Hollow Spirit - Tudo termina onde começou escrita por SEPTACORE


Capítulo 11
Iniciação.




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Finalmente chegou a noite da iniciação.

O clima na Universidade de Hollow Spirit era de entusiasmo, excitação e um pouco de nervosismo. Todos os alunos falavam sobre isso desde a tarde desse dia, quando foi avisado para estarem todos às 21 horas em frente à sua respetiva irmandade.

– Alguém me ajuda a terminar esta trança? Meus braços estão doendo! - Queixa-se Triza após a terceira tentativa de entrançar o cabelo.

– Anda cá bobinha. - ri Lyn ao ver Triza atrapalhada. - Minha mãe era cabeleireira, faço-te isso num instante.

– Despachem isso logo, se chegarmos atrasadas logo no dia da iniciação vai ser bonito! - Reclama Sara ironicamente ao ver a hora da iniciação aproximar-se. - Temos 15 minutos!

– Já vai, já vai! “Não fique estressadinha, calma amor não se exponha…” - Canta Lyn para Sara e todas começam a rir.

***

Com o aproximar das 21 horas, já se podia ver a maioria das pessoas junto da sua irmandade. Estas estavam localizadas numa pequena rua, cada uma representada por uma enorme mansão. A primeira tinha um estilo muito clássico e elegante, com paredes em tons de bege, chão de mármore, grandes varandas e pilares muito detalhados. Possuía também um jardim enorme e bem cuidado na parte a frente da casa, e quem espreitasse bem podia ter um vislumbre da piscina e do enorme jardim na parte de trás da casa. Esta mansão pertencia à Irmandade Eruptidus.

Caminhando ao longo da rua podiamos avistar a segunda mansão. Tinha um estilo diferente da primeira pois era muito mais moderna mas igualmente luxuosa e elegante. A mansão era toda em linhas retas, sem os detalhes trabalhosos e pormenorizados que se observava nas varandas e pilares da irmandade Eruptidus, e com formas geométricas complexas que lhe davam um toque de criatividade e contemporaneidade.Era branca no exterior, possuía divisões quase totalmente envidraçadas no lugar das paredes exteriores, tinha um jardim grande e bem cuidado na parte da frente da casa, com canteiros das mais bonitas flores, arbustos baixos e ostentando diversas formas, e tinha também um caminho de acesso à entrada principal feito por grandes pedras lisas e achatadas, colocadas de forma muito precisa. Quem desse a volta à casa encontraria nas suas traseiras uma enorme piscina, uma zona de churrasco, uma zona de lazer com espreguiçadeiras, puffs, cadeeiros de jardim, mesas, etc. Esta mansão tão cheia de vaidade só poderia pertencer aos Vebnus.

A casa seguinte era mais simples que as duas últimas. Com um estilo mais semelhante às mansões que as pessoas estão acostumados a ver, esta possuía as paredes exteriores revestidas de madeira branca (que pelo visto foram pintadas as pressas), várias janelas quebradas ao longo dos diferentes andares, um alpendre na entrada com uma espécie de balanço pendurado em forma de cadeira e uma mesa de madeira do outro lado com alguns bancos. O jardim era simples, mas bonito. Com algumas árvores na parte lateral, a grama suja de tinta, caixas e mais caixas de explosivos e fogos de artifício, uma pequena piscina nas traseiras, com uma grande zona de convívio e outra de churrasco. Esta mansão pertencia a Mercure, que sempre defenderam que não precisavam de ostentar riqueza para se poderem divertir e zuar um pouco.

A última mansão era algo sombria e parecia não querer dar nas vistas junto das outras três. As paredes eram escuras, a maioria das janelas encontrava-se com as cortinas fechadas, tinha pouca iluminação o que lhe dava um ar muito misterioso. Notou-se que em tempos fora uma mansão elegante, mas os alunos desta irmandade não ligavam para a vaidade e com o tempo foram-se descuidando e a mansão perdeu muito da sua beleza. Tinha uma espécie de jardim na parte da frente, com a grama um pouco amarelada e seca pela falta de água, e já quase sem plantas pois a maioria morrera por ninguém cuidar delas. Por muito que tentassem, era quase impossível ver o que teria na parte de trás, pois estava oculta por arbustos muito altos (colocados propositadamente para os metidos não andarem a espreitar). Esta mansão ficava junto ao bosque sombrio do fim da rua e pertencia aos Dazer.

***

Ouvia-se ao longe o relógio da igreja que ficava nas proximidades da Universidade a anunciar às 21 horas e nesse preciso momento as portas de cada uma das irmandades abriram-se. Vários membros da irmandade saíram, colocando-se em frente ao grupo de alunos que lá se encontrava, e de seguida o representante de cada irmandade falou ao futuros membros que ali se encontravam.

***

– Bem vindos à Eruptidus. - Anunciou o representante desta irmandade ao seu grupo. - Peço a todos vocês que formem uma fila e nos sigam até a sala de reuniões. Lá iremos conversar melhor. -

Todos o seguiram até uma sala elegante, com uma mesa muito comprida. Os veteranos sentaram-se à volta da mesa enquanto que os novatos, muito nervosos, se colocavam a um canto todos juntos.

– A Eruptidus há muitos anos que tem um lugar prestigiado junto da Universidade. – Começa a falar um rapaz muito baixo, de óculos quadrados e cabelo ondulado, que deveria ser o representante da irmandade. - Foi graças ao nosso melhor trabalho, aos inúmeros troféus que conseguimos ganhar, aos prêmios internacionais atribuídos por outras Universidades de prestígio, que a Eruptidus conseguiu tudo o que tem hoje. As melhores empresas de investigação científica e tecnológica apostam em nós para desenvolvermos projetos inovadores que façam sucesso no mercado, e em troca é nos dado uma boa quantidade de dinheiro que, como podem ver à vossa volta, permite-nos levar uma boa vida.

– Pena que esse dinheiro todo não dê para ele comprar mais uns centímetros de altura. – Murmura Myh a uma menina com ar asiático que estava ao lado dela e ambas riem baixinho.

– Estivemos a observar o vosso registro passado. – Continua a falar o rapaz. – Todas as vossas notas, todo o vosso percurso escolar, os prêmios que receberam, as competições que participara….

– Com que autorização foram ver? Meu pai vai saber disso… - Interrompe Victor, mas logo fica envergonhado ao ver o olhar dos membros da Erupditus.

– E posso saber quem é você? – Pergunta uma menina loira, com o cabelo apanhado e ar severo.

– Victor Bragança. – Responde ele. – Filho do diretor da Universidade.

– Meu caro Victor, - diz o representante rindo desagradavelmente – seu pai foi o próprio a dar-nos estas informações. O bom de trazer tantos prêmios para a faculdade é que ganhamos um lugar especial junto do diretor. - Victor cora e permanece depois calado até ao fim da iniciação. - Bom, como eu estava a dizer, estivemos a ver as vossas informações (pois só os melhores podem entrar nesta irmandade) e todos vocês possuem capacidades de vir a ter muito sucesso aqui. É claro que vão ter que trabalhar muito e nós iremos estar sempre a observar o que vocês fazem para que não cometam erros idiotas. Por isso informo a todos vocês que foram aceites nesta irmandade desde que se comprometam a cumprir todas as normas e objetivos que esta irmandade exige. - Ouvem-se alguns vivas, murmurinhos de excitação por parte dos novos membros.

– Só para terminar, assinem todos esta folha para selar o compromisso que falamos até agora e finalmente poderão ser considerados uns verdadeiros Erupditus. – Falou a rapariga loira em voz alta e rapidamente se forma uma fila para as pessoas assinarem


***

Na irmandade Vebnus encontrava-se um grupo lá em frente esperando a cerimônia começar. Os novatos tinham de estar todos vestidos da mesma maneira: Os rapazes vestiam todos um smoking preto muito elegante e as meninas tinham todas um vestido branco de estilo grego, que caía até aos pés de um jeito muito suave e estava adornado na zona da cintura com fitas entrançadas e brilhantes, e tinham todas o cabelo entrançado com fitas douradas e algumas flores pequeninas brancas.

– Bem vindos à Vebnus. – Começa a falar uma menina alta, de pele morena e olhos verdes, e um cabelo cacheado até à cintura. – Meu nome é Claire, sou a representante desta irmandade e hoje vou guiar-vos ao longo do vosso ritual. Acendam as vossas velas e depois façam duas filas lado a lado, uma de rapazes e outra de meninas. Depois sigam-me.

Cada novato tinha uma vela na mão, dentro de um copinho de vidro, e por isso acenderam-na nas tochas que estava junto à entrada e foram para o seu lugar na fila. Ao entrarem na casa ficaram espantados. Todas as luzes estavam apagadas e havia velas por toda a parte, ao fundo tocava uma música calminha, daquelas típicas de meditação e os restantes membros da irmandade estavam junto às paredes parcialmente ocultos nas sombras. Quando todos os novatos estavam dentro da sala, eles formaram uma roda, colocaram as suas velas no centro e deram as mãos. Enquanto isso os veteranos tinham-se aproximado e formaram também uma roda à volta dos novatos, enquanto cantavam uma música numa língua estranha.

– O que eles estão a dizer? – Pergunta Lyn sem entender o que se estava passando.

– Não sei, deve ser linguagem grega ou algo assim. – Responde Sara. – Creio que deva ser para tornar o ritual de iniciação mais emocionante.

– Para mim é macumba. – Diz baixinho uma menina de cabelos castanhos compridos e olhos castanho escuro. Sara e Lyn riem. – Oi, meu nome é Julia.

– Eu sou a Sara, mas pode me chamar de Sarinha. Esta aqui é a Linna.

– Não me chame de Linna, sua batata. – Reclama Lyn. – Pode me chamar de Lyn, Julia.

Logo toda a gente fez silêncio e prestaram atenção em Claire que vinha com um cesto na mão com uns objetos cintilantes que começou a distribuir pelos novatos.

– Um espelho? Para que eu quero isto. – Diz um menino de pele morena e óculos, com o tipo de penteado de quem esteve uma hora a arrumar o seu cabelo.

– Já vão ver. – Responde Claire. – Segurem os espelhos à vossa frente de forma a verem o vosso reflexo. – E todos os novatos colocaram o espelho à sua frente. – Agora repitam comigo:

– De todas as criaturas no mundo não há nenhuma como eu, sou um ser único, só existirei uma vez em toda a eternidade.

– “De todas as criaturas no mundo não há nenhuma como eu, sou um ser único, só existirei uma vez em toda a eternidade.” – Repetem os novatos.

– Sou um bem precioso, sou um diamante raro e belo da natureza. E tal dádiva deve ser preservada com cuidado.

– “Sou um bem precioso, sou um diamante raro e belo da natureza. E tal dádiva deve ser preservada com cuidado.”– Repetem os novatos.

– Prometo cuidar de mim, amar-me acima de todos os outros, esforçar-me todos os dias para cuidar da minha aparência e do que me rodeia e tornar o mundo em que vivemos num lugar belo e agradável.

– “Prometo cuidar de mim, amar-me acima de todos os outros, esforçar-me todos os dias para cuidar da minha aparência e do que me rodeia e tornar o mundo em que vivemos num lugar belo e agradável.”– Repetem os novatos.

– Prometo também respeitar os seus membros e participar sempre arduamente nos eventos que a irmandade organiza. E por fim prometo honrar a Irmandade Vebnus que me vai acolher, orgulhar todos os dias o seu bom nome e os seus antepassados.

– “Prometo também respeitar os seus membros e participar sempre arduamente nos eventos que a irmandade organiza. E por fim prometo honrar a Irmandade Vebnus que me vai acolher, orgulhar todos os dias o seu bom nome e os seus antepassados.” – Repetem os novatos por fim.

– Sejam então todos bem vindos à Vebnus, novos membros. – Diz Claire sorrindo e de imediato as luzes acendem-se, a música muda para música bem animada de festa e todos começam a falar excitados com o fim da iniciação, alguns abraçam-se outros choram de emoção e de repente os veteranos puxam os novatos para o meio da sala e todo mundo começa a dançar.

***

Em frente à Irmandade Mercure estava um grupo de pessoas bem-dispostas, conversando, fazendo piadinhas e rindo uns dos outros. Quando um membro da irmandade veio chamar os novatos, estes dirigiram-se para as traseiras da mansão e lá encontravam-se o resto dos membros da irmandade já preparados para a cerimônia de iniciação.

– Oi capivaras. – Falou num tom de voz brincalhão um rapaz alto, de cabelo liso cor de mel. – Eu sou o representante desta irmandade e chamo-me Raul. Aqui só queremos pessoal descontraído, que saiba levar a bem as brincadeiras, que tenha bom humor e disposição e que saiba zuar e ser zuado. Se vocês forem uns chatos certinhos que não sabe brincar, aproveitem e vão já embora, porque não estarão aqui a fazer nada. – Como ninguém se mexeu o rapaz continuou o seu discurso:

– Na vossa iniciação vamos fazer umas brincadeirinhas com vocês, quem aguentar até ao fim é automaticamente reconhecido como membro da irmandade, quem não aguentar é excluído, entendido?

– Tá certo irmão, manda vir. – Diz um moço de pele morena, cabelo curto e óculos de sol. Seu nome era Rick.

– Cara, porque você tá de óculos de sol à noite? – Pergunta Americo.

– Porque sua beleza ofusca-me os olhos. – Diz Rick e todos riem.

– Vamos começar pessoinhas! – Diz Raul animado e os veteranos começam as suas zueiras. Uns pintavam a cara dos novatos, outros vestiam os meninos com roupa de mulher, depois começaram a lançar balões de água, farinha e ovos em tudo o que se mexesse.

– Repolho, se você subir naquela mesa e dançar o arrocha, eu juro que corro à volta do jardim só de cueca. – Diz Americo a um menino que conhecera à pouco.

– Tudo bem então. – Diz Repolho rindo e sobe para cima da mesa enquanto Americo tira os calções e começa a correr à volta do jardim que nem louco.
No fim da cerimônia estavam todos demasiado divertidos, tinham rido muito e tinham aguentado até ao fim o que significava que todos os novatos eram agora membros da Mercure. Raul começa a falar:

– Fico muito feliz por todos saberem levar uma boa brincadeira de forma descontraída, com certeza vamo-nos divertir muito no futuro. Bem vindos a Mercure.

***

Em frente à mansão Dazer estavam os novatos e os veteranos. Os novatos tinham sido vendados e estavam a ser conduzidos pelos veteranos até uma grande sala na cave da mansão. A sala era enorme, mais para um labirinto e quando todos os alunos adentraram o labirinto as luzes se apagaram. – Apesar de que já estava tudo escuro diante as vendas – Os alunos encaminhavam-se, mas eram surpreendidos por vozes, ou até mesmo por pessoas os agarrando.

– Deixa eu rasgar você. – Uma voz fina ecoou.

– Tenta a sorte. – Uma garota gritou. Seu nome era Ingrid. Alguns que diziam ser Dazers gritavam a cada assustada, mas logo ao fim da iniciação, três deles foram expulsos da irmandade.

– Muito bom, vejo que vocês realmente aguentam a pressão e resistem aos medos – diz a líder da Dazer. – Mas isso foi só uma brincadeirinha. Se quiserem ficar aqui, terão que fazer mais do que isso. Terão que fazer o que querem sem medo das consequências. Terão que desafiar uns aos outros, ou melhor, desafiar a si mesmo. - Ela faz uma pausa, olhando com malícia para os calouros. – Aviso que será bastante comum que vocês quebrem coisas, por querer ou não, então esse ano faremos uma coisa divertida. Sigam-me para o segundo andar.

O silêncio toma conta do ambiente, e todos se olham aterrorizados. Todos a seguem para o segundo andar, através de uma escada enferrujada na parede. Se aquilo ali quebrar, muitos se machucam, mas eles parecer não se importar.

– Alguém gostaria de sair antes de começar? – Pergunta ela, ao chegar no segundo andar, mas ninguém se manifesta. – Ótimo, podem começar a quebrar esses objetos.

Os calouros olham ao seu redor, e veem vasos, pastas com folhas, almofadas, quadros e muitos outros objetos comuns. Não demorou muito para começarem a quebrar, chutar e jogar as coisas pela janela.

Felipe, Ingrid e Ana botavam fogo em tudo – literalmente. Eles incendiavam os cadernos e arremessavam pela janela. Augusto, Andre e Dani zoavam os quadros com canetinhas. Barbara, Letícia, Jay e mais alguns jogavam vôlei com as almofadas, que logo abriram e formaram chuva de pena.
Todos destruíram até que não sobrou mais nada, e logo começaram a se destruir, mas não por muito tempo, pois a líder voltou, estampando um sorriso irônico no rosto.

– Gostaram da experiência? – pergunta ela.

– Sim – todos respondem.

– Ótimo. Agora precisam saber de um pequeno detalhe – ela faz uma pausa e se segura para não rir – todos os objetos que vocês acabaram de quebrar eram do diretor e dos professores.
Dava pra ver o pavor tomando conta da sala, e a maioria se sentia arrependida – mas outros, não.

– Esses objetos foram roubados ano passado, e já que não tinha mais espaço pra eles, tive a ideia de fazer essa brincadeira – diz a líder. - Quem não gostou e se sentiu arrependido, que saia e nunca mais volte.

A metade sai, e no final, sobra cerca de uns 20 alunos.

– E pros que estão saindo – ela recomeça, gritando – se abrirem a boca, sofrerão bullying até terminarem a faculdade.

Sejam bem vindos a... – As luzes se apagaram. – Dazer.


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