Amor de Maroto escrita por Helena Prett


Capítulo 23
Juntos


Notas iniciais do capítulo

É com um grande peso no coração que eu posto o último capítulo. Trabalhei nessa fic por ao menos dois anos e finalmente (e infelizmente) hoje eu registro aqui o final do meu longo e laborioso projeto. Por mais que essa não seja a melhor fanfic dos marotos do mundo, eu me orgulho muito dela, levando em consideração não apenas o tempo, mas também o carinho que dediquei a ela.
Espero que vocês, queridos leitores, tenham gostado dela assim como eu fiz.
Que vocês tenham um ótimo e mágico 2015!
Beijos,
Helena

Atualização: Seguinte, eu estou pensando em escrever uma continuação para a fanfic Amor de Maroto e queria saber se vocês apoiariam a ideia. Eu sinto muita falta da dinâmica de publicar os capítulos e responder comentários de leitores, portanto acabei pensando nessa como a única maneira de suprir minhas necessidades de escritora. O meu principal problema é que escrever uma fic não é um processo da noite para o dia, ele requer muito tempo e paciência, então a minha real pergunta é se vocês teriam curiosidade de ler se eu elaborasse uma continuação. Se o caso for que não exista essa vontade, nem me darei o trabalho de me preocupar. Comentem o que vocês acham!



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Capítulo 23 - Juntos

— Ah, quem se importa?

Eu me importo, Black! - disse uma Lily irritada e nervosa, que tentava recuperar suas anotações da mão do amigo. - Não tem graça! Devolve! - por fim, o maroto cedeu, a entregando de má vontade a tonelada de papel.

Era o último dia de provas, coisa que deixava alguns alunos loucos, como Lily, que não parava de estudar. Tiago tentava fazer com que a namorada parasse com sua obsessão pelos estudos, sem resultado. Não que ele fosse o único, já que Remo a chamara a atenção ao menos cinco vezes naquele dia.

— Ruiva, não seria melhor usar seu livro ao invés de andar por aí com essas folhas avulsas de caderno? - Black indagou ao observar as folhas.

— Esse é o resumo do meu caderno. - informou Lily, voltando a ler.

— Se esse é o resumo, imagina o completo! - resmungou Sirius, um tanto surpreso.

Tiago ignorou os comentários e abraçou sua namorada por trás, lhe dando um beijo na bochecha. Eles seguiram assim por mais alguns corredores, até que o maroto acariciou sua cintura.

— Tiago, não é por nada, mas carinho não vai me fazer parar de estudar. - declarou Lily, ainda com os olhos voltados para os pergaminhos. - Tiago… - ela chamou sua atenção quando sentiu ele a puxar pela barriga.

— Ah, Lírio, vamos lá! Dá um tempo disso! - ele implorou. - Ah, é assim? - Tiago então a beijou, fazendo-a perder toda concentração.

Alguns diriam que esse ato foi romântico. Outros que foi fofo. Agora, quem conhece Lílian Evans saberia que o gesto foi um pedido de morte.

A ruiva o afastou não tão delicadamente como esperado, mas também não o empurrou. Sua expressão não era a das melhores. Oh, definitivamente não era.

— Potter! - ela parecia aborrecida e ao mesmo tempo com raiva do namorado, mesmo que este não tivesse feito nada demais. - Eu realmente preciso estudar. Hoje é o último dia de provas. Não posso simplesmente relaxar e reprovar nessa matéria, já que… - sua fala teria sido convincente para qualquer namorado normal. Mas falando deste, Tiago já estava farto daquilo, de ser trocado por exemplares de livros.

— Ok, passe o tempo que quiser com suas anotações! - o maroto resmungou, a deixando no meio do corredor.

— Droga! Droga! Droga! - Lily se amaldiçoou baixinho. - Qual é o meu problema? - se perguntou, cerrando os punhos. Ela observou o namorado desaparecer no meio dos alunos.

A menina suspirou fundo, juntando forças para quebrar seu orgulho. Antes que pudesse fazê-lo, uma mão tocou seu ombro, a induzindo a virar.

— Eu não faria isso, se fosse você. - Sirius aconselhou-a. - Ele está irritado agora. Não adianta.

— Black tem razão. - Remo entrou na conversa, colocando uma mão em seu ombro vago. - Espere para falar com ele depois da prova apenas.

— Mas eu não vou conseguir fazer a prova se não resolver isso! - reclamou. - Sinto muito, mas eu preciso falar com ele antes. - com isso, a ruiva se retirou, correndo atrás do namorado.

Obviamente, Lily não o encontrou tão facilmente, uma vez que este estava um tanto afastado de tudo e todos. Tiago mal a olhou quando ela apareceu ao seu lado.

— Desculpa por ter te empurrado. - pediu a ruiva. - E por ter gritado com você. - adicionou.

— Ok. Desculpas aceitas. - a fala não lhe soou muito convincente, desanimando Lily. - Já pode voltar para suas anotações. Elas devem estar sentindo sua falta.

— Sarcasmo, sério? - o maroto assentiu, dando de ombros.

A menina se irritou, virando de costas e voltando para a companhia de Sirius e Remo, que permaneceram no mesmo local, revisando alguns tópicos. Quando o primeiro a perguntou se tinha se entendido com Tiago, Lily apenas negou com a cabeça, voltando a ler seus resumos, de vez em quando secando as poucas lágrimas que caíam. Lupin não ousou tocar no assunto.

——

Com o término das provas finais, todos os alunos de Hogwarts estavam mais vívidos. Não importava se iam ou não passar nos N.I.E.M.’s. Não importava se conseguiriam sobreviver ao mundo real. Embora cansados, todos tinham sorrisos triunfantes estampados em suas faces. Sete anos tinham se passado. Sete longos e difíceis anos. Nada mais era notado além da liberdade.

— O que foi, Carol? - Sirius indagou, ao ver que a melhor amiga estava um tanto dispersa.

— Remo vem me evitando esses dias. - a loira declara, entrando no corredor. - Ele anda… - suspirou. - diferente, sabe? Isso me preocupa.

— Aluado deve estar tendo alguma crise com ele mesmo, mas pode ter certeza que logo logo ele estará novamente normal.

Sirius olhou para a cicatriz no pulso da amiga, desviando o olhar rapidamente. O maroto achava que sabia o motivo para esse distanciamento de Remo da namorada, mas não quis se intrometer. Carol podia ser sua melhor amiga, mas ele não pretendia estragar o namoro dos amigos. O casal tinha que se entender sozinho.

— Você sabe. - a loira pegou Sirius distraído, que murmurou em resposta, sem compreendê-la. - O que eu fiz para Remo ter se afastado de mim? - indagou esperançosa de que receberia uma resposta. Para sua decepção, o amigo era bom em mentir.

— Se eu soubesse, já teria lhe contado, não acha?

Carol ponderou um pouco, cedendo um minuto ou dois após aquela pergunta. Não iria discutir com o melhor amigo. Não valia a pena.

— Bem, já vou indo. - declarou. - Preciso me arrumar com as meninas para o Baile de Formatura. - complementou, rumando para seu dormitório.

Sirius tinha se esquecido completamente do evento daquela noite. Como poderia ter ficado tão disperso? Tinha que avisar os meninos, pois provavelmente apenas Remo não se olvidara.

— Óbvio que eu não tinha me esquecido, Almofadinhas. Você tinha? - Potter indagou. - Sorte a sua que Anna não ouviu isso. Com certeza ela não ia ser a namorada mais feliz do mundo… - debochou do amigo, procurando sua gravata.

— Sério, Pontas? Agora todos vão tirar uma com a minha cara?

— Hmm, eu suponho que sim. - Remo entrou para a conversa. - Como pôde esquecer-se do seu último baile escolar com sua novíssima noiva?

As bochechas de Sirius coraram. Como ele descobriu que o maroto a tinha pedido em casamento recentemente? Pelo que sabia, Anna não queria comentar com muitos para não correr risco de Hogwarts inteira ficar sabendo. Ele contara a Carol, já que a loira era sua melhor amiga, mas não sabia que a mesma tinha dito a seu amigo. Para Tiago, ele também não tinha falado, por mais injusto que isso pudesse parecer.

— Você acha que nós não sabíamos? - Potter perguntou-o. - Anna é minha melhor amiga. Eu soube já no dia seguinte, pois ela estava bem mais feliz que o normal. Não sei se Lily sabe, mas tenho certeza que você contou para Carol. Aluado descobriu pelas suas atitudes, já que você não desgrudou da morena esses dias e não para de trocar carinhos com ela.

— Não pensei que vocês fossem tão espertos. - Sirius admitiu, levantando-se de sua cama. - Bem, se me permitem, vou tomar banho.

——

— Por Merlin, onde eu coloquei meu salto? - Anna estava ficando louca tentando achar seu par de sapatos. Sempre que os perdia, achava-os facilmente, mas isso não estava ocorrendo naquela tarde.

— Anna, relaxa. Ainda faltam umas duas horas para o baile. Até lá você os encontra. - Carol garantiu, tentando acalmá-la. - E além disso, você nem está vestida ainda, por quê precisa do salto então?

— Eu… não sei. - admitiu. - Não sei o motivo de eu estar tão nervosa. Quer dizer, sim, eu vou como par do Sirius, mas já é, sei lá, a terceira vez que isso acontece. Por que estou tão entusiasmada? Quer dizer, é só o Sirius, não é mesmo? E… Ah, Merlin, eu estou surtando! - exclamou ao deitar em sua cama. A morena abraçava sua rena de pelúcia. Ela ficou muito feliz quando Sirius a deu a rena, que era o mesmo animal que seu patrono. Foi uma surpresa o maroto se recordar deste fato.

Carol e Lily começaram a rir bastante. Isso era extremamente hilário. A ruiva estava sentada em sua cama, lendo um livro trouxa, enquanto a loira estava procurando seus pincéis de maquiagem, os quais ela tinha lavado mas não se recordava de onde os tinha deixado.

— Anna, calma. - Lily pediu. - Você são namorados, é normal isso acontecer. Quer dizer, noivos. - se corrigiu. - Eu sempre esqueço disso. Aliás, por que você não usa seu anel hoje a noite? É um momento especial.

— É uma boa ideia. - a morena disse, o pegando dentro da gaveta de seu criado mudo. O anel parecia brilhar ainda mais do que o vira da última vez. Ok, não fazia tanto tempo assim, já que ela o olhava todos os dias antes de ir dormir. Encaixou o anel em seu dedo, se impressionando ainda com a precisão com qual Sirius conseguira acertar o tamanho.

Depois desse momento, as meninas começaram a se preocupar com o horário, então iniciaram o processo de arrumação. Após tomarem banho, resolveram preparar a pele, passando inúmeros produtos trouxas (exfoliantes, tonificantes, hidratantes, primers…), indo depois para bases líquidas, pó compacto, corretivos, blush e iluminadores.

— Se vocês quiserem, eu faço a parte da sombra, mas não vou passar rímel em ninguém. - Carol avisou, pegando seus recém lavados pincéis.

Os próximos minutos se passaram com as três amigas se lembrando de vários momentos que passaram juntas ou não em Hogwarts.

— Não parece que vai acabar. Parece que depois do Baile, as coisas vão voltar ao normal. Aulas, visitas à Hogsmeade, jogos de quadribol… Não posso acreditar que estejamos tão próximas do fim. Não é possível. - Lily disse. - Não quero ir embora. Não posso voltar para o mundo trouxa. Não depois de tudo o que passei por aqui.

— Você não vai voltar para o mundo trouxa, Lil, pode ter certeza. Vamos conseguir empregos no mundo da magia, você vai ver. E se formos aurores? Curandeiras? Não sei. Mas pode ter certeza que nossos futuros são no mundo bruxo.

— Quem me garante isso, Anna? Não temos certeza de nada. Absolutamente nada.

— Lil, você realmente acha que seu namoro com Tiago não vai durar? A família de Tiago inteira é bruxa. Você nunca vai poder se afastar da magia se ainda estiver com ele. Minha família é bruxa e a de Carol é metade bruxa. A magia nunca vai nos deixar. Nós namoramos marotos cujas famílias são bruxas também. Não vamos nos livrar deles tão rapidamente, pode ter certeza. E muito menos eles de nós! - as três riram.

— Lil, pare de se mexer tanto. Desse jeito vou acabar borrando. - Carol pediu, tentando manter as pálpebras da amiga estáticas por um momento ou dois. - Concordo completamente com Anna. Eu, pelo menos, não pretendo terminar o namoro com Remo. Anna, aparentemente, também não. - disse, apontando para o anel no dedo da amiga. - E você, Lily, ama Tiago, então não acho que o namoro de vocês vá terminar tão cedo. Quer dizer, eu nem acho que vai terminar. - compartilhou sua opinião, procurando a tonalidade certa para fazer o esfumado.

— É, terminar o namoro com Tiago definitivamente não está nos meus planos. - as amigas riram. - Às vezes eu até imagino como seria viver pra sempre ao lado dele… - a ruiva suspirou, fazendo as amigas sorrirem com o sonho dela.

— Pode abrir os olhos. Já terminei. Anna, sua vez. - anunciou a loira, pegando um potinho de pigmento. - É, acho que esse brilho todo vai combinar com você. - disse, começando a aplicar a maquiagem nas pálpebras da morena.

E assim o tempo se passou. Carol fazendo ora sua maquiagem, ora retocando a das amigas. Logo em seguida, as três ficaram um pouco conversando, já que ainda faltava uma hora para o evento. Não queriam ficar o tempo todo de vestido e salto, então continuaram por uns bons minutos com suas roupas normais.

— Vocês acham que Remo vai falar comigo? Quero dizer, conversar comigo propriamente. - Carol perguntou às amigas.

— O que você quer dizer com isso, Carolzinha? - Anna indagou.

— Ele tem agido diferente esses dias. Não sei se com vocês também, mas Remo não fala mais comigo. Desconheço o motivo de seu afastamento repentino. Parece que eu perdi meu namorado em uma semana. - comentou, respirando fundo. - Mas eu supero. Deve ser apenas impressão minha, não? - a loira realmente tentava se manter otimista sobre o assunto, mesmo sabendo que estava errada.

Lily olhou para Anna, provavelmente pensando a mesma coisa, porém não comentaram. As duas anunciaram o horário, iniciando então o momento dos vestidos, que tinham sido minuciosamente escolhidos para tal ocasião. A ruiva iria trajar um vestido azul royal escuro, sem muitos detalhes, porém que valorizava sua curvatura. Carol preferiu algo mais brilhante, com bordados no tecido prata com um decote coração com uma fina alça prata sustentando o tecido e os enfeites. Já Anna, por mais que as amigas insistissem em fazê-la mudar de ideia, optou por um tomara que caia vermelho, que abraçava seu corpo de tal maneira que todas suas qualidades eram realçadas: cintura fina, seios e bunda proporcionais, sendo os primeiros eram por muitos considerados fartos.

— Por Merlin, Anna, você não tinha como escolher um vestido menos discreto? - ironizou Carol, se referindo primeiramente à cor do mesmo. - Agora se o foco era Sirius, pode ter certeza que ele vai amar. - comentou.

— Não sei ao certo se o foco de fato era ele, porém pensei nisso após pegar o vestido. - deu de ombros, fazendo as amigas rirem. - E não sei do que estão falando, já que os trajes de vocês não são lá tão santos assim…

Lily enrubesceu, tentando levantar o decote ao máximo. Carol nem se importou, puxando os seios para cima, os ressaltando.

— Senhorita Andrew, mas que absurdo foi esse?! - a morena indagou rindo.

— Quem sabe assim Remo fala comigo. - opinou, procurando seu salto nude com strass e calcanhar prata que combinava perfeitamente com a roupa de festa.

As outras duas seguiram seu exemplo, indo atrás de seus calçados também. Anna iria com um nude com strass na frente e preto no calcanhar e no salto. Lily optou por um azul com detalhes pratas no bico.

Faltando apenas dois minutos, as três amigas davam o toque final s seus looks: os presentes de natal de seus respectivos namorados. Lily pôs no pulso a delicada pulseira de libélula e olho grego, enquanto a loira enrolou o cordão do relicário no carpo, deixando pendente o coração que continha a foto deles no primeiro baile do ano. A morena apenas se preocupou em colocar a pulseira, pois o anel já estava brilhando em seu dedo, cuja unha estava pintada com o esmalte ocre claro.

— Bem, acho que é isso. - Carol disse, já entusiasmada com o evento. - Vamos?

As três amigas se entreolharam, emocionadas. Aquele seria o último baile delas em Hogwarts. Depois desta noite, talvez nunca mais festejassem com todos seus colegas e amigos da escola. Ansiedade e medo eram os sentimentos predominantes naquele momento, em que muitos pensamentos sobre o futuro invadiam suas inquietas mentes.

——

— Vamos? - Remo perguntou aos amigos. - Já está quase na hora e precisamos estar na Sala Comunal antes delas para recepcioná-las. - repetiu pela milésima vez.

— Elas sempre atrasam, Aluado, relaxa. - Black disse, procurando sua gravata. - Pontas? - o maroto o olhou, esperando que falasse. - Você vai falar hoje?

— O quê? - Pedro questionou, sem entender a conversa dos amigos.

— Não, Almofadinhas. Hoje só vou aproveitar. Continuo com o plano antigo. - Tiago declarou, já querendo encerrar o assunto, coisa que Remo não deixou.

— Pontas… - Lupin iniciou a fala. - Você não vai fazer mal a ela, estou certo? - desconfiou dos comentários suspeitos dos amigos.

— Posso ser meio sem noção, mas não chega a tanto. - disse, dando o nó na gravata. - Eu seria insano se fizesse algum mal à Lílian, Aluado. Ela é a pessoa que eu mais me preocupo e amo. Nem brincando eu faria algo, pode apostar.

— Se você diz…

— E por falar em mal, Aluado, - Sirius entrou na conversa. - o que pensa que está fazendo com a Carol?

— O que você quer dizer? - indagou o maroto com cabelos cor de areia, arrumando sua camisa.

— Essa semana ela apenas falou em como você a está ignorando. Algo está errado, não acha?

— Você sabe muito bem o que aconteceu para eu agir assim, Almofadinhas. E não é só aquilo… É algo muito mais complexo do que você imagina. - Remo disse, se levantando. - Vamos? - perguntou novamente, desta vez convencendo os amigos de sair do dormitório.

——

— Você está magnífica, Lírio. - ao dizer isso, Tiago lhe ofereceu sua mão para que ela pudesse se aproximar do namorado.

Lily sorriu timidamente, recebendo um beijo na testa.

Logo, depois de Lily, veio Carol, que estava mais sensual do que já estivera. Seu vestido fazia com que seus seios ficassem em destaque, coisa que ela nunca aprovara para si mesma, pois achava isso indiscreto e vulgar. Mesmo de salto, Remo ainda era bem mais alto que ela. O maroto, assim que a viu, lhe deu um selinho, logo dando seu braço como apoio para a namorada.

— Você está diferente. - Remo sussurrou em seu ouvido para que ninguém ouvisse, apenas ela. - Mas um diferente muito bom. - disse depois, fazendo-a corar.

— Você também, senhor Lupin. Mas não me refiro à aparência. Você sabe muito bem do que estou falando e também sabe que o tipo de diferente não é o mesmo que você disse. - o provocou friamente, mantendo o fraco sorriso que permaneceu em seu rosto.

O maroto não retrucou, pois, infelizmente, entendeu a indireta. Ao invés disso, apenas continuou ao seu lado, sem dizer mais uma palavra.

— Você está deslumbrante, Prin.

Anna corou com o elogio, ficando de mãos dadas com o noivo, que a olhou dos pés à cabeça, com um olhar de admiração.

— Não precisa babar, Prin. - ao ouvir isso, Sirius colocou suas duas mãos em sua fina cintura. O maroto a tirou do chão, girando-a algumas vezes até colocá-la em terra firme novamente. - Ok, essa sua mania de me levantar definitivamente tem que parar. - falou a morena, ainda segurando firme em Black, com medo de cair. Sabia que ele não a soltaria, porém, quando se trata de Sirius, um pouco de precaução nunca é demais.

— Velhos hábitos nunca mudam. - o maroto disse sorrindo, a beijando em seguida.

——

— O que perdemos? - Anna perguntou às amigas, ainda esbaforida.

A morena e Sirius ficaram para trás no caminho até o Salão Principal, com o objetivo de passarem algum tempo juntos antes do Baile. O casal se manteve em um banco nos jardins por ao menos quarenta minutos, conversando e - principalmente - se beijando. Não tiveram a menor pressa em terminar, uma vez que estavam felizes demais por serem, finalmente, noivos.

— Professor Dumbledore expressou seus agradecimentos ao nosso grupo de alunos que se formaria agora e deu um discurso sobre como teríamos responsabilidades a partir de hoje. Depois ele pediu que aproveitássemos a festa. - a loira fundiu as informações, ainda de mãos dadas com o namorado.

— Resumindo: quase nada. - Tiago disse, para facilitar a vida dos amigos.

Sirius murmurou algo como agradecimento pela síntese, bebendo um pouco d’água.

— Vamos dançar. - o maroto sugeriu, olhando animadamente para Anna, que estranhou seu comportamento no mesmo instante.

— Quem é você e o que fez com meu namorado? - a morena questionou, de olhos arregalados.

— Prazer, me chamo Sirius Black e sou seu noivo. - a última parte da frase ele sussurrou apenas para Anna, evitando que ouvidos curiosos escutassem.

A menina acabou cedendo, indo para a pista com ele. Do contrário que pensava, Sirius até que dançava bem. As garotas encaravam Anna com desprezo, cegas pela visão do maroto. A morena nem ligava, apenas aproveitava seus últimos momentos no castelo.

Seus amigos seguiram o exemplo do casal, indo se divertir também. Lily e Tiago iniciaram a farra imediatamente, esperando apenas que Carol e Remo também entrassem no clima. A tensão entre os dois tinha apenas crescido durante o baile, tanto que a loira não estava alegre como sempre.

— Preciso falar com você. - Carol por fim declarou, puxando Remo para fora do Salão o mais rápido que pôde, sem nem dar satisfação às amigas, que acharam estranho, mas compreenderam.

Após andarem para longe do local do evento, a loira para e espera que o namorado fale algo. Ele sabia porque Carol o tinha chamado, mas não queria falar sobre aquilo.

— Eu não posso mais fazer isso, Carol. - o maroto por fim fala, suspirando. - Não adianta nem perguntar, pois você sabe muito bem a que me refiro.

— Por que não? - ele não podia simplesmente terminar o namoro daquele jeito, tão abruptamente… ou podia?

— Eu não sou o cara certo pra você.

— Então quem é? - a loira questionou, começando a lacrimejar. - Da última vez que chequei, você era quem eu amava e com quem eu queria estar, Remo.

— Carol, é isso. Acabou. Eu não posso mais. Sinto muito. - disse, se afastando da menina.

Remo pensa em voltar atrás, dizer que estava errado, que a queria mais que tudo, porém ele prezava, antes de seus desejos, a segurança dela. Ele era uma ameaça para ela. Aquilo não podia continuar.

— Se você está fazendo esta decisão, é por você, e não por mim.

Aquela fala fez o maroto parar de andar e virar-se para encará-la novamente. Carol tinha algumas lágrimas descendo por sua face, mas não permitia que parecesse fraca, tendo um olhar firme e determinado.

— Qual é o seu real problema, Remo?

Ele foi até a loira, porém mantendo ainda certa distância.

— Lembra quando você desmaiou um dia no quarto ano e falaram que era hipoglicemia? - ela assentiu com a cabeça, esperando que ele prosseguisse. - Sabe essa marca que você tem no pulso? - Remo indica, bem onde o pingente do relicário estava em seu pulso esquerdo. A cicatriz ia desde o dedão até um pouco abaixo do pulso. - Uma vez os marotos não conseguiram me controlar quando fomos rumo a Hogwarts. Você estava no jardim. - ele fez uma pausa para tomar coragem. - Eu ataquei você involuntariamente, já que você não é uma animaga. - a loira não demonstrou se estava ou não surpresa, para não influenciar no resto da história. - Sirius a levou para a ala hospitalar e Madame Pomfrey cuidou de você, apagando sua memória em seguida. Por sorte, não te mordi, apenas arranhei. Os marotos só me contaram isso essa semana. - explicou, cabisbaixo. - E se acontecesse pra valer? E se eu não reconhecer você? E se eu te morder? - levantou possibilidades, tentando explicar a gravidade de seu dilema. - Não posso correr esse risco.

Antes de começar a expressar seu ponto, a loira deu um passo à frente, a permitindo quase encostar em Remo.

— Você precisa de muito mais que isso para me aterrorizar e me convencer de te deixar. - Carol disse, pegando uma de suas mãos. - Estou aqui sempre que precisar, você sabe disso. Sendo o problema relacionado ou não a lobisomens.

— Carol, não é isso…

— Então me diga o que é, Remo! Ou você não confia em mim? - ela indagou, explodindo de raiva. - Se você quiser terminar e dizer que não me ama mais, eu juro que paro de te atormentar, mas ficar sobrepondo desculpas não vai adiantar em nada.

Nesse momento, o maroto ficou estático a fitando. Podia ver a irritação crescendo em seus olhos. Mas junto com esta, veio também a mágoa, que a induziu a deixar com que algumas lágrimas caíssem.

— Carol… - Remo não queria fazê-lo, mas, para o bem da loira, aquilo tinha de ser dito. - Eu não te amo mais.

——

— Aquele lá não é Guilherme Williams? - Tiago indaga a seu par, que não pareceu nem um pouco feliz com a pergunta.

— Positivo. - Lily lhe responde. - Espera, aquela não é…

— Mila MacField. - o namorado identifica rapidamente. - Eu pensei que esse sujeito tivesse bom gosto, já que curtia você. Agora, o vendo com ela como par, posso afirmar que você foi a única boa escolha dele.

— Tiago! - a namorada o repreendeu. - Tadinho. Deixa ele.

O maroto, mesmo que contragosto, passou a ignorar os dois, dedicando toda sua atenção para a namorada, que o encarava apaixonadamente.

— Que foi? - Lily questionou, ao vê-lo a fitar.

— Nada. Só estava admirando sua beleza. - admitiu, fazendo-a corar.

O casal andou por mais bastante tempo sem rumo, apenas jogando conversa fora. Ao virarem em outro corredor, Lily ficou momentaneamente séria.

— Pare.

O maroto obedeceu a namorada, parando abruptamente de andar. Não entendera o pedido, porém o atendeu.

— Lil, o que houve? - Tiago perguntou.

— Não dê mais nenhum passo. Tem alguma coisa ali. - a ruiva apontou para o pilar a uns quatro metros deles. - Um feitiço. - esclareceu. - Eu estou sentindo. - disse ao namorado, que a encarava sem compreender uma palavra do que falava.

Antes que pudesse explicar detalhadamente sobre o que falava, passos apressados foram ouvidos. O casal não se moveu.

Uma familiar loira andava rapidamente pelo corredor, sem olhar para eles. Seus olhos fitavam o chão.

— Carol? - Tiago indagou. A loira vestida de prata fingiu não ouvi-lo, continuando seu caminho. - Carol?

— Carol, pára! - Lily gritou. A menina, que ignorou a amiga, estava apenas a três passos de passar na frente do suspeito pilar. - Petrificus Totalus!

— Você ficou louca, Lílian?! - Tiago perguntou abismado.

Lily não respondeu. A ruiva se aproximou do corpo petrificado da amiga e o afastou do pilar, trazendo a loira dois metros para trás.

— Me empresta seu blazer, por favor? - pediu. O maroto não entendeu o motivo do pedido, mas de qualquer jeito o tirou, entregando-o para a namorada.

Lily se aproximou do pilar, parando apenas a um passo de cruzá-lo. A ruiva então ergueu o blazer do namorado, o colocando para frente de seu corpo. Quando a peça de roupa escura cruzou a construção suspeita, uma adaga vinda do pilar atravessou o tecido sem dificuldades, confirmando o palpite dela e assustando o namorado.

— Segura a Carol. - ordenou a ruiva. Quando sua amiga já estava estabilizada por Tiago, Lily murmurou um contra-feitiço, que fez com que Carol tentasse andar para frente, como fazia antes de ser petrificada. Ao ver o que a prendia, a loira parou de se mexer. - Se você tivesse dado mais três passos e cruzado o pilar, essa adaga - ela ergueu o blazer para mostrá-la. - teria te acertado. Então quando nós pedirmos que você pare de andar, você deve parar! - Lily disse autoritariamente. - Você quase morreu, Carolina Andrew! - falou irritada e preocupada.

A loira continuava sem falar. Ela se assustou com a reação de Lily e ainda estava pensando em Remo. Não queria que os amigos a vissem chorar como estava fazendo antes, então os ignorou quando os mesmos a chamaram. Se Lily não a tivesse petrificado, a adaga teria certamente ferido a loira.

— Ok, eu vou escutar vocês de hoje em diante. - prometeu, ainda encarando a adaga. - Isso não estava aí por acaso, não é mesmo?

— Definitivamente não. - Tiago disse, analisando o objeto. - É igual a que atingiu Anna. - observou. - Aposto que também está envenenada. Para onde você estava indo?

— Não sei. - admitiu a loira. - Eu só queria ficar longe das pessoas por um momento.

— Jardim? - a ruiva palpitou. As árvores a faziam se sentir mais leve e as flores a alegravam. Era pra lá que Lily sempre ia quando queria pensar.

— Talvez eu tenha pensado nisso. Não lembro. - antes que o casal pudesse indagar mais alguma coisa, Carol mudou de assunto. - Bem, desisto dos jardins então. Obrigada por salvarem minha vida e até logo! - se despediu.

— Para onde você vai?

— Acho que para o dormitório mesmo, Lil.

— Eu vou com você, então. - a ruiva declarou, dizendo ao namorado que a encontrava mais tarde na sala de Mcgonagall. E com isso, as duas começaram a andar apressadamente, porém desta vez rumo à Sala Comunal da Grifinória.

——

— Eu não fui sua primeira, não é? - Anna, por fim, indagou. - Eu queria te fazer essa pergunta já faz muito tempo. - admitiu.

O casal tinha saído do Salão pouco tempo depois de dançar, uma vez que estavam cansados e queriam conversar. O diálogo iniciou com o baile, indo para quadribol (o último jogo da temporada seria em breve contra a Sonserina), fofocas e chegou até aquele ponto, onde a morena finalmente tomou coragem para perguntar aquilo. Ela tinha quase certeza, mas queria confirmar.

— Não entendi o que você quis dizer. - o maroto disse, olhando para a namorada com o cenho franzido, mesmo que já suspeitasse sobre o que aquilo se tratava.

— Não finja que não sabe do que estou falando, Prin. - Anna pediu calmamente. - Você não era virgem quando fizemos sexo, ou era?

A pergunta, embora esperada, foi como um soco na cara de Black. Ele nunca tinha sequer pensado em tocar no assunto virgindade com a namorada. Talvez depois de terem filhos (se tivessem), mas isso demoraria bastante.

— O que te faz pensar isso? - o maroto questionou, adiando a resposta.

— Você tinha muita experiência. Não existe nenhuma outra explicação que faça sentido.

Sirius ainda segurava a mão de Anna, brincando com seus dedos. O grifinório fitou o chão por um segundo ou dois, suspirando antes de falar.

— Você está certa. Você não foi minha primeira. - admitiu. Ele sabia que sua noiva não ia ficar incomodada por isso. Ela apenas ficaria brava se ele mentisse pra ela. - Como você percebeu? Quero dizer, não é fácil descobrir isso.

— Como eu disse, você sabia exatamente o que fazer. Você fez tudo perfeitamente. - sabia que não deveria falar tão sinceramente, pois aquilo apenas alimentava mais e mais o ego do namorado, porém queria ser honesta. - Você entendia como meu corpo funcionava e como controlá-lo. Nenhum virgem faria ou saberia tudo aquilo.

— Tenho certeza que eu era assim quando virgem! - Anna revirou os olhos, sorrindo. Sabia que não deveria tê-lo elogiado demais.

— Pare de ser besta! - Sirius ria quando foi socado de leve por ela. - Você acha isso engraçado? Sério? - quando o maroto parou, a morena continuou a conversa. - Por que você nunca me contou?

— Não queria que você se sentisse pressionada. Apenas.

— Eu não iria! - retrucou ela, mesmo sabendo que ele estava certo.

— De qualquer jeito, você mentindo ou não sobre isso, você foi maravilhosa. - Anna revirou seus olhos novamente. Odiava ter a impressão de que as pessoas falavam certas coisas para confortá-la, sendo que ela sabia ou suspeitava da verdade. - Não estou brincando, Prett.

— Com quem foi? - a curiosidade falou mais alto, a induzindo a perguntar.

— Amélia. Aquela grifinória que se formou ano passado, sabe? Nós já tínhamos ficado várias vezes antes de acontecer. De qualquer jeito, faz uns quatorze ou quinze meses já. Ela era um ano mais velha que eu. - contou, colocando o braço em volta da cintura de Anna. - Quando aconteceu, eu pensava que ela era a melhor garota na cama que eu encontraria na minha vida inteira, - aquilo abalou a morena um pouco, porém a mesma não comentou nada. - mas então eu encontrei você. Amélia não chega a ser nem um quinto do que você é. - disse, apertando de leve a lateral de sua cintura. - Primeiramente, eu achava que você não era virgem. Seu jeito, sua sensualidade, seus beijos me tiram o fôlego de um jeito que nenhuma jamais conseguiu. Porém me lembrei que você sempre resistiu às minhas tentativas.

Anna corou ao ouvir aquilo. Apesar de sentir envergonhada ao escutar Sirius dizer aquelas coisas, ela por dentro ficou feliz. Não sabia que ela era tão boa como ele estava dizendo. Ela antes tinha até medo de que ele não tivesse gostado, mas essa hipótese se dissipou quando os dois tiveram mais um momento no dormitório dos marotos. A morena não gostava muito de de lembrar desse dia, pois sempre ficava com vergonha só de recordar que o melhor amigo tinha flagrado ela e o namorado.

Para sua sorte, ela não teve de responder o namorado, pois a atenção dos dois se voltou para um maroto conhecido que agora se aproximava. Os cabelos negros de Tiago estavam bagunçados e sua expressão, preocupada. Ele estava ofegante, como se tivesse corrido muito até chegar lá.

— Por favor, me digam que vocês viram a Lily ou a Carol. - sua voz parecia tremer de aflição. - Vocês as viram, não é mesmo?

— Pontas, o que aconteceu? - Sirius indagou, agora também se preocupando. - Nós não a vemos desde que saímos do Salão.

Antes que Anna ou Sirius pudessem interferir, Tiago tirou do bolso uma varinha. Teria até sido normal, mas apenas se fosse a varinha dele. Potter estava com duas varinhas em uma mão e uma adaga na outra. Ao reconhecer o segundo objeto, a morena ficou tensa, se lembrando do corte recém curado de seu abdome.

— Tiago, onde você encontrou isso? - Prett cuidadosamente perguntou, se afastando da lâmina.

O maroto então explicou a história, chegando até uma parte estranha.

Quando se separou das meninas, Potter foi rumo aos aposentos da vice diretora, já que a mesma não se encontrava mais no Salão. No meio do caminho, pôde ouvir passos apressados e um ou dois gritos em algum corredor perto e resolveu checar o que era. O local estava deserto, a não ser por um objeto deixado no chão.

— Espera, essa varinha não é a da… - Anna começou a falar, sem ter coragem de continuar. Não podia ser. Se realmente o maroto tivesse ouvido gritos, essa varinha então era de…

— Sim. É da Carol. - Sirius afirmou miseravelmente, aflito.

— Eu reconheci e fui atrás dela, porque Lily e ela estavam juntas. As procurei na Sala Comunal, nos nossos dormitórios e na biblioteca e nada. Se alguma coisa aconteceu com a Carol, Lily com certeza está junta. Precisamos encontrá-las. - Tiago determinou-se, ainda um tanto desesperado.

Anna estava a ponto de surtar. Suas melhores amigas tinham sumido e seu melhor amigo tinha achado a varinha de uma delas. Ninguém deixa a varinha por aí no chão, muito menos ela. Se o maroto realmente tivesse ouvido gritos, a morena suspeitava que algo nada bom tinha acontecido com as duas.

Antes que pudessem dar palpites do que tinha acontecido, Remo apareceu ao lado deles, igualmente como Tiago anteriormente: ofegante e com uma expressão desesperada. Porém o maroto com cabelos cor de areia parecia algo além de desesperado.

— Onde está Lily? E Carol?

Ninguém foi capaz de respondê-lo. A agonia tomava conta dos quatro, que estavam muito perdidos.

— Nós terminamos. - Remo declarou, surpreendendo todos. - E agora que eu achei a varinha de Lily, eu tenho a impressão que isso implica com a Carol também.

— O que você fez, Lupin? - Anna questionou, se desvencilhando de seu namorado. - O que você disse a ela? - o tom de voz da morena aumentava a cada instante.

— Não é isso, é que…

— Então é o quê? Você sabe o quanto ela te ama, Lupin? Você já ao menos parou para pensar nisso?

— Prett! - Sirius repreendeu a namorada, a puxando para longe de Remo. - Ele encontrou a varinha de Lily, deixe esse assunto de lado por um segundo, certo? - pediu, apertando seu braço para trazê-la de volta à realidade. Após a morena ser contida, Remo desencadeou a falar.

Depois de terminar o namoro com a loira, Remo foi à procura de alguém para poder conversar ou qualquer coisa do gênero. Na busca, ouviu a voz de Lily e mais alguém. Pensou em ser Tiago, mas junto com as vozes, veio um barulho de alguém desabando no chão, acompanhado pelo tinido de uma varinha caindo. Imediatamente, Remo correu até os ruídos, mas apenas encontrou duas coisas no local.

— Não tinha nada lá a não ser pela varinha de Lily - Remo ergueu-a para mostrar. - e… um pouco de sangue.

Potter parecia ter levado um soco naquele momento. Não queria pensar no pior, mas encontrar varinhas e sangue quando duas das meninas tinham sumido não era nada animador.

— Vamos atrás delas. Agora. - exigiu Anna, cujo corpo logo desabou. De longe, um comando de feitiço foi ouvido.

A morena tentou reprimir a dor, sem resultado. Para sua sorte, não tinha caído direto no chão, uma vez que fora pega por Sirius que estava ao seu lado quando o feitiço a atingiu. Anna urrava de dor, sentindo cada milímetro de seu corpo vibrar perante a sua tortura. Sua visão começou a ficar turva e seus ouvidos inúteis, sem serem capazes de cumprir suas funções naturais. A agonia era crescente, junto com a sensação física que bombardeava-a. Cenas começaram a invadir sua frágil mente, que fora desabilitada temporariamente contra sua vontade.

— Não! - gritou Anna, se contorcendo de dor nos braços de Sirius, que não a soltou nenhum momento. - Não!

— É a Maldição Cruciatus. - Tiago identificou, lembrando de quando Lily fora atingida por uma.

Quando o maroto identificou o feitiço, o mesmo imediatamente se cessou.

— O que você disse? - Sirius perguntou à Anna, que estava encolhida e aflita.

— A culpa foi minha. - sussurrou a morena, chorando. - Minha. - ela ainda estava na sua visão do medo, o que incapacitou os outros de ajudá-la. - Eu deveria ter morrido no lugar dele. Minha culpa. - iterou com voz baixa, chorando.

Aos poucos, Black conseguiu acalmá-la, trazendo sua consciência de volta por inteiro. Quando voltou do transe, Tiago e Remo já tinham ido atrás de Lily e Carol, enquanto Sirius tinha ficado com ela.

— Você deveria ter ido com eles. Eu eventualmente ia voltar a raciocinar e ia ao encontro de vocês para ajudar. Quanto tempo perdemos por conta do… do problema?

— Prin, o que você viu? Não me esconda. Eu sei que você teve visões quando foi atingida pela Maldição. E pelo que me parece, elas não foram nada boas. - identificou o namorado, que insistiu em descobrir o que a deixara tão aflita.

— Precisamos encontrar Lily e Carol o mais rápido possível. - a morena por fim disse, ajeitando o decote de seu vestido. - Se algo acontecer com elas… - temeu, não terminando a frase.

— Vamos encontrá-las à tempo. - garantiu Sirius, deixando de lado o que a noiva queria ocultar. Eventualmente, Anna acabaria contando. Mas para isso precisava de muita coragem da parte dela.

O casal então saiu em busca dos amigos, sem saber para onde os marotos foram quando saíram à procura das duas meninas desaparecidas. Sirius guiou Anna pelos corredores, a ajudando a andar, uma vez que os pés dela a estavam matando por conta dos saltos muito altos. Para a sorte da menina, Black era mais alto que ela, o que a permitia usar seus maiores pares sem problemas.

Cada corredor que viravam, Anna entrava mais em desespero ainda. Era otimista de que as coisas no final dariam certo, porém tinha a impressão que iriam tardar muito a encontrá-las.

Logo a esperança os atingiu, quando uma pessoa foi avistada nos até então desertos corredores de Hogwarts. Não era quem os dois estavam procurando, definitivamente não era, mas já servia como pista de algo. Quer dizer, isso se ele fosse capaz de pronunciar qualquer palavra.

— Guilherme? - Anna o perguntou, se aproximando do grifinório.

O menino estava amarrado em um pilar com fios de cetim finos, porém fortes. Ele parecia um tanto confuso e exausto, acompanhado por um não tão discreto olho roxo.

— Lilian! - foi tudo que foi capaz de falar após uma fita adesiva grudenta ser arrancada de sua boca.

— A ruiva te amarrou e te socou, é nisso que você quer que eu acredite Williams? - Sirius riu, apreciando a cena.

Guilherme então explicou o que acontecera. Lily e Carol estavam indo rumo à Sala Comunal quando o grifinório as encontrou. Ele alegou que precisava falar com a primeira, fazendo com que a loira continuasse o caminho sozinha.

— O que você precisava falar que aparentemente ela não gostou?

— Isso não é da conta de vocês! - rosnou o menino, ainda tentando se desvencilhar dos fios de cetim, sem resultado. - O meu problema é com Lily e não com os amigos dela.

— Como desejar… - Anna concluiu, começando a andar para longe junto com Sirius. Nem cinco segundos depois, Guilherme a chamou de volta, implorando para que eles o tirassem de lá. - Onde Lily está agora?

— Eu não sei. Eu pretendia entregá-la para a pessoa que me “contratou”. A desarmei e fui levando-a. Porém, no meio do caminho, ela se jogou no chão e pegou minha varinha, já que a dela tinha se perdido no trajeto. Nisso, me amarrou aqui e fugiu. - admitiu, ficando vermelho de vergonha.

Ao dizer que não podia falar onde Carol estava, Guilherme se arrependeu imediatamente. Black tinha uma mão em volta de seu pescoço, apertando eventualmente para amedronta-lo.

— Sirius! - Anna o repreendeu, mas o maroto não recuou.

— Ok, vamos brincar de policial bom e policial mau. Ou você responde as perguntas dela, ou eu vou ter que arrancar as palavras da sua boca. - no final, Black deu um sorriso falso, esperando que o grifinório desencadeasse a falar.

— A loira está com Mila, eu creio. É tudo que eu posso lhe contar. - Guilherme por fim disse, de birra. Não deveria ter falado aquilo, mas não tinha a impressão de que Carolina iria se dar muito bem com Macfield.

— Vamos. - a morena disse, puxando Sirius com ela.

— E eu? - o grifinório perguntou, se contorcendo entre fios.

— Você vai ficar aí, pensando na burrada que você fez ao entregar duas meninas para aquela sem noção e esperando que Mcgonagall apareça para lhe dar um bom sermão.

——

Não podia acreditar que Guilherme tinha feito aquilo. Ele traiu amigos para ajudar Comensais da Morte, apenas para satisfazer seus desejos egoístas e estúpidos. Lily agora procurava por sua amiga, que não parecia ter ido para a Torre da Grifinória, como planejado anteriormente.

A ruiva não achou nenhuma pista na Sala Comunal, muito menos nos dois dormitórios - delas e dos meninos. Por tal motivo, achou melhor procurar pelo castelo, mesmo que parecesse impossível encontra-las em um tempo viável para que nada de ruim acontecesse.

Nada na biblioteca e nem nas masmorras. Muito menos nas estufas. O Salão Principal ainda estava cheio e barulhento, com vários formandos festejando, porém nem Carol nem Mila estavam lá.

Quando estava quase entrando em pânico no quinto andar, Lily ouviu alguns barulhos no corredor deserto. Achou estranho e continuou a investigar, passeando pelo piso.

“Banheiro dos monitores.” pensou Lily, rumando para o mesmo. A porta um pouco escondida parecia que não havia sido aberto há anos por conta de suas características velhas e desgastadas, mas a ruiva sabia que aquilo não era verdade.

— Bolhas coloridas. - murmurou, abrindo a maçaneta lentamente. Elas tinham que estar lá. Aquele era a fonte de tanto barulho do andar inteiro.

Após entrar, Lily se escondeu atrás do pilar mais próximo, tentando scanear o local.

— … e porque você ama ele. Blá, blá, blá! Já ouvi isso muitas vezes hoje, sua vagabunda! - Mila disse, dando um tapa na cara de Carol, que estava com os pés e mãos amarrados na cadeira que sentava. - Me diga o real motivo para você estar com ele, loira oxigenada! - exigiu, mantendo a varinha apontada para ela.

— O que você está planejando? - Carol indagou, olhando para a marca no antebraço esquerdo da menina. - O que você acha que vai ganhar sendo Comensal da Morte?

— Você é surda ou se faz? Eu te fiz uma pergunta e exijo uma resposta! - berrou, apertando o pescoço de Carol com a mão vaga.

Aquilo foi inaceitável para Lily. Ninguém podia fazer isso com sua amiga.

— Pra alguém que deu o pé na bunda, você parece estar bem interessada em Remo, Macfield. - a ruiva disse, jogando-a no chão com um chute certeiro nas costelas.

Ao recobrar a consciência, Mila lançou um feitiço contra a ruiva, que o boqueou com um protetor, usando a varinha roubada de Guilherme. Lily revidou, mas, para seu azar, Macfield era rápida e inteligente na área de duelos, o que a desfavoreceu um pouco.

Mais encantamentos foram lançados, porém nenhuma das duas era capaz de encerrar o duelo, pois a outra sempre conseguia revidar. Embora muitas azarações já tivessem sido promovidas, as duas sempre davam um jeito de escapar, usando ou não magia.

— Expelliarmus!

Naquele exato momento, a varinha de Mila voou para longe dela, tornando-a vulnerável. Porém não tinha sido Lily a autora do feitiço.

— Petrificus Totalus! - exclamou Tiago completando o trabalho de Sirius e por fim fazendo com que a Comensal da Morte ficasse inerte. - Lily!

O maroto correu para sua namorada, a analisando de ponta a ponta, checando para ferimentos graves. Por sorte, não encontrou nenhum muito drástico, apenas uma coisa ou outra.

— Ei, ruiva, - Sirius a chamou de longe. - da próxima vez que aquele seu amiguinho Williams cruzar o meu caminho, pode ter certeza que não sobrará nada dele. - garantiu o maroto, fazendo ela rir.

Black tinha um braço em volta da cintura de Anna, a protegendo como sempre. Ela, por sua vez, parecia estranha, mas Lily não comentou nada, pois estava mais preocupada com sua outra amiga. Para seu alívio, Carol estava consciente abraçando Remo, que a tinha desamarrado da cadeira. Os cabelos da loira e seus ombros estavam molhados, o que significava que Mila, para torturá-la, quase afogou-a. Apesar de vários cortes, alguns roxos e marcas de briga e de enforcamento, Carol parecia estar bem.

— Como vocês nos acharam? Eu demorei séculos para encontra-la. - Lily declarou ao se afastar do namorado.

— Remo que deu o palpite. E acertou em cheio no primeiro chute! - disse, apertando-a em um abraço. - Lil, o que… - antes que o maroto terminasse a frase, a ruiva viu o sangue nas mãos dele ao tirá-las do contato com sua pele.

— Aquela vaca me cortou. - amaldiçoou, cobrindo o corte um tanto profundo com uma toalha do banheiro para estancar o sangue. - Bem, que seja. Você conseguiu falar com Mcgonagall?

Tiago explicou que no meio do caminho encontrou a varinha de Carol no chão depois de ouvir gritos, então resolveu procurar as duas, com medo do que pudesse ter acontecido. Ele então se juntou à Remo na busca, uma vez que Anna e Sirius ficaram para trás quando a morena fora atingida pela Maldição Cruciatus. Porém, minutos depois, os dois marotos encontraram o casal novamente e foram para o quinto andar procurá-las.

— Por sorte encontramos vocês. Ninguém sabia quem estava mais desesperado dos quatro. - admitiu Tiago, olhando ao seu redor. - Acho que Aluado conseguiu falar a verdade para Carol. - observou, indicando o casal com a cabeça.

— Como assim?

— Aluado tinha terminado o namoro com Carol hoje no Baile. Ele deu como desculpa um dia de lua cheia que acabamos deixando-o sair de nosso controle e ele coincidentemente atacou a loira. Você sabe de que dia estou falando, não é mesmo? - Lily assentiu, esperando que o namorado prosseguisse. - Mas o motivo mais relevante foi que ele estava com medo que Mila fosse capaz de fazer qualquer coisa com Carol, uma vez que ela não parava de ameaça-lo. Agora que pegamos Macfield, acho que miais nada vai atrapalhar o namoro deles.

— Ainda bem! Eles se gostam tanto. A Carolzinha fala dele quase vinte e quatro horas por dia e Remo sempre me conta como ele a ama. Eles formam um casal lindo. - a ruiva suspirou, aliviada de que o pior tinha passado.

Quando já estavam certificados de que mais nada de ruim iria acontecer, os seis grifinórios rumaram à sala do Professor Dumbledore para relatar os acontecimentos. Com eles, levavam junto o corpo petrificado de Mila, para que não houvesse nenhuma possibilidade de que ela escapasse.

Ao chegarem ao escritório do diretor, eles explicaram o que tinha acontecido, tendo também como prova as agressões físicas que Carol tinha sofrido e as marcas do duelo entre Mila e Lily no corpo da ruiva e no banheiro dos monitores. E também tinha a…

— …marca de Comensal da Morte no braço esquerdo dela. - lembrou Remo.

— Então isso implica em algo bem maior do que pensávamos, não? - Dumbledore ponderou, olhando para os seis em seguida. - Eu aprecio que todos os senhores sejam da Ordem da Fênix e que estejam tentando ajudar, mas esse caso eu prefiro que fique apenas entre mim e os professores. Agora, se me nos dão licença, eu e a Professora Minerva temos que conversar sobre algo. E mais uma vez obrigado. - com essa fala, os alunos deixaram os aposentos do diretor e rumaram para a Torre da Grifinória.

A Sala Comunal agora estava vazia. Com apenas uma pessoa ou outra em algum canto. Todos pareciam já ter ido dormir, alunos que estavam ou não no Baile de Formatura. O silêncio era a única coisa que prevalecia no local.

Carol e Remo já tinham se entendido e voltado com o namoro. Lily e Tiago apenas conversavam, sem propósito nenhum. Anna e Sirius estavam abraçados desde que chegaram no cômodo, sem falar uma palavra.

Aquela seria a última noite que passariam no castelo. Aquilo era um fato difícil de qualquer um aceitar após viver sete anos ali. É, era complicado, com certeza. Aquele momento sempre fora evitado nas conversas, por os alunos temerem de o mesmo acontecer. Porém, quando o dia realmente chegou, todos estavam felizes e realizados por terem o privilégio de passarem todos aqueles anos no maravilhoso lugar que é Hogwarts.

— Bem, então vejo você amanhã no jogo, certo? - Tiago checou, beijando as mãos de Lily, que assentiu. - Primeira fila? Eu vou checar, hein! - provocou-a, a dando um beijo de boa noite.

Depois que Tiago e Lily foram dormir, Anna e Sirius seguiram o exemplo, indo para seus respectivos dormitórios, mas não antes de um amoroso e meloso desejo de boa noite.

— Acho melhor irmos dormir também, ou amanhã não acordaremos para o jogo de quadribol. - Remo deduziu, dando um longo e lento beijo em sua namorada. - Me desculpe. - Carol tentou impedi-lo de falar, mas o mesmo não deixou. - Não me diga que estou errado em me sentir culpado, por favor. Se eu a tivesse enfrentado, ninguém teria se machucado ou se envolvido nisso. Eu realmente não queria que vocês se prejudicassem em qualquer maneira.

— Remmy, não se preocupe com isso. Já foi. E você queria nos proteger. Não é como se você tivesse más intenções ao nos esconder isso. Ninguém podia prever do que ela era capaz. Não se sinta mal por isso. Você não teve culpa de nada. - Carol apontou, o dando um selinho. - Boa noite.

Após mais um beijo, o casal se separou, indo cada um para seu dormitório.

— Vocês se entenderam? - Lily foi a primeira a se manifestar quando a loira entrou no quarto. - Não precisa responder; seu sorriso já me diz tudo.

Carol sorriu timidamente, rindo um pouco. Anna e Lily não comentaram. Nada era necessário dizer no momento. As três estavam felizes e realizadas, tanto academicamente quanto em suas vidas amorosas. Quem diria, as três acabaram ficando com os meninos mais desejados de Hogwarts, mesmo nunca tendo desejado isso desde sempre. O amor dos três casais fora repentino, surpreendente e, com certeza, verdadeiro.

— Amanhã é o nosso último dia aqui. - lamentou Lily, um tanto triste. - Depois do jogo, nunca mais veremos o castelo. Por falar na partida, não sei por que Tiago está insistindo tanto que eu vá! Eu não entendo quase nada de quadribol!

— É o último jogo da vida dele na escola e é o último que poderemos assistir aqui. Pega leve com ele. É um momento especial que Tiago quer compartilhar com você. - Anna defendeu o melhor amigo, deitando-se em sua cama. - Boa noite meninas. Foi ótimo dividir o dormitório com vocês todos esses anos. - a morena suspirou e logo puxou o cobertor por cima de seu corpo, fechando então seus olhos.

Após Anna, as suas duas colegas de quarto e melhores amigas decidiram dormir também, já que no dia seguinte precisariam de muita energia para torcer pelo tão querido time da Casa.

——

A morena acordou sendo levemente chacoalhada. Uma mão residia em seu ombro, apertando-o de maneira suave. Ao abrir os olhos, encontrou um par de olhos cinzas fitando-a com firmeza, que hora ou outra checava seus arredores para certificar-se de que mais ninguém o vira ou ouvira. Ao checar a janela, percebeu que ainda estava escuro, o que significava que ela não estava atrasada como sempre.

— Prin? - Anna questionou, esfregando a cara sonolenta. Antes de acordar, ela estava abraçada com a rena de pelúcia que Sirius tinha lhe dado de presente. - Aconteceu alguma coisa? - perguntou alarmada, já se sentando para sair da cama.

— Calma. Nada aconteceu. Todos estão bem. - a morena suspirou. - Estou aqui por outro motivo.

— Que é… ?

Sirius sentou-se ao lado de sua noiva, fechando o dossel da cama.

— Abaffiato. - murmurou o maroto, conjurando luz depois. - O que você viu quando foi atingida pela Maldição Cruciatus? - Anna provavelmente nunca o tinha visto tão preocupado e sério. - Você disse… coisas. Eu sei que não foi algo insignificante. Você disse algo sobre culpa… - Sirius cuidadosamente comentou, prestando atenção nas reações dela. - Você parecia estar vendo algo no passado que te fez muito mal.

— Sirius, não foi nada… Não precisa se preocupar com aquilo; já passou. - a morena o respondeu, tentando desviar o assunto. - Vocês já estão preparados para o jogo de amanhã?

— Eu me preocupo com tudo relacionado a você, Prett. Mesmo que não queira, você é a minha prioridade no momento. - o maroto disse.

— Eu estava falando sobre meu irmão mais novo, Nicholas. - Anna admitiu, deixando uma lágrima escapar ao se lembrar.

— Você já o mencionou algumas vezes… - recordou o moreno.

— Um dia, mandaram uma encomenda para nossa casa, enviada para mim. Não tinha remetente, apenas uma mensagem: “Aproveite.” - a grifinória cuspiu a última palavra, como se sua boca tivesse repentinamente ficado amarga. - Meus pais ainda não tinham chego do trabalho, então eu e Nick estávamos sozinhos. Quando eu abri o pacote, me deparei com alguns doces e bombons.

“Eu estranhei. Quem poderia ter me mandado aquilo? Afinal, eu não tinha nenhum namorado na época e não me recordava de ter algum menino que gostasse muito de mim a tal ponto. Óbvio que eu não raciocinei direito. As guerras bruxas já tinham empeçado haviam meses. Meus pais eram cautelosos, pois tinham medo que algo do trabalho deles acabasse nos comprometendo seriamente. Porém esse dia chegou junto com o pacote de doces.

“Eu e Nick não pensamos duas vezes e resolvemos logo de cara comer o que víamos. Meu irmão foi o primeiro e o último. Antes que eu pudesse comer, Nicholas caiu no chão, tremendo e com os olhos vidrados. - a face de Anna estava ficando cada vez mais brilhante por conta das lágrimas que teimavam em descer. - Eu logo percebi que o conteúdo do pacote estava envenenado.

“Chamei os medibruxos o mais rápido possível. Eu não poderia deixar que aquilo acontecesse com meu irmão mais novo. Não iria suportar.

“Eu vi meu irmão morrer diante de meus olhos enquanto os medibruxos não chegavam. Quando eles entraram na casa, já era tarde demais.”

Sirius abraçou Anna fortemente, fazendo carinho em sua cabeça. O maroto fez menção de falar algo, mas a morena vetou a ideia, o cortando.

— Alguns dias depois, eu encontrei um bezoar guardado na cozinha. - ela soluçou, limpando suas lágrimas. - Eu poderia tê-lo salvado, mas não fui capaz. Eu deveria ter sido. A culpa foi minha. Eu deveria ter morrido aquele dia, e não ele.

— Shh, calma. - Sirius pediu em uma voz aveludada e suave. - A culpa não foi sua.

— Ele tinha recebido a carta de Hogwarts dois dias antes. A família estava tão feliz… - recordou a morena. - Eu estava no quinto ano quando aconteceu. Aquele era o ano que eu esperava ver meu irmão entrar no Salão Principal e ser destinado a sua Casa aqui. Mas Nick não pôde viver isso por um descuido meu.

— Ei, Anna. - o maroto levantou o queixo de sua amada com um dedo, fazendo-a encara-lo. - Você não tinha a obrigação de saber, tanto que ninguém nunca esperaria que isso acontecesse. A mesma coisa aqui em Hogwarts. Quem imaginaria que uma grifinória fosse uma Comensal da Morte? E quem imaginaria sobre os ataques aqui dentro?

— Eu sei que a culpa não é exclusivamente minha, porém isso me assombra desde aquele dia. Não consigo me livrar dessas visões, nem dormindo e nem acordada.

Sirius a abraçou, permitindo que a morena voltasse a chorar. Suas pesadas lágrimas eram absorvidas pela camisa do maroto, que a envolvia fortemente em seus braços. O casal acabou deitando, ainda colados, sem esperança nenhuma de se separarem.

——

— Anna! - Lily chamou-a pela décima vez, já perdendo a paciência. - Desse jeito não vamos conseguir tomar café da manhã antes do jogo!

O dossel da cama da morena estava fechado e ninguém tinha conseguido acorda-la ainda. Não é como se alguma vez na vida ela tivesse acordado sem alguém chacoalha-la…

— Ei, nós estamos atras… - Carol abriu o dossel, já com o intuito de puxa-la pelos cabelos, mas sua vista a impediu de fazê-lo. - Ah. - exclamou, vendo que os dois tinham acabado de despertar com a luz. Anna estava bem aconchegada no peito de Sirius, que a abraçava confortavelmente. - Ok, eu não quero nem saber o que vocês fizeram ontem, mas Anna precisamos que você ponha uma roupa e, Sirius, você vai jogar, esqueceu? Tenho quase certeza que a Grifinória não vai gostar de saber que um dos artilheiros sumiu justo hoje. - concluiu a loira.

— Hmm… - Anna murmurou, cobrindo a cabeça, mas logo se espreguiçando.

— Eu e Carol já vamos para o Salão Principal. Encontramos vocês lá! - Lily declarou ao puxar a amiga e sair do dormitório.

— Prin, eu preciso ir… - Sirius disse não muito convencido das próprias palavras.

O casal, de alguma maneira, deu um jeito de se levantar, continuando perto um do outro.

— Obrigada por ter ficado comigo ontem. Eu, uma hora ou outra, ia acabar tendo um pesadelo. - a morena agradeceu, pegando sua mão.

— Não há de quê, senhora Black. - o maroto sorriu no canto da boca, se inclinando para dar-lhe um beijo.

— Sirius, vá embora daqui antes que meu líbido por você aumente e eu decida arrancar suas roupas! - Anna exclamou após o beijo, ficando corada. - Eu falo sério! Você tem um jogo para ganhar!

Black então, sob protesto, resolveu sair, mas não antes de agarrar sua noiva pela cintura, a dando um beijo de tirar o fôlego.

Já pronta, Anna rumou ao Salão Principal. Não se produziu muito, apenas resolveu fazer um rabo de cavalo, deixando pendente os cachos de seu cabelo, e vestir uma regata do time, colocando um short para completar, sem se esquecer do anel de brilhante. No caminho, foi se recordando das lembranças que tinha do castelo, de cada canto do mesmo. Lembranças boas e ruins, na maioria delas engraçadas.

— Até que enfim! - Lily exclamou, tomando um gole de suco. - Pensei que você tivesse sido abduzida pelo Sirius.

— Antes que vocês me perguntem, - Anna se adiantou. - eu não fiz nada com Sirius ontem. Nós estávamos conversando e acabamos dormindo. Só.

— Se você diz… - Carol a contrariou, rindo de leve. - Vejo que trouxe ele junto com você. - apontou se referindo ao anel em seu dedo. - Bem, você precisa comer rápido, ou não vamos conseguir ir pra primeira fila no meio do campo para ter uma boa visão. Remo disse que nos encontra lá mesmo. Ele foi ajudar Tiago com não sei o quê.

A morena rapidamente tomou se café da manhã, rumando posteriormente para o tão amado campo de quadribol.

O local estava cheio e movimentado, com alunos de todas as Casas vestidos com suas cores: vermelho, azul, amarelo e verde. Porém, a maioria deles, tinha ao menos um item vermelho, representando a Grifinória. Apenas os sonserinos rejeitavam a ideia, como esperado.

— Não podemos perder esse jogo, vocês estão me entendendo? - o capitão do time exclamou nos vestiários. - Não posso me graduar sabendo que a Sonserina ganhou a Taça das Casas no meu último ano! - o time inteiro riu, logo se dispensando para prepararem seus equipamentos.

— Pontas, nós não vamos perder o jogo, isso é fato. - Black disse após o amigo dar o recado para o time.

— Nós não podemos perder o jogo, Almofadinhas. Isso realmente é sério. - Tiago declarou, limpando as lentes de seus óculos.

Antes que Sirius pudesse retrucar, Remo apareceu no vestiário correndo, indo diretamente falar com os amigos.

— Pontas, as meninas se sentaram na primeira fila do meio do campo do lado esquerdo.– o maroto informou-o.

— E isso é um problema porque… - Sirius começou uma frase, esperando uma resposta.

— Esquerdo? - questionou Tiago. - Ok, apenas tenha certeza de que elas não notem. E obrigado pela informação. Você fica com elas para que não desconfiem da sua ausência e as influencie a irem ao campo quando ganharmos.

Remo saiu correndo do local, indo rapidamente fazer as trocas necessárias.

— Pontas… - Sirius o chamou, esperando uma explicação

— Hoje é o dia, cara. E é por isso que precisamos ser melhores que a Sonserina. - explicou Tiago, pegando sua vassoura. - Vamos, hora de ganhar um jogo.

O jogo começou e a torcida foi ao delírio. Remo, ao perceber isso, se apressou em falar com a professora de vôo e arbitra Madame Hooch, que ajudaria no plano. O maroto conseguiu informá-la rapidamente do que precisava, logo indo para o outro lado das arquibancadas, onde as meninas estavam.

— Onde você estava, Remmy? - Carol suspeitou ao namorado sentar-se ao seu lado.

— Depois eu te conto. Agora não. - sussurrou em seu ouvido enquanto fingia dar-lhe um beijo na bochecha. - Nossa, aqui realmente a visão do jogo é melhor! - exclamou, tentando disfarçar sua ausência.

As meninas apenas concordaram, sem tirar os olhos do campo em nenhum momento. O narrador do jogo, um corvinal, berrava entusiasmado em todos os gols marcados pela Grifinória, “esquecendo-se” de tamanha animação quando o mesmo ocorria com o time rival.

— Black passa para Smith, que tenta a sorte, mas não foi desta vez! - narrador exclamou. - Smith está com a posse da goles novamente e passa para Black, que passa para seu amigo Potter, que marca um gol para Grifinória! - comemorou o menino junto com a torcida, que não parava de gritar o nome da Casa dos leões.

Anna e Lily pulavam gritando junto com os outros grifinórios ao seu redor, enquanto Remo e Carol comemoraram um beijo, logo se separando para não perder o resto do jogo.

Depois de mais alguns minutos, o último jogo de quadribol do ano foi dado por encerrado e teve como vencedora a Grifinória. Quase a escola inteira vibrava e comemorava junto com o time que agora desfilava pelo campo.

— Vamos lá com eles comemorar. - Remo deu a ideia, descendo com a namorada e as amigas para o campo.

— Olha só quem vem vindo aí. - Anna apontou ao ver os dois marotos, nas vestes de quadribol, correndo no gramado em direção a eles.

— Prett, eu acho que mereço um beijo por ter ganho a Taça das Copas esse ano. - opinou o maroto, já fazendo bico.

Anna, por incrível que pareça, o beijou. Porém não foi um selinho; foi muito mais do que isso. A morena o beijou intensamente, atraindo olhares de curiosos que se perguntavam quem era o casal. As pessoas ao lado aplaudiram e comemoraram.

— Isso foi porque você tinha esse jogo pra ganhar e eu tive que ignorar o quão sexy você é pelas manhãs. - declarou ela, o dando um leve empurrão depois.

— Eu sou sexy pelas manhãs, Prett? - o maroto a atiçou com sua voz sedutora, falando perto de seu ouvido.

Os amigos riram da declaração da morena, mas logo passaram a ignora-los, se preocupando mais com seus respectivos amantes.

Tiago tinha a goles do jogo nas mãos, a erguendo como se ela fosse um troféu. Ele, com a mão vaga, arrepiou os cabelos já rebeldes, jogando charme para sua namorada, que sorriu ao vê-lo.

— Ei, Lírio, pensa rápido! - o maroto berrou de longe, jogando a bola em sua direção.

Por sorte, a ruiva tinha bons reflexos, assim conseguiu pegar o objeto ainda no ar. Antes que pudesse arremessá-la de volta, pôde notar algo diferente na goles: esta tinha um envelope colado nela. A curiosidade falou mais alto, a induzindo a abri-lo. Dentro, havia um pedaço de pergaminho perfeitamente cortado em um retângulo que tinha uma frase escrita com uma letra um tanto tremida. Ela reconheceria aquela letra de longe, a de seu namorado. Ao ler seu conteúdo, Lily ficou paralisada e sem reação. Existia apenas uma pessoa no mundo que a chamava daquele jeito, então aquilo realmente não era um engano.

— O que você me diz? - o maroto agora estava na sua frente, segurando suas finas mãos trêmulas. - Lírio, - Tiago então começou a recitar as palavras por ele escritas no cartão, se ajoelhando diante da ruiva. - você aceita se casar comigo?

— Sim! - Lily não conseguia parar de repetir a palavra, que citou ao menos três vezes. - Eu não me imagino longe de você em nenhum momento da minha vida. - declarou apaixonadamente, o beijando em seguida.

— Isso é ótimo, porque eu também não! - o maroto a deu um selinho, colocando o anel no dedo de sua noiva. O magnífico anel de brilhante era feito de ouro branco, com pequenos diamantes em seu contorno, todos indo em direção ao grande brilhante no centro, que se destacava por seu incomparável brilho.

Alguns alunos que estavam perto aplaudiram e celebraram o pedido. Os principais vivas vinham de seus amigos grifinórios, que estavam cada um com seu respectivo namorado.

— Quem diria, Potter! - Lily empeçou sua fala. - Todos os marotos foram domados! Inclusive os mais rebeldes. - a menina apontou para ele e Sirius, que fez cara de desentendido.

— Não sei a qual selvageria se refere, ruiva. - brincou o último, sendo abraçado pela não-tão-nova noiva. - Quer dizer, Anna talvez saiba…

Enquanto todos riam, a morena o chamou atenção, o dando um soco. Ela ficou mais vermelha que os cabelos de Lily, se é que era possível, induzindo todos a rirem mais ainda.

— Eu não acredito que você disse isso! - Anna murmurou, ainda o batendo. Apesar de estar envergonhada, continuava sorrindo, achando aquilo hilário.

— Ai! Ai! - o maroto exclamou, a beijando depois. - Vejo que você está comprometida. - Black sussurrou no ouvido da noiva, apontando para seu dedo com o anel. - Posso saber quem é o sortudo?

— Um que eu achei por aí… - provocou-o. - Sabe como é, um cara bem gostoso e extremamente sexy… Nada demais. - a morena sussurrou de volta.

— Ah, entendi… - Black sorriu maliciosamente, a beijando em seguida.

Apenas três metros de distância, o terceiro casal estava junto, um na frente do outro.

— Eu sabia que não era selvagem! - Remo comemorou brincando.

— Bem, sobre isso, eu discordo… - a loira o olhou maliciosamente. - Eu amo você, Remmy.

— Também te amo. - com isso, o maroto a beijou, colocando uma das mãos em seus macios cabelos longos e loiros.

Depois de muito tempo de comemoração, os grifinórios rumaram para a Torre dos Leões para festejar mais ainda. Todos sorriam e berravam, aplaudindo o time.

Após muito tempo de festa, todos os alunos rumaram para seus dormitórios para pegar seus pertences e, em seguida, seguiriam até a Estação de Hogsmeade, onde pegariam o trem para Londres.

O dormitório parecia vazio. Nenhuma roupa jogada no chão, nem revistas. Os dosséis das camas estavam todos abertos e presos às estruturas de madeira das mesmas. O banheiro não tinha mais nenhum resquício de maquiagem ou produtos de beleza, que já tinham sido cuidadosamente guardados em seus respectivos malões.

As três amigas então se olharam, sorrindo umas para as outras. Nada precisava ser dito. Aqueles anos definitivamente tinham sido os melhores de suas vidas, que tomariam um rumo totalmente diferente a partir daquele dia. Muitas memórias foram feitas naquele castelo, memórias que nunca esqueceriam. Quantas vezes naquele quarto as três já tinham fofocado e chorado por meninos? Quantas vezes elas não tinham se arrumado juntas para algum evento naquele cômodo? Silenciosamente, Lily, Anna e Carol saíram do dormitório que chamaram de delas por sete anos, fechando lá dentro todos os momentos que passaram juntas.

A Estação estava lotada com alunos apressados e felizes por estarem indo para casa, sentimento não muito comum entre os formandos, que imploravam mentalmente por mais tempo na escola. Malões eram trazidos de todos os lados, junto com gaiolas de corujas, que piavam eventualmente. Professores e monitores orientavam os alunos perdidos, ajudando ao máximo que podiam os mais novos, que pareciam não entender nada.

Apesar de muitas vozes serem ouvidas, nenhum dos sete se pronunciou no momento. Aquilo era demasiado triste e emocionante para o grupo. Então, Remo pegou a mão de sua namorada, a apertando. Tiago e Sirius seguiram seu exemplo, o último abraçando a morena. Nenhuma palavra foi dita. Falar não era uma ação necessária no momento, assim como chorar não era dispensável.

Antes de embarcar, os sete amigos olharam para trás juntos, podendo ver a tênue silhueta do castelo que jamais poderão se esquecer.


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Notas finais do capítulo

Peço mil desculpas pela demora, mas eu realmente só acabei agora pouco.
Em breve, postarei um epílogo, mostrando um pouco das vidas dos nossos marotos no futuro!

Atualização: Seguinte, eu estou pensando em escrever uma continuação para a fanfic Amor de Maroto e queria saber se vocês apoiariam a ideia. Eu sinto muita falta da dinâmica de publicar os capítulos e responder comentários de leitores, portanto acabei pensando nessa como a única maneira de suprir minhas necessidades de escritora. O meu principal problema é que escrever uma fic não é um processo da noite para o dia, ele requer muito tempo e paciência, então a minha real pergunta é se vocês teriam curiosidade de ler se eu elaborasse uma continuação. Se o caso for que não exista essa vontade, nem me darei o trabalho de me preocupar. Comentem o que vocês acham!