Nora Fulkert - Um conto de amor na Terra Média escrita por Norha Wood


Capítulo 34
Um amigo ou um inimigo?




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Os anos passaram também em Belfalas. Os filhos de Nimarie cresciam alegres e livres, correndo nos campos e brincando com os animaizinhos da floresta. Já havia passado cerca de trinta anos, e eles tinham agora dois anos (idade mental), e chamavam-se Leagos e Larniel. Eles enchiam o lugar de alegria e luz. Ao chegar em Belfalas, Nimarie foi logo acolhida pela comunidade que se compadeceu de sua situação, ali ela vivia em paz, mas sempre alerta pois sabia o que Saruman não desistira facilmente. Por algumas vezes ficou sabendo que orcs andavam pelas redondezas, e nesses dias ia com as crianças para um abrigo improvisado escondido no meio da mata fechada. Não raramente sofria ameaças de Saruman que lhe encontrava em sonho. E foi por isso que preferiu se esconder quando ficou sabendo que um mago cinzento estava na cidade a procura de uma jovem com as suas características. O fato de ela ter filhos despistou o mago que desconhecia esse fato, além do mais, assuntos urgentes o chamavam ao leste e norte, uma guerra estava acontecendo, infelizmente ele não poderia mais procurar por ela.Foi com um misto de tristeza e alívio que Nimarie viu ao longe o mago ir embora na noite cinzenta assim como ele.

Thakurli sua fiel e silenciosa amiga, estava sempre ao seu lado. Elas moravam com as crianças em uma humilde casa feita de madeira, afastada do povoado. Elas não possuíam amigos e só iam a cidade para a venda do pão que toda semana era levado até a única estalagem da cidadezinha. Com o valor obtido na venda do pão, elas trocavam por roupas outras coisas que necessitavam. Por seu jeito sério e sombrio, Nimarie era um pouco temida na cidade. Muitos falavam que ela era uma bruxa elfíca, outros diziam apenas que ela era estranha, alguns com a imaginação mais fértil diziam que se tratava de uma rainha que perdera sua riqueza pois se apaixonara por um elfo silvestre. Algumas histórias chegavam até os ouvidos de Thakurli e Nimarie que riam divertidas dos assuntos.

Certo dia quando Nimarie voltava da caminhada até a estalagem, viu alarmada que seus filhos estavam no colo de um homem que não conseguia identificar quem era, ele possuía os cabelos loiros e compridos, era de alta estatura, e trajava-se como os viajantes. As crianças pareciam se divertir em sua companhia, mas como Nimarie não conhecia ninguém do local com essa fisionomia, concluiu assustada que poderia ser alguém enviado por Saruman... Entrou no pequeno estaleiro, onde ficava uma única vaca, e armou-se com o seu arco e flecha. Onde estaria Thakurli que não estava com as crianças? Pensava ela enquanto aproxima-se sorrateira pelas costas do homem:

_ Largue as crianças! - Disse ela a poucos metros apontando a fecha armada para ele;

Ao mesmo tempo ele virou-se calmo, soltando as crianças com chão, esboçando um largo sorriso falou:

_ Ah! São seus filhos! – Disse ele simpático

_ Venham pra cá crianças! - Ela não respondeu a pergunta, apenas ordenou isso para os filhos que agora assustados corriam para atrás da mãe.

_ Pode baixar seu arco, eu venho em paz... está assustando as crianças sem necessidade...

_ Quem é você e o que queres aqui? - Ela o interrompeu, ainda empunhando o arco

_ Sou Ferguros, de Anórien – Ele esticou a mão para um cumprimento que não foi correspondido. Vendo que a moça não estava para brincadeira tratou logo de responder as outras questões: – _ Estou aqui a pedido do rei, vimpara construir o sistema de captação da água...

_ Não há mais elfos em Anórien, e além do mais nunca vi um elfo trabalhando em prol de outras raças...

_Talvez tudo isso se explique por eu ser meio elfo... - Só neste momento Nimarie baixou a guarda. Ela ouvira falar que o rei estava arquitetando uma engenhoca para levar a água do rio para dentro das casas das pessoas, e além do mais Ferguros era um meio elfo assim como ela.

_ Sinto-me mais a vontade agora! - Disse ele referindo-se a guarda que a moça havia baixado. _ Ah! Thakurli!! - Disse ele sorrido, ao avistar Thakurli que chegava também sorridente.

_ Vocês já se conhecem? – Perguntou Nimarie confusa com a atitude dos dois

_ A conheci minutos antes que você...

Nimarie ficou encabulada com a resposta, pois a amiga foi mais inteligente percebendo que ele não apresentava ameaça alguma, tratando-o com cortesia. Surpresa ela viu Thakurli pegar o mão do homem e o levar para dentro de casa, Nimarie os seguiu com as crianças. Lá ela havia montado uma bela mesa de café da tarde, e alegre gesticulava convidando o moço para sentar-se. Ferguros não fez cerimônia, sentou-se imediatamente, e ao ver que a meia elfa ainda estava em pé falou:

_ Não vais nos acompanhar ... - Ele fez uma careta de quem tentava se lembrar de alguma coisa - Oh! Desculpe se quer sei o seu nome... senhora... - Nimarie estava tão desconcertada de vergonha e timidez que teve que receber um empurrãozinho de leve de Thakurli para que respondesse a pergunta:

_ Nimarie, desculpe-me, Nimarie...

_ Nimarie – Disse ele vagarosamente a olhando fixamente

_ Desculpe-me Sr. Ferguros...

_ Não precisa se desculpar Sra. Nimarie... Você já está perdoada de qualquer coisa que possa vir a fazer contra mim... - Nimarie, ficou estática olhando para o meio elfo. Não tinha entendido bem o que ele quis dizer com aquilo. Mas uma coisa admitia: ele era muito bonito e seu olhar penetrante lhe perturbava. Foi com o coração disparado que saiu da casa, deixando-os na mesa...

_ Eu falei alguma coisa que possa ter ofendido-a? - Perguntou Ferguros para Thakurli que com um largo sorriso rapidamente balançou a cabeça negativamente. A verdade é que Thakurli nunca havia visto um homem tão bonito. Ela estava enamorada de um homem da vila, mas nada sério além de trocas de olhares... Ferguros para ela representava uma divindade sobre a Terra e ela estava encantada com a sua presença, e acreditava que pela reação de Nimarie ela também estaria.

_ Perdoe-me Thakurli, não posso evitar! A curiosidade corroí-me como traça: _ O pai das crianças... Nimarie possui marido?

_ Não! - Quem respondeu foi a vozinha de Larniel

_ Mamãe sempre diz que eu sou o homem da casa – Completou Leagos fazendo os adultos rirem com a sua espontaneidade e inocência.

Após o lanche da tarde, Ferguros brincou um pouco com as crianças. E já era vespertino quando procurou Nimarie para despedir-se. A moça estava recolhendo a roupa, na verdade ficara o tempo todo fora da casa, disfarçando em atividades que não eram necessárias, apenas para evitar o olhar provocante de Ferguros. Quando ela viu ele se aproximar, sentiu novamente o seu coração disparar.

_ Vim despedir-me... - Disse ele sempre simpático

_ Bom então, adeus! – Não era bem o que ele queria ouvir, mas foi o que ela disse simplesmente, ela até queria dizer mais coisas, mas não conseguiu encontrar as palavras. Ele virou-se um tanto decepcionado deu dois passos e novamente se virou para Nimarie:

_ Desculpe-me se a assustei... – disse agora sério

_ Oh não Sr. Ferguros, desculpe-me a recepção... e que... e que faz tanto tempo que não recebemos visitas, faz tanto tempo que não converso... não converso com um homem...

_ Eu entendo, afinal a vila está cheia de homens... - Disse ele com ironia

_ Mas eles não costumam vir até a minha casa e brincar com os meus filhos... Somos mulheres e moramos sozinhas, não podemos mostrar fragilidade ou fraqueza... - Nimarie meia sem jeito sorriu tentando demonstrar simpatia.

_ Não vejo fraqueza alguma em você, com esse sorriso é capaz de abater qualquer guerreiro... - Imediatamente Nimarie corou baixando a cabeça. Que homem petulante! Esperou um pedido de desculpa que logo veio:

_ Oh! Peço desculpas... perdoa a minhas palavras rudes. A espontaneidade é algo que não conseguir domar ainda.

_ Percebe-se Sr. Ferguros, licença tenho afazeres...

_ Com a sua licença My Lady... - Ele se debruçou em um cumprimento. Afastou-se alguns metros, mas antes de desaparecer falou alto para Nimarie ouvir: _Thakurli convidou-me para comer aqui o desjejum da manhã a e eu aceitei...

_ Como sabes que ela estava querendo dizer isso? - Nimarie perguntou alto. Ele não falou nada apenas gesticulou com as mãos o que parecia ser um bule servindo chá. Sorrindo jovial ele seguiu o seu caminho, e somente quando ele estava suficientemente longe, Nimarie soltou a risada que estava segurando. Gargalhou como a muito tempo não fazia, e seu coração recordou-se de Legolas e do tempo que ele a fazia sorrir. Será que a vida reservava para ela um final feliz? A verdade é que ela não deseja se apegar mais a ninguém além dos filhos e de Thakurli, caso Saruman a encontrasse ela teria que abandonar tudo e não queria causar mais transtornos a ninguém, por isso ela evitava o máximo possível o contato com as pessoas da vila. Porém parecia que Ferguros havia chegado para mexer com esse desejo de exílio. _ Não sei por que estou pensando isso... amar novamente está fora de cogitação! - Ela falou baixinho pra si mesmo, enquanto via o meio elfo desaparecer na colina.

A noite, assim que teve a oportunidade falou para Thakurli:

_ Como você recepciona assim um homem que nunca vimos antes Thakurli? E se ele fosse um espião enviado por Saruman? Sabes que há uma guerra lá fora, que evito de todas as formas possíveis para protegê-los...

Em resposta Thakurli, gesticulava, colocando a mão nos olhos e no coração. Fazendo com que Nimarie entendesse o que ela queria dizer:

_ Eu sei minha amiga, que você tem a capacidade de enxergar o coração das pessoas, e por isso não viu maldade nele. Mas, mesmo assim … sinto um medo... - Novamente Thakurli pôs-se a falar do seu jeito, ela disse:

_ Você não tem medo de Ferguros, tem medo do seu coração... – Nimarie não pode mais responder. Olhou a noite escura pela janela, apesar da companhia da amiga e dos filhos sentia-se tão sozinha... Por que não ter mais um amigo? Além do mais Ferguros parecia ser um bom homem... Já fazia algum tempo que Legolas lhe parecia um sonho distante, quase surreal. Sabia que se o procurasse ele a repudiaria, e também havia Tharanduil, que por certo não aprovaria o seu retorno. Não poderia atrapalhar ainda mais a vida do príncipe. Era melhor que ele não soubesse de seu paradeiro e nem de seus herdeiros. Temia que a ira do rei de Mirkwood recaísse sobre as crianças. Um dia, quando a guerra acabasse, quem sabe Legolas não a perdoaria? Mas por agora imaginava que o elfo assim como todos os demais estariam a chamando de Ilhimael, e ela sabia como os traidores eram tratados pelos costumes élficos. E foi com esses pensamentos que se deitou e ficou acariciando os rostinhos dos filhos até adormecer também.

Ferguros:


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado de Ferguros tanto quanto eu gostei! kkk



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