Acordei com o celular tocando o aviso de mensagem. Preguiçosamente pego e olho com a visão embasada. “Bom dia, quais seus planos pra hoje? Beijos, Rick.” Sorri boba. Era real. Fiquei viajando nas minhas doces lembranças da sexta à noite. E em breve outras lembranças iriam se formar. Respondi a mensagem “Saber o final da Elizabeth e do Bart é um bom começo. Depois, quem sabe, podemos emendar. ;) Beijos, Kate.”. Se ele achava que depois do nosso ‘encontro’ eu iria esquecer a nova aposta ele errou feio. Ri sozinha. Com a risada mamãe veio até meu quarto:

–Vejo que minha garotinha acordou hoje mais velha e mais feliz. – Ela se sentou na minha cama sorrindo. – Como foi ontem?

–Foi ótimo! Maravilhoso, mamãe! – Meus olhos brilhavam.

–Oh, que bom! O que houve de tão maravilhoso?

–O Rick... – Sorri olhando para ela. Tentava responder pelo olhar.

–E então? Estão namorando?

–Acho que sim. – Eu sorria abertamente.

–Acha? – Mamãe arqueou a sobrancelha. Uma mania que eu herdei. Eu dei uma risada.

–Mamãe, é que assim... Ontem a gente se beijou. Eu não sei se isso é um namoro ainda entende?

–Ah Kate... Não perca seu tempo imaginando rótulos. Viva! O tempo irá encaixar as rotulações. – Eu sorri timidamente assentindo o que ela me dizia.

– Ele me chamou para fazer algum programa hoje. – Falei esperado dela respostas.

–Então querida, eu avisei! Esse é o tempo encaixando o que vocês foram, são e serão. Aproveite. Mas com moderação viu mocinha? – Eu fiz cara de surpresa. – Ontem seu pai lhe esperou tanto que dormiu em cima da escrivaninha. Mas eu ouvi seus passos. – Meu coração disparou. – Não sabia o que uma pizzaria tinha tanto para render até duas e pouca da manhã, mas agora eu faço uma ideia. Vocês ficaram. – Ela sorriu ao mesmo tempo em que me repreendia.

–Desculpa mãe, isso não vai acontecer mais.

–Kate, não me prometa o que você não irá cumprir. Você já passou um período assim. Pensei que isso tivesse acabado junto com aquele Billy guitarrista grunge.

–Ai mamãe, credo! Por favor! – Eu fazia uma careta. – Me deixa esquecer isso.

–Então faça por onde. Você ainda não tem idade para chegar às 2 horas da manhã em casa. Se seu pai a visse... Quero nem imaginar! Você estaria bem encrencada agora.

–Mamãe, eu juro! Rick não é de nenhuma banda grunge. – Eu sorri.

–Eu acredito em você. Só não me prove o contrário. – Ela se inclinou e beijou minha testa. – Agora levante, tome um banho e vamos tomar café meu amor. Seu pai e eu estamos ansiosos para te mostrar algo.

Feliz eu pulei da cama. Tomei um bom banho e fui ao encontro deles. Tomamos café enquanto eles me faziam um tremendo suspense.

–Então o que é a surpresa?

–Pronta?

–Claro! Digam logo! – Eu sorria de orelha a orelha.

–Então aqui está... – Eles me entregaram uma pasta com documentos.

–Isso é o que eu estou pensando?

–O que você está pensando querida? – Papai perguntou.

–Acréscimos na minha poupança estudantil... – Eles sorriram assentindo. – Eu não acredito! Não acredito! Vocês são demais!

–Podemos então contar com você em Stanford?

–Claro que sim mamãe! Claro papai! Eu vou conseguir. Irei me tornar a primeira mulher chefe de Justiça da Suprema Corte!

–Conquiste seus sonhos querida. – Papai falou.

–Estaremos sempre aqui para te apoiar meu amor – Mamãe dizia sorrindo.

–Eu amo vocês mais do que qualquer coisa nessa vida!

–Também te amamos Kate.

Essa era a melhor notícia que eu poderia receber. Esse seria meu último ano no High School. Eu iria me formar assim que completasse 18 anos. Seguir a área de direito como meus pais era meu maior sonho profissional.

Rick me respondeu a mensagem perguntando se a gente podia se encontrar no Central Park de 15 horas. Ele disse que me pegaria na esquina da minha casa. E assim foi:

–Ei!

–Ei! – Ele me sorria de uma forma que faziam os meus olhos o fitarem sem parar. – Pensei que você não se lembrasse desse caderninho. – Ele falou tirando o caderninho detrás de si.

–Claro que me lembraria! Deixe-me ver logo... – Me inclinei para pegar o caderno de suas mãos. E ele me roubou um beijo rápido e caloroso.

–Ah! Não senhora! Acha que vai ser entregue assim de bandeja? Cadê a sua aposta?

–Ah Rick... Pensei que você tinha esquecido. – Tentei voltar para os seus lábios.

–Esquecer um segredo que irei saber seu? Nunca!

–Ok então... Nós precisamos ir a um lugar. Vem! – Sai caminhando.

–Assim? Agora? De repente?

–Você vem ou não Rick?

Ele me seguiu. Pegamos o metrô e caminhamos por uma rua da qual eu conhecia bem. Passamos numa loja de mágica. Rick parou me chamando para ver um produto incrível.

–Olha isso Kate!

–Hun, legal.

–Legal? Isso é incrível um ‘tocha em flor’. Sempre quis fazer isso com as meninas. – Ele ria sem se tocar na minha raiva.

–Ah, rosas que se transformam em tocha de fogo para “AS MENINAS”? Interessante Rick...

–Hã? Não... Kate... – Entrei na loja. – Kate! Espera, não foi isso que eu quis dizer...

–Olá Katherine! Estou vendo que trouxe mais um amigo...

–Olá Mister Drake!

–Ele conhece você?... Kate? – Rick cochichava me cutucando.

–Na verdade Mister Drake, eu vim aqui porque precisava que o senhor me emprestasse a sala de provas para fazer uma demonstração para meu colega. Ele é novo na arte e me implorou para lhe apresentar aquele truque que vovô me ensinou. O senhor poderia permitir? – Rick me olhava como quem estava sem entender absolutamente nada.

–Claro Katherine! Seu avô sabia o que fazia. Pode entrar. Aqui estão as chaves. Qualquer coisa me chame. – Ele se virou para o Rick. – Prazer em te conhecer rapaz.

–Prazer é meu senhor. – Rick respondeu.

–Vem Rick! – O chamei já com a porta da sala aberta. Ele entrou correndo.

–Kate! Você pode antes de tudo e de mais nada me explicar o porquê estamos aqui e o porquê o dono da loja de mágica é seu amigo? E como assim seu avô te ensinou um truque? Essa é a aposta? – Eu o encarava o observando e achando graça em todo aquele desespero. – Me responde... Você me olhando desse jeito está me assustando! – Eu estava a colocar uma capa.

–Rick, meu avô era um mágico amador. Por diversas vezes quando criança, nos finais de semana ele me trazia aqui e depois íamos para casa treinar novos truques. Isso tudo enquanto você estava no Texas. Relaxa ok?

–Uau! Você sabe fazer mágica? Legal! – Ele sorria como uma criança. – Mas pera aí! Que parada é essa de “Estou vendo que trouxe mais um amigo...”? Amigo? Você traz muitos garotos – Ele limpou a garganta – digo amigos, aqui?

Eu gargalhei.

–Você está com ciúmes?

–Eu? Não...

–Confessa Rick!

–Não é que... Ah! Foi você quem começou! – Ele cruzou os braços.

–Rick?!

–Ok, ok! – Ele soltou os braços e respirou fundo. – Estou com ciúmes! Assumo! Pronto! – Eu sorri e dei-lhe um selinho. – Promete que vou ser o último ‘amigo’ – Ele fez aspas no ar – que você trouxe aqui? – Ele me olhava com um olhar pidonho.

–Prometa você primeiro que vai ser o cara que vai fazer por onde ser o último amigo que eu trago! – Meus braços envolvia o pescoço dele. Agora o olhar pidonho e autoritário me tomava.

–Não preciso prometer. Eu sou o cara certo pra você. E você é garota certa pra mim.

Sorrimos um para o outro abertamente. Beijamo-nos profundo e docemente. Ele tentou apressar e intensificar o momento. Busquei ar.

–Rick... – Sussurrei. – Aqui não.

–Desculpa. – Ele se afastou. – Vamos ao truque! – Desviou o assunto.

–Ok. Senhor Richard Rodgers, o show vai começar...

Link para truques de ilusionismos: (https://www.youtube.com/watch?v=fSOZjfqkOek).

Eu mostrei a ele uma série de truques que meu avô me ensinou e outros que eu aprendi sozinha. Fazia certo tempo que eu não os praticava, mas ainda me sai bem. Rick ficou impressionado e fez caras e bocas de surpresa e susto. Foi tão engraçado. E as expressões que ele soltava? Nossa! Nunca me vi tão satisfeita em mostrar meus truques para alguém e esse alguém corresponder de forma tão animada e surpreendente. Ele tentou várias vezes saber como cada um funcionava. Jamais eu iria dizer, mesmo com todo o suborno de beijos que ele me dava.

Saímos de lá de volta para o Central Park. Lanchamos e nos divertimos entre beijos, risadas e piadas do Rick. Com ele eu me sentia sempre tão bem. Ele me fazia bem. Eu me sentia livre, completa, feliz por inteira. Não precisava de nenhuma forma fingir ser quem não sou. Ele me aceitava assim, desse jeito, com meus erros, meus defeitos, meus acertos e minhas virtudes. Eu estava, a cada minuto que nós passávamos juntos, mais certa de que ele realmente era o cara feito para mim.