- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

...'' a única coisa que consigo fazer é encarar aquele quadro agora quebrado, raiva e frustração, isso é o que eu estou sentindo''...



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Apenas fico ali olhando então me viro e saio do quarto, batendo a porta com força, paro no começo da escada absorvendo o silencio e a escuridão, desço as escadas e vou pra cozinha, retiro os ingredientes do armário e começo a preparar a massa para o pão, sovo a massa juntando toda a raiva e ódio que eu tenho dessa situação, eu odeio estar sozinho é perturbador mas não tenho muitas opções já que não me sobrou ninguém, continuo empenhado em preparar a massa e a deixo descansar em cima da mesa, vou até a sala e me jogo no sofá, não há nada pra fazer, eu só queria que ao menos por um dia eu não pensasse nem lembrasse de nada, só queria apagar, mas aquilo também não parecia uma opção, não sei quanto tempo se passa mas eu finalmente durmo, um sono inquieto de apenas duas horas mas essa já é quase minha rotina. Quando eu acordo vou até a cozinha e termino de preparar os pães, coloco no forno e espero eles assar, enquanto isso subo pro quarto, pego uma calça de moletom preta e uma blusa de meia manga branca, entro no banheiro tomo uma chuveirada e me visto, desço na hora de tirar os pães do forno, o sol acaba de nascer, faço as divisões do pão em duas cestas diferentes, sento e tomo meu café, que é o pão e uma xícara de chá de menta, quando termino vou até o escritório pego alguns dos papéis que eu vou precisar, hoje chega os fornos pra padaria que eu finalmente resolvi reabrir, mais uma das terapias, mas também uma vontade genuína de continuar o negocio do meu pai, de não deixar o nome dele morrer, de honrar a única pessoa no mundo que eu realmente acredito que me amou e que agora eu não tenho mais, senti que era o certo a se fazer sem falar que não conseguiria passar o dia inteiro nessa casa apenas vivendo do dinheiro do governo, então me decidi, a padaria será inaugurada daqui duas semanas e já está tudo adiantado, as coisas estão dando certo, a reconstrução foi rápida, consegui dois ajudantes pra me ajudar, um na cozinha e outro no atendimento, não vejo a hora de estar tudo pronto, saio do escritório pego as cestas e saio de casa, passo primeira na casa de frente, a de Katniss, a porta sempre está destrancada mas eu nunca entro, não falo com ela há muito tempo, desde o episódio da plantação das flores nós apenas trocamos alguns olhares por raras vezes onde nos encontramos, mas nenhuma palavra, nossos olhares se encontraram ainda mais rápido do que naquelas vezes na escola quando éramos apenas crianças, me aproximo da casa e deixo a cesta coberta com um pano bem em frente a porta como faço todo dia, deixo lá e saio, eu sei que ela irá pegar ou Greasy pegará quando chegar, já que ela vai todos os dias pra lá, de qualquer forma eu sei que chegará a ela, dou meia volta e vou até a minha segunda entrega, dessa vez eu entro na casa e o cheiro continua o mesmo assim como a bagunça, tento entrar na sala sem pisar nas roupas ou nos gansos e o acho jogado no sofá agarrado a sua faca e a sua garrafa, me aproximo e o chamo.
– Haymitch – eu chamo por ele enquanto coloco a cesta em cima da mesa depois de espantar um ganso que estava sobre ela, me viro pra ver ele e continua roncando – Haymitch! – eu chamo novamente sem sucesso, vou até a cozinha e coloco uma água pra ferver, preparo um café forte e coloco em uma xícara, me aproximo do sofá novamente levando a xícara comigo, balanço ele pelo ombro – Anda Haymitch, acorda! – eu falo e puxo a garrafa da mão dele, ele se mexe e eu o puxo pra se sentar no sofá, ele me olha confuso e então se esquiva de mim tentando se levantar sozinho, mas cai no sofá de novo – Toma isso! – eu falo e lhe entrego a xícara ele cheira e afasta, eu forço ele a beber mesmo reclamando.
– Eu não sou uma criança! – ele reclama depois do primeiro gole.
– Tem pão na cesta, vê se toma um banho e come alguma coisa – eu falo já me afastando dele que resmunga ainda no sofá.
– Por que você não toma conta da sua vida – ele reclama se levantando e passando por mim cambaleando.
– Você acha que é um prazer pra mim vir aqui nesse chiqueiro, te achar assim todo dia, te acordar e te lembrar de comer e tomar banho – eu reclamo já irritado com tudo, hoje não é um dia bom e eu não estou com muita paciência pra ele, ele se surpreende e me encara sem acreditar – Pois não é! – eu falo encarando ele também – Mas eu faço por que por mais que eu quisesse eu não consigo te ignorar, mas é apenas isso! – eu falo e me viro pra sair, batendo a porta com força. Saio de lá irritado, eu tento não sentir raiva dele mas quando lembro que ele nos enganou, que ele sabia do plano e nos escondeu eu não consigo ignorar isso totalmente. Saio da Aldeia e pego meu caminho de todo dia, em poucos minutos eu estou no galpão onde era o antigo Prego, o mercado negro, alguns passos e eu encontro meu esconderijo de todo dia, próximo a uma parede velha eu me encosto na parede e espero, alguns segundos e eu me sento no chão encostado na parede quase de frente pra cerca, apenas esperando e esperando, remexo em algumas pedrinhas que estão próximas aos meus pés quando eu a vejo, é incrível como mesmo com tudo isso, mesmo sem nem ao menos falar com ela, mesmo sabendo que ela não está me vendo, mesmo assim depois de 8 meses fazendo isso, eu ainda sinto meu coração disparar quando a vejo, ela está com a sua jaqueta de caça de sempre, suas botas marrons, o cabelo na sua trança costumeira, seu andar firme e seguro como sempre, ela para de frente pra cerca olha ao redor e olha na minha direção, já não tenho mais o instinto de me esconder como fazia antes pra evitar que ela me visse por que eu sei que ela não pode me ver, apenas a observo, seu rosto sério mas ainda assim tão bonito como sempre, ela passa pela cerca e em poucos segundos some de vista, eu mantenho meu olhar na direção que ela foi mesmo sabendo que não posso mais vê-la, minha cabeça se encosta na parede e eu respiro fundo, é inacreditável como eu tentei não fazer isso, eu juro que tentei, tentei de todas as formas me convencer que isso é completamente idiota, eu me sinto novamente como aquele moleque que ficava olhando ela ir pra casa todo dia, mas eu simplesmente não consigo passar um único dia sem olhar pra ela, sem ver o rosto dela, não consigo. Eu sei que seria melhor me afastar dela, tentar esquecê-la mas é impossível, eu a amo e não tenho como negar isso, essa é a verdade, a única verdade que eu realmente sei, eu a amo com todas as minhas forças, como todo meu coração, eu tentei arrancar isso mas não dá, é forte demais pra se acabar, até mesmo a minha parte transtornada que a odeia no fundo a ama, por que esse ódio é apenas ciúme e raiva por ela amar outro, a verdade é que eu a amo mesmo sabendo que ela não me ama, mesmo sabendo que ela nunca mais vai falar comigo, mesmo sabendo que ela apenas me usou pra se manter viva ainda assim eu a amo e ainda assim eu a quero bem, em segurança e talvez, quem sabe, feliz, isso é o que eu quero, por mais idiota e contraditório que possa parecer. As vezes nem eu mesmo consigo entender esse sentimento mas não posso negar que daria qualquer coisa pra ter apenas uma daquelas lembranças boas com ela de novo, mesmo sabendo que pra ela não foi nada. Fico alguns minutos ali até que me levanto e vou pra padaria, chego lá e os garotos já estão lá, Benny e Philip tinham acabado de chegar, eles irão me ajudar na arrumação da cozinha e no recebimento do material, nós esperamos a entrega e quando chega eu sinto como se realmente caísse minha ficha naquela hora, os fornos são incríveis ainda mais modernos e potentes, nós o colocamos na cozinha e ajeitamos algumas das outras coisas, como a vitrine de vidro, o dia parece passar voando, paramos para o almoço, os garotos vão pra casa mas eu continuo pela padaria, não estou com fome, apenas quero me ocupar, quando eles voltam nós continuamos o trabalho, refazemos uma lista do que falta e me sinto satisfeito de que não são muitas coisas, mais uma vez o resto do dia passa rápido novamente, eles se vão e eu continuo por lá fazendo algumas anotações, saio da padaria apenas quando já está escurecendo, sigo o caminho sem pressa alguma de chegar em casa, algumas pessoas me cumprimentam pelo caminho, eu sorrio tentando ser simpático, afinal elas não tem culpa do que acontece comigo, só estão felizes de finalmente estarem começando uma vida decente, por isso aceito os sorrisos e acenos, por isso afundo toda minha angustia e sorrio de volta com o melhor sorriso que consigo oferecer. Já estava chegando a Aldeia quando uma garota surge na minha frente com um sorriso nos lábios, não me lembro de tê-la visto antes.
– Peeta Mellark! – ela fala sorrindo ainda mais – Eu sempre quis te conhecer! – ela fala me olhando, eu sorrio tentando ser simpático – Meu nome é Grace! – ela fala se aproxima mais de mim me dando um beijo na bochecha, eu me surpreendo com isso mas não me afasto.
– É um prazer, Grace – eu falo quando ela se afasta.
– O prazer é meu, pode ter certeza – ela fala maliciosamente, eu tento não parecer um idiota e apenas sorrio de novo – Eu soube da padaria – ela fala puxando conversa.
– Deve ser inaugurada daqui duas semanas! – eu respondo com o que eu espero que aconteça mesmo.
– Estarei lá, com certeza – ela fala com um sorriso.
– Que bom! – eu falo também sorrindo sem saber onde ela quer chegar.
– Eu tenho que ir agora mas espero poder te ver de novo! – ela sorri e me beija na bochecha novamente antes que eu tivesse qualquer reação – Vou esperar ansiosa por isso – ela fala e pisca pra mim antes de se afastar sorrindo.
Eu ainda estou tentando entender isso quando Haymitch aparece do meu lado.
– E você deixou ela sair assim – ele fala olhando pra trás pra onde a garota segue o caminho, eu sigo olhar dele mas volto a andar – É sério isso? – ele pergunta vindo ao meu lado – Ela praticamente te agarrou no meio da rua e você não fez nada? – ele fala surpreso, enquanto nós andamos.
– E o que você queria que eu fizesse? – eu pergunto sem parar de andar.
– Agisse como um garoto de 18 anos normal agiria – ele fala dando de ombros, eu paro de andar e me viro pra ele sem acreditar.
– Acontece que eu não sou um garoto de 18 anos normal! – eu falo firmemente e irritado, viro as costas e volto a andar mais rápido, quando chego próximo a casa dele ele me segura pelo braço.
– Mas você ainda é um garoto e você ainda tem uma vida pela frente – ele fala dessa vez sério e me encarando, eu dou uma risada meio nervosa e sem acreditar no que ele diz.
– Grande vida! – eu falo ironicamente.
– E o que você faz pra mudar isso? – ele pergunta me encarando – Faz pães pra um velho bêbado por que tem pena dele? – ele fala agora sem segurar meu braço mas ainda me encarando, ele joga na minha cara o que eu disse pra ele hoje.
– Eu não quis dizer isso! – eu começo a falar mas ele me interrompe.
– Você quis! Nós dois sabemos disso – ele confirma e desvia o olhar de mim – E você tá certo! – ele fala mais baixo.
– Haymitch, eu... – ele me para novamente.
– Esquece isso! – ele fala balançando a cabeça – O que está em questão aqui é... O que você faz da sua vida garoto? Me mantém vivo e cuida ‘’secretamente’’ – ele fala fazendo sinal de aspas com os dedos – Da garota que você ‘’secretamente’’ ama – ele repete o sinal.
– É só pão! – eu falo dando de ombros.
– Não é só pão! – ele nega dando uma risada – Você sabe que não! É uma maneira de você estar na vida dela, de fazer ela te enxergar de alguma forma – ele fala e dessa vez quem desvia o olhar sou eu – Só que ela não quer enxergar! – ele conclui e eu volto a olhar pra ele – E mesmo assim você continua aí, como um perfeito cão de guarda, esperando ela estalar os dedos pra você ir.
– Você não sabe o que tá falando – eu falo e me viro começando a andar, não preciso escutar isso.
– Então você vai negar que sai todo dia, uma hora antes só pra ver ela indo pra floresta? – ele pergunta e isso me faz parar no meio do caminho. Como ele sabe disso? – Eu não sou tão bêbado, nem tão idiota quanto você acha que eu sou! – ele fala quando eu paro.
– Eu nunca te achei idiota – eu falo me virando pra ele, que esta virado pra mim – Como você sabe? – eu perguntei o que confirmou o que ele disse.
– Por que você a ama! – ele fala como se fosse obvio, eu não falo nada – Só que não adianta! Você já devia ter percebido isso! – ele fala tentando me fazer entender aquilo que eu mesmo tento me convencer todo dia – Para de correr atrás dela! – ele fala exaltando a voz, eu continuo parado – Esquece ela! Vai viver sua vida – ele continua com a mesma voz de antes.
– Eu não quero viver uma vida sem ela! – eu falei aquilo que eu já sabia a muito tempo.
– Eu não queria muitas coisas! Mas, a vida é assim – ele fala dando de ombros – Você quer o quê? Terminar igual a mim? – ele fala abrindo os braços e rindo meio insanamente – Eu acho que não! – ele fala serio de novo – Então eu te aconselho a parar de viver pelas beiradas da vida dela – ele fala e essas palavras me atingem fortemente, essa é a verdade, eu apenas estou vivendo ao redor dela e só isso – Ou você luta por ela pra valer ou você parte pra outra! – ele fala e dessa vez é ele quem se afasta me deixando ali parado absorvendo o que ele falou.


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Notas finais do capítulo

Oi, gentee. . .
Comentem por favor!!
PS: Só quero esclarecer uma coisa rápida. . .
Eu sou uma grande fã de THG (óbvio né), mas confesso que o ultimo livro me decepcionou um pouquinho, por que eu passei dias, semanas, meses pensando em como aconteceram as coisas com eles depois de tudo, por isso eu imaginei diferentes ''desfechos'' pra essa história que me fascina, sendo assim, se alguém leu a minha outra fic sobre isso, não tentem comparar os fatos daqui com os de lá, por que essa fic é DIFERENTE, além de ser na visão do Peeta, eu não vou seguir as mesmas coisas de lá, é apenas mais uma opção do que poderia ter acontecido ok?!
Espero que gostem e por favor comentem se não eu vou acabar desistindo ok?
BEijos'



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