The Last Bet escrita por Jujuba, giu


Capítulo 11
Trancados




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Me viro lentamente até ficar frente a frente com a voz da senhora. Tia Penny era baixinha como um anão de jardim. Mas pelo amor de Deus nunca digam isso a ela. Uma vez eu disse. E tive que pagar uma fortuna pra arrumar meu cabelo. 

Podia ser baixinha, mas era a senhora mais invocada que eu conhecia. Não se engane com ela. Ela pode ter 75 anos, os cabelos brancos cortados estilo Chanel e os olhos mais azuis que eu conheço, mas eu nunca vou esquecer o dia em que um menino chamou ela de Cabrita.

Era meu primeiro dia na Smoore e imaginem minha reação ao ver a pequena senhora Penny com uma vassoura na mão dando uns bons esporros em um garoto de 17 ( não vou mencionar o tio Jordan com seus dois metros falhando em segurar ela.) e gritando "CABRITA É A SENHORA SUA MÃE AQUELA BARANGA SEM PEITO, ALÉM DE TUDO CAÍDO. SEU SAFADO! COXINHA! VOU TE MOSTRAR A CABRITA!". 

— Tio Jordan - digo alto, segurando a gargalhada - Diga a nossa Magneto de bolso que piranha é a senhora mãe dela. - ouço Jackson respirar fundo estilo "pronto é agora o momento que ela morre cadê Deus pra me levar?" 

Passo três, quatro segundos, apenas encarando tia Penny e ela me encarando de volta. Quando Jackson sussurra um "se demorar mais eu mijo aqui mesmo" tia Penny solta uma gargalhada alta e diz: 

— Ora venha aqui me dar um abraço, sua sem bunda - e eu corro até ela e me abaixo pra abraça-la. Ela gargalha alto quando tio Jordan passa a pá pela perna de Percy e ele cai de bunda no chão.

— Sabe Ana, estava certa sobre minha mãe - ela diz séria e eu automaticamente me arrumo em pé. Mas ela só abana a mão pra mim e se vira pro tio Jordan - Ela era uma piranha mesmo não é Jordan? Uma grande piranha. 

— Totalmente Pen - e eles vão indo na nossa frente, entrando na Smoore.

— Afinal que inferno de lugar é esse Annabeth? - pergunta Percy contrariado esfregando a bunda (e santo Deus que bunda ... Espera o que) - Annabeth Chase porque tá olhando pra minha bunda? - E acreditem, ele gritou isso no meio do jardim. Me virei pra ele, vermelha de raiva, mas não disse nada. Por quê ? Eu estava olhando mesmo aquela bundona. Só não queria que ele soubesse. Então, vamos ignorar.

— CALE A BOCA - foi oque eu disse e ele segurou a risada, muito inteligente da parte dele - É um tipo de asilo, pra pessoas podres de ricas - digo e vou pisando duro até a entrada do asilo. Chego na entrada do asilo, mas não ouço Percy atrás de mim. Me viro pra ver oque aquela anta esta fazendo antes que ele nos atrase pro almoço com os idosos quando me deparo com a sena mais inédita do mundo. 

Percy esta sentado no banco com uma senhora, conversando e jogando pão aos pássaros com ela. 

E então toma minha raiva sumiu, de uma vez só. E então caiu a minha ficha de que talvez, e só talvez, Percy queira mesmo mudar e eu só esteja sendo uma babaca com ele. Talvez ele tenha mesmo brigado com os antigos amigos e queria mudar. 

Dou uma olhada mais atenta e vejo que deixei a caixa de alimentos para ser doados no meio do jardim. Mais calma, vou andando ate onde eles estão e me sento ao lado do Jackson. 

— O que você esta fazendo com essa anta, tia? - Sim eu chamo todo mundo de tia. Não gostou? Me processa. A tia da risada e Percy ri com ela. Sorrio com a risada dele. Aliás, quando eu fiquei tão jumenta? 

— Ah querida, não fale assim do seu namorado - diz a tia abanando a mão pra mim. - Ele estava te elogiando agora mesmo - levando uma sobrancelha. Percy olha pra mim como um filho olha pra mãe quando deixa de lavar a louça. Ah isso vai ser interessante.

— Não somos namorados e ... - começa Percy. Nem vem marmota. 

— CLARO QUE SOMOS QUEM DISSE QUE NÃO? - grito pra ele calar a boca e a senhora acaba jogando pão em seu próprio cabelo murmurando alguma coisa como "Em nome da nossa senhora. " - mas diga, tia. O que ele falou de mim? - Percy passa a mão no rosto exasperado. E eu abro um sorriso estilo "agora você se lascou todo". 

— Bom eu não sou mais tão jovem quanto era antes, sabe? - começa a tia. O que eu mais gosto nos idosos é que eles são ótimos contadores de histórias. Nada de ir direto ao ponto. Qual a graça? 

— Mas se de uma coisa eu tenho certeza é que eu não vejo coisas, senhorita. Só uma vez quando uma minhoca falou comigo num banheiro publico, mas foi um caso a parte. Enfim. Eu vi que você tinha esquecido a caixa ali no meio do jardim - continua - então chamei seu namorado pra pegar ela ali, já que você tinha esquecido e parecia enfezada, gritando igual uma maluca. - ela olha seriamente pra mim por alguns instantes e eu fico perdida. O que eu devia fazer? Rir? Mas então ela volta a olhar pros pássaros. Percebo Jackson me encarando com um sorrisinho no rosto. Cabeça de alga! - E ele disse que você não era enfezada. Apenas sabidinha. Então eu disse que você era muito bonita, e ele disse "tanto por fora quanto por dentro." - e então ela para de falar. Olho para Percy, que esta me encarando. Me perco naqueles olhos verdes por alguns instantes. É calmo ali, sabe? Traz paz. Como se você estivesse dormindo, mas ao mesmo tempo acordada. Da um calorzinho no peito. Uma coisa boa. 

— ANNA, VAI PERDER O ALMOÇO - Penny grita da entrada e eu salto do banco do jardim e nem me despeço da outra tia. O que diabos aconteceu ali? Eu nem sabia que podia fazer isso! Espera um pouco. Isso é cheiro de molho de tomate? Isso é cheiro de tomate! 

— Tia penny isso seria ...? 

— Macarronada, Anna. A sua preferida. - Não é possível. Tia Penny não faz macarronada desde ... Desde sempre ! Quase vou saltitando ate a cozinha, mas ai me lembro do Jackson! E tenho a brilhante dedução que, baseada nos fatos que acabaram de acontecer, eu nunca mais vou comer uma macarronada sem lembrar da porcaria dos olhos verde mar do Jackson! Ele estragou a minha macarronada! Cabeça de erva daninha!    

Agora pensa comigo: ele estragou minha macarronada, me fez ter cara de anta na frente da tia e estava atrasando o meu almoço. Imagina como eu fiquei quando ele disse que precisava ir ao banheiro!

— Jackson eu não acredito que você vai ... - sussurrei pra ele enquanto estávamos indo pro pátio almoçar - Fazer essas coisas aqui na smoore. É um asilo! Você quer matar os velhinhos de asfixia com a sua podridão ? 

— Eu não quero fazer o numero dois - sussurrou de volta. Era o que me faltava nessa vida. - Eu quero... eu quero fazer... eu ... - ah valha-me Deus por favor.

— QUER O QUE, HOMEM? - gritei irritada. Sobre enrolação: eu odeio enrolação.

— EU QUERO FAZER XIXI. MIJAR! SACOU? - e sim, sociedade, ele gritou isso no meio de um asilo! E eu fiz a única coisa plausível que eu poderia naquele momento. Desatei a rir no meio do pátio junto com, aproximadamente, uns 80 velhinhos, enquanto Jackson passava a mão pelos cabelos, exasperado.

— Diabos Annabeth! Onde fica o banheiro? - reclamou. Eu então, como a boa cidadã que sou, levei ele ao banheiro mais próximo (sim, juro que era o mais próximo !) e imagine o meu espanto ao descobrir que a tranca do banheiro estava quebrava. Ou seja, próximo e avante...

— Nada disso ! - e me empurrou pra dentro do banheiro com ele. 

Uma vez me disseram que quando você morre sua vida passa inteira na sua frente. Aposto que quando eu escorreguei e cai de bunda dentro do banheiro e escutamos o clique da porta, trancando por fora, o Jackson viu a vida dele passando nos mínimos detalhes diante de seus olhos. Porque eu vou matar ele.

Jackson corre pra dentro de uma das portas de dentro do banheiro enquanto eu tento abrir a porta da saída. Não tem jeito. Só abrindo por fora. Pronto, vou morrer de fome em um banheiro de um asilo. E o pior, com o Jackson. Escuto uma descarga e, logo em seguida Jackson sai do banheiro. Ele lava a mão e me olha confuso. Não tenho paciência.

— O quê? - pergunta, me olhando inocente. 

— A PORTA SUA ANTA - grito, quase espumando de raiva. - A PORTA TAVA QUEBRADA, BARATA TONTA - ele pensa um pouco e, por fim, diz:

— É. Estamos presos. Fazer o que?

Bom, ninguém pode falar que eu não tentei. Eu respirei fundo três vezes, contei até 10 mais de três vezes e tentei pensar em alguma coisa aleatória. Mas não deu certo. Sai correndo atrás dele dentro do banheiro. Devo dizer que, pra uma pessoa com músculos ate onde não deviam haver músculos, e alto pakas, ele é bem ágil.

Mas vamos voltar ao ocorrido. Estava correndo atrás dele igual o chinelo da sua mãe corre atrás de você, o que foi bem complicado já que o banheiro não era grande e era muito escorregadio. Ate que ele para de correr e fica parado na frente de uma das portas de um dos banheiros e abre um sorriso gigante. 

— Se eu fosse você eu pararia, Anna - me surpreendo. Não com a ameaça. Mas com o apelido. 

Eu gostei. Anna.  

— Não vou parar até te matar, lacraia falsa - lacraia falsa? Sério? Dica - não tentem insultar ninguém enquanto não estiver tão brava. Não da certo. Saem coisas como lacraia falsa e pepinão. 

— Então não diga que eu não avisei - ele enfiou a mão na parte de dentro do banheiro e tirou de lá um chuveirinho. Imaginem a minha alegria a sentir água fria estilo iceberg do Titanic entrando pela minha camiseta. 

Alegria contagiante

Felicidade 

Me senti um floco de neve 

P r o n t o  p r a  m a t a r 

— PERCY SUA SEREIA FALSIFICADA, SUA BALEIA SEM RABO EU VOU TE MATAAAR - E com essa frase explicativa e muito, muito, muito educadora eu voei encima dele, que continuava jogando agua em mim, e rindo como uma criança de 7 anos. Aquela risada gostosa que te faz querer rir junto, sabe? Em poucos minutos os jogos vorazes viraram apenas uma guerra de água violenta.

Ele jogava agua em mim com o chuveirinho e eu ria tentava bater nele.

Tudo muito divertido. Até que, em uma dessas de tentar pegar o chuveirinho dele, meu pé pisou em falso no chão molhado e eu escorreguei. Fechei os olhos, esperando o baque com o chão. Em vez disso senti o braço de Percy na minha cintura e o ar se mover envolta de mim, e enfim o chão. Depois de 5 segundos abri os olhos devagar e me vi encima de Jackson. Perto o suficiente pra me ver no mar. Pra sentir a brisa do mar. 

— Você tá bem? - sussurro, perguntando pra ele. Percy apenas acena com a cabeça e fica ali, olhando pra mim. Você pode achar estranho. Eu acharia estranho. Mas não é. Vai acontecer com você. E ai você vai entender. 

— Anna? - ele chama

— Hm?

— Eu vou te beijar agora. 

E sem me dar chance de resposta, ele me puxa pra mais perto e me beija. Em um milésimo de segundo minha cabeça trava uma batalha. Penso e chego a uma conclusão: foda-se. 

Coloco minha mão em sua nuca e o puxo mais pra mim. Suas mãos em minha cintura se apertam e sua língua pede passagem, que eu sem nenhuma sombra de dúvidas, cedo. Com um movimento rápido, Percy fica encima de mim. Brinco com seus cabelos molhados enquanto nos beijamos. 

Tenho certeza absoluta que o beijo continuaria pela eternidade, até que alguém chama meu nome na porta do banheiro. Não movo um músculo. Percy se afasta de mim muito devagar e eu abro os olhos. Seu olhar é confuso e tem um brilho diferente do comum. Não é mar calmo, maresia. É uma tempestade no meio do mar. 

O que aconteceu? 

Levemente o empurro decima de mim e grito pra porta:

— Estamos trancados no banheiro! - depois de alguns minutos consigo explicar pro senhor o que aconteceu, com muita paciência e esforço, e ele disse que já voltava com ajuda. Fiquei ainda uns bons 10 minutos olhando pra porta, evitando Percy. Até que, do nada ele, me chama:

— Anna? - olho pra ele - Isso nunca aconteceu okay? Esse beijo? Nunca rolou! 


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