Prince escrita por luud-chan


Capítulo 2
❀ Capítulo 02: Como o verão


Notas iniciais do capítulo

Oie, amados! Como estão? :) Nem demorei muito, né?

Well, agradeço de coração ao Little-kun, a Luka-chan e a Nanika por terem me deixado reviews tão maravilhosos! Obrigada àqueles que favoritaram e colocaram nos acompanhamentos também! Não tenham medo de mim, hehe, eu não mordo, podem comentar! :)

Outro capítulo! Espero que gostem! Boa leitura!



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PRINCE

Como o verão

.

No meu começo...
Não havia nada...
Tão vazio...
No espaço entre eles.
E você veio
Ligou as luzes e criou o que veio a ser
Antes de eu... Arrancar suas asas.
Cubra-me, por favor.
Abra suas asas... me cubra e

Prometa isso
seja o último a beijar meus lábios.”

.   

 

Sasuke sempre fora um garoto distante, mas nem sempre fora arrogante e, na maioria das vezes, um tremendo babaca insensível. Ele costumava ser um bom garoto, que admirava o irmão mais velho como se fosse uma espécie de herói. As coisas na sua vida só mudaram quando os pais começaram a brigar demais por motivos que não compreendia.

Ele se viu crescendo em um lar que, a cada dia que passava, desmoronava, até não existir mais. Aos dez anos de idade, viu o irmão Itachi sair de casa e “abandoná-lo” com os pais em plena crise. E o garotinho que uma vez fora sorridente, carinhoso e gentil, transformara-se em um adolescente arrogante, insensível e pouco amigável.

Quando entrou no colegial, mudou-se para junto de Itachi apenas pelo fato do apartamento dele ficar bem mais próximo da escola do que a casa dos pais. E isso também foi uma chance para que Fukaku e Mikoto pudessem reconstruir o casamento de anos, que estava aos frangalhos.

Com o Uchiha mais velho começando a assumir os negócios da família, mal parava em casa. Ele estava em constantes reuniões e viagens de negócios e, consequentemente, Sasuke passava muito tempo sozinho — o que só alimentou o seu espírito de “lobo solitário”. Tinha uma boa relação com Itachi, mas preferia ficar no seu canto, reservado.

Tinha amigos como Naruto e Sakura. Naruto era irritante e barulhento, expert em invadir seu espaço pessoal — na verdade, Sasuke achava que o rapaz nem sabia o que isso significava — e não importava qual era a ocasião, sempre estava lá, rindo inconvenientemente. Sakura não era muito diferente, outra intrometida e pegou o mesmo trem de Naruto. Enfiou-se na sua vida antes que percebesse. Certamente notara que a garota era apaixonada por si, porque vivia pregada nele, toda vez que tinha a oportunidade, estava berrando “Sasuke-kun” pra lá e pra cá.

Era óbvio que não estava interessado nela de forma amorosa, ainda mais por saber que Naruto era completamente louco por ela. Podia ser um arrogante, mas não era um fura olho cafajeste. Então sempre acabava a dispensando enquanto desejava que Sakura simplesmente desistisse e aceitasse os sentimentos do amigo.

Mas, Uchiha Sasuke, com certeza estava interessado em Hyuuga Hinata. Desde o momento em que ela o encarara diretamente nos olhos e falou sem gaguejar ou até mesmo corar. Desde então estava a observando, estudando-a e aprendeu a admirá-la com o tempo. Hinata era uma garota gentil, inteligente e reservada — tudo que apreciava em uma garota — e, com bônus, tinha aquele brilho selvagem nos olhos leitosos toda vez que olhava para ele.

Só tinha uma coisa, uma única coisa que odiava nela: Seu coração pertencia à Naruto.

Como uma garota como Hinata poderia se apaixonar por um idiota como Uzumaki?

Urgh.

Ainda era cedo quando a viu acordar. A Hyuuga abriu os olhos devagar, de maneira preguiçosa e confortável — ele tinha se dado o trabalho de fechar as cortinas, o que deixou o quarto parcialmente escuro. Estava sentado em um puff negro ao lado da cama, apenas aguardando. Ela demorou a assimilar o que estava acontecendo. Piscou algumas vezes e olhou diretamente para ele.

Gritou.

Sasuke franziu o cenho.

— Bom dia para você também — murmurou em resposta.

Os olhos dela estavam vidrados, a boca abria e se fechava sem que nenhum som saísse, o Uchiha revirou os olhos.

— O-o-o que você está fazendo aqui? — gaguejou debilmente.

— Eu? — Ergueu as sobrancelhas. — Olhe bem em sua volta, Hyuuga. Onde você está?

— AI MEU DEUS! — Hinata olhou debaixo das cobertas e soltou um suspiro de alívio ao ver que suas roupas estavam devidamente no lugar.

— Aliviada? — comentou sarcástico. — Não se preocupe, não abusei de você enquanto dormia. E se tivéssemos feito algo, você iria lembrar.

O calor tomou conta do rosto dela quase imediatamente. Ela ainda estava confusa e sua cabeça doía, além da garganta estar extremamente seca. O rapaz estendeu um copo de água na sua direção.

— Sua primeira ressaca, parabéns. — Ainda receosa, pegou o copo das mãos dele e bebeu tudo em goles rápidos e desesperados, deleitando-se com a maravilhosa sensação do líquido gelado.

— O que eu estou fazendo aqui, Uchiha-san? — perguntou por fim.

— Não é óbvio? Você estava bêbada e te trouxe pra cá — disse simplista. — Você não queria ir pra casa e, aparentemente, suas amigas tinham se esquecido de você.

— Bem... — murmurou com os olhos fechados. — Obrigada, Uchiha-san, peço desculpas pelo incômodo. — Hinata parou para pensar melhor por um instante, até se dar conta de uma coisa. — Meu pai...

— Não se preocupe, Hyuuga. Falei para sua amiga, Tenten, dizer que você ia passar a noite na casa dela. Agora — Levantou do puff e seguiu na direção da porta —, você deve estar com uma dor de cabeça do inferno. Tem um banheiro no fim do corredor, deixei uma toalha para você lá. Tome um banho gelado e depois venha para a cozinha, um café bem forte vai te ajudar.

— Obrigada — agradeceu sem jeito.

Ele saiu, deixando-a sozinha. Hinata sentou na cama e massageou as têmporas na tentativa de aliviar a dor. Deixou um suspiro escapar e finalmente levantou. O contato dos seus pés quentes com o chão frio a fez estremecer levemente. Correu até o banheiro — não sem antes olhar para todos os lados — e depois de fechar a porta, analisou tudo por poucos segundos antes de entrar no chuveiro.

Hinata gemeu quando a água gelada entrou em contato com seu corpo, mas obrigou-se a ficar embaixo do chuveiro até que estivesse completamente molhada. Quando se acostumou à temperatura, pôde apreciar o banho melhor. Passou os dedos pelo cabelo espesso e preto-azulado, desembaraçando os longos fios, apreciou o cheiro gostoso do sabonete e esfregou o corpo suavemente.

Nesse interim, forçou a mente para lembrar-se o que exatamente tinha acontecido. Lembrava-se vagamente de estar com sede e procurar algo para beber, acabou tomando algo muito similar a refrigerante — e que descobriu que não tinha nada a ver tarde demais. Depois, apenas o rosto de Sasuke, de várias formas: emburrado, sorrindo cinicamente, com o cenho franzido, com aquela expressão afetada que ela odiava.

Sasuke, Sasuke e Sasuke.

Por que diabos tinham tantos Sasuke’s na sua cabeça?

Apertou os olhos e forçou a mente ir mais a fundo. Naruto!

Ela tinha falado sobre Naruto com Sasuke! AH, POR QUÊ? Será que tinha falado muitas bobagens? Não conseguia se lembrar de mais de nada! Teve um relapso, algo... Algo segurava suas coxas com força. Olhou aterrorizada para o local, e lá estava: Belas marcas de dedos perfeitos.

O que raios era aquilo? Não estava entendendo mais porcaria nenhuma! Grunhiu e desligou o chuveiro. Enxugou-se em uma toalha negra e felpuda, para depois espiar pela porta e sair segurando as roupas fortemente contra o peito. Correu pelo corredor de novo e abriu a porta, entrando em seguida.

— O que eu fiz? O que euuuuuuu fiz? — choramingou, ressentida por não se lembrar de mais de nada e por ter que vestir a mesma roupa do dia anterior. Só queria voltar para casa! — Burra! Sabe o que é isso? Castigo por ter ido àquela festa amaldiçoada. Nunca deveria ter ido...

Olhou-se no vasto espelho perto da porta e gemeu frustrada ao perceber as olheiras embaixo dos belos olhos, a visível marca em suas coxas, além da bagunça que estava seu cabelo. Não era a adolescente mais vaidosa do mundo, mas também não era uma mulambenta. Não se importava em se maquiar logo pela manhã e sair com a boca borrada de batom vermelho, porém, fazia questão de pentear bem os cabelos e deixar a roupa bem passada e arrumada.

Optou por fazer um rabo de cavalo e depois passou a mão na roupa para tentar tirar os amassados e arrumou as coisas no ombro e saiu do quarto de Sasuke. Andou devagar pelo corredor novamente, dando passos incertos, até alcançar o arco da porta que dava entrada para um cômodo que parecia ser a cozinha.

Timidamente, espiou.

Sasuke estava sentado em uma cadeira perto de uma bancada. Tomava café preto e olhava além da janela, pensativo. Não tinha reparado antes, mas ele estava bem vestido naquela manhã, ficava tão diferente sem o uniforme escolar, até parecia mais velho. O suéter negro de gola alta contrastava com sua pele pálida e a calça jeans, também preta, combinava muito com seu estilo... Sombrio?

— Eu não vou te morder, Hyuuga. Entre e pegue o café, vai ajudar a ressaca passar.

Em outro dia, teria murmurado algo como “não tenho tanta certeza” ou algum comentário ácido. Mas seria muita falta de educação da sua parte, quando ele tinha a ajudado tanto, mesmo que ainda não entendesse o motivo.

Aproximou-se em silêncio e pegou a xícara que o Uchiha estendia na sua direção. Não era muito fã de café, mas se faria com que aquela dor de cabeça infernal fosse embora, tomaria de bom grado até o último gole. Bebericou e fez uma careta.

Amargo demais!

— Beba até o fim — alertou-a, pacientemente.

— Uchiha-san — começou receosa. Tinha muitas perguntas e praticamente nenhuma resposta. — Eu...

— Você quer saber se fez alguma besteira? — interrompeu-a e observou-a morder o lábio inferior e assentir em seguida. — Só falou do Naruto e como ele era o príncipe da Sakura e umas idiotices do gênero — disse.

“É, parece que ela não se lembra de nada”, Sasuke pensou.

Hinata abaixou a cabeça, envergonhada. De todas as pessoas que poderia ter falado sobre o assunto, por que justo com Sasuke? Por que Tenten não a achara? Teria chorado e desabafado toda a sua dor pelo amor não correspondido e no dia seguinte estaria melhor e faria o possível para seguir em frente. Mas é claro que as coisas não podiam ser assim! Claro que não podia!

— Também disse que não gostava de mim — provocou. Hinata estava mais constrangida ainda. Ele não precisava saber disso!

— Desculpe, não era a minha intenção incomodar — disse com a maior calma que conseguiu reunir. — Ou ofendê-lo. Mas tem duas coisas que eu gostaria de saber. — O rapaz assentiu para que ela prosseguisse: — O que são essas marcas nas minhas coxas e por que você me ajudou?

O Uchiha olhou brevemente para as pernas de Hinata e ela corou e encolheu levemente os ombros. A primeira pergunta era fácil, porém a segunda era difícil demais. Quanto mais pensava nisso, mais a resposta se tornava complexa. Não iria dizer que nutria sentimentos por ela, seria absolutamente ridículo, uma vez que ela já sabia disso e apenas não se lembrava.

— Eu te carreguei até aqui porque estava bêbada demais para conseguir andar — explicou enquanto olhava diretamente nos olhos leitosos dela. — Podemos não ser amigos, Hyuuga, mas isso não quer dizer que eu seja tão ruim quanto você pensa. Seria ruim se alguém se aproveitasse de você enquanto estava fora de si.

A Hyuuga assentiu, mesmo não estando totalmente convencida com tal explicação. Não iria insistir, pelo quê? Estava bem e era isso que importava, os momentos vergonhosos seriam apenas uma vaga lembrança, que riria no futuro — nunca se sabe —, e tomaria como lição: Não beber nunca mais!

— Certo. Obrigada, Uchiha-san. Sobre as coisas que eu disse... Agradeceria se deixasse para lá. Eu estava...

— Sendo sincera — completou. — Está magoada. Não vou falar nada para ninguém se é com isso que está preocupada — tranquilizou-a, o semblante compenetrado. Deixou a xícara de lado e suspirou. — E não precisa agradecer.

— É melhor eu ir embora. — Levantou e também deixou a xícara em cima da bancada. — Se você precisar de algo... Pode contar comigo. — Estava em dívida com ele, isso era mau, argh.

“Bem que você poderia me dar seu coração. Seria uma troca justa”, pensou cético.

— Vou me lembrar disso. Vou te deixar no ponto de ônibus — avisou. Antes que ela pudesse protestar, acrescentou: — Hyuuga, você não sabe onde está e isso vai ser por conta da casa, não vai ficar me devendo mais nada.

— Tudo bem, vou arrumar minhas coisas.

Depois de alguns minutos, Hinata conferiu se tudo estava dentro da bolsa e calçou os sapatos. Tinha colocado a meia longa e puxado para cima o máximo que pudera para ocultar as marcas. Teria que comprar meias mais longas, ou talvez usar saias abaixo dos joelhos... Isso não importa agora!, pensou.

Em silêncio, ela o seguiu até o elevador e desceram o pequeno prédio. Fazia frio do lado de fora, a Hyuuga tremeu e esfregou as mãos nos braços para se esquentar. Pelo canto dos olhos, Sasuke percebeu que ela continuava tremendo. Em um movimento rápido, tirou o suéter negro e jogou por cima dela.

— Vista.

— Não é necessário, Uchiha-san — negou. Não poderia aceitar o casaco dele! Já não bastava ter dormido na sua casa?

— Você está tremendo, Hyuuga. Vista logo.

Ela poderia ter gritado “você não manda em mim”, mas não o fez. O tecido suave entre seus dedos carregava um calor atraente e praticamente irresistível. No fim, cedeu e passou o suéter por cima da cabeça. Tinha o cheiro bom e era confortável, apesar de ser um pouco grande demais para o seu corpo — mesmo que ainda fosse um tanto... Caham... Voluptuosa.

— Obrigada.

— Nunca ouvi tantos agradecimentos em um dia só — declarou com as sobrancelhas arqueadas.

Cerca de cinco minutos depois, eles tinham chegado ao ponto de ônibus. O silêncio pendurou entre eles, quase incômodo. Se nenhum deles não estivesse tão habituado a ficar sozinho, certamente estariam agonizando. Ele esperou o ônibus chegar para garantir que ela fosse embora em segurança. Sem jeito, Hinata despediu-se dele e agradeceu mais uma vez.

Sasuke observou-a partir com um sorriso de canto.

Segunda-feira de manhã cedo.

Hinata acordara uma hora mais cedo, simplesmente tinha despertado e não conseguira mais dormir. Deu-se por vencida e acabou levantando e foi se arrumar mais cedo.

O restante do final de semana tinha sido bem calmo. Considerando o estado que tinha chegado em casa, achou extraordinário o fato de ninguém ter feito nenhuma pergunta — até mesmo Hanabi que era uma linguaruda, não fizera nenhum comentário impetuoso. Tinha esquecido o celular no silencioso e só lembrou-se de tal fato domingo à noite. Havia milhares de ligações de Tenten, Temari, Ino e até mesmo de Kiba.

Estava se perguntando o que poderia ter acontecido para causar tamanho alvoroço. Preferiu não ligar de volta, estava tarde e não queria incomodar ninguém.

Depois de um bom banho, vestiu-se e secou o cabelo até ficar devidamente bem arrumado. Olhou o próprio reflexo no espelho do banheiro e constatou que as olheiras tinham praticamente desaparecido, as marcas da perna também, entretanto ainda tinha que usar meias mais longas, não se daria ao luxo de deixar alguém ver e querer averiguar o assunto.

Hinata terminou de se arrumar e lembrou que precisava pegar o suéter de Sasuke na secadora, iria devolver assim que o visse. De algum modo, parecia que o cheiro dele ficara impregnado em si. Tinha a impressão que não importava o quanto tentasse tirá-lo, o cheiro estava ali, perseguindo-a.

Franziu levemente o cenho ao se recordar disso. Esperava que ele esquecesse todo o incidente e continuassem a agir como sempre. Alfinetando-se enquanto passava pelo corredor da escola e... só.

— Nee-chan. — Hanabi apareceu na porta do banheiro, ainda sonolenta. — Por que você está acordada? Ainda não são nem sete horas.

— Acordei disposta hoje — respondeu. O que não era mentira. — Te acordei?

— O barulho do secador — explicou com a voz rouca. — Ei, você parece feliz. Quem diria que logo você namoraria o Sasuke-kun! — Deu um sorriso malicioso. — Jamais imag...

— Sobre o que você está falando?! — A voz de Hinata saiu aguda demais, estava completamente sobressaltada pelo comentário da irmã. — Eu não estou namorando Uchiha Sasuke!

— Não? — Arqueou a sobrancelha negra perfeita, lançando um longo olhar de desafio para a irmã mais velha. — E o que são essas marcas nas suas coxas? E eu te vi saindo com ele...

— Espera! Você. VOCÊ ESTAVA NAQUELA FESTA! — acusou e Hanabi deu de ombros — Aquilo não é para alguém da sua idade!

— Sério, nee-chan? — murmurou sarcástica. — Não fuja do assunto! Aposto que deram uns amassos bem quentes.

Hinata corou até a raiz dos cabelos. Não sabia o que era pior: Falar a verdade e dizer que estava bêbada ou deixar sua irmã ficar tendo devaneios sobre um inexistente relacionamento com Uchiha Sasuke! Sasuke! Como se isso fosse possível!

— Hanabi — Massageou as têmporas —, me deixa em paz, por favor, e vai cuidar da sua vida.

— Tá, tá — resmungou dando meia volta.

A Hyuuga mais velha suspirou e decidiu de terminar de fazer o resto de suas coisas antes que pensasse demais no que não devia. Foi até a área de serviço e pegou o suéter negro e dobrou adequadamente antes de enfiar dentro da bolsa. Preparou o café da manhã e desejou “bom dia” quando seu pai desceu as escadas.

Deixou o chá verde que ele tanto gostava de tomar pela manhã em cima da mesa, e Hiashi agradeceu com um leve aceno de cabeça. Fuzilou Hanabi com o olhar quando esta começou a soltar comentários sugestivos.

Hiashi ofereceu-se para deixá-las na escola e como não marcara com ninguém de ir andando, Hinata acabou aceitando. Quando chegou a escola, teve um mau pressentimento. Apertou as mãos nervosamente, desconfiada.

Tudo parecia deserto.

Despediu-se do pai e da irmã e passou pelos imensos portões de ferro da Instituição de Konoha. Um rebuliço fez o seu estômago se agitar e, como prevenção, sentou no banco perto de uma árvore. Puxou os fones de ouvido e encostou-se ali para que o mal estar passasse.

A música a fez cochilar.

Assim que Sasuke chegou à escola, dirigiu-se para o lugar que gostava de ficar até a hora de entrar em sala de aula. Para sua surpresa, Hinata estava cochilando ali, ainda faltavam vinte minutos para que as aulas começassem. Pensou que deveria acordá-la, mas ao ver seu rosto com aquela expressão tão serena enquanto dormia, acabou desistindo.

Deixaria que ela dormisse mais um pouco e depois implicaria com ela.

Olhou para os lados para ver se alguém estava olhando e tirou uma foto dela. Sorriu discretamente e traçou o contorno dos lábios pálidos e cheios na imagem. Gostaria de fazer aquilo de verdade, enquanto ela o encarava com aqueles olhos intensos e brilhantes.

O Uchiha deixou esses pensamentos de lado e sentou-se ao lado dela, ficando a poucos metros de distância. Deixaria que dormisse mais um pouco e depois a acordaria. Abriu um jogo no celular e distraiu-se por um tempo um momento — aquele maldito Flappy Bird, não conseguia mais sair dos 15 pontos depois que tinha conseguido fazer 50! Passava muito ódio jogando aquilo.

Não percebeu exatamente quanto tempo tinha se passado, mas em algum momento entre as maldições que soltava e as tentativas de passar dos quinze pontos, a cabeça da morena pendeu na direção dele, o que a deixou apoiada no seu ombro. Sasuke não se mexeu por um instante, até ver que Hinata continuava dormindo.

Percebeu que muitos alunos tinham chegado e que alguns os encaravam, cochichavam algo e davam risadinhas. Outros pareciam pouco amigáveis — em sua maioria, garotas —, fazendo expressões carrancudas. Franziu as sobrancelhas, incomodado.

Olhou para o portão e viu Naruto correndo na sua direção, como sempre, todo destrambelhado. Ele iria gritar, mas Sasuke fez um gesto para que falasse baixo.

Teme! — Naruto acusou aos sussurros, o olhar alternando entre uma Hinata adormecida e um Sasuke irritado. — Por que você não me contou? Achava que confiava em mim!

— Do que você está falando, dobe? — retrucou e Hinata se mexeu por uns segundos. — O que eu não te contei?

— Você está me fazendo de idiota, sendo irônico ou o quê? — Fez uma careta e continuou: — Estou falando do seu namoro com a Hinata-chan, é claro! Tá todo mundo falando disso agora, poxa...

— Namoro com a Hinata? — Que?, Sasuke pensou alarmado, apesar de a sua expressão continuar impassível. — Naruto, explica isso melhor.

Naruto guinchou, certamente achava que o amigo estava fazendo-o de estúpido. Mas decidiu falar de qualquer forma:

— Aqui, teme. — O Uzumaki pegou o celular e mostrou uma foto meio embaçada de Sasuke bem perto de Hinata, depois outra com ele carregando-a nas costas e ela estava com uma mão em seu cabelo e outra no pescoço, enquanto a cabeça descansava próximo da mesma área. — Você levou ela pra sua casa depois, não foi? Não fazia ideia que vocês estavam nesse nível!

Sasuke sorriu maligno. Poderia desmentir o boato, na verdade, tinha até pensado na possibilidade de tal coisa acontecer, só não achava que iria chegar ao ponto de terem fotos! Seria muito mais fácil se fossem só palavras para serem “desmentidas”, provas físicas seriam complicadas demais de negar.

Hinata gemeu e começou a acordar. Piscou algumas vezes e encontrou o olhar de Naruto. Deu um gritinho de surpresa e agarrou-se ao braço de Sasuke, quando percebeu que era ele, tentou se afastar tão bruscamente que quase caiu do banco. E só não caiu, porque o Uchiha segurou-a pela cintura e sussurrou em seu ouvido:

— Fique quietinha, Hyuuga. Depois eu te explico.

— Hey! Eu ainda estou aqui! — Naruto reclamou. — Deixem para namorar depois.

— Naruto-kun! — Hinata abriu a boca para falar, mas Sasuke foi mais rápido:

— Você está com inveja porque Sakura não está aqui, dobe. — Apertou mais os dedos em volta da cintura feminina. — Vamos para a aula, Hinata.

Sem entender nada do que estava acontecendo, a garota não teve outra opção além de segui-lo. Como da outra vez, Sasuke segurou-a pela mão e a arrastou pela escola. Ela ficou surpresa ao perceber os olhares que eram direcionados para eles. Alguns bem estranhos, por sinal. Poderia ter se desvencilhado dele, mas não o fez.

— Uchiha-san! — chamou quando passaram direto pela sala. — Para onde você está me levando?

Ele ficou em silêncio até chegarem perto da máquina de lanches, o lugar estava deserto. Parou, largou a mão dela e virou-se:

— Agora você vai me chamar de Sasuke, Hinata.

Um arrepio.

Um olhar confuso.

— O-o que você quer dizer com isso? — hesitou. — O que está acontecendo? As pessoas...

— Eles sabem que você dormiu na minha casa — disse e Hinata arregalou os olhos, seus lábios tremeram. — Sabe o que isso significa, não é? E duvido que você queira que fique rolando boatos maldosos sobre nós. Eu não me importo, mas você é uma Hyuuga...

Ele não precisou terminar para que ela entendesse. Hinata não era tão ingênua como aparentava. Pensou na possibilidade de desmentir qualquer coisa que falassem sobre eles, mas de fato estivera no apartamento de Sasuke, só que não pelos mesmos motivos que as pessoas estavam imaginando. Seria completamente inútil tentar desmentir.

— Entendi aonde você quer chegar — finalmente quebrou o silêncio. — É mais conveniente saberem que nós fizemos sexo — Corar foi inevitável — se eles pensarem que somos íntimos, como...

— Namorados — completou fazendo o seu melhor para conter um sorriso de satisfação. — Podemos fingir por algum tempo, até que esqueçam sobre isso.

A Hyuuga ponderou por um momento e apertou os lábios em uma linha reta, desgostosa. Fixou o olhar nele e o Uchiha o sustentou enquanto esperava uma resposta. Para falar a verdade, não achava que algo assim poderia acontecer. No início, iria apenas mandar toda aquela merda para o inferno e deixar que falassem o que quisessem. Porém, ao perceber que poderia tirar uma vantagem de toda aquela louca situação, pensou: Por que não?

Diferente dele, Hinata poderia se preocupar com as mentiras que se espalharam e sabe-se lá que tipo de problema, ou até mesmo que tipo de sentimento, isso tudo poderia trazer para a morena. E ele só precisava de tempo para conquistá-la. Para mostrar que se assim quisesse, poderia ser o príncipe que ela tanto desejava.

— E isso seria... Por quanto tempo? — perguntou ainda incerta. Sasuke deu de ombros, as mãos enfiadas no bolso da calça do uniforme. Ela voltou a morder o lábio inferior, nervosa. Poderia muito bem recusar, porque a ideia era absurda demais e ao mesmo tempo... Odiaria ouvir as pessoas falando dela como se fosse uma vadia. Se aceitasse, só teria que lidar com as fãs malucas de Sasuke. — Certo, Uchih... Sasuke-san.

Ele quase bufou, mas logo se recompôs. A felicidade o inundou apesar de não ter demonstrado amplamente.

— Agora serei seu príncipe, Hinata-hime — zombou, limitando-se a sorrir discretamente.

A Hyuuga revirou os olhos. Por que raios falara sobre esse assunto com ele?

— Tudo bem, Príncipe Sasuke. — Só espero que isso não dure muito, pensou. — Podemos ir? A aula vai começar.

O rapaz simplesmente se virou e começou a andar na direção da sala de aula, quando percebeu que ela não o seguia, parou:

— Você não vem? — Hinata correu para acompanhá-lo, pouco à vontade. Só piorou quando o braço dele envolveu sua cintura, olhou-o completamente espantada. — As pessoas devem acreditar que estivemos namorando escondido, mas agora já não nos importamos mais.

— Isso é-é realmente necessário? — amaldiçoou-se por gaguejar e manteve o passo no mesmo ritmo. A pressão dos dedos dele em sua pele, mesmo que fosse por cima do tecido, lhe dava uma sensação muito familiar. Estranho. — Esse, esse contato, quero dizer.

— Se quiser que eles acreditem... Sim.

Ai, ele estava apenas se aproveitando. Com certeza iria queimar no inferno, mas por ela, estava tudo bem.

A Hyuuga ficou em silêncio e tentou ignorar todos os olhares sobre os dois. Lembrou-se do suéter e remexeu-se para pegá-lo na bolsa.

— O que foi? — Sasuke perguntou olhando-a pelo canto dos olhos.

— Seu suéter. Está lavado — explicou enquanto segurava a peça com uma mão.

— Não quero, pode ficar. — A expressão de surpresa que tomou conta do rosto dela foi hilária. — Fique com isso, um presente.

Hinata balançou a cabeça, incrédula e voltou a guardar o suéter. Quando chegaram à porta da sala, ele juntou os lábios em sua orelha para lhe sussurrar uma coisa. Ela corou.

— Sorria, Hinata-hime precisa estar feliz.

Ela soltou uma risadinha nervosa e afastou-se rapidamente, a orelha queimando pelo contato.

Lábios... Lábios... A boca dele junto a sua.

“Não se esqueça...”

Hmm?

“Agora só me faltava essa, sonhando que o Uchiha me beijou. Para, Hinata!”, pensou, balançando a cabeça.

Mas por algum motivo, a “lembrança” persistiu e jurou que podia sentir os lábios dele ali, quentes... Como um dia de verão.


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Notas finais do capítulo

Não sei se alguém reparou, mas acabei transformando isso em uma three-shot, porque o capítulo 02 estava ficando MUITO grande, então resolvi adicionar mais um capítulo, pra deixar os capítulos com uma quantidade de palavras mais equivalente, por assim dizer, hehehe.


Foi uma delícia escrever e espero que tenham gostado do capítulo, apesar de ter sido bem parado. Prometo que o próximo será melhor e terá mais interações "românticas" por assim dizer, entre os dois! :)

Ficarei feliz em receber reviews, seria legal se deixassem a opinião de vocês! Lembrem que reviews sempre me deixam inspirada. :P ♥

Obrigada por lerem até o final, até o próximo capítulo! :*