- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 29
Capítulo 29




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O grito assustado preenche o silêncio e me acorda, eu levo apenas alguns segundos pra entender, Katniss está se debatendo na cama enquanto grita coisas que eu não consigo entender, eu me sento na cama rapidamente e tento acorda-la, ela abre os olhos mas parece que continua com o pesadelo.
– Não! Não! - ela repete a palavras enquanto me afasta dela e se encolhe na cama, suas mãos me empurram com força e ela parece transtornada.
– Katss, não é real! Olha pra mim!Você tá em casa, eu to aqui, tá tudo bem - eu falo tentando despertá-la e me aproximar dela mas ela se senta encolhida na cama, as mãos em cada ouvido enquanto ela sussurra palavras baixo demais - Katss por favor, olha pra mim! - eu peço e ela balança a cabeça e continua de olhos fechados, então ela começa a chorar e a esfregar as mãos pelo braço como se estivesse se limpando - Eu to aqui com você! Não é real - eu tento e então como se só tivesse me visto agora ela me olha, seu olhar é uma mistura de emoções.
– Peeta... - ela fala meu nome baixo mas eu consigo me aproximar dela e a abraçar, seus braços ficam imóveis ao lado do corpo mas ela não tenta sair do meu abraço - Tinha sangue Peeta, muito sangue... Da Rue - ela começa a falar então volta a chorar - Da Prim - ela fala entre soluços, eu passo minhas mãos na suas costas tentando consola-la.
– Calma, foi só um pesadelo - eu falo passando a mão pelo cabelo dela.
– Elas me odeiam! Todo mundo me odeia - ela afirma em meio ao choro, eu seguro seu rosto e o viro pra de frente pro meu.
– Elas não te odeiam! Eu não te odeio...Eu te amo! - eu afirmo mas ela nega rapidamente.
– Eu matei elas...
– Não! Isso não é verdade, você amava elas Katniss e elas te amavam também - eu falo e tento abraça-la de novo mas ela impede.
– FOI MINHA CULPA - ela grita e me afasta dela - PARA DE MENTIR PRA MIM - ela grita com raiva e joga os travesseiros em cima de mim, eu tento me aproximar e ela se levanta enxugando as lágrimas com as mãos, eu também me levanto e a observo a alguns passos de distância - Eu sei que a culpa é minha - ela fala agora mais baixo e em pé na minha frente.
– A culpa não foi sua! Você sabe disso - eu afirmo e ela me olha, então ela se inclina pra frente e vomita, eu me assusto mas vou até ela e seguro seu corpo que parece fraco, eu a apoio em mim e a levo até o banheiro, sento ela no vaso mas ela fica em pé, levanta a tampa do vaso rápido, e vomita mais uma vez, ela se senta no chão encostada na parede de frente pra banheira e com as mãos na cabeça, eu me aproximo dela me abaixo também e passo a mão no seu cabelo, ela ainda parece fraca, sua cabeça encostada na parede e seus lábios parecem sem cor, seu corpo treme.
– O quê que você tá sentindo? - eu pergunto mas ela apenas me olha como se não entendesse minhas palavras - Você tá com dor? - eu pergunto e bem lentamente ela nega com a cabeça, eu me levanto coloco a banheira pra encher, pego a toalha e a molho, me ajoelho na frente dela de novo e passo a toalha molhada no seu rosto, ela continua me olhando de uma maneira concentrada demais, eu a olho de volta.
– Tá tudo bem! - eu afirmo e ela confirma com a cabeça mesmo que ainda esteja visivelmente abalada e seu corpo mesmo que fraco ainda permanece com o tremor.
– Eu tenho que limpar... - ela começa a falar e ameaça se levantar, mas eu a impeço.
– Não! Eu faço isso! - eu falo decidido, me levanto e saio do banheiro, desço e pego as coisas de limpeza, entro no quarto de novo e começo a limpar o chão, a tarefa não é uma das mais agradáveis mas eu faço o melhor e mais rápido que consigo, depois de limpo desço com todas as coisas e volto para cima pra ver como ela está, entro no banheiro e ela continua no mesmo lugar olhando pra banheira que já está quase transbordando mas ela continua olhando a água, eu vou até lá e fecho a torneira, ela me olha como se eu tivesse interrompido algo importante mas não diz nada, seu olhar parece vago e perdido, eu preciso levantar ela do chão, ela está com a minha camisa, eu a tiro por que ela não demonstra nenhuma reação, a coloco na banheira, ela senta e suas mãos passam pela espuma que formou na água, ela dá uma atenção exagerada a água e continua em silêncio, eu fico do lado de fora ao seu lado, meus dedos no seu cabelo, tentando passar alguma espécie de conforto pra ela, os minutos se passam assim até que ela parece ser despertada por alguma coisa.
– Você não vai entrar? - ela pergunta me olhando confusa, eu forço um sorriso, beijo sua testa, mas nego - Entra - ela pede segurando minha mão, eu concordo quando vejo seu olhar perdido, me levanto, tiro minha calça e entro na banheira, sentado de frente pra ela que sai do seu lugar e se arrasta até a mim, ela me abraça e mantém sua cabeça no meu peito, meus braços a envolvem e nós ficamos assim por vários minutos, até que a água esfria e eu sugiro que a gente saia, ela apenas confirma com um balançar de cabeça e nós saímos, eu coloco o roupão nela e me enxugo rapidamente com a toalha, coloco minha calça e saímos do banheiro, ela se deita na cama ainda com o roupão, se encolhe na cama como uma criança assustada, eu vou até ela e a puxo para o meu colo, ela não tenta resistir e nem me afastar, apenas aceita e se aconchega em mim, eu afundo meu rosto no seu cabelo e a embalo no meu colo, em algum momento ela acaba pegando no sono, mas eu não consigo dormir e nem parar de pensar que isso tem a ver com a gravidez e no quanto isso está assustando ela, não que os pesadelos tivessem sumidos, não, mas eles já não eram tão intensos quanto esse, eu odeio vê-la nesse estado, assustada, perdida e angustiada mas não tem muito que eu posso fazer senão estar disponível pra ela, ao lado dela e é isso que eu vou fazer, sempre, minha tarefa agora é mostrar pra ela que ela não está sozinha e nem nunca estará sozinha de novo, nós temos um ao outro e agora teremos nosso filho, não importa o que eu tenha que fazer mas eu vou conseguir, nós iremos conseguir.
Eu vejo quando o sol começa a se levantar mas continuo no mesmo lugar com Katniss ainda no meu colo, ela parece finalmente ter relaxado e eu não quero ter que acorda-la por isso continuo no mesmo lugar mesmo que meus braços já estejam dormentes, o sol começa a invadir o quarto e então eu a sinto se movendo, ela levanta a cabeça do meu peito e olha pra janela, esfrega os olhos e me olha ainda sonolenta.
– Bom dia - eu falo quase como um sussurro e beijo sua testa, ela olha para o roupão que ainda está usando, suas mãos passam pelo tecido e ela parece confusa, ela se senta e olha pro chão onde ela vomitou como se procurasse alguma coisa.
– Tá tudo bem - eu afirmo e ela volta a me olhar, mas não diz nada apenas se levanta e vai até o banheiro, eu me sento na cama e espero ela voltar mas me mantenho atento pra qualquer coisa, alguns minutos e ela volta de lá com o cabelo enrolado em um coque no alto da cabeça, ela vai até a gaveta e pega uma roupa, coloca a calça ainda com o roupão, depois tira o roupão e coloca a blusa rapidamente, eu me levanto e também vou pro banheiro, lavo meu rosto, escovo os dentes e saio do banheiro mas a cena que eu vejo me faz parar na porta, Katniss está deitada na cama encolhida e coberta com o lençol, eu solto o ar, fecho os olhos por alguns segundos implorando que quando eu os abrir de novo ela não esteja assim, mas quando eu abro lá está ela, completamente isolada do mundo como ela costumava fazer anos atrás quando ela se fechou pra tudo, meu coração se aperta com essa cena e eu sei que eu vou precisar reverter isso, eu passo as mãos no cabelo, tomo fôlego e saio do quarto, vou direto pro escritório, olho as horas e então ligo pra padaria, Benny atende e eu aviso que não vou pra lá hoje, ele não faz muitas perguntas, apenas me lembra de fazer o pedido, eu peço que ele ou Philip façam isso, ele concorda e desliga, eu coloco o fone no lugar e ainda fico alguns segundos decidindo o que fazer então como eu ainda estou sem resposta eu pego o telefone novamente e ligo pra alguém que eu acho que pode me ajudar, Dr. Aurelius, afinal todos esses anos ele me ajudou e não posso negar que realmente fez uma grande diferença, mesmo que os flashes ainda apareçam eu agora tenho um controle muito maior do que antes e eu devo isso também a suas terapias e conselhos, por isso eu ligo, ele se surpreende por eu ter ligado tão cedo e depois de tanto tempo, já que fazia realmente um bom tempo que nós não nos falávamos já que ele praticamente me deu alta, ele me pergunta o que aconteceu e eu falo pra sobre Katniss, omitindo a parte que ela está grávida, até por que eu não posso quebrar a promessa que fiz a ela, nós conversamos por um tempo e ele me alerta para aquilo que eu já sabia mas tinha medo de aceitar, que pode realmente ser perigoso ela se entregar dessa maneira agora, depois de tudo que ela passou não se pode deixar abater, ele me aconselha a não deixa-la sozinha e me pergunta se nós ainda temos o livro que ele indicou que fizéssemos, onde nós colocamos cada coisa bonita e especial que encontramos pela frente, ele diz que isso pode ajudar, fazendo ela ver que ainda existem coisas boas, ele também me diz que não vai adiantar querer força-la a nada, que eu devo respeitar o tempo dela, eu agradeço e desligo, saio do escritório vou pra cozinha, começo a fazer a massa do pão de queijo, coloco pra assar e vou arrumar as outras coisas em uma bandeja quando ouço o barulho da porta abrindo.
– Bom dia - ele fala enquanto entra pela cozinha.
– Oi! - eu falo sem animação e ele percebe.
– O que foi? - ele pergunta me olhando curioso - Você não tinha que tá na padaria?
– Katniss não tá bem! - eu falo e ele parece preocupado.
– Não é melhor levar ela pro Hospital?
– Não, não vai adiantar - eu falo e ele parece confuso - Ela não quer falar, tá enrolada no lençol, ainda na cama - eu falo e ele balança a cabeça entendendo o que eu quero dizer.
– Tudo de novo! - ele fala baixo quase inaudível mas eu escuto.
– Não, ela vai melhorar! Eu não vou deixar ela ficar assim - eu afirmo completamente decidido quanto a isso.
– E o que você vai fazer? - ele pergunta e eu balanço a cabeça ainda sem saber o que fazer.
– Eu não sei, mas eu vou fazer algum coisa - eu aviso e vou pegar o leite.
– Você sabe por que ela tá assim não sabe? - ele pergunta em tom de acusação - Ela não estava preparada! Aliás ela não Tá preparada - ele avisa e eu me viro pra ele com raiva.
– Ela vai conseguir, nós vamos conseguir! - eu afirmo batendo a garrafa com o leite na mesa - Não tem como voltar atrás e eu sei que ela consegue! Só tá muito recente - eu falo certo disso.
– Ela mal consegue cuidar dela e você realmente acha que "isso" é uma boa ideia? - ele fala com certo desprezo e também irritado.
– "Isso"? - eu pergunto com raiva - Você tá falando do meu filho! - eu aviso com o dedo apontado pra ele.
– Um filho que nem nasceu e já tá causando tudo isso! Aquela garota não tá pronta! Você não consegue enxergar isso? É loucura! - ele fala abrindo os braços e quando eu escuto o tom da voz dele falando do meu filho é impossível controlar e quando eu me dou conta ele está caído no chão, seu olhar não está assustado, nem surpreso apenas me encara - Você vai me bater agora? - ele pergunta ainda no chão, e por mais que eu odeie o que eu fiz não consigo afastar essa raiva que ele me despertou, mas antes que eu faça alguma besteira eu lhe dou costas.
– Sai da minha casa! - eu falo com a voz firme e alta, alguns segundos e eu ouço um som provavelmente ele se levantando, eu me viro e ele já está de costas saindo - Eu não quero você falando essas coisas com a Katniss! Tudo que eu não preciso é de alguém enchendo a cabeça dela - eu aviso e ele se vira me olhando.
– Vocês estão cometendo um erro! É impossível deixar o passado pra trás! - ele fala e mesmo com seu olhar preocupado e seu tom de voz baixo ainda assim só consegue me irritar ainda mais.
– Eu não sou como você! - eu afirmo dando um passo a frente - Se a sua vida é uma porcaria, eu sinto muito mas isso não é uma regra! Eu não vou ficar como você! Você escolheu a solidão e sua garrafa, eu escolhi a Katniss e a minha família e eu vou ter isso, com ou sem a sua aprovação! - eu falo e ele escuta tudo atentamente.
– Boa sorte! - ele fala e se vira saindo e fechando a porta, eu ainda fico alguns segundos olhando a porta fechada e então minha mão agarra o prato que estava sobre a mesa e o som dele se quebrando quando atinge a porta quebra o silencio que surgiu, eu puxo outro prato e ele tem o mesmo destino, eu apoio minhas mãos na mesa e inclino meu corpo, tentando me controlar, respirando fundo algumas vezes. Como se já não bastasse ter Katniss nesse estado ainda tenho que lhe dar com ele, mas o que mais me irrita e me assusta é se ele estiver certo, se ela não estiver preparada.
– Nós vamos conseguir! É o nosso filho - eu balanço a cabeça afastando esses pensamentos negativos, vai dar certo, eu sei que dará, nós temos um ao outro e como eu disse pra ela nós passaremos pelos nossos medos juntos e é exatamente isso que nós faremos, eu me viro e me lembro do pão no forno, retiro e volto a terminar de preparar o café, arrumando tudo na bandeja, quando está pronto eu subo e entro no quarto devagar, Katniss ainda está na mesma posição que antes, as pernas dobradas junto ao corpo e os braços em volta dos joelhos, eu me aproximo da cama e me sento deixando a bandeja na mesa próxima, ela está de costas pra onde eu estou,eu passo meus dedos pelo seu cabelo e pelo seu braço mas ela não se move.
– Katss - eu chamo aproximando meu rosto da sua orelha - Eu fiz o café! - eu falo tentando algum tipo de reação dela, mas nada acontece, um sentimento de desespero começa a me atingir mas eu tenho que controla-lo o máximo que puder, por isso eu me levanto dou a volta na cama e paro na frente dela, eu me abaixo deixando meu rosto na frente do seu, meus dedos afastam alguns fios de cabelo do seu rosto e seu olhar continua vago - Katniss! Olha pra mim... Por favor - eu peço com o tom de voz calmo e suave, ela evita por alguns segundos mas quando eu levanto o seu queixo ela me olha - Você precisa reagir Katss, você não pode me deixar agora... - eu peço e sinto minha voz falhar enquanto eu tenho segurar as lágrimas - Não me deixa assim! Por favor. Eu... preciso...de você - eu afirmo e espero por vários minutos ela me responder mas ao invés disso ela desviar o olhar do meu e olha pra janela, as lágrimas que eu segurava escorre do meu rosto, mas eu não desvio meu olhar dela esperando que ela volte a me olhar e na esperança que ela fale alguma coisa - Fala comigo - eu peço com a voz embargada, ela não diz nada mas volta a me olhar e seus dedos passam pelo meu rosto enxugando as minhas lágrimas, ela fixa o olhar no meu e seus dedos continuam o caminho pelo meu rosto - Eu preciso de você - eu falo com toda sinceridade olhando no fundo dos seus olhos, ela arrasta o corpo pra trás e me da espaço para me deitar com ela e é o que eu faço, eu me deito de frente pra ela, minha mão encontra a sua e eu fecho minha mão na dela, nossos dedos encaixados, eu coloco nossas mãos entre nós dois e beijo a mão dela, depois eu abaixo nossas mãos mas não as solto, nossos olhares continuam fixos um ao outro e eu deixo que fiquem assim por um tempo, apenas fico olhando pra ela, então aproximo meu corpo ainda mais do seu e meus lábios tocam a sua testa por alguns segundos demorados depois encosto minha testa na sua.
– Fala comigo... - eu peço com a voz sussurrada, ela pisca os olhos demoradamente.
– Tô com fome - ela fala com a voz abafada e rouca, eu sorrio assim que ela fala.
– Eu fiz pão de queijo - eu falo e acho que consigo ver a sombra de um sorriso, eu beijo seus lábios rapidamente e me levanto da cama, vou até a mesa e pego a bandeja trazendo ela pra cama, me sento próxima a ela e coloco-a no nosso meio, ela se arrasta e se senta, eu pego um pedaço do pão e lhe ofereço, ela aceita rapidamente e então começa a tomar café sem problemas, nós trocamos alguns olhares mas eu deixo que ela termine de comer pra depois avaliar seu estado.
– Você não tinha que tá na padaria? - ela pergunta afastando a bandeja dela.
– Eu tinha que tá aqui... Com você - eu afirmo olhando nos olhos dela, pego a bandeja me levanto da cama e a coloco na mesa de novo e então volto pra cama me sentando de frente pra ela pegando suas mãos.
– Como que você tá? - eu pergunto tentando avaliar seu estado, ela desvia o olhar do meu.
– Eu vou ficar bem - ela fala mas sem parecer muito convincente.
– Você sabe que eu vou tá sempre aqui pra tudo não sabe? Eu só quero te ajudar - eu garanto e ela passa os dedos pelo meu rosto, aproxima o rosto do meu e junta nossas bocas em um beijo lento, eu junto seu corpo no meu e quando o beijo para nossos corpos já estão colados.
– Eu não quero ficar aqui - ela fala assim que o beijo para e eu a olho confuso - Eu preciso sair daqui... Agora! - ela pede mais urgente.
– Onde você quer ir?
– Pra qualquer lugar, eu só não quero ficar aqui - ela pede já se levantando - Você deve ter alguma coisa pra fazer na padaria - ela sugere já de pé me olhando.
– Ok! Vamos - eu aceito me levantando e indo me arrumar mesmo ainda sem entender o por que disso, mas já encaro como um bom sinal, ao menos ela mesma percebeu que não pede ficar daquele jeito, ela mesma quis sair de casa e já é mais do que eu esperava conseguir, por isso em poucos minutos eu já estou pronto e ela também.
– Vamos? - eu pergunto quando já estamos na portanto observando-a, ela confirma decidida e nós saímos de casa seguindo o caminho de mãos dadas.
– Fala patrão! Achei que você não viesse hoje... - Benny fala assim que nós entramos n padaria atraindo todos o olhos na nossa direção como se isso já não fosse normal - Patroa! - ele fala implicando com a Katniss.
– Mudança de planos - eu falo depois de cumprimentar as pessoas em volta com um leve aceno de cabeça, já estava chegando ao balcão mas quando levanto o compartimento do balcão para passarmos pro outro lado Katniss não está mais ao meu lado e quando olho para trás vejo uma senhora abraçando-a, ela está com aquele olhar perdido e desprepado que ela sempre fica quando esse tipo de coisa acontece, eu paro no lugar e dou um passo em direção a elas, a mulher para de abraça-la mas continua segurando ela pelos ombros e então fala com uma garota que está ao seu lado, a menina deve ter cerca de uns oito anos e olha com atenção para a mulher.
– Essa é Katniss Everdeen! Nosso tordo! É graças a ela que nós estamos bem aqui - ela fala com total reverência.
– Não, eu não... Não é isso - Katniss tenta falar mas mal consegue se expressar, ela me olha como se estivesse pedindo socorro mas eu paro e apenas observo, talvez seja isso que ela precise, que alguém a diga quem ela realmente é e a lembra das partes boas que ela já fez.
– Foi você que acabou com os jogos? - a garota pergunta curiosa e animada.
– Não... Eu só...
– Foi! Ela lutou e nos deu a vitória! Graças a você hoje eu tenho minha neta e não preciso ficar com medo dela morrer numa arena - a mulher completa e Katniss parece sem palavras - Eu nunca vou conseguir te agradecer por isso! - ela a abraça mais uma vez e quando solta a menina assume lugar da vó e abraça Katniss também.
– Obrigada! Meu pai sempre me contava a sua história antes de dormir - ela fala com um sorriso.
– Contava? - Katniss questiona e se eu bem a conheço já esperando o pior.
– É, é que eu acho que já to grande pra histórias antes do dormir - ela fala dando de ombros e pela primeira vez hoje eu vejo Katniss realmente sorrir, na verdade é quase uma risada.
– Vamos - a senhora fala pegando na mão da menina, então eu me aproximo delas, Katniss da um passo na minha direção - Você tem muita sorte - a senhora fala me olhando e então sai da padaria.
– É, eu tenho! - eu confirmo mesmo que a mulher não vá me escutar olhando pra Katniss.
– Eu acho que ela falou comigo - ela corrige me olhando e eu a olho confuso - EU tenho sorte de ter Você! - ela garante, eu lhe dou um sorriso e um beijo rápido.
– Eu ainda odeio isso - ela fala já se afastando de mim em direção ao balcão.
– Isso o quê? - eu sigo ela enquanto finalmente passamos pelo balcão.
– O modo como eles falam, como se eu fosse sei la... Algum tipo de heroína, exemplo... Não sei! É errado e sem sentido! - ela explica parecendo realmente incomodada com isso.
– Eles te veem como você é! Você devia tentar fazer isso também - eu falo e ela para no caminho.
– Eu faço! Só que diferente deles eu vejo a verdade e não um monte de mentiras - ela fala e entra no escritório.
– Bom dia! - eu cumprimento o pessoal que estava trabalhando na cozinha e pararam quando ela bateu a porta, eles cumprimentam de volta e eu entro no escritório, ela está no banheiro, a porta aberta e o barulho da água, eu paro na porta do banheiro.
– Você salvou minha vida - eu afirmo olhando ela que está com a mãos segurando a pia e a cabeça baixa, ela se vira e me olha nos olhos.
– Você quase morreu por minha culpa! Como eu te salvei? - ela pergunta séria, eu solto uma risada e realmente entro no banheiro, aproximo seu corpo do seu.
– Sério? Você quer saber como me salvou? - eu pergunto passando os dedos no seu cabelo, ela apenas continua me olhando - Quando você me olha, quando você acorda de manhã e se espreguiça ao meu lado, quando você me olha irritada, quando você sorri, até quando você diga seus sapatos pelo meio do quarto e seus papéis espalhados na mesa - eu declaro olhando nos seus olhos.
– Eu achei que você odiava a bagunça - ela fala sorrindo e eu solta outra risada.
– Eu amo tudo em você... Até a bagunça - eu falo fazendo uma careta e ela sorri - E agora serão dois pra bagunçar - eu falo colocando a mão sobre a sua barriga, ela olha para minha mão na sua barriga e coloco a mão sobre minha, pela primeira vez.
– Então você vai ter mesmo que se acostumar - ela afirma e volta me olhar nos olhos, com certeza o sorriso que aparece no meu rosto é grande demais, mas eu realmente não me importo com isso, Katniss finalmente falou sobre isso de uma maneira positiva e isso já superou minha expectativas para hoje, eu junto nossas bocas e volta beijo com todo amor que tenho e ela corresponde igualmente até que o telefone toca e nós nos separamos, eu atendo e é do Distrito Sete, hoje é a última oportunidade e quando ele me pergunta a reposta eu me sento, respiro fundo e dou minha proposta.
– Eu aceito a parceria - eu confirmo e Katniss me olha surpresa - Mas eu tenho alguns pontos e não irei abrir mão de nenhum - eu garanto e o homem tenta parecer indiferente me perguntando quais seriam mas eu posso sentir o interesse dele, por isso listo minhas prioridades.
Eu não irei viajar, ele terá que vir até aqui assinar os contratos.
Não posso mandar ninguém daqui pra lá por que todos tem suas vidas aqui.
E eu continuo com autonomia total daqui.
Ele aceita sem problemas, mantemos os valores de antes e ele informa que chega amanhã pra assinarmos tudo, ao que parece ele realmente estava ansioso e não era apenas impressão minha, eu desligo e Katniss está me olhando curiosa.
– Eu achei que você não fosse aceitar! - ela também está sentada esperando que eu me explique, eu me levanto e vou até ela, abaixo na sua frente.
– Eu tenho que pensar nele, ou nela - eu admito passando a mão na barriga dela.
– Bom, ele... Ou ela, tem muita sorte - ela afirma passando as mãos no meu cabelo, ela se inclina e eu me estico e então nós nos beijamos, ela envolve os braços no meu pescoço e eu seguro sua cintura aumentando o beijo até que a porta se abre rápido.
– Eita! - Benny fala parando na porta e Katniss praticamente me empurra, passa as mãos no cabelo e se levanta - Eu achei que não podia namorar no trabalho - Benny fala rindo.
– Eu achei que ainda batiam na porta - eu falo me levantando e deixando Katniss ainda sem graça.
– Foi mal! - ele fala arrependido mas ainda sorrindo, ele explica que veio me chamar por causa d uma encomenda, eu saio e vou ver o que é, depois disso começo a trabalhar na cozinha junto com os outros, Katniss me ajuda em algumas coisas ou apenas fica nos observando quando o trabalho exige mais habilidade, quando o horário do almoço chega, nós decidimos.ficar pela padaria mas Philip insiste que nós deveríamos almoçar na casa dele, nós agradecemos tentando rejeitar mas quando ele insiste dizendo que Delly ficará feliz e Júnior não para de falar de nós dois e do quanto amou o presente nós não temos muita opção se não aceitar, o almoço é bom, Júnior realmente está empolgado com a bicicleta, Ian parece maior a cada dia que nós vemos, no final das contas foi uma boa ideia aceitar o convite.
No fim do dia Katniss já não parece aquela mesma que estava escolhida na cama isolada e quando nós finalmente deixamos na cama de novo qualquer sombra daquele momento ruim se afasta, eu sei que ela não se foi por completo mas por enquanto ela se foi e é isso que importa, apenas vivemos um dia de cada vez. E é o que fazemos, a cada dia temos um desafio novo mas também encontramos mais um motivo para continuar e sempre vemos que vale a pena seguir em frente por mais difícil que seja,e quando nós voltamos a consulta pela terceira vez essa certeza aumenta ainda mais, por que quando a médica liga o som e eu ouço o coração do meu filho batendo tão forte e intenso eu acho que o meu próprio coração parou, é impossível segurar as lágrimas e quando olho pra Katniss vejo que o mesmo aconteceu com ela, saio do consultório com um dos maiores sentimentos que já tive, eu sigo o caminho pra casa sem conseguir parar de sorrir ou de falar nisso.
– Eu mal posso esperar pra saber o sexo! - eu falo enquanto saímos do carro, consigo escutar o som da sua risada enquanto vou abrir a porta pra ela, ela desce e eu bato a porta do carro, nós saímos em direção a casa e já estávamos chegando na porta de casa quando ele nos chama, nós paramos no caminho.
– Será que eu posso usar o carro hoje? - ele pede com o tom de voz distante que ele tem usado sempre desde nosso "desentendimento".
– Claro! - Katniss afirma e pega a chave da minha mão jogando em cima dele que pega rapidamente ainda no ar.
– Obrigado - ele fala com um sorriso forçado então se afasta indo pro carro.
– Eu não sei o que vocês falaram um pro outro, mas vocês tem que resolver - ela afirma enquanto entramos em casa, eu fico em silêncio por que também odeio essa situação, eu sei que falei demais com ele mas ele também falou besteira então a culpa não foi só minha.
– Eu tô falando sério Peeta! Resolve isso... e logo - ela avisa me encarando então sobe as escadas, eu me encosto na porta e vejo ela subindo, bato levemente minha cabeça na porta e odeio ainda mais que ela tenha razão, pelo que eu conheço do Haymitch se eu for esperar ele pedir desculpas provavelmente isso nunca irá acontecer, mas por outro lado eu não posso simplesmente abaixar a cabeça pro que ele falou, por isso infantil ou não eu abandono a idéia da desculpas e subo as escadas querendo não pensar nisso, eu entro no quarto me livrando da minha blusa e entrando no banheiro, Katniss já está no box, eu término de tirar a roupa e entro junto com ela e mesmo com seu olhar reprovador ela não consegue disfarçar o sorriso e quando eu aproximo dela qualquer reprovação desaparece.
A idéia da conversa ficou de lado enquanto os dias foram passando, as invasões pela casa sem hora certa também, Haymitch mal pisa aqui em casa e mal fala mais do que poucas frases comigo, com a Katniss também não é muito diferente. As coisas na padaria vão muito bem, depois de assinar todos os documentos as mudanças estão sendo feitas de modo gradual, Grace finalmente conseguiu mais um trabalho já que agora estou ampliando a padaria, em apenas três meses o dinheiro extra já esta fazendo toda diferença e eu não me arrependo de ter fechado negócio, precisaremos de mais pessoas trabalhando mas conforme as coisas estão indo não será um problema, o pessoal já recebeu o aumento e inclusive teve uma grande comemoração aqui na padaria, mas eu não pude ficar até o final já que Katniss estava muito enjoada, por isso tive que inventar uma desculpa pra sair mais cedo, já que a gravidez ainda não foi anunciada, a barriga ainda não está tão visível e Katniss faz o possível para disfarçar embora seja por pouco tempo já que nós combinamos contar assim que soubermos o sexo e acho que no próximo mês será possível, eu espero ansioso por isso.
Depois de um dia na padaria eu vou direto pra casa, mal abro a porta e Katniss me para.
– Você vai falar com ele AGORA - ela exige com a mão no meu peito me impedindo de andar, eu solto o ar cansado.
– Eu tô cansado - eu falo e tento me desviar dela mas ela impede.
– Não me interessa - ela fala dando de ombros, então coloca as mãos na cintura - Já faz três meses que tá nessa palhaçada! Vocês dois tem que parar com isso! - ela reclama irritada.
– Eu não tô errado - eu falo e ela e encara.
– Não...interessa - ela fala lentamente - Você vai até lá e vocês vão se acertar! - ela exige e eu nego - Peeta, eu tô te pedindo... Não da pra ficar assim! Por favor - ela pede dessa vez calma e suave, com um olhar triste, eu balanço a cabeça em reprovação.
– Isso é golpe baixo! - eu afirmo e ela sorri, me da um beijo rápido e abre a porta, eu continuo parado, ela pega a minha mão e sai junto comigo.
– Você que era o maduro lembra? - ela fala irritada mas está parece sorrir. Nós entramos na casa dele e o cheiro de bebida parece ter voltado, ela coloca a mão no nariz e faz uma cara feia, eu também me surpreendo já que havia melhorado.
– Haymitch! - ela chama enquanto entramos.
– O que vocês tão fazendo aqui? - ele pergunta enquanto vem andando meio cambaleando.
– O Peeta quer conversar com você - ela fala e me empurra pra frente, ele para e me encara – Não é Peeta? – ela pergunta indicando a cabeça para que eu fale, eu olho pra ela e sei que não vai adiantar tentar adiar isso, a conversa vai ter que acontecer, querendo ou não Katniss não nos dará mais um tempo, ainda assim eu continuo parado sem saber o que falar, o silencio na sala cresce enquanto nós três continuamos apenas encarando uns aos outros. - É... A gente devia conversar! - eu começo a falar ainda sem saber o que dizer - Eu achei que exagerei um pouco na nossa última conversa! - eu admito mas ele nega.
– Você só tava defendendo seu filho! É isso que os pais fazem... Pelo menos os bons! - ele fala dando de ombros sem me olhar nos olhos, eu olho pra Katniss e ela ergue a sobrancelha e indica que eu continue.
– Eu sei que isso é muito novo ainda e que algumas coisas terão que mudar mas... Nem sempre mudar é ruim! - eu falo e ele se joga no sofá.
– Eu não tenho nada a ver com isso! É a vida de vocês - ele fala dando de ombros.
– Mas você faz parte dela! - Katniss é quem fala e nós olhamos pra ela que não se intimida e se senta no sofá de frente para onde ele está - Nós somos praticamente uma família - ela completa e ele a olha com um sorriso de lado.
– Uma família? - ele repete meio irônico.
– Uma estranha, confusa e complicada família! - eu falo e ele me olha ainda com a mesma expressão divertida, eu me sento ao lado de Katniss e me inclino apoiando os braços nos joelhos, eu junto as mãos e volto a falar olhando pra ele - E como em toda família nós temos algumas diferenças! - eu afirmo e ele me olha sério - Eu falei coisas que não devia ter falado, que não queria ter falado, eu nunca quis te magoar eu só... Exagerei! Eu não queria admitir, nem dar o braço a torcer mas a verdade é que eu sinto falta das piadas idiotas ou de alguém discutindo com a Katniss enquanto eu tô na cozinha... Não me importo com quem tá certo ou não, ou quem vou pedir desculpas primeiro. Eu só... sinto muito! Queria poder ter o velho Haymitch de volta! - eu admito sinceramente e ele me olha alguns segundos como se analisando o que eu disse então ele solta o corpo no sofá.
– Se você falar palavra velho seguida do meu nome mais uma vez você sai pela janela - ele avisa e ri, eu e Katniss também rimos, parece que foi mais fácil do que eu imaginava - E... Eu não devia ter falado daquele jeito! - ele admite sinceramente mas sem querer mostrar muito, como é típico dele.
– Vocês demoraram esse tempo todo pra isso? - Katniss pergunta sinalizando nós dois.
– Nós somos homens queridinha temos que mostrar quem manda - ele fala rindo e voltando a seu humor de sempre, eu senti falta disso - Ah propósito, você falo primeiro - ele fala rindo e aponta pra mim, eu balanço a cabeça rindo, sabendo que ele não iria deixar passar - E como tem sido... lá no médico? - ele pergunta tentando não parecer muito interessado.
– Bem! Nós escutamos o coração... É... Incrível! Você tinha que ter escutado - eu falo sorrindo já me lembrando do som forte invadindo o consultório e quando o olho ele também está sorrindo.
– Ah é, deve ter sido... incrivel - ele fala e eu tento não me apegar ao tom ironico na voz dele - Já sabem o sexo?
– Talvez na próxima consulta... Se tivermos sorte - eu falo torcendo pra que tenhamos.
– Legal - ele fala sem saber o que dizer.
– É, parece que você meio que vai ser... Avô - eu falo e ele me olha assustado e surpreso.
– Avô? - ele repete espantado - Nunca mais repita isso! - ele avisa balançando a cabeça, Katniss ri da cara dele. Nós ficamos algum tempo ainda rindo da cara que ele fez e imaginando se a criança chamará ou não ele de avô e ele já avisa que não irá permitir uma coisa dessas, eu acabo indo parar na cozinha preparando alguma coisa pra gente comer e quando já estamos terminando ele toca no assunto que Katniss tem tentado evitar nos últimos meses.
– Quando vocês irão contar? - ele pergunta e Katniss me olha.
– Por mim eu já teria contado - eu falo dando de ombros e é verdade.
– É eu sei, mas é melhor esperar! Eu não quero o pessoal em cima de mim ainda, eu lembro como foi com a Delly - ela fala e eu também me lembro, Grace e Marie sempre estavam por perto encantadas com a barriga dela crescendo.
– Isso é o de menos - Haymitch fala e consegue a atenção dela - Não é só a "Katniss", a mulher do padeiro que está grávida - ele fala fazendo aspas com os dedos quando diz o nome dela - É a Katniss Everdeen! O tordo! O símbolo da rebelião! Aquela que o país ainda venera - ele esclarece e ela me olha preocupada - O pessoal da padaria não serão nada comparado ao resto do país - ele avisa e eu tenho que admitir que ele está certo.
– Eles não precisam saber - ele fala dando de ombros e ele ri.
– Eles vão descobrir - ele garante - Eu não sei como ainda não descobriram, mas eles irão! E vocês tem que pensar em como farão isso - ele nos alerta.
– Eu ainda não pensei nisso - eu admito enquanto Katniss ainda parece assimilar as coisas.
– Daqui a três meses nós estaremos na Capital. Katniss estará com seis meses, a barriga já não vai da mais pra ser escondida! Talvez seja uma boa hora - ele sugere e eu acho que é uma boa sugestão.
– Mas eu não quero que eles saibam - ela fala negando.
– Isso não é uma opção! Nunca foi! Vocês apenas estão adiando - ele fala e ela parece decepcionada.
– E se eu não for esse ano? - ela pergunta e Haymitch ri.
– Katss, nós sempre fomos juntos, se você faltar esse ano é óbvio que eles vão querer saber o por quê, no outro dia eles estão aqui - eu falo e até ela tem que admitir.
– Eu sugiro que vocês contem para quem quiserem, apenas os amigos mais próximos e depois aproveitem o discurso na Capital e façam o anúncio oficial... Você não vai conseguir esconder por muito tempo - ele fala tentando ajudar.
– Haymitch está certo - eu admito.
– Talvez seja uma boa ideia - ela fala sem querer concordar tão rápido, então levanta e recolhe os pratos, nós limpamos e guardamos enquanto ele continua sentado olhando, depois disso nós vamos embora, chegamos em casa e Katniss troca a roupa e logo vai pra cama, eu também vou e mesmo que eu saiba que ela já está pensando na viagem eu não digo nada apenas a abraço como faço todas as noites e deixo que ela adormeça nos meus braços e eu também acabo dormindo.
No outro dia depois de conversamos melhor chegamos a conclusão que Haymitch realmente tem razão e que talvez seja melhor contar logo para os amigos, afinal ela já está quase com quatro meses e já não é tão fácil esconder a barriga, por isso como no final de semana é meu aniversário decidimos fazer um jantar, ela fala com Greasy que ainda está indo por alguns dias na casa do Haymitch e pede ajuda com o jantar, nós marcados e no decorrer da semana é o que fazemos, como a maioria de nossos amigos é da padaria tudo já está marcado, apenas devemos controlar a ansiedade até o final de semana, Delly se oferece para ir ajudar e mesmo que Katniss dissesse não ela iria do mesmo jeito, como ela é a única que sabe sobre a gravidez agradeço ela ter ido, já que Grace e Marie também se ofereceram achando que se trata apenas do meu aniversário, por isso acho até que será uma boa ela estar perto de Katniss caso ela não se sinta bem, já que Delly passou por isso duas vezes. O dia chega e tudo está arrumado, embora não seja nenhuma festa grande nem nada ainda acho exagerado as bolas e enfeites que segundos Katniss Delly e Grace fizeram questão, Katniss parece nervosa enquanto termina de se arrumar, mas como já estou pronto não tenho muito o que fazer.
– Eu vou descer - eu aviso e ela concorda. Eu recebo o pessoal, Delly chega com as crianças e Ian vem no meu colo o que faz Júnior ficar um pouco enciumado mas quando Philip lhe da atenção ele parece mais calmo, Haymitch se mantém afastado das crianças como se elas fossem contagiosas, Grace e Benny também chegam junto com Marie, logo em seguida Rory, então Katniss desce e começa a cumprimentar a todos, os últimos a chegar são Hazelle e as crianças que já não são mais crianças, Gale, Liesel e a filhinha, todos conversam amigavelmente e só se faz silêncio quando eu peço a atenção, Katniss está ao meu lado e parece ansiosa.
– Bom pessoal, eu agradeço que todo mundo tenha vindo.... nós escolhemos apenas as pessoas mais próximas por que hoje além do meu aniversário nós temos uma notícia pra dar - eu aviso e Katniss me olha com um sorriso nervoso e eu sei que terei que falar por que ela não conseguirá, mas isso não é nenhum problema, eu esperei muitos anos pra isso por isso quando eu anuncio minha voz sai alta e clara - Katniss está grávida! Nós seremos pais - como se combinado uma série de sons surpresos preenchem o lugar, mãos e braços aparecem pra nos cumprimentar e eu recebo a todos com sorrisos e um orgulho transbordando, depois dos cumprimentos a "festa" continua, as pessoas se servem, comem, bebem e conversam animadamente, no meio de toda a euforia eu acabo perdendo Katniss de vista, a princípio acho que ela pode ter se sentido mal mas a encontro falando com Gale, os dois sorriem com alguma coisa e se abraçam, quando o abraço termina Katniss me vê e vem na minha direção.
– Eu posso explicar - ela fala assim que para do meu lado.
– Não tem nada pra explicar - eu falo e ela me olha - Aliás, tem uma coisa... - eu concerto e ela me olha meio ansiosa e nervosa - Como você consegue ficar tão linda a cada dia? - eu pergunto fingindo seriedade, ela ri aliviada.
– Você precisa de óculos - ela fala rindo e eu juntos nossas bocas, ela aceita o beijo e eu o aumento mas ela para e afasta o rosto rindo.
– Você tem um aniversário pra aproveitar - ela fala indicando a sala cheia de pessoas.
– Depois a gente conversa - eu falo no ouvido dela e ela ri, nós voltamos a junto dos outros e ficamos assim por mais umas duas horas até que todos tenham ido, então nós subimos as escadas e eu vou direto pro banheiro, tiro minha roupa e entro no chuveiro, a água já estava caindo em mim quando a porta do box abre e Katniss entra, eu me surpreendo mas sorrio satisfeito.
– Achei que você não gostasse de invasões no banho - eu falo me divertindo e ela da de ombros.
– Eu achei que você não se importasse - ela completa também rindo, então eu a puxo pra debaixo da água, nossos corpos se juntam e quando nossas peles se encostam nada mais importa.
As manhãs passaram a ser mais movimentadas já que Katniss continua com seus enjoos matinais que a médica diz ser normal mas Katniss vive questionando e querendo saber quando irá acabar, eu confesso que é horrível vê-la nessa situação e não poder fazer nada, se não segurar seus cabelos e ver ela passando mal, perdendo a cor, outro dia até eu suspeitei que isso não era normal e no horário do almoço eu passei no Hospital pra falar com a médica e depois de quase uma hora de conversa ela me convenceu que é perfeitamente normal e realmente não há muito a se fazer a não ser estar por perto e é o que eu realmente tenho tentado fazer, as obras na padaria acabaram e eu coloquei avisos procurando por mais três pessoas pra trabalhar conosco, quanto mais o tempo passa mais eu quero estar ao lado dela e pra isso eu tenho que deixar a padaria com pessoal extra e assim como eu previ o dinheiro tem sido bem importante pra isso, conseguimos uma pessoa e agora eu já consigo ficar com o tempo mais flexível, o que significa ficar mais tempo com ela, embora as vezes não pareça uma boa opção já que junto com os dias passando e a barriga crescendo, o humor dela tem mudado bastante e assim como a médica disse sobre os enjoos isso também é "Perfeitamente normal", embora eu também tenha dúvidas, hoje é um dos dias onde o humor dela tem estado "afetado", eu acordo com ela batendo as gavetas com raiva.
– Bom dia pra você também - eu falo me espreguiçando na cama.
– Se for pra começar com seu bom humor matinal nem fala comigo - ela fala irritada abrindo outra gaveta, eu respiro fundo e me sento já me preparando.
– Procurando alguma coisa especial? - eu pergunto depois dela bater mais uma gaveta, ela me olha séria.
– Uma roupa que caiba em mim ajudaria bastante! - ela fala com ironia.
– Ok! Nós temos que resolver isso... eu posso te dar um dinheiro pra você comprar - eu falo e apenas pelo olhar que eu recebo sei que deveria ter ficado quieto.
– Eu... Não...quero...dinheiro - ela afirma pausadamente - Eu quero as minhas roupas! Eu quero essa calça, e essa blusa e essa e essa - ela fala jogando cada peça de roupa que estava na gaveta em cima de mim - Será que é tão difícil você entender? - ela para de jogar e me encara - Nenhuma roupa cabe em mim - ela repete alto demais e vai até o guarda roupa.
– Calma, tudo bem a gente da um jeito! - eu falo me aproximando dela.
– Não me manda ficar calma - ela ameaça com raiva e eu paro no caminho - E não vai ficar tudo bem, por que essa barriga ainda vai crescer mais ainda - ela avisa.
– Eu sei, acho que a gente realmente vai ter que fazer compras - eu sugiro, ela bufa de raiva, entra no banheiro e bate a porta.
– Maravilha - eu murmuro com ironia e me jogo na cama de novo.
Quando ela sai do banheiro está apenas de calcinha e sutiã, sua barriga já pode ser percebida e está linda mas hoje não é um bom dia pra falar isso então apenas observo e começo a me arrumar.
– Você vai comigo pra padaria? - eu pergunto e ela me encara séria.
– Você não disse que a gente ia resolver a questão das roupas? - ela pergunta irritada e com as mãos na cintura.
– Eu achei que aquilo tinha sido um não - eu falo tentando entender.
– Como se eu tivesse essa escolha - ela reclama abrindo os braços, eu me aproximo rápido dela.
– Você tá linda! - eu falo e ela me olha irritada.
– Cala a boca! - ela fala e vira as costas pra mim, eu me aproximo dela, meus braços a envolvem e a fazem parar mas ela tenta se esquivar, ela se vira e me olha irritada - Me solta! - ela exige mas eu sorrio e aproximo meu rosto do dela que vira de lado pronta pra reclamar mas antes que ela diga alguma coisa eu completo - E eu te amo cada dia mais - ela suaviza o olhar, minha mão segura sua cintura e a outra passa pelo seu rosto então eu junto nossas bocas, ela ainda parece indecisa mas quando minha língua invade a sua boca ela corresponde igualmente, suas mãos sobem a minha camisa, ela tira e joga no chão, um sorriso escapa dos meus lábios mas eu volto a beija-la, ela entrelaça os dedos no meu cabelo e aumenta o beijo, eu a deito na cama e quando meus lábios tocam sua pele ela não tenta resistir, seu corpo precisa do meu tanto quanto o meu precisa do dela.
– Nós devíamos fazer isso mais vezes! - eu sugiro e ela ri, está deitada sobre meu peito, nossas pernas entrelaçadas, meus dedos acariciando suas costas e o som da sua risada é o melhor de tudo, ela levanta a cabeça do meu peito, e se deita virada pra mim.
– Talvez eu esteja um pouco estressada esses dias - ela fala tentando não dá muita importância.
– Um pouco? - eu pergunto com ironia - Eu diria bastante, eu achei que você fosse me bater! - eu falo fingindo uma cara de medo e ela ri.
– Tá tão ruim assim? - ela pergunta curiosa.
– Nada que eu não posso aguentar - eu afirmo e ela sorri, então eu me aproximo dela e a beijo, inclino meu corpo sobre o dela e minha mão sobe pela sua perna até que ela a segura impedindo, ela para o beijo e eu a olho confuso.
– Eu tô morrendo de fome - ela fala com uma careta exagerada e eu solto uma risada.
– Então o café da manhã sai daqui a pouco - eu falo me levantando, eu puxo e visto minha calça, desço e preparo o café, quando ela desce nós tomamos o café, ela resolve ir comigo pra padaria e eu convenço ela a levar Delly pra comprar as roupas, por isso depois do almoço elas saem enquanto nós continuamos a trabalhar. Quando eu chego em casa ela já está lá.
– Conseguiu comprar alguma coisa? - eu pergunto torcendo pra que sim e que ela não esteja irritada.
– Algumas coisas - ela fala dando de ombros, então Haymitch entra abrindo a porta sem bater,
com as coisas resolvidas entre nós voltamos a velha rotina da porta sendo aberta sem permissão, ele jogado no sofá esperando o jantar.
– Não era pra Greasy ter deixado pronto? - Katniss pergunta enquanto entrega o prato pra ele.
– Ela tá doente! Não vai vim essa semana - ele fala e Katniss se preocupa e diz que irá visitá-la no outro dia, mas eu a lembro da consulta que teremos amanhã, nós jantamos vendo televisão e depois ele vai embora, nós subimos e eu me jogo na cama, Katniss se deita ao meu lado e eu sinto seu olhar em mim e viro meu rosto pra ela que está sorrindo, eu sorrio de volta por que apenas olhar pra ela já é um motivo, então ela se aproxima ainda mais e me beija, o beijo é forte e necessitado, e eu não preciso de explicações apenas correspondo com o mesmo desejo.
No outro dia nós acordamos cedo e saímos de casa em direção ao Hospital, não demora muito para sermos atendidos, temos as perguntas de sempre, a médica verifica o peso o que faz Katniss arregalar os olhos quando a médica diz que ela já engordou seis quilos em quatro meses, então chega a hora do ultrassom, eu olho para o pequeno monitor e espero ansioso, agora já não é mais apenas um pontinho.
– Nosso dia de sorte - a médica fala e nós a olhamos ansiosos - Vocês querem saber o sexo?
– Claro que queremos - Katniss fala diretamente como se essa tivesse sido uma pergunta idiota e de certa forma foi, a médica sorri fazendo um mistério e então anuncia.
– Vocês terão uma menina - eu sorrio e o sorriso evolui pra uma risada, a maioria dos pais querem um menino mas eu sempre quis uma menina que fosse tão linda quanto a Katniss, e quando eu a olho ela parece ainda surpresa mas sorri.
– Uma menina - eu repito animado e a beijo sem me preocupar com a médica, ela sorri - Eu vou ser pai de uma menina - eu anuncio alto como se pra realmente acreditar ate a médica ri.
– Meus parabéns - ela fala sorrindo.
E dessa vez quando eu saio do consultório eu mal posso me segurar de tanta alegria, a cada dia estamos mais perto de eu tê-la em meus braços. Minha filha.


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