Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 74
Nowadays


Notas iniciais do capítulo

Florzinhas e cravinhos... Voltei!

Bem, após ser quase dada como morta, eu estou de volta mais uma vez. Minha gente, minha vida anda uma bagunça e eu não vou mentir, a última coisa que penso quando me sobra um tempinho, é escrever. Pra vcs terem idéia, eu estou parada no segundo episódio da série... Muuuito atrasada... Enfim... Não vou mais pedir desculpas pq acho que isso tá muito batido. Mas por precaução aviso que o capítulo após esse que vcs irão ler, já está pronto.

Sei que muitos de vocês após lerem esse capítulo vão pensar que esse meu desparecimento causou minha loucura, mas não, tenham calma... Garanto que tudo será explicado.

Sem me prolongar mais... Boa leitura florzinhas e cravinhos!



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6 anos depois...

O despertador toca desesperado. Não sei ainda quando vou me acostumar de acordar as 05h30min da manhã. Meu corpo ainda dói e só de pensar no dia que terei hoje eu sinto a dor muscular apertar, mas não me importa. Não há nada que um banho quente não resolva.

O café já organizado na cafeteira adianta minha rotina diária. Recebo a mensagem do meu instrutor sobre o local de treinamento hoje, mas antes devemos nos encontrar na Academia. Dou uma última checada do tempo lá fora, pego minhas coisas e saio do meu novo apartamento. Caminho até o metrô e encaro a verdade que eu deveria, era melhor chamar aquele lugar é de apertamento de tão pequeno que é, mas fico feliz por saber que é meu.

Dentro do metrô recebo uma ligação do papai.

– Bom dia pai.

– Bom dia querida! Está no trabalho?

– Ainda não, estou no caminho.

– Eu ando tão preocupado com você... Tem tomado café direito? – Engulo seco.

– Tenho sim pai, não precisa se preocupar. – Ele não precisa saber inteiramente da minha rotina. Na Academia de Polícia aprendemos que parentes muitas vezes atrapalham, não que eu veja isso no meu pai atualmente. – E o senhor? Tem se cuidado?

– Tenho sim, filha. Nossa promessa tem se mantido de pé. Não irei quebrar algo que tanto custamos para construir.

– Fico feliz em te ouvir falando assim. – O anúncio da próxima estação do metrô me deixa atenta. – Pai, eu preciso desligar. Vou descer na próxima estação. Mais tarde a gente se fala, ok? Beijos.

– Beijos filha, juízo e cuidado para não se machucar!

Desço da estação e caminho rapidamente em direção a Academia. Royce me encara na entrada.

– Oficial Beckett! – Ele exclama sensualmente. – Onde está seu uniforme?

– Bom dia pra você também Royce. – Adentro pelo portão da academia e ele me segue.

– Alguém tá de bom humor hoje?

– Se pensa que vai arrancar algo de mim às 6 horas da manhã, está perdendo seu tempo. – Dou de ombros e caminho em direção ao vestiário.

– Eu sei o motivo desse seu sorrisinho... Último dia de oficial. Você vai sentir saudades, confia em mim.

– Veremos. – Digo sorrindo e adentrando no vestiário.

– Espere!

– O que foi? – Digo me virando.

– É uma pena que hoje você vai ficar com uniforme por pouco tempo, mas eu tenho certeza que você vai gostar muito do disfarce de hoje.

– Uh... Sei... – Dou meu olhar duvidoso. Essa cara dele não me engana. Coisa boa é a única coisa que não vem por ai.

– A gente se vê daqui a pouco oficial.

Adentro no vestiário e coloco meu uniforme para me apresentar ao comando. Hoje é um dia muito especial. Após dois anos de treinamento, consegui finalmente me tornar detetive. Royce é o meu melhor amigo aqui dentro. Melhor amigo e instrutor. Se não fosse por ele eu não teria conseguido. Ele quem me ajudou quando eu mais precisava e me sentia perdida. Foi ele que me acobertou quando adentrava no setor de polícia criminal para procurar o caso da minha mãe. Tanta coisa se passou nesses dois anos em minha vida. Difícil enumerar todas elas em apenas 10 minutos para ficar pronta para apresentação.

– Oficial Beckett se apresentando senhor! – Anuncio minha chegada ao chefe.

– Oficial, o envelope contém todas as informações necessárias. Adianto que se trata de uma missão única, portanto sem falhas. Seu instrutor já está orientado. Contate ele para se preparem para a captura do suspeito.

– Sim senhor. – O chefe me libera e eu sigo até o departamento de entrega de material e disfarce. Leio as informações do envelope enquanto aguardo a entrega. Sinto o sangue me subir à cabeça quando leio o papel de disfarce: Garota de programa.

– E ai moça? Pelo rubor do seu rosto, imagino que já está muito feliz em saber qual será seu último disfarce. – Royce aparece ao meu lado debochando.

– Isso é ridículo! Eu não estou vendo a necessidade de eu ser uma prostituta para resolução do caso! Não vejo!

– Calma oficial, você até que vai fechar com chave de ouro sua vida aqui na Academia.

– Você fica quieto e não fala mais nada, antes que eu só de raiva acerte você.

– Seria um prazer oficial, mas você sentiria a minha falta.

– Eu não teria tanta certeza.

– Oficial Beckett. – A moça da entrega de material me chama. Levanto-me demonstrando raiva até nos passos. Assino no papel de recebimento e passo pelo Royce como uma bala. Troco o uniforme pela microssaia e uma blusa transparente com sutiã rosa neon. O disfarce ainda acusa a necessidade de aplicação de maquiagem pesada. Isso é ridículo. Visto-me como o pedido pelo disfarce. Tudo pela profissão e para ajudar a polícia de Nova York a prender quem se deve. Eu devo ser muito trouxa pra me fazer acreditar nisso. Royce me chama na porta. Quando abro eu não consigo suportar a risada e acabo rindo bem na cara dele.

– O que é isso? O que fizeram com você? – Estou gargalhando.

– O quê? – Ele me olha constrangido. – Não ia deixar você pagar um mico desse sozinha...

– E você se disfarçou de motoqueiro metal? – Eu ria que chorava. – Royce... Você está com tatuagem falsa... Essa peruca com lencinho de caveira... Esse bigode de mentira... Royce... – Eu estava tendo uma crise de risos.

– Vai rindo. Seu riso logo acaba quando o primeiro idiota, que não vai ser eu, passar a mão em você. Espertinha.

– Quê?! – Engoli o riso. – Eu vou ter que me expor a isso?

– A missão que me foi passada foi para pegarmos o suspeito em ação. Logo...

– Tá, tá... Já entendi. – Revirei os olhos e tentei baixar mais a saia.

– Só tem um “porém”...

– Que “porém”? – Digo liberando ar.

– Você vai chegar até o local com o meu disfarce. Prazer, Larz Kurtz. Lá fora você vai conhecer minha moto, a Dayse.

– ROYCE! EU ESTOU DE MICROSSAIA?

– E daí? Dê seu jeito oficial. Temos que obedecer ao comando geral. Eu prometo que não olho pelo retrovisor.

– Não seja insolente.

– Qual seu nome boneca?

– Pandora e não me enche o saco, seu mané!

– Tá afiada, hein? Pronta para o combate, oficial Beckett!

– Te odiar me faz mais afiada. – Resolvi plantar a semente da discórdia. Eu adoro quando ele me bajula porque acha que estou com raiva dele. Ele fica tão fofinho. Eu prometi pra mim mesma que depois do Rick eu nunca mais iria me apaixonar por ninguém, mas com Royce isso é meio difícil de fazer.

– Ah, quê isso? Não jogue tão duro assim, vai? Se não eu me apaixono. – Ele sobe na moto e eu o sigo. Subo na traseira logo em seguida. – Calcinha preta? Esperava uma vermelha... E de renda! – Dou um murro certeiro nas suas costas. Ele começa a tossir desesperado.

– Assim tá melhor... Tossindo você fica calado. Agora anda! Põe essa Shirley pra andar!

– É Dayse! – Ele diz entre tosse. – Dayse!

– Tá, tá... Economiza o ar e liga o motor Roy. Sem brincadeira.

Chegamos ao local e ele me para na esquina próxima ao beco de entrada para a rua da perdição. Eu caminho observando o local. Outras poucas meninas estão no momento. Acho que pelo horário isso realmente é menos comum por aqui. São 11 horas da manhã e aos poucos alguns homens vão surgindo no local. Só de olhar já dá para ver muitos criminosos circulando. Venda de droga, gigolôs, apostas, agiotas, mas nossa missão é apenas encontrar e capturar um suspeito em questão.

Royce aparece e se faz de durão para uma das prostitutas no local. Ele está tentando obter informações. Eu estou fazendo charme e tento rebolar em cima dessas botas pra lá e pra cá. Isso é tão deprimente. Eu estou ficando cansada, decido então ir até uma lanchonete próxima para sentar e comer alguma coisa. Do lado de fora observo Royce com sua moto me observando. Já vai dar 15h e eu volto para o local. Mais meninas aparecem. É uma situação desoladora. Muitas delas estão sobre efeitos de drogas e nem sequer são capazes de saber quem realmente são.

Alguns homens se aproximam de mim. Outros tentam me tocar, mas eu sei me defender. O único homem que vou ter que deixar que encoste em mim é o suspeito. Royce parece invisível, mas sei que ele está por ai em algum lugar. Umas garotas tentam arrumar confusão comigo, mas logo somem quando Royce aparece e me segura pelo cabelo. De alguma forma não convencional ele põe a mão descendo pela minha cintura e como um truque puxa um papel enrolado com dinheiro. Esse esquema já tinha sido treinado antes, mas alguma coisa estranha acontece nessa hora e posso perceber isso no ar. Acho que não sou a única e logo Royce se afasta e diz alguns xingamentos pra disfarçar.

Mais duas horas se passam e eu agradeço a Deus por hoje ser meu ultimo dia nesse tormento que é estar em disfarce. Estou encostada num muro quebrado. Royce aparece novamente e leva uma das meninas com ele. Logo um homem aparece até mim.

– Vadia gostosa. Vem comigo, vem? Vem comigo... – Ele puxa meu braço e me arrasta com ele.

– Para onde estamos indo? – Finjo ser indefesa.

– Cala boca e vem comigo sua cachorra.

– Me solta seu cretino! Me solta! – Aumento o tom de indefesa.

– Cala boca sua vadia! Cala a boca! – Ele me puxa pelos cabelos e nesse momento vejo que estamos num local isolado e todo mundo ficou para trás. – Agora você vai fazer tudo que eu mandar. E logo depois... – Ele sorrir maleficamente. – Você vai poder renascer puta de novo.

– Isso é o que você pensa. – Antes de o maldito homem abrir sua calça eu me viro de surpresa e com golpes muito bem treinados o rendo o ponho de peito no chão. Retiro as algemas de um esconderijo em minha roupa e o prendo. Royce aparece assim que a cena finaliza.

– Muito bem garota! Você conseguiu. Eu preparei você bem. E olha que essa sensualidade toda em cima do suspeito foi a cereja do bolo. Essa parte eu tenho certeza que não ensinei. – Ele pega o rádio e informa a captura pedindo viatura. Estou segurando um risinho sonso pela piadinha. Logo a viatura chega e pega o suspeito do caso.

– Até que enfim isso terminou. Não aguentava mais ficar aqui nessa situação. E sim, você me ajudou sim. – Sorri de canto de boca.

– Mas não pense que está livre de mim ainda Kate. – Ele me olha malicioso.

– Mike... – Digo cansada.

– Hoje é seu último dia. Vamos comemora com uma despedida. No bar do Jack, às 20h. Eu te pego em casa, ok?

– Mike, eu não gosto dessas coisas...

– Não aceito não como resposta. Quero me despedir de você. – Ele me olha carinhoso.

– Ok... Como dizer não quando você faz essa cara de cachorrinho abandonado?

– Cachorrinho abandonado? Eu? Ah garota, pelo visto você não sabe de muita coisa ainda. – Sinto-me corar. Eu sei muito bem que cara o Royce faz quando quer que eu faça o que ele quer. Ele sabe que consegue o que quer de mim quando faz uma cara de predador. Eu sei disso, mas eu prefiro fingir que não.

Royce para na minha porta e eu saio da entrada do apartamento ao seu encontro. O olhar dele está informando o desejo. Eu não quis provocar isso tudo, mas eu ainda não entendo o poder desse meu sobretudo vermelho.

– Pronta pra se divertir, moça?

– Vamos lá!

– Chamei alguns amigos para vir conosco. Eles estão nos esperando lá.

– Tudo bem.

– Temos que fazer essa noite inesquecível. Como seu instrutor, estou orgulhoso pelo o que você conquistou.

– E eu estou grata por tudo que você me fez ser como oficial... – Ele sorri para mim desviando por alguns segundos a visão da avenida. – Quando digo tudo, é tudo mesmo Royce.

– Eu sei moça. – Ele diz apertando rapidamente minha mão e volta seu olhar para a avenida. – Um dia você vai se descobrir muito mais forte do que você pensa que é. – Ele vira a esquina. – Chegamos.

Colegas de academia estavam presentes. Vou sentir falta de alguns, mas nenhum me fará mais falta do que meu instrutor Royce. Todos estão se divertindo e de maneira peculiar me desejam parabéns e sorte. Irei para o 12º distrito de Nova York, lá está o caso da minha mãe, lá eu poderei chegar mais perto de solucionar isso.

A noite vai passando e logo alguns amigos se vão. Sobramos apenas eu e Royce. Ele me deixa apoiar em seu braço. Acho que ambos bebemos mais do que o devido. Ainda há consciência em mim e optei em chamar um táxi. Ele faz questão de me acompanhar até em casa.

– Royce, eu não sou mais uma garotinha? – Disse já dentro do táxi.

– E quem disse isso, moça?

– Não precisa me levar em casa. Eu já disse... Você tá cansado, eu também... Vá logo para casa. Sua casa fica antes da minha.

– De jeito nenhum, eu te busquei, portanto eu te levo até onde te peguei.

– O cavalheirismo ainda está vivo.

– Nunca morreu. – Caímos na risada. Logo um silêncio constrangedor se instala. Ele se aproxima de onde estou sentada. Sinto a respiração encurtar e ele se inclina sobre mim, vai até o meu ouvido e sussurra lento. – E sabe o que também nunca morrerá, moça?

– O quê? – Digo sussurrando em voz trêmula.

– É aqui senhora? – O taxista estaciona o carro bem em frente à entrada do meu apartamento. Em questão de segundos nos desviamos do que poderia acontecer. Volto meu corpo pra frente e me desvencilho do Royce. A bebida deve tá surtindo efeito.

– Sim. – Digo pegando a bolsa para o pagamento, mas sinto a mão do Royce pousar sobre a minha.

– É por minha conta. Pode ir detetive. – Eu o olho sem coragem de dizer não. Apenas sorri em gratidão e inclino meu corpo para fora do carro.

– Royce, antes de eu ir eu...

– O quê? – Ele diz também saltando do táxi.

– É que...

– Moça?

– Royce... – Ele desliza a mão sobre minha cintura, aproxima fugazmente meu corpo do dele e então seus lábios encostam-se aos meus. Um beijo se inicia e eu penso em ceder, mas algo em meu peito me impede. Oras! Eu gosto do Royce, tenho certa paixão por ele, mas o beijo... Nenhum beijo me faz sentir o que sentia com o...

– Até a próxima Kate. Espero te ver de novo logo. – Ele entra no táxi e não olha pra trás. Eu entro no prédio e não quero mais voltar atrás. Em nenhuma das circunstâncias eu não quero voltar atrás. Hoje eu só quero tomar meu banho e cair na cama. Quero esquecer todos os problemas que mexem com minha mente. TODOS!


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Notas finais do capítulo

E aí?
Tem gente chocada né?

Galera, não me mate!

Inicia-se agora a nova etapa, o famoso salto no tempo que comentei em algum capítulo anterior. Não se desesperem. Tudo que parece é! #Fato Mas nada é para sempre! ;) #OutroFato

O paradeiro dos demais personagens e como Kate chegou até dado momento vai aparecendo em detalhes nos próximos capítulos que virão.

Atenção!
Estamos na reta final para nossa história.

COMENTEM! :D



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