She Wolf escrita por Angelic Power


Capítulo 3
Alfa, Norte


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, obaaa. Demorou, mas chegou. Os comentários foras DIVOS!!! Muitíssimo obrigada, gente. Espero que gostem...



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O luar sobre nossas cabeças estava mais belo do que nunca. As milhares estrelas brilhavam sobre o manto negro da noite. Não seria como na última vez, eu não estava fugindo, não precisava temer nada.
A floresta estava coberta por neve. O morro abaixo de nós nos dava uma visão de longo alcance sobre os campos que nos cercavam. Tudo parecia ter sido planejado para proteção.
–Lana? -Chamou Sebastian, aparecendo ao meu lado. Encarei-o com dúvidas- Vem comigo!
Acompanhei-o até três garotos que conversavam freneticamente. Eles riam alto e soltavam piadas uns dos outros. Quando nos aproximamos o bastante, os três sorriram para nós.
–Bem, quero que conheça meus líderes de equipe. Nicholas, Julian e Shannon. Pessoal, essa é a...
–Lana! -Disseram os três ao mesmo tempo.
–Cara, você ficou falando dela o dia todo! -Disse Nicholas, rindo- Cuidado, Lana, ele morde!
–Nic! -Reclamou ele- Quieto ou lhe enfio uma adaga de ferro quente- Ameaçou, mas não falava sério. Exibia um sorriso em seu rosto.
Os dois começaram a lutar um com o outro, como irmãos faziam, ou como cães faziam. Não estavam sendo hostis, só brincavam, eram mesmo uma família.
–E ai, Lana, o que está achando daqui? -Perguntou Julian me abraçando de um lado e Shannon do outro.
–É bem diferente de tudo que já vi, vocês são idiotas, brutos e incontroláveis! -Declarei com um sorriso, mas logo percebi meu erro ao encará-los -Oh, Deus, não digo como algo ofensivo, juro. É incrível como são unidos, o modo em que se protegem. Ah, acho que passei a ideia errada...
–Relaxe. -Disse Shannon, rindo com Julian- Somos mesmo assim, e bem, você é uma de nós agora, então prepare-se para ser idiota, bruta e incontrolável!
–Qual é, já estão assustando a garota? -Brincou, Nic, se aproximando.
Sebastian vinha à seu lado. Ele respirava rapidamente, devido a sua "briga" com Nic. E naquele momento, ele estava lindo. Eu via a adrenalina pulsante em seus olhos, em tudo nele. Até em sua postura era visível uma posição de batalha. Era claro ver que ele sempre se preparava pra luta.
–Vamos conhecer o resto do pessoal. -Anunciou ele puxando-me pela mão. Havia sido um ato espontâneo, pois nem ele notara que o tinha feito, não pude deixar de sorrir.
Um pouco abaixo, estavam algumas pessoas, ok, muitas. Todos conversavam e alguns repousavam na neve. Sebastian disse algo sobre eles serem cinquenta e oito, sem contar com os que ficaram.
–Lana, esse é o Thomas, meu braço direito aqui. Tom, cuide dela, volto já. -Avisou ele.
–Sei me defender! -Reclamei enquanto ele ia para longe.
–E eu sei bem que você sabe! -Disse rindo.
Me virei para Thomas, era um garoto alto e com traços fortes. Tinha músculos grandes e daria uma aparência medonha se não fosse por sua expressão serena e sorridente. Ergui minha mão em sua direção.
–Prazer. -Disse eu- Acho que me lembro de você... falava com Sebastian quando acordei.
–Ah sim, ele queria jogá-la aos cães! -Caçoou ele, me cumprimentando de volta- Bem, pra falar a verdade ele já o fez.
Rimos e conversamos por mais um tempo, mas minha cabeça sempre voltava na mesma pergunta.
–Tom... por que saem pela floresta? -Perguntei.
–Na maior parte das vezes fazemos vigílias, rondas... para garantir a segurança, mas as coisas estão meio complicadas e começamos a caçar... -Disse meio inseguro.
–E o que caçam?
–Humanos...
–O que? Mas...?
–Tom, será que eu posso? -Perguntou a voz de Sebastian se aproximando.
–Ah, claro, nos falamos depois, Lana.
O vento soprava forte. Senti um calafrio percorrer meu corpo. Encarei Sebastian com uma dúvida perturbadora. Ele parecia tão seguro, de si, de tudo, até de mim. Confiava em nós.
–Antes que diga algo, saiba que não saímos matando igual loucos sanguinários. Existem humanos que vem aqui para nos caçar, nos matar, Lana. Isso nunca foi frequente, mas agora estão conseguindo armas e prata em todo canto, acham que podem vir aqui e acabar conosco. Você deve entender que faço isso para proteger minha família e...
–Eu entendo, faço parte disso, não tenho medo de enfrentar humanos com prata.
Ele me olhou, pouco confuso, pouco admirado e, como sempre, cauteloso. Ele sempre parecia deixar algo de lado. Queria saber o que era. Talvez se eu perguntasse...
Mas não houve tempo, ele havia se virado para a multidão e os encarava severamente. As conversas e risos logo se dissiparam e todos prestavam atenção nele. Foi ali que vi o quão errada estava, ele era um líder. Isso era claro. Todos o respeitavam e confiavam nele.
–Atenção! Hoje iremos fazer a mesma rotina, cada equipe para um ponto. Não deixem que se aproximem, e se o fizerem... já sabem o que fazer. -Ele dizia em um tom normal, mas soava firme e autoritário.
–Sim senhor! -Responderam todos.
–Equipe Delta, Sul! -Berrou ele.
Vi Shannon correr com alguns deles para as montanhas. Alguns já haviam se transformado em lobos.
–Equipe Gama, Leste!
Nic se juntou à seus companheiros e tomaram sua direção até o rio bem abaixo de nós.
–Equipe Beta, Oeste!
E Julian seguiu para o amontoado de árvores perto da caverna onde ficávamos. Só haviam sobrado cinco, Sebastian e eu.
Esperava pelo último comando. Eu queria correr, sentir a adrenalina outra vez, mas ao invés de dar o aviso, Sebastian se virou para mim e sussurrou em meu ouvido.
–Acha mesmo que ganhará a aposta?
–Se sabe que já venceu por que insiste com isso? -Retruquei rindo.
–Quer fazer o último anuncio?
Assenti freneticamente e gritei.
–Equipe Alfa, Norte!
Todos se dirigiram morro abaixo. Me concentrei no que iria fazer. Senti minhas pernas encolherem e o chão estar bem perto. Meus sentidos se apuraram rapidamente, podia sentir mais agora. Me juntei à eles e corri. A adrenalina percorria meu corpo.
Passamos por várias árvores e alguns rios, eu me sentia melhor que nunca. Sentia uma calma que só isso me proporcionava, queria poder nunca parar.
–Ouviu isso? -Perguntou uma voz.
Parei instantaneamente e me escondi nas sombras de algumas árvores. Procurei por alguém do grupo, mas só vi duas silhuetas se aproximando. Humanos. Prata. Droga!
–Esta com medo, Derek? -Perguntou o outro, rindo alto.
–Não, idiota, só estou tomando cuidado, aquelas bestas podem estar por aqui. -Disse irritado. Ele estava com medo.
Senti algo ao meu lado. Era um lobo, o lobo negro que eu havia visto, ele inclinou a cabeça para baixo, como uma saudação. Sebastian.
–Vai participar da execução de amanhã?
–Ora, claro, jamais perderia uma bruxa na fogueira! -Afirmou Derek.
Bruxos, monstros, bestas, demônios... era assim que nos chamavam, mas não éramos nada disso, só precisávamos de paz. Algumas vezes no mês, um prisioneiro acusado de bruxaria era levado para a fogueira.
–A velha bem que mereceu! Se debateu e gritou feito louca, merece a morte! -Falou rindo.
–E a neta? A acharam? Alguns suspeitam que fugiu...
–Deve ter morrido no incêndio, ou morrerá na floresta, quem liga?
Velha. Incêndio. Neta desaparecida... Vovó, tinha de ser ela! Ela não se entregaria facilmente. Fui tomada por uma onda de esperança e raiva. Eles não podiam falar assim dela.
Um deles atirou para cima e gritou. Os dois riam e caçoavam e nós. Minha raiva aumentava cada vez mais, algo tinha de ser feito. Sebastian cutucou meu rosto e apontou a cabeça na direção deles. Não tinha certeza sobre o que ele queria dizer, mas não perdi tempo. Pulei na direção dos dois e mostrei os dentes.
Ao me verem, arregalaram os olhos e deram passos para trás.
–Besta, maldita! -Berrou um e veio em minha direção com uma adaga em mãos. Desviei sem dificuldade e mordi sua perna. Ele urrou de dor e caiu, ferido. O outro apontava sua arma para mim, mas já havia sido treinada para isso. Corri em sua direção o mais rápido possível e pulei em seu peito.
–Você não irá ganhar, besta, todos serão queimados, como aquela velha imunda que...
Ele não terminou a frase. Finquei minhas garras em seu pescoço e ele sangrou até morrer. Senti meus olhos arderem, minha avó seria morta. Eu precisava fazer algo.
Cai contra a neve e deixei a respiração fluir. Meu corpo voltou ao estado natural, meus olhos pesavam, carregando as imagens de que eu matara alguém. E o faria de novo se precisasse.
–Acho que já caçamos muito por hoje -Disse Sebastian, me ajudando a levantar.
–Preciso salvá-la... -Sussurrei.
–Nós iremos. -Afirmou, me levando de volta pela neve.


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