- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Oii, que saudadeeeee de vocês!
Bom, capítulo mega grande por que vocês são demais e me esperaram demais também rs
Só pra avisar, ainda estou sem computador mas consegui um emprestado (ÊÊÊÊ) mas por causa disso, será (por enquanto) um capítulo por semana, talvez dois, mas prometo sempre fazer grande assim... Obrigada por entenderem (ou não rs) ... Espero que gostem....



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Eu acordo com o balanço na cama que já virou rotina, logo as mãos estão no meu rosto e posso sentir sua respiração próxima demais de mim.
– Papai! Acorda - sua voz é suave mas não esconde a ansiedade que está, eu mantenho os olhos fechados e tento não sorrir - Papai... - ela pede novamente e dessa vez sacode meu rosto mais impaciente - Mãe, papai não quer acordar - ela grita e eu tenho que me controlar pra não rir.
– Pérola ele já está acordado! - ouço Katniss responder e mesmo sem vê-la sei que está sorrindo.
– Não tá não, olha - ela fala e sacode meu rosto dessa vez eu sorrio e ela pula na cama - Ele tá sim! Você me enganou - ela fala e eu abro os olhos, ela está com o rosto próximo demais do meu com uma expressão curiosa, apenas em olhar pra ela já faz todo meu dia valer a pena, foi e continua sendo assim durante esses três anos que já a temos e as vezes parece não ter existido uma vida sem ela e eu agradeço todos os dias por tê-la, então ela fica em pé na cama coloca as mãos na cintura e me olha meio curiosa, seu vestido rosa de boneca que ela não tira a dois dias por que simplesmente não quer outra roupa, os olhos cinzas brilhantes que me encaram com uma certa curiosidade, os cabelos loiros levemente ondulados que já estão um pouco acima do ombro, e os pés batendo assim como Katniss faz.
– Você tava me enganando - ela conclui sem parar de me olhar, então eu a puxo para os meus braços e a envolvo em um abraço apertado, beijando sua bochecha de forma exagerada e ela gargalha embora tente se desviar.
– Bom dia... - eu falo e a beijo de novo, ela ri e vira o rosto pra me olhar melhor.
– Eu quero ir trabalhar - ela fala animada, eu rio, por que agora ela simplesmente acredita que trabalha na padaria.
– Mas você ainda é o meu bebê - eu falo e a abraço mais e ela ri.
– Faz pão de queijo? - ela pede com os olhos brilhando assim como os da Katniss.
– Quantos? Um? Dois? - eu pergunto fazendo o sinal com os dedos e ela nega rapidamente.
– Mil! - ela grita animada.
– Mil? - eu finjo espanto e ela confirma - Mil é muito! - eu falo e ela faz uma cara de decepção.
– Mas é pra mamae também - ela fala como se isso fosse um forte motivo, eu solto uma risada já que elas duas gostam tanto de pão de queijo que talvez mil não seja tanto assim.
– Pérola... - a voz de Katniss gritando nos alerta, ela arregala os olhos e nós ficamos encarando um ao outro - Pérola, vem aqui agora! - a voz não parece muito satisfeita e ela se aperta ainda mais em mim como se estivesse se escondendo, e eu a cubro com o lençol deixando ela rindo, mas Katniss entra no quarto - Peeta, descobre ela agora - ela fala e está séria então eu puxo o lençol e a revelo, ela está enrolada, com as pernas dobradas e o queixo encostado nos joelhos mas ela levanta levemente a cabeça p olhar pra Katniss, que coloca as mãos na cintura assim como ela fez comigo - O que eu falei sobre pintar as paredes? - ela pergunta e Pérola me olha - Eu estou perguntando pra você e não pro seu pai! - ela fala e Pérola apenas a encara em silêncio - O que eu falei sobre pintar as paredes? - ela repete olhando pra Pérola.
– Não pode! - ela fala baixo e com o dedo na boca.
– E por que ela está pintada? - ela pergunta e ela dá de ombros.
– O papai pintou minha parede - ela fala como se isso fosse óbvio e eu não resisto e sorrio apertando ela nos meus braços.
– Acho que é um dom! - eu falo brincando e sorrindo enquanto olho pra Katniss, ela me repreende com o olhar.
– Eu não estou brincando! - ela avisa séria e eu olho pra Pérola que também me olha já sabendo que nós dois estamos encrencados - Da próxima vez que ela quiser pintar você esteja por perto, eu não quero mais nenhum risco naquela parede! - ela fala olhando pra nós dois.
– Era uma árvore pra você mamãe - ela fala com uma voz melosa e por um segundo Katniss parece mexida e quase sorri mas desiste a tempo.
– Não faz essa cara - ela fala mas a sombra do sorriso reaparece - Ela é mais parecida com você do que eu pensei - ela fala pra mim mas parece orgulhosa disso e não irritada - Ah, você tá de castigo! Você não vai brincar com Ian e a Hazel - ela avisa e Pérola arregala os olhos e então me olha com cara de choro, eu sinto meu coração apertar mas Katniss já havia falado com ela outras vezes e eu não posso tirar o que ela disse até por que vai sobrar pra mim já que eu dei os lápis e tinta.
– Me desculpa mamãe! - ela pede com a voz chorosa e lágrimas já escorrendo, Katniss se aproxima e a olha com atenção.
– Por que você fez isso? - ela pergunta e Pérola chora.
– Desculpa mamãe - ela pede em meio a lágrimas e eu me sento na cama e a pego no colo.
– Não precisa chorar - eu falo passando a mão no cabelo dela.
– Mas a mamãe tá com raiva - ela conclui entre soluços.
– Eu não estou com raiva Pérola mas você tem que entender que é errado! Quantas vezes eu já falei com você? - ela faz a pergunta mas não esperava uma resposta.
– Mil? - Pérola pergunta ainda com lágrimas de um jeito tao inocente que não consigo segurar minha risada e mesmo que me reprove Katniss também sorriu.
– E você ainda não aprendeu? - ela pergunta se forçando a manter a seriedade.
– Desculpa mamãe! - ela pede de novo e dessa vez se levanta, ficando em pé na cama e parada na frente da Katniss.
– Mas essa é a última vez que eu falo com você - ela avisa apontando o dedo pra ela ainda séria mas quando Pérola se joga pro seu colo ela aceita com um sorriso, Pérola beija a bochecha dela.
– Posso brincar? - ela pergunta meio esperançosa.
– Mas você não ia trabalhar com o papai? - eu pergunto me levantando e parando ao lado delas.
– Vou! - ela fala animada e se joga pra mim - Mas depois eu posso brincar? - ela pergunta preocupada olhando pra Katniss.
– Se você tomar banho e trocar esse vestido - Katniss fala e ela agarra a mão no vestido.
– Mas é de princesa - ela fala como se isso fosse sagrado, nós rimos e ela agarra ainda mais o vestido.
– Mas você já é uma princesa, não precisa de vestido! - eu garanto e ela me olha meio desconfiada - Você é a princesa Pérola! A mais linda e elegante de todas as princesas do mundo - eu falo exagerando na minha expressão e ela sorri satisfeita.
– Tá! - ela fala convencida e levanta os braços pra Katniss tirar o vestido.
– Parabéns - Katniss fala ironicamente enquanto me olha e tira o vestido dela, quando ela termina eu me aproximo e mesmo com Pérola no meu colo eu beijo seus lábios, Pérola ri como ela sempre faz quando eu beijo a Katniss.
– Pérola! Hora de acordar - a voz alta vinda lá debaixo faz Pérola quase pular do meu colo pro chão, ela reconhece tão rápido quanto o som das palavras sendo pronunciada.
– Vovô! - ela corresponde animada e sai do quarto só de calcinha e meia, nós vamos atrás mas como já a ensinamos ela para a alguns passos de distância da escada esperando por alguém para acompanhá-la, Haymitch já está subindo os degraus e logo a alcança e ela pula nos braços dele.
– O que houve com o vestido de princesa? - ele pergunta e Katniss o recrimina com o olhar.
– Eu já sou uma princesa - ela fala convencida disso, ele ri e beija a bochecha dela.
– Claro que é! A mais linda do mundo - ele confirma e ela parece orgulhosa disso.
– E que precisa de um banho agora! - Katniss avisa e os dois fazem uma careta.
– Mas os "nansos"? - ela fala olhando pra Katniss, mesmo agora falando muito mais do que antes, ela continua chamando os Gansos de Nansos - O vovô vai me levar nos nansos - ela fala envolvendo o braço no pescoço do Haymitch e ele nos olha meio vitorioso por que Pérola continua tão apegada a ele quanto antes ou talvez mais já que basta ele aparecer e ela esquece todo resto.
– Vocês tem quinze minutos - Katniss fala depois de Pérola fazer charme, eles comemoram, e Katniss entra no quarto dela mas então Pérola para de comemorar.
– Mas eu quero trabalhar - ela fala me olhando.
– Mas você vai trabalhar! Vai dar comida pros "nansos" - Haymitch fala fazendo cocegas na barriga dela.
– Não, com o papai! - ela corrige enquanto tenta afastar a mão dele e ele para.
– Depois eu te levo lá, combinado? - ele pergunta e ela olha pra mim antes de responder, eu sorrio e então ela volta a comemorar.
Katniss volta com uma camiseta dela e coloca nela sem nenhuma dificuldade.
– "Nansos" - eles descem as escadas gritando e comemorando, Katniss continua parada olhando enquanto eles saem pela porta, eu sorrio e então me aproximo dela passando meus braços em volta da sua cintura e encaixando meu rosto entre seu ombro e seu pescoço, eu deixo meus lábios escorregarem pela sua pele e sinto um arrepio no seu corpo.
– Então nós temos quinze minutos... - eu falo baixo com os lábios na orelha dela, ela se esquiva um pouco mas vira de frente pra mim e junta nossos lábios mas quando o beijo ia aumentar ela separa nossas bocas.
– O tempo perfeito pra você consertar o chuveiro que eu já estou te pedindo a duas semanas - ela fala com um sorriso irônico.
– Consertar o chuveiro? - eu pergunto duvidando e ela sorri, coloca as mãos no meu braço me fazendo solta-la e me beija rapidamente.
– Que eu já pedi a duas semanas! - ela completa sorrindo - Se você conseguir fazer isso antes de quinze minutos ... - ela fala aproximando os lábios do meu e depois se afasta - Mas antes... O chuveiro! - ela conclui e aponta o quarto, eu sorrio.
– Então se eu fizer antes de quinze minutos...? - eu pergunto com um tom e um olhar irônico.
– Primeiro termina! - ela conclui e entra no quarto passando direto por mim, eu sorrio de novo mas entro logo atrás dela que já está arrumando a cama, eu entro no banheiro.
– E qual é o problema mesmo? - eu pergunto parado na porta do banheiro, ela para e se vira pra mim como se não acreditasse na pergunta.
– Não sai água quente - ela fala meio óbvia.
– Sem água quente! - eu repito como uma conclusão e volto a entrar no banheiro, abro a porta do box, entro e encaro o chuveiro por alguns segundos, eu o abro e coloco a mão pra sentir a água e realmente está meio fria, eu continuo apenas deixando a água cair então tento mudar o interruptor do chuveiro para água quente, nada acontece e eu faço o mesmo para o lado oposto, mesma coisa, então quando eu tento de novo, sinto a eletricidade passando no meu braço e a mão molhada provavelmente aumenta o choque, sinto minhas costas bater na parede depois de um estalo no chuveiro, os segundos parecem se estender para horas como se apenas a escuridão existisse na minha cabeça.
– Peeta! - ouço Katniss me gritar, sinto a perto mas tudo parece confuso como borrões na escuridão, apenas apoio minha cabeça na parede, sinto ela mais perto mas tudo ainda parece irreal, eu forço meus olhos a se fecharem tentando dar sentido a alguma coisa ou alguma dessas sensações e então eu a identifico. Consigo até mesmo sentir o frio daquele ferro em volta dos meus pulsos, o sabor de sangue na minha boca, o cheiro de mofo daquele porão e principalmente o choque percorrendo todo meu corpo, me fazendo cerrar os dentes e os punhos para suportar, mas me impedindo de pensar em qualquer outra coisa que não fosse a dor, então a sensação parece aumentar mas quando tocam no meu ombro e no meu rosto eu apenas reajo, com a força que eu ainda tenho empurro o mais rápido e forte que consigo, o barulho do impacto é alto mas eu não posso suportar a idéia de passar por isso de novo, já estava de pé pronto pra atacar de novo quando eu olho para o meu alvo, e isso me paralisa, não é um alvo, é a Katniss, ela está caída perto da porta seus olhos assustados enquanto ela tenta se endireitar no chão.
– Peeta... Calma - ela pede com a voz tremula - Sou eu! Katniss! - sua mão está com a palma virada pra mim numa tentativa de proteção e como um pedido pra que eu pare - Peeta... Calma! - ela pede e posso ver as lágrimas no seu rosto, eu permaneço paralisado.
Eu a empurrei. Me descontrolei e podia ter machucado-a. Me sinto o monstro que eu sempre tento ignorar. Eu não desvio meu olhar dela mas simplesmente não consigo me mover como se apenas um único gesto meu pudesse machuca-la e eu não posso permitir isso.
– Peeta? - ela me chama agora sem parecer com medo e sim preocupada, ela se levanta do chão e fica em pé na minha frente - Tá tudo bem! Acabou. Não era real - ela fala com o máximo de segurança que consegue mas sua voz ainda tem uma certa ansiedade e nervosismo, então ela estica a mão pra me tocar e dá um passo a frente, mas eu recuo dando dois passos pra trás, ela abaixa a mão mas permanece no mesmo lugar - Tá tudo bem Peeta! Tudo bem! - ela fala com a voz baixa e sem desviar os olhos do meu, ela avança um passo e novamente eu recuo me encostando na parede e quando ela estica a mão de novo eu nego com a cabeça, ela para a mão no ar apenas por alguns segundos, minha respiração fica forte como se ela encostar em mim fosse errado e deveria ser, mas ela não se importa e seus dedos tocam meu rosto, eu fecho os olhos o mais forte que consigo e tento não perder o controle, mas a única coisa que eu sinto é a vontade de abraçar e tocar ela também, mas quando abro os olhos me lembro do que eu acabei de fazer e resisto a essa idéia ao invés disso eu seguro seu pulso e desço sua mão do meu rosto, mas com a outra mão ela coloca em cima do meu peito, na direção do meu coração que está acelerado, assim como a minha respiração, ela mantém a mão ali e então me olha nos olhos - Já passou! - ela garante e me força um sorriso.
– Katniss, eu... Eu te machuquei...Desculpa... Eu... Não queria fazer... Eu... - eu tento explicar, me desculpar mas as palavras não saem, no lugar delas as lágrimas descem pelo meu rosto, já fazia muito tempo que isso não acontecia, eu nunca mais tinha tentado nada contra ela embora os flashes estivessem presentes durante esses anos eu sempre conseguia me controlar ou me afastar antes de coloca-la em perigo e hoje eu falhei.
– Ei, para com isso! - ela fala segurando meu queixo pra que eu olhe pra ela, as duas mãos no meu rosto forçando a ficar cara a cara com ela - Peeta eu sei que você nunca faria isso! E eu tô bem, só...tropecei - ela fala tentando me aliviar mas eu sei que essa não é a verdade, a verdade é que eu a empurrei e poderia ter feito algo pior por que esse sou eu, um monstro, eu seguro os pulsos dela de novo e tiro sua mão de mim, por que é errado, ela não deveria nem ao menos me tocar.
– Você não tropeçou, eu te empurrei! - eu conserto, minha voz rouca e ela solta as mãos e coloca na minha nuca, encosta a testa na minha, nossos olhares fixos um no outro e a respiração se misturando.
– Eu tô bem! - ela garante com a voz firme - E eu proíbo você de se culpar! - ela fala mantendo a firmeza na voz e seus dedos escorregam pela lateral do meu rosto.
– Eu te empurrei! - eu repito completamente culpado e ela balança a cabeça reprovando, eu já ia continuar a falar quando ela colocou o dedo nos meus labios pra me impedir, seus olhos procuram o meu e me encaram.
– Eu tô bem! Só preciso que você me abrace - ela fala sem desviar o olhar do meu - Você pode fazer isso por mim? - ela pergunta e por mais que eu quisesse ignorar para protege-la de mim quando seus braços envolvem meu corpo eu não consigo resistir por que eu também preciso desse contato com ela, então quando sua cabeça se encosta no meu peito e eu a sinto, todo meu corpo parece reconhece-la e já está gravado em mim abraça-la também, meus braços se envolvem nela e a apertam em mim e do mesmo jeito ela me aperta, eu afundo meu rosto nos cabelos dela e até mesmo o seu perfume consegue me acalmar e me trazer algum conforto, mas quando minha mão passa pelo seu ombro um som meio abafado sai de sua boca, eu a afasto alguns centímetros pra olhar pra ela e ela tenta se manter normal mas uma pequena expressão de dor está em seu rosto, eu toco seu ombro novamente e ela estremece.
– Tá tudo bem - ela garante mesmo com a expressão de dor.
– Deixa eu ver - eu peço mas já estou subindo a blusa dela, ela a segura impedindo.
– Peeta não é nada, só tá um pouco dolorido ... Eu... - ela começa a tentar me impedir mas eu não a escuto e levanto e retiro sua blusa, ela percebe que não tem como me fazer mudar de idéia e permite que eu tire, quando meus olhos encontram sua pele eu sinto novamente a culpa me corroer e dessa vez muito maior. Seu ombro está vermelho como quando você leva uma pancada muito forte e mesmo sem ter muita experiência sei que deve doer e logo ficará roxo e fui eu quem fez isso, a ponta dos meus dedos passam pelo hematoma e ela acompanha com o olhar, então segura minha mão me parando e olha pra mim.
– Não foi nada - ela fala tentando ser indiferente mas eu não posso ser indiferente, não quando eu a machuquei, eu volto a olhar para o seu ombro e ela inclina a cabeça para que eu olhe pra ela - Tá tudo bem! - ela repete e então segura meu queixo, ela aproxima os lábios do meu e me beija, mas pela primeira vez eu não correspondo e me afasto dela que me olha meio assustada e surpresa.
– Não. Isso é ... Errado! - eu falo me afastando dela.
– Errado? Peeta você é meu marido! O que tem de errado em me beijar? - ela pergunta me encarando e tampando a minha saída.
– Voce sabe que não é isso! Eu...olha o que eu fiz! - eu falo e passo meus dedos pelo seu ombro, ela nega com a cabeça.
– Eu não vou deixar você começar com tudo isso de novo! - ela avisa séria - Nós sabemos que você nunca faria isso! Foi... Um acidente - ela afirma convencida disso.
– EU SOU PERIGOSO! - eu grito pra que ela entenda e por um segundo ela me olha assustada pelo meu jeito de falar - Essa é a verdade! Imagina se fosse a Pérola... Se eu... Meu Deus, eu não consigo nem imaginar isso! Eu jamais me perdoaria... Será que você não enxerga isso? - eu desabafo com tudo que me preocupa durante todos esses anos e que agora ficou ainda mais evidente.
– PARA! CHEGA - dessa vez é ela quem grita então para na minha frente séria e decidida,o dedo apontado pra mim - Para com isso entendeu? Eu não admito você ficar falando isso! Peeta... Nós estamos juntos! Para de ficar falando isso, para de se culpar e principalmente...desiste de qualquer ideia de se afastar de mim ou da Pérola, por que eu NUNCA vou permitir isso! NUNCA! - ela fala e começa a chorar, as lágrimas descem rapidamente pelo rosto dela mas ela mantém sua postura, e por mais que eu esteja me sentindo culpado e queira protegê-las eu também jamais poderia me afastar delas por que são elas quem me mantém vivo e lúcido, elas são minha vida, então quando ela aumenta o choro eu faço o que realmente quero e assumo meu papel, eu a abraço, envolvo meus braços nela e ela apoia a cabeça no meu peito também me apertando com necessidade.
– Eu te amo! Eu te amo...muito - eu confesso enquanto beijo sua cabeça e ela desencosta a cabeça do meu peito pra me olhar.
– Eu também te amo! Muito! - ela afirma e me beija dessa vez eu não tento afastá-la, apenas correspondo com a necessidade que eu tenho dela, de sentir ela novamente, então suas mãos sobem pela minha camisa e a levantam até metade do meu peito, eu afasto um pouco nossos lábios e a olho, nossos olhares se encontram e permanecem assim sem palavras por que elas não são necessárias, nos conhecemos o suficiente pra isso, ela volta a levantar minha camisa e eu levanto os braços para tirar, ela joga a camisa no chão e volto a me beijar, suas mãos na minha nuca e no meu braço, eu correspondo o beijo e seguro sua cintura contra mim, sentir sua pele na minha consegue me afastar de todos os outros pensamentos e a única coisa que eu preciso é tê-la como minha mulher, por que o simples pensamento de me afastar dela é assustador, por mais que eu seja o problema eu preciso dela, não posso abrir mão dela por que não existe nada além dela pra mim, então o beijo aumenta e minhas mãos a prendem em mim, ela agarra meu cabelo e me beija com a mesma intensidade que eu, então eu a pego no colo e sem parar o beijo saio do banheiro, eu a coloco na cama e me inclino sobre ela, suas mãos nunca desencostam do meu corpo, e mesmo quando o ar falta ela se recusa e separar nossas bocas, ela abre o ziper da minha calça e a empurra pra baixo e eu faço o mesmo com a dela, depois meus lábios passam por sua pele enquanto suas mãos continuam pela minhas costas e pelo meu cabelo e de um jeito lento e intenso nossos corpos se juntam em um só e nada mais no mundo parece se encaixar tão bem quanto nós dois, nossos corpos se encaixam e se completam e esse sempre será meu lugar favorito de todos.
Ela esta deitada com metade do corpo sobre o meu, nossas pernas entrelaçadas, seus dedos fazendo um caminho pela minha barriga e meus dedos passam lentamente pelo ombro dela onde o hematoma começa a ganhar outra cor.
– Vai ficar roxo - eu falo com a voz baixa e culpada, ela levanta o rosto e me olha, então me beija rapidamente.
– Já tive piores! - ela fala dando de ombros - Mas nunca terminava assim - ela fala com um sorriso irônico e passa os lábios pelo meu maxilar depois volta para a minha boca e quando meus lábios tocam o dela o beijo acontece e logo avança, mas quando novamente eu toco seu ombro ela estremece e o beijo para.
– Você tem que ir no Hospital - eu falo preocupado e ela nega.
– Eu "tenho" que ficar aqui - ela revida sem considerar minha opção.
– Mamãe...- a voz alta e alegre que nos desperta.
– Ele nunca respeita o horário - ela murmura e se enrola no lençol enquanto sai da cama pra se vestir, eu também faço o mesmo, ela desce primeiro do que eu e quando eu desço Pérola está contando alguma história engraçada sobre o "nanso" correr atrás do "vovô" e mesmo sem entender parte da história já que ela se enrola ainda assim todos riem por que a animação dela é contagiante.
– Papai vamos? - ela pergunta me estendendo a mão.
– Onde? - eu pergunto e ela coloca as mãos na cintura me olhando com espanto.
– Trabalhar - ela fala como se fosse óbvio, eu solto uma risada e a pego no colo levantando ela acima da minha cabeça e a risada dela aumenta a cada segundo, me fazendo esquecer todo o resto mas apenas por uns segundos.
– O que foi isso queridinha? - Haymitch pergunta e quando eu olho ele está apontando para o ombro dela, ela colocou uma camiseta e a mancha no seu ombro está aparecendo.
– Não te interessa! Não é nada - ela fala afastando a mão dele e se esquivando mas ele a alcança e aperta seu ombro, ela solta um grito.
– Não encosta nela - eu aviso e entro no meio deles, Pérola está atenta olhando pra Katniss.
– Isso não me parece "nada" - ele fala me encarando e nesse momento eu sei que ele sabe o que aconteceu, uma mistura de raiva e vergonha toma conta de mim.
– Dói? - Pérola pergunta com olhos preocupados para Katniss.
– A mamãe tá bem! - ela garante e pega ela do meu colo - Seu avô que é um idiota - ela fala e lança um olhar de reprovação para ele.
– Não fala essas palavras na frente dela - ele reclama mas ela já está de costas subindo as escadas.
Então ficamos apenas ele e eu parados um de frente pro outro no meio da sala.
– Então agora manchas roxas simplesmente aparecem? Do nada? - ele questiona deixando claro que sabe o que pode ter acontecido, ele coloca as mãos no bolso e me encara, eu mantenho meu olhar nele apenas por alguns segundos mas logo a culpa e a vergonha me fazem desviar, eu me jogo sentado no sofá, cotovelos apoiados nas pernas e minhas mãos na cabeça.
– Vai lá... Fala! Você sabe o que aconteceu! Então fala logo... - eu falo mas sem ter coragem de olhar pra ele, apenas encaro seus pés - Eu não consegui ok? Eu devia saber que isso podia acontecer... Eu sou uma bomba relógio! - eu falo claramente - Eu também acho que elas merecem mais do que isso! - eu confesso com a voz baixa e ele solta uma risada, eu o olho e ele continua com as mãos no bolso mas para a risada e me encara por alguns segundos.
– Mais do que? - ele pergunta me encarando - Mais do que um pai que a ama? Um marido que é louco por ela? Ah garoto deixa de ser ridículo ... - ele fala sinceramente e eu volto a olhar pra ele com atenção e incredulidade - Você faz tudo por aquelas duas todo mundo vê isso - ele afirma - Presta atenção em uma coisa, eu não salvei aquela garota por duas vezes a toa! Eu não acordo todo dia junto com o sol a toa! Eu me importo com elas... E acredite quando eu digo que nunca vou deixar nada de ruim acontecer com elas duas, mesmo se isso incluir você! Não duvide que eu acabaria com você se isso fosse um risco pra elas! Mas... Você ainda está aqui não está? Então... - ele dá de ombros e eu ainda estou digerindo o que ele disse, ele acaba de confessar que realmente se importa com elas, não apenas com Pérola mas Katniss também e mesmo que isso venha acompanhado de uma ameaça contra mim eu me sinto completamente satisfeito e aliviado, por que agora eu sei que se um dia eu faltar elas terão a ele para defendê-las e protegê-las mesmo que seja de mim mesmo.
– Jura pra mim que você sempre vai protegê-las, a Pérola e a Katniss! Se um dia eu... Eu... Você sabe! Perder o controle! Não deixa! Faz o que for preciso, mas não deixa nada acontecer com elas... - eu peço me levantando sério e ele está atento, mas eu preciso que ele me jure isso por que mesmo com o nosso passado ele ainda é o único em quem eu confio pra essa tarefa e eu sei que ele vai me entender, ele concorda com a cabeça - Jura que você nunca vai deixar elas! - eu insisto e ele não desvia o olhar do meu nem por um segundo e quando ele fala sua voz sai firme e me passa toda confiança que eu preciso.
– Eu juro! Elas também são minha família - ele garante e eu sinto um pouco da tensão sair dos meus ombros, eu estendo a mão pra ele, mas leva alguns segundos até ele apertar - Mas se cuida! Faz aqueles exercícios idiotas lá... Sei lá.... Mas fica por aqui! - ele fala e pela primeira vez eu sinto que ele está segurando alguma emoção por trás da sua máscara de ironia e indiferença, talvez por isso ou talvez por que eu mesmo precisava, eu o abraço, ele parece surpreso mas aperta os braços em mim e me da um leve soco nas costas.
– Ok! Já chega... Precisa de um lenço? - ele fala voltando a ironia embora desvie o olhar do meu.
– Papai me espera - Pérola grita e eu sorrio ao som da sua voz, quando me viro pra escada Katniss a alcançou e ela está enrolada em um roupao rosa que Delly deu pra ela.
– Você vai pra padaria? - Katniss me pergunta.
– Vou e vou levar uma certa princesa comigo! - eu falo e Pérola pula com as mãos pra cima.
– Eu. Eu. Eu. - ela grita animada e eu vou até elas subindo os degraus rápido, quando falta apenas um Katniss a solta e ela pula no meu colo rindo.
– Eu vou aproveitar pra dar um jeito aqui - ela avisa enquanto Pérola ainda comemora no meu colo, quando me viro Haymitch já se foi, eu troco de roupa rápido e como já estou atrasado saio rapidamente com Pérola de mãos dadas a mim, embora na metade do caminho ela venha pro meu colo e eu consigo andar mais rápido, quando chegamos a padaria toda atenção do lugar se volta para Pérola, não apenas o pessoal que trabalha aqui que ela já conhece como todas as pessoas quê estão no lugar, o quê acaba deixando ela mais tímida e meio assustada, até por que Katniss sempre a alerta quando uma pessoa desconhecida fala com ela então ela aprendeu muito bem por que ela apenas solta meu pescoço quando Benny pega ela sacudindo-a no alto e com um doce esperando por ela, depois eu a levo pra cozinha e a festa se reinicia, Marie a coloca sentada na bancada enquanto termina um bolo, depois Rory deixa que ela mexa em uma massa e ela acaba se sujando de farinha mas isso só serve para deixar ela ainda mais empolgada, enquanto eu faço as coisas pela cozinha e pelo escritório ouço sua risada e sua voz alegre conversando com eles, eu paro a alguns passos e observo enquanto ela está com Rory batendo um bolo de chocolate que ele está fazendo, ela mergulha os dedos na massa e prova com um sorriso, acaba sujando a boca e o vestido mas sua gargalhada faz tudo parecer pequeno demais, e olhando pra ela eu sinto os sentimentos mais opostos e conflitantes que eu tenho, por que eu tenho medo, na verdade eu tenho pânico de simplesmente magoa-la ou machuca-la de alguma forma, o simples pensamento me causa uma dor quase insuportável, eu devo protegê-la de qualquer coisa perigosa, inclusive de mim, mas ao mesmo tempo eu sinto o maior amor do mundo, eu sinto meu peito acelerar só de olhar pra ela sorrindo, ela é tudo pra mim, ela e Katniss são toda minha vida, eu preciso delas mais do que qualquer coisa e não posso sequer pensar em um único dia, uma única hora sem elas, por isso por mais que tenha a parte ruim eu não tenho e nem quero outra opção, por que apenas uma é a correta. Eu estarei com elas, sempre.
A manhã passa rápida demais e na hora do almoço Katniss aparece na padaria para ir com nós dois pra casa.
– Ian.. - a voz da Pérola gritando que nos avisa da chegada do Ian e da Delly.
– Pérola! - ele logo entra na cozinha correndo.
– Oi. - Delly nos cumprimenta com beijos na bochecha enquanto os dois estão conversando animadamente - Eu vim fazer um convite... - ela avisa com um sorriso - Voces vão almoçar comigo hoje! - ela anuncia.
– Isso é um convite ou uma sentença? - Katniss pergunta mas está sorrindo, Philip aparece na cozinha e para ao lado de Delly com o braço na sua cintura.
– Vocês prometeram semana passada e não foram, então hoje é uma sentença. Eu até vim buscar vocês! - ela fala e Philip sorri dando de ombros indicando que não adianta tentar sair dessa e então como não temos opção e realmente gostamos da companhia deles em alguns minutos saímos da padaria enquanto Ian e Pérola seguem animados pelo caminho, encontramos Júnior saindo da escola e mais uma vez me surpreendo em como ele já está grande, com dez anos ele já está quase da altura de Delly mas ainda continua tão simpático quanto antes, nós chegamos a casa deles e enquanto Ian vai buscar algum brinquedo no quarto Júnior se senta no chão pra brincar com a Pérola que também adora brincar com ele embora quando Ian volta eles logo recomeçam a brincadeira e Júnior vai tomar banho para almoçar, quando ele sai nós almoçamos, Pérola almoça com vontade e animada como sempre, a conversa segue tão natural que mal percebemos a hora passar mas logo temos que nos preparar pra voltarnos a nossas atividades, Philip sai comigo e com Katniss.
– Eu quero ficar - Pérola reclama enquanto Pérola tenta fazer ela passar pela porta.
– Tia deixa ela ficar? - Ian pede e seus olhos azuis brilham com expectativa.
– Eu trago ela amanhã - Katniss promete e mesmo parecendo decepcionado ele aceita, Pérola ainda choraminga mas aceita o colo de Katniss, por que já sabe que não adianta insistir, Katniss não deixa ela ficar na casa de ninguém se ela não estiver, na verdade até pra que eu a leve na padaria Katniss parece preocupada, não posso culpa-la por que também tenho essa preocupação principalmente com toda a especulação que ainda tem ao nosso redor principalmente da Pérola, depois daquela vez que sua foto vazou ela tambem já esteve na capa de outros jornais, foi complicado acalmar a Katniss quando isso se repetiu mas superamos embora a consequência seja Katniss sempre estar preocupada e atenta a qualquer movimento estranho, mas acredito que isso é normal quando você tem um Distrito e um país inteiro de olho na sua filha, nós tentamos ao máximo não deixar isso interferir na vida dela e por enquanto temos conseguido.
– Eu preciso dar uma caminhada pelo Distrito vou passar pelos mercadores pra saber sobre a Distribuição de amanhã - Katniss avisa enquanto estamos no escritório com Pérola sentada a minha cadeira e girando.
– Deixa ela aqui - eu sugiro e mesmo sem se animar com a ideia ela concorda e vai até ela pra se despedir, Pérola envolve os braços no pescoço dela e a beija várias vezes enquanto Katniss a abraça forte, cada vez que eu vejo essa cena me dou conta de como Katniss já mudou, ela ainda é aquela mesma garota que eu me apaixonei mas outro lado ela se permite muito mais, com o passar dos anos e principalmente depois que Pérola nasceu é muito mais fácil ver um sorriso no rosto dela ou vê-la se permitir ter momentos assim, abraçando e beijando Pérola, demonstrando amor, de tudo que já conquistamos ainda são essas pequenas mudanças e vitórias que são mais importantes que qualquer outra coisa. Elas finalmente se desgrudam e enquanto Pérola volta a girar na cadeira, Katniss vem até a mim.
– Ah eu já ia esquecendo... Nós estamos sem luz! - ela avisa quando para na minha frente.
– Sem luz? - eu estranho já que só ficamos sem luz quando estamos no inverno por causa da tempestade. Ela me olha meio receosa antes de falar.
– Foi aquele estalo do chuveiro! Parece que queimou alguma coisa... - ela fala tentando parecer natural quanto a isso mas então eu me lembro dela caída no chão me olhando assustada.
– Como você tá? - eu pergunto assim que a lembrança aparece, ela revira os olhos soltando o ar meio irritada.
– Peeta, eu to bem! - ela garante sem pensar muito nisso, meus dedos vão até a manga da camisa dela e eu tento afastar pra ver seu ombro mas ela se desvia e endireita a camisa - Não começa! - ela avisa me encarando séria - Eu tenho que ir, quanto antes eu for melhor! - ela fala e me beija rapidamente então vai pra porta - Me espera aqui - ela avisa e sai fechando a porta, então abre de novo - Não deixa a Pérola comer todos os doces - ela avisa e Pérola faz um som de decepção mas antes que ela reclame mais Katniss fecha a porta de novo deixando apenas nós dois lá, eu continuo parado no mesmo lugar ainda pensando no que aconteceu essa manhã e no provável hematoma da Katniss que eu fiz. Eu. Essa é uma das piores sensações que eu já tive, não importa o quanto ela tente amenizar, o quanto até mesmo Haymitch tente me deixar melhor, a verdade é que fui eu, foram as minhas mãos que empurraram ela e eu só queria poder esquecer isso.
– Papai! - Pérola grita e me desperta, ela tentou pular da cadeira para mesa e agora está quase caindo com um pé na mesa e outro na cadeira que está se movendo, eu corro até ela e a pego no colo a tempo, seus braços em volta do meu pescoço apertados procurando segurança e eu a seguro contra mim.
– O que você estava fazendo ein? - eu pergunto mas não consigo o tom de reprovação que queria, ela me olha ainda assustada.
– Eu quase cai! - ela fala como se eu não tivesse visto.
– Eu vi! Não pode fazer isso! - eu aviso mas a abraço forte de novo.
– Desculpa papai - ela fala com a voz embargada.
– Tudo bem! - eu falo tentando fazer o susto passar, ela deita a cabeça no meu ombro e eu me sento na cadeira com ela.
– Pai... Conta uma história? - ela pede olhando nos meus olhos.
– Tá... Deixa eu pensar... - eu falo enquanto endireito ela no meu colo e ela me olha atenta, então eu vejo nisso a oportunidade que esperava, Pérola ainda é muito nova mas um dia teremos que contar parte da nossa história pra ela e acredito que se contarmos aos poucos será melhor, por isso depois de limpar minha garganta eu começo a contar - Era uma vez uma menina, uma menina muito bonita, na verdade ela era muito parecida com você, bonita e inteligente - eu falo e ela ri orgulhosa - E ela também era muito corajosa! Ela andava pela floresta, subia nas árvores, não tinha medo dos bichos.
– Igual a mamãe! - ela fala animada e eu sorrio com a rapidez com a qual ela a identificou.
– É . Igual a mamãe! ... Mas existia um homem velho, um velho feio e muito malvado que não gostava dessa garota, então um dia ele pegou essa menina e levou ela pra um lugar muito longe e muito feio e mesmo ela sendo muito corajosa ela ficou com medo por que ela não conhecia ninguém lá, ela queria voltar pra casa mas não podia por que ela estava presa lá no castelo do velho malvado... - os olhos de Pérola estão transbordando ansiedade - Mas mesmo lá no castelo feio ela tinha amigos e depois de algum tempo eles conseguiram salvar ela, levaram ela pra outro lugar longe daquele castelo feio e ajudaram ela, então quando ela ficou ainda mais forte... Por que ela comia toda a comida que a mãe dela dava pra ela... - eu brinco e ela faz uma careta - Então quando ela ficou forte ela resolveu voltar e ir atrás do velho malvado... - eu falo e ela coloca as duas mãos na boca segurando um som de espanto e os olhos arregalados, eu sorrio antes de continuar - Ela foi até o Castelo malvado e entrou lá pra procurar o velho, pra que ele nunca mais fizesse aquilo com outras crianças, então quando ela achou ele ela pegou uma varinha mágica e transformou ele num sapo ... - eu falo fazendo caretas e cocegas na barriga dela e ela ri animada.
– Ele virou um sapo? - ela pergunta curiosa.
– Um sapo gordo, feio e nojento - eu falo e ela faz cara de nojo.
– E a menina? - ela continua atenta me olhando.
– Quando ela voltou pra casa todo mundo achava ela uma heroína! - eu falo e ela me olha confusa.
– O que é uma lorina? - ela pergunta e eu solto uma risada pela sua cara confusa e sua curiosidade.
– Uma HEroína! - eu repito mais devagar - É alguém que salva outras pessoas! Que não deixa coisas ruins acontecerem - eu falo e ela concorda de forma exagerada com a cabeça.
– Você não me deixou cair... Você é uma Lorína! - ela fala com toda sua inocência e é impossível não rir de novo.
– Então eu sou um herói! Heroína é só para as meninas - eu explico e ela me olha com atenção.
– Herói! - ela se conserta e me abraça, eu também a abraço de volta - Eu queria ser uma Lorina! - ela fala pensando alto e eu sorrio.
– Você é! - eu afirmo por que mesmo sem saber ela já é uma Heroína, afinal ela trouxe a vida de volta pra casa, trouxe alegria pra nossas vidas, trouxe um sorriso no rosto da Katniss, uma nova forma de vida pro Haymitch, com certeza ela é nossa heroína é quem nos salvou de uma vida sem perspectiva - E é uma princesa também - eu concluo e beijo sua bochecha, ela ri, então depois disso o telefone toca e eu a deixo sentada na mesa enquanto falo, ela logo pega um papel e começa seus rabiscos, quando termino a ligação coloco ela sentada na cadeira e entrego a ela mais folhas e lápis de cor pra que ela desenhe enquanto eu resolvo as coisas e apenas isso é necessário para prender a atenção dela e deixar ela quietinha e concentrada, então mesmo quando eu preciso ir até a cozinha ela permanece colorindo os papéis completamente desligada do restante, apenas quando os papéis estão todos pintados que ela sai da cadeira.
– Posso fazer bolo? - ela pergunta me olhando com expectativa.
– Fazer ou comer? - eu pergunto rindo e pegando ela no colo.
– Comer e fazer - ela fala rindo.
– Primeiro tem que fazer e depois comer - eu falo e então finjo morder sua barriga, ela ri e eu a levo até a cozinha.
– Tio Lory! - ela grita assim que vê o Rory, ela ainda se enrola pra falar o nome dele mas isso não diminui o sorriso que ele abre pra ela - Quero fazer bolo! - ela anuncia enquanto ele se aproxima.
– Eu só preciso fazer mais uma ligação e já venho pra cá - eu falo e ele pega ela no colo.
– Fica tranquilo! Nós vamos fazer bolo né? - ele fala olhando pra ela que sorri animada já olhando para a bancada. Eu volto pro escritório e reuno os papéis antes de fazer a ligação, acabo tendo que fazer outra ligação e já estava terminando quando o grito e choro da Pérola me alertam, nem ao menos me despedi, bati o telefone e sai do escritório em tempo recorde, quando chego na cozinha ela está no colo do Rory, que tenta acalma-la mas ela chora alto com a mão esticada e os dedos separados como se estivesse me mostrando algo, eu a pego do colo dele rápido e a examinando.
– Ela encostou no tabuleiro! Foi tão rápido... Eu só me virei um segundo... Eu sinto muito! - ele se desculpa completamente sem graça e culpado. Eu nem ao menos falo algo por que quando minha filha está chorando eu não tenho tempo de ser simpático, apenas me viro e volto pro escritório com ela chorando e olhando para os dedinhos, a porta acaba batendo mas eu apenas sigo para o banheiro, abro a torneira e coloco a mão dela na água, ela chora e eu sinto meu coração apertar.
– Vai ficar tudo bem... Vai passar! - eu falo tentando acalmar ela mas ela apenas chora, eu coloco ela sentada na pia e abro o pequeno armário pegando a maleta de primeiros socorros, pego uma pomada pra queimaduras e passo em seus dois dedinhos que estavam vermelhos, parece aliviar já que ela para de chorar embora as lágrimas continuem escorrendo e ela ainda esteja choramigando.
– Dói! - ela fala me mostrando os dedos vermelhos.
– Eu sei! Mas vai passar - eu falo e beijo a testa dela, depois pego papel e limpo suas lágrimas - O papai promete! - eu garanto e ela confirma com a cabeça mas ainda está chorosa, eu a pego no colo e ela encaixa a cabeça no meu ombro ainda posso sentir ela soluçar e as lágrimas escorrendo, eu passo minha mão nas costas dela fazendo um som para acalma-la.
– Princesa chora? - ela pergunta levantando a cabeça rápido e me olhando com lágrimas nos olhos mas curiosa como sempre, eu sorrio.
– Chora! Mas ela é forte e sabe que vai passar logo - eu falo e ela respira fundo.
– E Lorína? Chora? - ela parece mesmo preocupada com isso, eu solto uma risada.
– Também! - eu confirmo e ela parece mais aliviada, então encosta a cabeça no meu ombro de novo - Eu te amo tá?! - eu falo e mesmo deitada no meu ombro ela passa a outra mão pelo meu rosto.
– Eu te amo tá? - ela repete com a vozinha baixa, eu sorrio por que esse é o tipo de coisa que eu nunca vou me cansar de ouvir - Eu não quero mais fazer bolo! Dói! - ela fala com a cabeça ainda no meu ombro mas olhando para os dedos, eu beijo o alto da sua cabeça.
– Vai passar! - eu garanto e ela envolve meu pescoço com seu bracinho e se aconchega em mim.
As batidas na porta me despertam, eu já estou sentado segurando Pérola que adrormeceu nos meus braços, Rory entra devagar e quando me vê com Pérola se aproxima.
– Eu só queria pedir desculpas! Eu... Sinto muito. Foi apenas um segundo, eu juro que estava olhando ela! - ele fala com a voz culpada.
– Eu sei! Não foi sua culpa! As crianças são rápidas mesmo - eu falo com um sorriso por que por mais que na hora eu tenha sido rispido, eu realmente não o culpo, sei que ele gosta dela e ela dele, só que quando vi ela chorando, precisando de mim, nada mais importava.
– Só queria que você soubesse que eu sinto muito! - ele repete ainda me olhando com certa cautela.
– Ei. Relaxa! Tá tudo bem! Não foi nada grave... Eu sei que você estava de olho nela! Não esquenta com isso - eu falo tentando tranquiliza-lo e ele me força um sorriso.
– Eu vou voltar pra lá - ele avisa e sai do escritório. Como ela está dormindo eu acabo tendo que organizar a mesa com ela no meu colo o que acaba atrasando um pouco mas já estamos no fim da tarde então não tenho tanta pressa, o que não der pra terminar hoje ainda tem amanhã.
A porta do escritório abre rapidamente e isso me chama a atenção, Katniss entra e quando nos vê fecha a porta mais devagar.
– O que você fez pra ela dormir? - ela pergunta curiosa e sorrindo, como resposta eu levanto a mão mostrando os dedos dela com pomada - O que aconteceu? - ela logo se aproxima e examina a mão dela.
– Ela encostou num tabuleiro! - eu falo e ela já me olha reprovando.
– Ela estava com Rory por um minuto e... Aconteceu! - eu conto e ela já está apoiada, quase sentada na mesa enquanto segura a mão dela e alisa seus cabelos.
– Ela chorou muito? - ela pergunta preocupada.
– O suficiente pra dormir - eu falo também olhando pra ela, que parece tão tranqüila dormindo - Ela vai ficar bem - eu falo quando percebo o modo que ela olha pra Pérola, ela apenas confirma com a cabeça - E como foi lá? - eu pergunto mudando de assunto, então ela solta o ar, e da a volta se sentando na cadeira dr frente pra mim.
– Tudo certo! - ela fala sem muita animação - Ah, eu encontrei o Gale, está chegando o aniversário da Hazel! Ele disse a Liesel deve vir aqui amanhã pra falar sobre o bolo! - ela avisa e enquanto remexe nos papéis que Pérola pintou.
– Tudo bem! - eu concordo, já esperava por isso, por que todos ano é a mesma coisa.
– Foi ela quem fez? - ela pergunta levantando uma folha que está com uma árvore, eu confirmo sorrindo - Ela tem 3 anos e desenha melhor do que eu! - ela fala enquanto olha os outros desenhos.
– Tá no sangue! - eu falo orgulhoso e ela revira os olhos, mas não pode negar por que é verdade, assim como eu basta dar uma folha em branco e lápis que ela já sabe o que fazer e mesmo com apenas três anos ela já leva muito jeito pra isso e é verdade que ela já desenha melhor que Katniss. Batem a porta de novo e dessa vez é o Benny.
– Patroa! - ele fala fazendo um sinal de continência assim que vê Katniss - Já tá tudo pronto pra fechar - ele avisa e quando olho pra janela vejo que a tarde já está quase no fim mesmo.
– Pode deixar que eu fecho tudo! Podem ir! Obrigado - eu falo e ele concorda.
– Não esquece o jantar lá em casa! Se não a Grace vai reclamar no meu ouvido - ele fala fazendo uma careta e pela cara da Katniss ela já havia esquecido, eu afirmo que iremos e ele vai embora.
– Você já pensou em ter uma agenda? - eu pergunto sorrindo e ela faz uma careta.
– Quando foi que nós aceitamos isso? - ela pergunta parecendo realmente confusa.
– Semana passada! - eu falo já me levantando e quando faço isso Pérola se mexe se despertando, ela esfrega os olhos e então para e olha para os dedos como se tivesse se lembrado.
– Dodoi! - ela fala já choramingando e quase enfia o dedo no meu olho.
– Vem cá - Katniss fala e ela vira o rosto rapidamente ao som da voz dela.
– Mamãe! - ela fala meio surpresa e aliviada, então praticamente se joga em cima da Katniss, e enquanto ela conta como se queimou eu arrumo a mesa e nós saímos do escritório, fecho tudo e nós saímos da padaria, agora Pérola já está mais animada e pede pra ir andando e mesmo que isso nos fazer chegar em casa com o dobro do tempo Katniss a coloca no chão, e nós damos as mãos a ela. O sol já quase não pode ser visto e deixa o céu com um tom alaranjado que sempre será encantador não importa quantas vezes se repita, pelo caminho algumas pessoas brincam com Pérola, chamando-a pelo nome, mandando beijos e acenando e mesmo que isso aconteça com certa frequência e eu saiba o motivo disso nunca será normal você ver pessoas que você nem conhece falando com a sua filha como se a conhecesse, sabendo o nome dela, os nossos nomes, sem nunca ao menos termos sido apresentados, quando olho pra Katniss ela parece ainda mais incomodada com isso do que eu e quando um homem se aproxima um pouco mais de nós ela pega Pérola no colo.
– Eu quero andar - ela reclama apontando o chão.
– Não! - Katniss fala séria e irritada então aumenta os passos, Pérola percebe e apenas fica em silencio, eu também aumento os passos e logo estamos na Aldeia.
– Vovô - Pérola grita quando passamos pela casa dele mas Katniss não para e ela começa a chorar - Vovô! - ela grita com lágrimas enquanto entramos em casa, eu tento acender a luz e me lembro que não temos, então enquanto Katniss sobe com Pérola eu vou até o porão e pego algumas velas e depois subo as escadas entrando no quarto da Pérola que está chorando mais alto e se recusa a tirar a roupa pra tomar banho.
– Eu quero o vovô! - ela repete e Katniss parece irritada tentando tirar a roupa dela a força.
– Pérola para! - ela exige séria.
– Deixa que eu faço - eu me ofereço e ela nem ao menos responde apenas se afasta e sai do quarto, eu respiro fundo e volto minha atenção a Pérola que está chorando - Se você continuar chorando vai derreter - eu falo e ela para de chorar me olhando meio desconfiada.
– Eu vou derreter? - ela pergunta me olhando com atenção.
– Vai! Teve uma menina que chorou tanto, tanto, que ela virou uma poça de água - eu falo e ela parece assustada - Você quer virar uma poça de água? - eu pergunto e ela nega rapidamente já enxugando as lágrimas - Muito bem! - eu falo sorrindo e então consigo tirar a roupa dela e a levar para o banheiro, como ainda não está muito escuro deixo a vela de lado e consigo terminar o banho dela, seco-a e coloca seu pijama, passo a escova no seu cabelo e ela já está pronta, ela pula da cama e sai do quarto chamando por Katniss, mas sem resposta, eu a sigo e entramos no nosso quarto, ela para batendo na porta do banheiro que está apenas encostada e a porta se abre .
– Mamãe! - ela chama já entrando no banheiro, Katniss está na banheira, e vira a cabeça assim que Pérola a alcança - Posso? - ela pede passando a mão na água com espuma, Katniss me olha antes de responder.
– Você acabou de tomar banho! - eu falo e ela faz aquela cara que eu nunca consigo resistir.
– Deixa? - sua voz melosa não me deixa outra opção, eu me abaixo e tiro seu pijama enquanto ela ri animada, eu a coloco dentro da banheira com Katniss e ela passa a mão pela espuma, eu me sento no chão encostado na parede de frente pra banheira olhando pra elas duas brincando na agua, Katniss enche a mão de espuma e coloca nas mãos dela que ri e depois passa a espuma no rosto, um sorriso provavelmente grande demais aparece no meu rosto enquanto vejo elas duas rindo, mas quando meus olhos encontram o ombro da Katniss que está roxo o sorriso se desfaz, eu olho pra onde ela caiu e sinto a culpa me corroendo de novo.
– Peeta ? - a voz da Katniss que me desperta.
– Oi! - eu falo meio confuso sem saber quanto tempo passou.
– Nós estávamos falando com você - ela avisa.
– O que foi? - eu me atento.
– Fala o que é Pérola... - ela indica e Pérola ri.
– Pão de queijo - ela grita enquanto espalha espuma pra todo lado, eu rio.
– Pão de queijo? - eu pergunto olhando pra elas que estão rindo.
– E chocolate quente - Katniss completa.
– Vocês que mandam - eu falo e me levanto saindo do banheiro, agora já está um pouco mais escuro então deixo uma vela em cima da pia acesa pra elas e desço pra fazer o pedido delas, mesmo que a luz tenha que ser improvisada eu não tenho muita dificuldade em me ajeitar na cozinha e consigo preparar a massa sem nenhuma dificuldade e coloco no tabuleiro para assar, já estava saindo da cozinha quando Pérola e Katniss chegam a porta.
– Já tá pronto? - Pérola pergunta ansiosa.
– Ainda não! - eu falo e ela faz uma careta decepcionada.
– Mas falta pouco - eu garanto e pego ela no colo, Katniss trazia a vela em um pratinho e vai pra sala iluminando o caminho, ela coloca a vela sobre a mesa de centro e se senta no sofá, eu também me sento na outra ponta do sofá virado pra ela com Pérola em pé no nosso meio.
– Que história foi essa que você contou pra ela que ela tava falando? - Katniss pergunta e Pérola que responde.
– É da Lorina - ela fala com as mãos pra cima - Ela não tinha medo! E salvou as pessoa - ela fala comemorando e olhando pra Katniss com a certeza de está explicando muito bem.
– Heroína! - eu conserto.
– Salvou? - Katniss pergunta meio curiosa.
– É. Do velho feio e malvado! - Pérola conclui e sinto o olhar de Katniss em mim enquanto Pérola continua a falar - Ele levou ela pra um lugar feio e do mal mas depois que ela tava forte voltou e ele virou um sapo - ela fala rindo animada mas Katniss apenas me encara e eu sei exatamente que ela entendeu.
– Você não podia ter feito isso - ela conclui balançando a cabeça de forma negativa e se levanta do sofá nos deixando sozinhos.
– Mamãe! - Pérola chama enquanto se pendura no sofá chamando por ela, mas ela entra na cozinha, eu jogo a cabeça pra trás encarando o teto e respiro fundo depois solto o ar me preparando para o próximo passo, as mãos de Pérola seguram meu rosto me fazendo olhar pra ela.
– Cadê a mamãe? - ela pergunta e eu beijo sua mão depois a pego no colo e me levanto do sofá indo pra cozinha.
– Katss! - eu chamo mas ela não responde - Katss? - eu não a encontro na cozinha.
– Mamãe? - Pérola chama junto comigo, eu alcanço a porta que tem pro quintal e saio, Katniss está sentada encostada na parede ao lado da porta, encarando qualquer coisa a frente, Pérola pede para ir pro chão e eu a coloco e ela vai até Katniss passando a mão pelos cabelos dela de forma meio preocupada, Katniss a olha e passa os dedos pelos cachos loiros dela com uma concentração exagerada, ela não diz nada apenas continua olhando pra Pérola e passando os dedos pelo cabelo e pela bochecha dela, enquanto Pérola se senta na perna dela encosta-se no seu peito olhando pro céu que está repleto de estrelas hoje, o som dos grilos preenchem o silêncio que se forma, eu me sento no degrau que tem na porta e também encaro o céu.
– Eu só não quero que ela saiba de nada! Eu não quero ela suja com essa história! - ela afirma com a voz baixa e insegura ainda sem me olhar, eu entendo ela mas de certa forma isso é impossível, uma hora ela vai saber, mas eu deixo que ela desabafe - Se eu pudesse... Ela não saberia! Ela jamais saberia de nada! Nada do que eu fiz, nada do que eu vi acontecer! Mas eu não posso não é? - ela pergunta e dessa vez ela me olha, eu fecho os olhos por alguns segundos e volto a olhar pra ela.
– Não, não pode! - eu afirmo e ela vira o rosto pra frente e solta o ar - Eu só achei que talvez fosse uma boa ideia contar aos poucos... Claro que ela ainda não está pronta pra ouvir mas um dia ela vai está! Um dia ela vai querer saber por que todo mundo sabe o nome dela, sorri ou acena pra ela, e quando esse dia chegar nós não vamos poder fugir - eu falo e ela olha pra Pérola que agora já está mexendo no cabelo dela tentando fazer uma trança, ela beija a testa dela e depois volta a me olhar, sua expressão ainda é de insegurança e ansiedade, eu me aproximo mais dela e beijo a testa dela - Vai dar tudo certo! - eu garanto com a voz mais otimista possível - Eu te amo! - eu declaro.
– Te amo! - a voz não é dela e sim da Pérola que soltou o cabelo dela e me olha sorrindo enquanto fala, eu e Katniss rimos.
– Eu também te amo! - eu falo e beijo a bochecha dela de forma exagerada e ela solta um risada alta.
– O pão! - Katniss que lembra e eu levanto rápido e entro na cozinha na hora certa, tiro o tabuleiro e enquanto espero esfriar um pouco preparo os chocolates, coloco nas xícaras e enquanto elas me esperam no sofá eu levo tudo pra lá e arrumo na mesa de centro entre as velas que estão iluminando a sala, nos sentamos no chão com Pérola no nosso meio e eu observo enquanto ela e Katniss devoram a bandeja inteira praticamente sozinhas, a boca da Pérola fica suja com o chocolate e Katniss ri da cara dela enquanto ela tenta limpar passando a língua mas sem sucesso, eu também me divirto com a cena e os minutos vão passando tão rápido que só percebemos por que a escuridão fica maior.
– Melhor a gente subir... - Katniss sugere e eu concordo, elas me esperam pela sala enquanto eu recolho e levo tudo pra cozinha, depois volto e enquanto carrego as velas Katniss leva Pérola que se agarra nela com medo do escuro, por isso levamos ela para o nosso quarto e ela comemora se jogando na cama rindo.
– Eu vou dormir aqui? - ela pergunta no meio da cama nos olhando.
– Vai! - eu afirmo e ela ri se balançando.
– Mas só hoje - Katniss completa enquanto mexe na gaveta e Pérola para de se balançar.
– E amanhã? - ela pergunta olhando na direção de Katniss.
– Só hoje! - ela afirma e então Pérola se vira pra mim.
– E amanhã papai? - ela pergunta me olhando com expectativa.
– Tá vendo... Ela já sabe que você faz tudo que ela quer - Katniss reclama e eu não posso negar que é difícil negar qualquer coisa a ela.
– Só hoje - eu afirmo e Pérola parece decepcionada.
– Vem! - ela me chama mostrando o travesseiro ao lado dela, eu sorrio e vou até ela e me deito ao seu lado - Vem mamãe! - ela faz o mesmo com Katniss.
– Já vou! - ela fala e entra no banheiro.
– E amanhã? - ela pergunta de novo agora com o rosto próximo ao meu e Katniss está certa ela já sabe que é difícil eu lhe negar algo e mesmo não gostando disso sei que as vezes é necessário fazer então mantenho minha palavra.
– Só hoje! - eu afirmo e ela coloca a mãozinha na minha bochecha mas antes que ela me faça mudar de ideia eu falo - Princesas e heroínas dormem sozinhas! Só os bebês dormem com a mamãe e o papai! - eu falo e ela parece surpresa com a notícia.
– Sozinha? - ela pergunta pra se certificar.
– É. Por que elas são corajosas - eu afirmo e ela tira a mão do meu rosto parecendo convencida mas quando Katniss sai do banheiro ela volta a me olhar curiosa.
– Mas a mamãe dorme com você - ela fala e se senta na cama parecendo confusa e eu tento segurar a risada - Eu também quero dormir com o papai - ela fala pra Katniss que já se aproxima da cama.
– E você vai deixar seu quarto? A parede de flores... A árvore... - Katniss fala e ela parece indecisa, Katniss se senta na cama e Pérola desvia o olhar de mim para ela como se estivesse se decidindo.
– Conta uma histórinha? - ela pede normalmente como se estivesse se esquecido da discussão anterior, eu sorrio com a facilidade que ela tem de mudar de assunto tão rápido, eu a coloco deitada no nosso meio e começo a contar uma história dessa vez apenas uma história sobre uma menina e seu amigo coelho, nada de mensagens ocultas, apenas uma história pra dormir e funciona por que quando acaba ela já está dormindo e não apenas ela mas Katniss também acaba dormindo, eu passo minha mão pelo cabelo da Katniss e depois beijo a testa de Pérola, puxo o cobertor para elas e depois saio da cama, pego minha calça de moletom e uma camisa limpa e vou pro quarto da Pérola tomar um banho já que não sei se seria seguro abrir o chuveiro, eu tomo um banho rápido e já estava colocando a camisa quando o grito me faz sair correndo, quando chego no quarto Katniss está sentada com a cabeça entre os joelhos gritando e Pérola está completamente assustada chorando sem entender nada, eu corro até elas e primeiro pego Pérola no colo que chora olhando pra Katniss, eu tento acalmar Pérola mas ela se agarra a mim se recusando a me soltar, por isso preciso me aproximar de Katniss com Pérola agarrada a meu pescoço.
– Katss! Katss! Olha pra mim! - eu peço passando a mão pelo braço dela, ela não está mais gritando mas seu corpo treme desesperadamente, sua respiração também é forte e ela se recusa a levantar a cabeça, Pérola agora parou de chorar e olha preocupada e assustada pra Katniss.
– Ela tá dodoi? - ela pergunta com a voz embargada.
– Tá! - eu falo tentando colocar ela sentada na cama para que eu possa dar atenção a Katniss, então algo simplesmente magico acontece, Pérola vai até Katniss, com os dedos passando pelo cabelo dela e começa a cantar, a primeira música que ouvi Katniss cantar na escola e a mesma canção que Katniss canta as vezes antes dela dormir ou quando ela está com dor, a voz dela é ainda mais doce e suave que a da Katniss, as notas parecem simplesmente escorregar da boca dela e a facilidade e confiança que ela faz isso me faz paralisar, a voz dela ecoa por todo quarto e ela não para de acariciar os cabelos de Katniss, até que ela levanta o rosto, as lágrimas descem rapidamente pelo rosto dela e quando ela se olham Pérola abre um sorriso tão grande e sincero que parece refletir no rosto da Katniss por que mesmo chorando ela sorri, então Pérola para a canção e beija a bochecha da Katniss.
– Passou mamãe! A gente cuidou de você - ela fala com o rosto ainda próximo do dela e Katniss sorri um sorriso que logo se mistura a lágrimas também e a abraça totalmente emocionada, só então eu percebo que lágrimas também escorrem do meu rosto, eu as enxugo e me permito sorrir vendo elas duas abraçadas, quando elas se separam Katniss passa as mãos pelo rosto enxugando as lágrimas e passando a mão pelo cabelo também, Pérola permanece ao lado dela atenta.
– Já passou! - eu garanto a Pérola que me olha rapidamente mas volta sua atenção a ela, Katniss me olha e eu me aproximo dela, passo meus dedos pelo seu rosto, pelo seu cabelo e então beijo sua testa de forma demorada.
– Já passou! - eu repito pra ela que me da um leve aceno com a cabeça e Pérola a abraça, depois de um abraço triplo que demora alguns minutos nós nos separamos Katniss parece mais calma e Pérola parece convencida de que ela está bem, então eu coloco ela novamente no nosso meio e me aproximo mais delas, minha mão no topo da cabeça da Katniss acariciando seus cabelos, nossas pernas também se encontram e se entrelaçam deixando Pérola no nosso meio em uma especie de redoma, nossos olhares se encontram e mesmo com a sombra do que aconteceu encontro neles um alívio e confiança que me fazendo respirar aliviado, Pérola adormece enquanto mexe nos cabelos da Katniss mas nós dois ainda ficamos um tempo apenas nos olhando, não precisamos de palavras, apenas nossos olhos permanecem fixos um no outro e isso é suficiente pra recarregar nossas energias e em alguma parte da noite pegamos no sono.
Eu acordo e elas ainda estão dormindo, Katniss está com o braço em volta da pérola enquanto elas parecem afastadas de qualquer realidade, por isso eu saio lentamente da cama e depois de olha-las mais uma vez eu saio do quarto e fecho a porta, assim que alcanço a escada ouço a porta principal abrir.
– Onde ela está? - ele pergunta assim que me vê no topo da escada, eu faço sinal de silêncio.
– Dormindo - eu falo baixo enquanto desço as escadas.
– Essa hora? - ele reclama olhando pro relógio no seu pulso.
– Ela foi dormir um pouco mais tarde - eu aviso e ele desvia pra cozinha e mesmo que ele tente disfarçar eu percebo que ele está mancando, eu entro na cozinha logo atrás dele.
– O que houve com essa perna? - eu pergunto enquanto ele pega um pedaço do pão que estava guardado na cesta, ele apenas da de ombros - Você caiu? - eu insisto e ele me olha meio sem paciência, então uma idéia me ocorre - Você bebeu! - eu afirmo e quando ele desvia o olhar sei que estou certo - Você estava bêbado ontem! Por isso você caiu, por isso quando Pérola te gritou chorando você não apareceu... - eu falo e agora ele me olha preocupado.
– O que houve com ela? - ele pergunta totalmente aflito.
– Nada! Ela só queria você! Mas você estava bêbado demais pra escutar ela - eu jogo na cara dele e por um segundo ele parece envergonhado mas logo depois ele se recompoe.
– Foi apenas um copo! - ele fala sem se importar, eu solto uma risada desacreditada.
– Não mente! - eu falo e ele revira os olhos fazendo uma careta.
– Tá bom! Eu bebi! Era isso que você queria escutar... Então tá garoto, eu bebi! E não estou nem um pouco afim de conselhos ou lições de moral - ele confessa irritado e puxa uma cadeira pra se sentar e eu sei que realmente não adiantam conselhos ou sermões, ele nunca escuta, apenas uma coisa pode fazer ele escutar.
– Pode ir embora! Você não sai com a Pérola hoje - eu aviso e ele me olha com uma rapidez impressionante, ele me encara com algo entre descrença e horror nos olhos.
– Você não pode tá falando sério! - ele fala lentamente sem desviar os olhos do meu, eu fico ainda mais reto quando falo.
– Estou! Estou falando muito sério! Você não sai daqui com ela nesse estado - eu aviso e ele se levanta tão rápido que a cadeira cai era trás mas ele não se importa.
– Escuta aqui garoto... Eu to bem, isso foi ontem! Não faz sentido você fazer isso! - ele garante e mesmo com o tom de voz dele eu não me intimido.
– Eu não vou arriscar - eu falo e ele da um soco tão forte na mesa que eu não consigo me manter indiferente.
– Você só pode tá brincando comigo - ele fala se inclinado sobre a mesa pra me intimidar - Eu nunca faria nada contra ela, nada que pudesse machucar ela - ele praticamente grita.
– Fala baixo - eu aviso e ele não parece mais calmo - Eu sei que você nunca faria nada contra ela, não sóbrio! Mas nós não sabemos o que pode acontecer se...
– Se o quê? - ele pergunta alto novamente - Se eu estiver bêbado? - ele me encara com raiva - Ou se VOCÊ tiver um flash? - ele pergunta e inclina a cabeça esperando minha reação e ele me pegou de surpresa - Não é o mesmo risco? Você é tão perigoso quanto eu então... - ele fala e eu ainda permaneço no mesmo lugar - Eu ainda posso controlar a bebida e você? O quê pode fazer pra evitar? - ele pergunta e mesmo sendo cruel é verdade, por que de certa forma eu sou mais perigoso que ele.
– Cala a boca - a voz dura e fria me desperta, Katniss está parada na porta da cozinha olhando diretamente pro Haymitch que não se intimida quando a vê.
– Olha aqui... - ele começa a falar se virando pra ela.
– Eu disse Cala a boca - ela avisa com a voz firme e segura, então entra na cozinha parando quase entre nós dois e dessa vez Haymitch parece recuar - Você não tem o direito de entrar na nossa casa e falar algo assim! Você e nem ninguém tem o direito de julgar qualquer ação dele, Peeta é o melhor pai que a Pérola podia ter! E nem se você quisesse ia poder negar isso - ela fala apontando o dedo pra ele - Então você cala essa boca! - ela conclui e posso ver ele engolindo a seco, então ela se vira pra mim - Ele é um velho idiota, babaca e sim ele tem problemas com a bebida, mesmo assim ele é o avô que ela não tem! Ele a ama e eu não sei por que motivo ela também o ama! Mesmo detestando falar isso, eu sei que ela está segura com ele por que ele jamais faria nada de mal pra ela! E você sabe disso! Então não tenta afastar eles dois! - ela conclui com o mesmo tom que usou com o Haymitch - Agora na próxima vez que vocês tiverem algum problema resolvam sem gritarias por que eu estava dormindo! - ela fala e se vira saindo da cozinha - Eu desço em vinte minutos! Faz o café! - ela avisa já subindo as escadas e eu e Haymitch nos encaramos alguns segundos, então ele senta.
– Você ouviu a garota, melhor fazer o café - ele avisa apontando o fogão, então eu vou fazer o café abandonando esse assunto, Katniss está certa. Nós dois estavamos errados. Nenhum de nós dois jamais faria algo de mal a Pérola.
Enquanto eu faço o café Haymitch continua sentado acabando com o restante do pão, por isso eu aproveito pra fazer mais uma massa e coloco pra assar, o café fica pronto e então Katniss volta trazendo uma Pérola ainda meio adormecida nos braços mas quando ela me vê abre um sorriso que consegue iluminar o dia, eu me aproximo dela e ela se joga no meu colo, apertando oab bracinhos em volta do meu pescoço e eu coloco vários beijos na sua bochecha.
– Vovô! - ela logo se anima quando o vê e o mesmo sorriso que ela me deu agora se direciona a ele e essa é aquelas raras vezes em que ele sorri também - Nansos - ela fala batendo palmas já no colo dele que a balança fazendo-a rir.
– Primeiro toma café - Katniss avisa e ela faz uma careta.
– Eu to fazendo pão de queijo! - eu falo e ela arregala os olhos tão rápida e tão animada que nós rimos.
O pão fica pronto eu o coloco na mesa e nós tomamos café juntos e olhando ao redor da mesa tenho que admitir que mesmo de uma forma estranha nós nos tornamos uma família. E eu amo ter uma família, principalmente com eles. Por que é daqui que eu sempre tiro forças, é aqui que eu recarrego minhas energias e são momentos assim que me fazem esperar ansiosamente os próximos. dias.


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