Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 72
Point of view


Notas iniciais do capítulo

Florzinhas e cravinhos!
Amores, vocês pediram, vocês quem mandam! Li vários pedidos para um POV Rick e aqui está. Esse foi feito sob encomenda. ;)
Espero que vcs gostem.
Obrigada a todas pelos comentários. Vcs são demais sabiam? Adoro todas vocês! De verdade!
Bom, vamos deixar de conversa....

Boa leitura para vocês! :)



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POV RICK

Eu não consegui dormir. Passei a noite em claro. Já eram cinco horas da manhã quando finalmente peguei no sono. Eu enchi a cara antes de ver a Kate. Depois que a vi então... Minha cabeça girava e meu corpo não conseguia anestesiar. A noite toda eu fiquei me segurando para não bater na casa da Lanie, onde supostamente a Kate também estaria. Eu quero vê-la novamente, mas eu quero a sentir de olhos abertos. Quero ver os olhos dela encontrarem os meus. Eu chorei muito e por diversas vezes me perguntei que tipo de homem eu sou. A bebida também falava por mim e eu agradeci imensamente por minha mãe que não está em casa esse semana. Eu sonho com a Kate quase todos os dias, às vezes com uma dessas garotas oferecidas na minha cama e eu não consigo evitar. Kate... Kate... Ela nunca vai sair da minha cabeça e isso é como uma maldição! Sinto-me eternamente preso a ela. Preso ao mistério que nunca irei resolver. Ela nunca me mostrou quem realmente ela é, como ela é, e eu por não conseguir ler ela por completo não consigo vislumbrar o porquê de chegarmos até esse ponto. Certo, talvez eu esteja magoado e com raiva de tudo o que aconteceu, mas eu na verdade nunca imaginei passar pelo o que estou passando. Nunca imaginei que ela fosse terminar comigo como terminou. Toda noite me pergunto se ela consegue dormir... Pois eu não. Ai então ela me vê na balada com meus amigos e desmaia... Merda! Que merda! Ela deveria estar bêbada também... Foi à primeira coisa que pensei, mas ao tocar sua pele, seus cabelos... Ela estava desmaiada por minha causa. Isso ficou claro alguns minutos depois.

A vida é tão sacana que mesmo eu estando extremamente bêbado, eu pude sentir que era a Kate que havia desmaiado antes mesmo de chegar ao seu encontro. Lembro que se não fosse pelo Damian eu não teria ido aquela boate na noite de ontem. Eu precisava fechar o capítulo de um esboço, mas ele insistiu. Lá encontramos outro amigo e ficamos bebendo, enchendo a cara, quase a noite toda. Algumas meninas ficaram com a gente, mas eu estava preparado para não levar ninguém para casa no fim da noite. Eu estou de saco cheio de serem sempre as mesmas, com cabelos escovados, peitos grandes e voz irritante. Elas só gostam que eu as leve para o melhor que a noite oferece, além de dar uma bela volta no meu carro. Mas o pior de toda essa história sou eu. Idiota! Burro! Babaca! Eu fico procurando em outros corpos o que eu só posso achar em um. Grande merda de anestésico. Não adianta de nada! Eu quero a Kate! É ela que meu corpo e alma desejam. Preciso ser sincero comigo mesmo.

E lá está ela desacordada... É tudo que gira em minha cabeça antes das cinco da manhã. Ela está apoiada em meus braços e por um segundo é como se tudo ao meu redor deixasse de existir. Ela continua linda, perfeita. Seu rosto lânguido, porém meigo, forte, doce, intenso. Eu a acaricio. Meus dedos deslizam sobre as maçãs de seu rosto. Seus lábios ainda me fazem prender o ar tão automaticamente. Arrumo seu cabelo que se enrosca em seu rosto sobre meu colo. Sinto parte do peso de seu corpo em mim e um arrepio percorre toda minha extensão. – Ela está desacordada. – Repito alto, porém para mim mesmo. E isso não faz com que a energia dos nossos corpos desconecte. Sempre. Prometemos que seria para sempre. Ainda é para sempre. Eu sei! Eu sinto! Eu estou tão perto e mesmo assim não posso ler a linda mulher por quem sou preso por toda vida. Queria que ao menos ela me entendesse, me visse. Percebesse que sem ela, eu não sou nada. Que sem ela, eu não posso me recompor, eu fico sem chão, sem rumo.

Eu quero levantar ela daquele chão nojento e frio e levar ela para casa, mas eu não sei mais onde ela mora, eu não sei onde ela está e o que ela está fazendo em Nova York, o que ela está fazendo nessa boate. E se ela estiver com algum babaca que a deixou sozinha aqui? Eu estou atordoado e nem me dou conta de quantas pessoas se amontoam ao nosso redor. Ouço uma voz feminina bem conhecida e Lanie logo se aproxima. Ela estava com a Lanie. Ela então voltou e não me procurou. Ela realmente que tratar isso como a única opção da vida? Ela não quer tentar, ao menos? Eu preciso conversar com ela... Cara a cara, com sobriedade, com coragem, persistência. Porque eu não desisti dela, nem nunca vou desistir. Ela é a única luz que me ilumina. Eu não consigo seguir sem ela. Tudo bem que consegui, com muita dificuldade, terminar o livro e publicar após muitas editoras se negarem. O livro começa a fazer sucesso entre os grupos hardcores. Não era esse meu objetivo, mas fico feliz que tenha conquistado a alguns. Estou num esboço há mais de 3 semanas e sinto que se não aproveitar esse momento, minha carreira vai desandar. Porém eu não consigo deixar de pensar nela. Eu penso na Kate todo o tempo. E nesse momento pouco me importa escrever.

Antes de pegar no sono penso em me levantar e ir até a casa da Lanie. A Kate vai estar lá. Tenho certeza. Mas... Ela não quis me ver antes, ocorre um acaso e ela desmaia. Por que ela iria reagir bem a me ver na porta da casa da sua melhor amiga? Como quem está a caçando... Ela vai me escorraçar de lá e não vai querer mais nenhum tipo de conversa. Esse palpite sobre sua reação me atinge em cheio e eu começo a chorar como bebê. Será que ela nunca vai aceitar conversar sobre nós? Nunca vai estar pronta para me ver novamente? Para voltar pra mim? Não sei se vai existir outra mulher capaz de gerar esse turbilhão que a Kate faz em mim. Eu pareço um moleque, uma merda de uma criança que não para de chorar porque não vai poder ir ao parque no domingo. Eu me lanço na cama de volta e sinto meu sangue fugir do corpo. O mundo pratica mais uma girada e eu adormeço.

É quase uma hora da tarde e eu acordo com a velha e conhecida enxaqueca. Nada parece pior do que a enxaqueca... Nada até agora... Lembrar-se da Kate ali... Eu sinto uma dor tão forte dentro de mim que é maior que a enxaqueca de ressaca. Um café! Preciso de café.

– Preciso de um café! Vou tomar um banho... Roupa... Merda! Que camisa eu coloco? Ai! – Minha cabeça dá uma pontada. – Eu vou à casa da Lanie, acho que ainda a encontro por lá. Eu não posso esperar ela permitir que eu a encontre. Eu vou confrontar ela. Eu vou pra luta. Ela não vai escapar assim tão facilmente agora que voltou para Manhattan. Ela não vai fazer o mesmo que fez quando me largou. Mudar o telefone, se mudar, ficar incomunicável. É agora ou nunca e eu decido agora!

Arrumo meu café, coloco a melhor camisa para o verão e aposto no perfume que ela dizia que adorava. Pego o café no copo térmico e bebo no caminho até a casa da Lanie. Meus passos são largos até parar em frente ao prédio da Lanie. Ela avisa pelo concierge que a Kate não se encontra mais lá. Eu insisto para que ela me deixe subir. Eu só acredito que a Kate foi embora se eu entrar no apartamento. As duas sempre se acobertaram. Ela autoriza e eu confirmo sua versão ao ver sua expressão contrariada ao abrir a porta.

– Desculpa Lanie. Eu precisava ver.

– E eu tenho cara de mentirosa? – Ela fala de braços cruzados.

– Me perdoe, eu realmente não quis causar essa impressão.

– Rodgers, entra... – Ela diz abrindo passagem e me indicando a sala.

– Ela disse alguma coisa, não foi? – Digo assim que ela fecha a porta e se vira para mim. Ela respira fundo e responde.

– Disse. Senta. – Ela diz apontando o sofá. Eu a observo atento. – Eu vou ser bem rápida e realista com você, a Kate disse que precisa de um tempo. Ela saiu daqui, meia hora atrás, dizendo que precisava ir pra casa pensar.

– Ela não deixou nenhum contato?

– Ela disse que vai te procurar. Ela disse para eu não te dar nenhum contato dela. Que você precisava ser paciente.

– Ela não permitiu? – Questionei indignado. Por mais que eu esperasse uma atitude como essa, não era isso que eu queria ouvir.

– Paciência. Só um pouquinho mais. – Ela sorri.

– Mas...

– Algo me diz que ela vai ceder, Rick. Mais cedo ou mais tarde... Esse reencontro a fez despertar. Ela sabe que você quer encontrá-la.

– Sabe? – Perguntei animado. – Você contou?

– Sim. E pela reação dela acredito que é questão de tempo, mas presta...

– Ela vai voltar pra mim. – Sorri a interrompendo.

– Rodgers! Presta atenção! – Ela me chama a atenção com a voz firme. – A Kate é sempre uma caixinha de surpresa e eu não quero te dar falsas esperanças. O que acredito são meras suposições. Não se agarre nisso.

– Tudo bem. – Eu engulo seco. Ela está certa. – Obrigado, Lanie. De verdade!

– Não é nada. Gosto de vocês dois juntos. – Ela sorri.

– Ela ao menos te contou o motivo de ter terminado comigo? – Arrisquei.

– Ela não fala sobre isso. – A senti titubear. Cerrei meus olhos. – E mesmo que ela tivesse dito algo eu não iria dizer pra você. Ela é minha melhor amiga. Se me contasse, seria em segredo... Mas esse não é o caso.

– Certo... – Desconfiei. – Você não pode falar. Já me disse demais. Ajudou-me muito. – Ela apenas sorri torto.

– Bom, acho que é só isso. – Ela dá a deixa para que eu saia.

– Oh! Certo... Eu vou indo... Preciso pensar também... – Disse me levantando. Ela caminha comigo até a porta.

– Boa sorte. – Ela diz. Eu apenas sorrio agradecendo e ela fecha a porta.

Eu preciso respirar. A cabeça ainda dói. E por questão de minutos eu não a encontrei. Essa mísera possibilidade de poder ter ficado com ela cara a cara não para de dar voltas em minha cabeça. Eu quero tanto dizer a ela que a gente não era para ter terminado nunca. Que eu quero ela para a minha vida toda. Eu estou tentando respirar fundo e mesmo que eu saiba que é arriscado, eu tento me prender na possibilidade real dela cogitar a ideia de voltar para mim.

Um parque próximo me chama a atenção. Talvez seja um bom lugar para respirar, pensar um pouco. Eu e ela gostávamos de namorar nos parques da cidade na época de escola. Uma lembrança que me aquece por dentro e ao mesmo tempo me tortura. Sinto tanta falta de ter aquela Kate comigo. De tocar sua pele, sentir o seu cheiro, de poder sentir que a tenho para mim. Das vezes que fugimos para que eu visse ela desfalecer em meus braços enquanto estávamos conectados, juntos. Meu Deus! Aquele sorriso... Aquele morder de lábios... Aquele cheiro de cereja. Enquanto adentro pelo parque, vejo casais que caminham juntos e despretensiosos. Tudo que eu tinha e agora não tenho nada. Sinto falta dela quando em algum momento difícil me abraçava e tornava cafunés a melhor coisa do mundo. Nos braços dela eu só me preocupava em ser dela, em me tornar melhor por ela, em fazer tudo por ela... Queria que tudo na vida caminhasse para que ficássemos sempre juntos, porque a cada dia que eu passava ao lado dela eu sabia que esse era o meu destino.

Tento caminhar pelas sombras das árvores. O sol não está ajudando a manter os pensamentos em ordem. Escuto ao longe um violão. Não sei por que, mas me lembro do Texas. Lembro-me do quanto senti a falta da minha melhor amiga enquanto eu estava longe. Do quão lento eu fui para perceber que eu realmente gostava dela. Que todo meu cuidado e ciúme não eram frutos de apenas uma amizade. Eu estava apaixonado por ela e a quilômetros de distância. Voltar para Nova York foi à chance de um incrível recomeço. Eu pude provar a ela o quanto que eu pensei nela nesse tempo. O quanto que esses três anos foram estranhos sem ela ao meu lado. Que mesmo tendo ficado com outras garotas, levado foras, feito algumas sofrer, sofrido, nada nem ninguém conseguia ser minha melhor amiga como a Kate era. Droga! Ela sabia que eu a amava! Ela sabia o quanto eu a amava! Como ela acha possível que eu não consiga suportar o momento triste que ela passa na vida dela atualmente? Como ela pode supor que não saberei lidar com uma Kate derrotada? Como?!

Avisto jovens reunidos na grama. Eles cantam uma música juntos. Acho que esse é o refrão.

“Cause you’re all I want… You’re all I need… You’re everything, everything.”

É assim que eu me sinto. Ela é tudo que eu quero, tudo que eu preciso... Avisto a ponta de um banco ao canto do gramado onde os jovens cantam e tocam a canção. – Um bom lugar para pensar. – Pensei alto. Aproximo do local sem pressa e não demora muito para eu me dar conta que o banco está ocupado. Olho mais uma vez para a pessoa com olhos fechados e semblante disperso. É ELA! DEUS! É ELA! O que eu faço?! Vou sentar ao seu lado? Vou chamar!... Não... Chamar, não... Eu vou...

– Kate? – Sussurro sentando ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

E ai amores? E agora?
Gente, o babado vai ser forte não acham?
Quero suposições sobre como esses dois vão se entender agora frente a frente. Então vocês imaginam? Acham que vai ser coisa simples, rapidinho? Ou será que vai ser uma conversa para resolver os conflitos antes de partir para o abraço? Será que Rick vai aceitar tão facilmente? E a decisão que Kate acabou de tomar, vai ser agora ou nunca! Será que ela vai até o fim ou vai dar para trás?

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