Travis não está seguindo o caminho correto.

Quando eu reclamo pela milionésima vez sobre o porquê dele não estar seguindo rumo a minha casa a única resposta que eu consigo é “Tenho algo pra fazer” resmungado sem muita importância. Eu canto baixinho acompanhando a letra de Still into you do Paramore que está tocando no rádio, eu gosto da musica, eu ouso dizer que gosto da banda também. Meus pés batucam no painel do carro enquanto Travis resmunga sobre nunca mais me deixar entrar no carro sagrado dele, eu ignoro já que o único que deu a idéia de me enfiar aqui foi ele mesmo.

– É pedir demais eu estar gentilmente pedindo pra que você retire os pés daí? – Ele pergunta pela milionésima vez e eu ignoro com sucesso.

– Se você não desviasse o caminho talvez já estivesse livre de mim e dos meus pés. – Eu digo e dou a ele o meu sorriso nada culpado.

– Nós vamos comer alguma coisa. – Travis diz e sorri pra mim antes de se inclinar e empurrar meus pés para baixo. Bastardo idiota.

– Eu quero ir pra casa. – Resmungo como uma criança mimada e encaro o vidro ao meu lado. Travis está me dando nos nervos e eu não quero ficar com ele nem mais um segundo.

– Por que diabos você precisa ser tão birrenta? Eu sou péssimo com escolhas. – Ele resmunga mais algumas coisas que eu simplesmente ignoro e não me preocupo em contestar.

– Você está me pagando uma porção extra de batata frita por esse desvio de caminho. – Digo a ele que me responde com uma gargalhada que me faz querer sorrir. Obviamente eu não sorrio. Travis não deve me fazer querer sorrir, vamos lá eu só odeio o cara.

– O que você quiser. – Ele diz enquanto coça a nuca e sorri.

– Quero que você morra. – Eu digo e dou a ele meu sorriso inocente que só faz com que ele rebente em outra gargalhada fofa. Merda, eu estou perdendo o foco aqui.

– Você não quer isso realmente, Mess. – Quando ele me chama de Mess todo e qualquer encanto que existia, evapora. Eu o odeio outra vez.

Quando ele estaciona no Joe’s eu salto para fora do carro e dou pulinhos enquanto esfrego meus braços, o frio parece mil vezes mais intenso agora. Travis ri enquanto anda ao meu lado e mexe no celular sem me olhar, eu poderia me irritar, mas eu não me importo realmente. Nós chegamos a porta do Joe’s e nos sentamos na mesa próxima a porta porque eu sempre sento nela e por um motivo estranho Travis sabe disso, quando a garçonete nos pergunta o que nós vamos pedir ele assustadoramente também sabe o que eu quero comer e pede como se eu não tivesse voz pra pedir eu mesma a minha comida. Me irrita mas também me faz querer agradecer a ele por ser gentil pelo menos uma vez na vida.

– Então, eu pedi tudo certo? – Travis me pergunta enquanto coloca o celular no bolso e me encara.

– Sim, mas você sabe, eu ainda posso falar o frio não congelou minha língua. – Eu resmungo enquanto ele sorri e me presenteia com suas covinhas fofas. Merda, não Melissa, as covinhas dele não são fofas, pelo amor de Deus tenha auto controle.

– Eu quis ser gentil, você deveria saber que algumas pessoas são educadas. – Ele ri enquanto eu reviro os olhos e faço uma careta que pode ser descrita como no mínimo, ridícula.

– Eu odeio pessoas gentis. – Rosno pra ele enquanto agarro meu celular e tento disfarçar o incomodo.

Quando nossa comida chega, ataco minhas batatas fritas e as empurro na boca tentando não falar com o idiota na minha frente. Travis ri de mim mas não diz nada, quando eu mordo meu sanduíche Travis ri alto e eu faço outra careta pra ele, mas eu paraliso quando ele se estica sobre a mesa e desliza o dedo pelo meu queixo, meus olhos estão bem abertos e eu tenho certeza que meu rosto está vermelho, que porra ele está fazendo? Eu tento me mover para longe mas eu simplesmente não consigo, é hipnotizador, eu não posso me manter longe porque é suave e é fofo. Os olhos dele não deixam os meus e quando eu tenho quase certeza de que ele vai me beijar, Travis desliza de volta no seu lugar e sorri pra mim.

– Você tinha ketchup no queixo. – Ele diz enquanto olha pra baixo e encara suas batatas.

– Oh, hm, obrigado. – Eu digo e de repente eu estou muito envergonhada. Eu sou uma idiota.

– Não é nada demais. Você lembra de quando tinha cinco anos e comeu aquele monte de chocolate e não conseguia limpar o rosto e eu tive que ajudar. Acabamos os dois sujos correndo pelo jardim. – Ele ri lembrando disso e eu me pergunto como ele pode lembrar de coisas tão bobas e felizes quando nós temos uma pilha imensa de momentos ruins pra apagar os bons.

– Como você consegue se lembrar disso? Eu não lembro de quase nada. – Eu digo sinceramente enquanto dou a ele um sorriso gentil. Merda, Travis e eu não deveríamos ser gentis um com o outro e nós também não deveríamos estar jantando juntos.

– Eu lembro de quase tudo. – Quando ele diz isso o sorriso é sincero e grande e a sua mão está segurando a minha como se nós fossemos amigos, talvez mais do que isso e eu não me importo. Por um momento eu realmente não me importo.