anos de lutas e tristezas. Ela mesmo não se sentia com tal, até mesmo os costumes, os louvores, o amor a natureza, ela havia esquecido um pouco, adaptando-se ao ambiente rude em que vivia.

Mesmo assim Nimarie era admirada por onde passava. Todos reconheciam nela um ar superior, e naquele lugar agreste ela aparentava ser uma flor de luz, um anjo, que vivia entre os homens simples e brutos. Por isso, sua chegada na vila causou um certo alvoroço, especulava-se sobre suas origens, e as mulheres, preocupadas com o amor platônico que seus maridos gordos e poucos inteligentes dispensavam a ela, começaram a chamá-la de bruxa élfica. Tal apelido passou de certa forma ser bom para Nimarie, pois assim ela protegia sua real identidade como Tanacëmníss. Sempre discreta, a afim de despistar o inimigo, Nimarie, pensava em trocar de nome assim que pisasse na cidade, mas isso não foi necessário, pois inicialmente era chamada de elfa viajante e mais tarde de bruxa élfica, e seu verdadeiro nome só era conhecido por Thak, que, casualmente era muda... Mais tarde seu nome foi revelado a Ferguros pois ela sentiu que era um momento seguro para isso.

E neste dia, o vento soprava para norte, trazendo a brisa marítima até a encosta da colina. O clima da manhã estava agradável, e anunciava a chegada da primavera. Nimarie iniciou suas rotinas normalmente naquele dia. Como sempre fazia, inicialmente ela tirou o leite da vaca para o desjejum da manhã, preparou a mesa com esmero, acordou os filhos, deu-lhes comida... Mas Thak pode perceber que havia algo diferente em Nimarie: Ela estava distante, como se vivesse em outro mundo. Não pronunciara uma palavra se quer, e ficava por horas observando silenciosamente o mar, o céu e principalmente a estrada. Passou o dia assim, sempre ocupada com alguma tarefa ou outra, mas sempre distante e calada.

_ O que a mãe tem Thak? - Perguntou Leagos ao mesmo tempo que a moça o pegava no colo.

_ Eu não sei meu querido... mas creio que seja amor! - Disse carinhosamente fitando Nimarie que ao longe olhava a estrada como se fosse uma estátua de pedra.

Nimarie estava ajeitando algumas plantinhas no canteiro, não que elas precisassem de alguma arrumação pois cresciam bonitas e frondosas. Ela havia escolhido essa tarefa pois o canteiro dava de frente para a única estrada que levava até a sua casa, e por mais que tentasse não conseguia desviar a concentração das horas que passavam lentas, talvez ficando ali naquele lugar o reencontro poderia acontecer mais rápido. Não que ela sentisse ansiedade, mas algo parecido com isso, sabia que ele chegaria só não sabia quando exatamente, e por isso esperava com a calma de quem tem certeza que o momento chegaria.

De repente uma brisa diferente cortou o ar, desalinhando seus cabelos.

O vento mudara de direção.

Provavelmente um sinal.

Seu coração começou a bater de forma mais acelerada.

A hora havia chegado. Ela sorriu suavemente fechando os olhos.

Seu coração batia no mesmo ritmo que o galopar de um cavalo que ainda distante ela sabia que se aproximava.

Ergueu-se com o coração cheio de torpor

O sol do entardecer tingia a paisagem de amarelo.

As gaivotas cruzavam o céu de fogo.

Não via, mas sentia que o cavalheiro tinha pressa em chegar.

O cavalo corria rápido, ela até podia ver suas patas cruzando o bosque próximo.

Sua espera havia chegado ao fim.

Soube disso quando viu a cabeça dourada do cavalheiro que surgia no limiar da estrada.

Os olhos ficaram úmidos derrubando uma lágrima silenciosa,

_Legolas... - balbuciou, ao mesmo tempo que o elfo, descia do cavalo.

Ele parou, seus olhos se encontraram, ela não conseguia se mover, então ele deu alguns passos incrédulo com o que via.

As bocas entreabertas, as pupilas dilatadas, as pernas falseantes, a respiração descompassada, os pelos eriçados, o suor frio e os corações que pareciam que haviam parado de bater, assim como o tempo que havia esquecido de passar, tudo isso, dentro de alguns passos que os separavam, dentro de alguns instantes de incredulidade diante do tão esperado momento.

Esse momento era real, pois agora eles podiam sentir a respiração um do outro tão próximos que estavam. Era tudo tão mágico, tão surreal, tão nostálgico, que Legolas emocionado tocou no rosto de Nimarie como se ela fosse uma boneca de vidro.

_ Isso é um sonho? - Perguntou ele com a voz entrecortada, e os olhos úmidos e vermelhos de emoção.

_ É um sonho do qual não acordaremos mais... - Disse Nimarie igualmente emocionada para logo se entregarem num abraço intenso e único de que só quem sentiu muito a falta de alguém é capaz de dar.

E ficaram assim por durante muitos minutos, abraçados, sorrindo e chorando, com os corpos grudados a fim de afastar de vez a distância, a saudade de mais de trinta anos.

Thakurli que observava a cena a alguns metros não pode evitar a emoção que o momento do reencontro lhe causou. Sorriu enquanto as lágrimas rolavam pela face.


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Notas finais do capítulo

Escrevi isso enquanto escutava "Lord of the rings medley - de Lindsey Stirling ".
É a melodia que embala esse momento do reencontro.
Espero que esse capítulo não decepcione, e que sim emocione, na mesma medida que emocionou Thak, uma espectadora desse amor, assim como nós.



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