Aprisionada escrita por Arabella Turner


Capítulo 1
O Magnifico




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/485045/chapter/1

Os saltos altos faziam pequenos buracos na neve enquanto a bela mulher passava por entre os túmulos do cemitério de Londres. O som dos sinos da pequena igreja anunciavam nove horas da noite e podia se ouvir o falatório das pessoas que saíam do culto que comemorava a véspera de Natal.

Era uma noite fria e todos estavam em suas casas, sentados à beira da lareira, com grandes canecas de chocolate quente ou sentados a mesa, esperando para se servirem da grande ceia e aproveitar a grande festa em família. A bela mulher mesmo tinha uma família que a esperava. Bem, era nisso que ela queria acreditar. Sua família agora eram amigos desolados. Porque ela não tinha mais família. Seus pais haviam morrido há alguns anos e seus irmãos a deixaram para sempre também.

Ela parou na frente de cinco túmulos. Os dos pais eram os mais recentes, com mármore branco e letras prateadas. Na frente dos dois túmulos, três túmulos pretos se erguiam com as palavras douradas. E em todos eles podia se ver uma semelhança: o nome Pevensie.

Susana era o nome da bela mulher. Ela vestia um longo casaco branco de pele sobre seu vestido preto de festa. Seus olhos azuis como o oceano eram destacados com sua maquiagem forte e seus lábios pintados com vermelho sangue. Seus cabelos negros e cacheados estavam presos em um coque. Susana Pevensie era considerada uma das mulheres mais bonitas de Londres ou se ouso dizer, da Inglaterra. Era cortejada por todos os homens, de todas as classes, mas Susana não havia casado com nenhum deles.

Uma vez estivera noiva de um soldado. Bernard era seu nome. Ele era um homem muito respeitado em toda a Inglaterra e também muito bonito. As mulheres sentiam inveja de Susana e certa vez em uma festa, uma mulher cochichou em seu ouvido: “Bonito, não? Aposto que você não tenha visto nada mais belo que ele! Nada, nenhuma pessoa ou lugar se compara a beleza deste homem”. Depois de uma semana, Susana terminou o noivado.

Ela tirou suas luvas de couro pretas e tocou na pedra fria de mármore. Na pedra, podia-se ler com a pobre luz que iluminava o cemitério:

Pedro Pevensie

1927-1949

O Magnifico

Ainda com as mãos sobre a mármore fria, que congelava seus dedos, ela conseguia se lembrar de seu irmão mais velho. Pedro era um garoto robusto com cabelos loiros e olhos azuis como o céu. Pedro havia se tornado um homem formidável, elegante e com grande carisma. Todos os olhavam como um jovem que se tornaria um grande líder e de respeito. Mas por toda essa faixada, Susana sabia que Pedro era o protetor da família.

–-----------------------------------------------------------------------------------

A noite já havia chegado ao consulado britânico da cidade de New York e a festa havia sido levada para dentro do grande salão, onde tocava música ao vivo enquanto vários casais dançavam alegremente na pista de dança, algumas senhoras sentavam nos cantos e conversavam entre si e os homens fumavam seus cigarros e cachimbos enquanto riam abertamente com piadas sobre política que apenas eles entendiam.

Susana estava usando um vestido azul florido. Havia deixado seus cabelos encaracolados caírem sobre suas costas. No mesmo instante que Susana passou pela grande porta do salão, foi abordada por duas garotas que se penduraram cada uma em um braço e a arrastaram onde um grupo de jovens conversava ao canto.

Eles estavam rindo e brincando, mas quando Susana chegou, um silêncio foi tomado por todos e os garotos não sabiam como fechar suas bocas. Ela é linda! Pensavam todos e Susana, sabendo que essa hesitação era por causa de sua beleza, não dispensou de sorrir mais ainda para eles.

Eles riam e conversavam sobre assuntos que Susana não se interessava “Quanta besteira” pensava ela enquanto machucava suas bochechas para continuar sorrindo “Eles se esqueceram do cérebro quando cresceram? É isso o que ensinam na escola deles?”.

The Blondie Sailor de The Andrew Sisters começou a tocar e os pensamentos de Susana foram interrompidos. De repente, ela se viu cercada por jovens pedindo ao mesmo tempo para que ela dançasse com eles. Susana estava sendo sufocada e não sabia o que fazer, até que alguém falou por cima de todos.

– Susana, aceita dançar comigo? – Susana se virou e deparou-se com seu irmão Pedro. Ele era um pouco mais alto que ela, mas estava parado de um jeito que parecia ser mais alto ainda. Ele a olhava com superioridade e bondade ao mesmo tempo em que brotava seu meio sorriso. Ele parecia ser da realeza, um príncipe. Não. Um nobre rei...

Susana aceitou a mão do seu irmão de má vontade. Entre os jovens que pediam sua mão, havia o soldado Bernard que ela havia se interessado desde a primeira vez em que ela o viu. Mas sabia que se não aceitasse a mão de Pedro... Bem, ela teria que aceitar.

– Nosso pai não está aprovando suas companhias de ultimamente – Pedro falou ao se encaminharem para o meio da pista de dança – E muito menos eu.

– Ora Pedro! – Susana bufou – Você e o papai estão pegando no meu pé desde quando chegamos nos Estados Unidos. Deixem-me em paz. Eu sei me cuidar!

Um sorriso travesso passou pelo rosto rígido de Pedro.

– Me perdoe. Havia me esquecido de que estou falando com uma Rainha.

Quase que involuntariamente – mas com muita força –, Susana beliscou o braço de Pedro.

– Ei! – Pedro exclamou em protesto, mas vendo que Susana o fuzilava com olhos de predador, ele achou melhor ficar quieto.

– Não me chame assim – falou entre dentes – Não somos mais crianças!

– Su, eu não queria...

– Aslam deixou bem claro que não voltaremos mais porque estamos muito grandes. Ou seja, não sou rainha de lugar algum e muito menos uma criança. Está na hora de agirmos como adultos.

Antes que Pedro pudesse falar algo, Susana se afastou. Pedro a seguiu com o olhar e o coração no estômago enquanto pedia silenciosamente para que Aslam não deixasse que a chama de Nárnia se apagasse por completo do coração de Susana que se tornava frio a cada dia que se passava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aprisionada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.