A Bela e a Fera - Drastoria escrita por Anne Almeida, Ana Farias


Capítulo 5
Capitulo Cinco




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Quando deixaram o saibro da entrada, Astoria seguiu Draco silenciosamente para o interior da casa, por mais que tentasse evitar, era impossível resistir ao desejo de observar com atenção cada detalhe daquele lugar. O hall de entrada era enorme, mesmo para o padrão dos Greengrass, a iluminação era parca, oferecida por janelas semi-cobertas por pesadas cortinas verde escuro e um tapete negro que cobria todo o piso.

Se fosse lançado ali um olhar rápido, seria fácil crer que nada mudara no lugar após a Grande Guerra Bruxa, mas pequenas marcas de uma tonalidade diferente nas paredes, pelas quais passavam, revelavam que objetos haviam sido removidos, formas quadradas, retangulares e ovais, deixando antever que eram quadros ou objetos próximos a isso. Astoria não conseguiu imaginar um motivo para aquilo.

Depois de tirar os olhos de cada parede, do piso e do teto, percebeu que Draco havia parado um pouco mais a frente e a observava. Ele não disse nada quando abriu a porta à frente da qual estava e permitiu que ela entrasse, mas ela pode ver em seus olhos que lhe desagradava o fato de ela fitar tudo com tanto interesse.

Astoria se viu em uma grande sala, moveis de madeira adornavam o ambiente também semiescuro. Em cima dos aparadores haviam alguns objetos que ela sabia valer muitos galeões, ali também era perceptível o vão deixado pelo que fora removido.

A enorme mesa ao centro era grande o bastante para ser ocupada por doze pessoas confortavelmente. Na parede oposta a entrada, uma antiga lareira a lenha era encimada por um espelho dourado.

Bonito, pensou ela, mas nada acolhedor.

Draco continuou andando, se dirigindo a uma porta quase oculta a direita. Abriu-a e entrou sem se incomodar em espera-la, como fizera anteriormente. Ela ficou parada. Não sabia o que a atitude dele significava. Deveria segui-lo ou a falta de convite indicava que aquele era um ambiente ao qual ela não tinha permissão de entrar?

Ficou alguns instantes naquele impasse antes de finalmente ceder a curiosidade e segui-lo. A porta levava a um escritório, o primeiro ambiente que via naquela casa que, apesar de combinar com o resto, parecia ter um intuito diferente da ostentação. Os moveis com várias gavetas, as prateleiras com diversos volumes e, as penas, tinteiro e papel sobre a mesa diziam que ali o que reinava era a praticidade.

Aquele era o local onde os Malfoy realizavam seus negócios. Onde Draco substituíra o pai após sua prisão e onde naquele momento a ignorava em prol dos documentos que examinava. Sem saber o que fazer, ela apenas permaneceu ali, de pé, o observando. Minutos se passaram antes que ela se cansasse daquela observação.

Através de passos curtos e suaves se aproximou de uma poltrona a um canto e sentou-se. Draco continuou a ignora-la, o que não era exatamente bom, mas também não era o pior que ele poderia fazer. Porém, depois de quase meia hora, ela já estava irrequieta.

Já havia lido o título dos livros que haviam ali através de suas lombadas, descobrindo que se tratavam todos sobre comercio e economia, havia também alguns atlas geográficos, apenas obras de cunho tão prático quanto a sala.

Também já havia contado a quantidade de vidros da janela, cinco vezes e admirado o modo firme e compenetrado com o qual Draco umedecia a pena no tinteiro e escrevia em pequenos pedaços de pergaminho. E durante todo aquele tempo, ele não lhe lançara o olhar uma vez sequer.

Não que ela fosse particularmente agitada, mas se sentia presa a cadeira e isso a fazia desejar, cada minuto mais, que pudesse fazer algo. Foi num ímpeto deste sentimento que se pegou dirigindo a palavra a ele.

– Engraçado – disse sorrindo levemente de forma que Draco só poderia classificar como inocente.

Ele não lhe olhou, mas parou a pena sobre o pergaminho, cessando de escrever por um instante, e questionou de modo rude.

– Posso saber o que considera tão engraçado, senhorita Greengrass?

Astoria, que já havia superado o ímpeto inicial, demorou um pouco para responder.

– Sempre supus que a casa dos Malfoy borbulhasse com a presença de homens de negócios. Digo, até onde sei, sua família é envolvida em quase todos os meios de obtenção de renda, mas não vi nenhum negociante sequer ontem ou hoje.

Draco fechou a cara e ela percebeu que havia tocado em um assunto indevido. Já esperava por uma resposta dura ou ainda por ser ignorada, mas Draco a surpreendeu ao olha-la, respondendo com ironia.

– Aqueles que negociavam com meu pai não desejam mais entrar nesta casa, preferem agora resolver tudo através de cartas – e apontou para os pergaminhos que redigira – Assim fica mais fácil ignorar que precisam de mim para se manter ativos.

Ele ainda a fitou alguns segundos, mas percebendo que ela não tinha nada a dizer voltou as mesmas funções que desenvolvia antes de ser interrompido e aquela foi a primeira vez que Astoria se pegou pensando em como devia ser viver de tal modo.


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