Mamãe estranhou eu ter pedido mais 5 minutinhos quando ela me chamou às 08 horas do domingo. Os 5 minutinhos renderam mais do que eu previa, acordei às 10 horas da manhã. Papai contou a ela sobre os gritos durante a noite e ela se preocupou me indagando se estava tudo bem. Para dona Johanna eu não podia mentir. Era impossível esconder algo dela. Contei um breve resumo sobre o caderninho de Rick e ela apenas me sorriu. Eu ainda relutava contra a graça que a fazia sorrir.

–Porque está rindo mãe? – Eu cerrava a sobrancelha.

–Ah Kate... Minha querida, Rick está completamente apaixonado por você. – Ela ainda ria soltando um som suave enquanto eu estava chocada.

–Como assim? Ele escreve uma história de suspense, há um cara e uma garota e eu apenas suponho que seja eu e ele. E isso simplesmente significa que ele me ama? Não te entendo mãe. – Dei de ombros.

–Meu amor, não é apenas o fato de ele escrever essa história baseado em vocês dois, é o fato de ele te entregar esse manuscrito para que você pudesse sentir o que ele queria que você sentisse. É o fato de mesmo que vocês estejam afastados, ele ainda manteve a aposta apenas para lhe entregar o caderninho. Kate, eu não sei direito o que aconteceu com vocês para terem brigado desse jeito, também não sei o que vocês conversaram ontem lá embaixo. O que eu sei é que esse garoto te guarda um carinho enorme minha querida. E pela história, ele espera que você cultive isso também. – Ela me olhava com tanto afeto. Meus olhos lacrimejavam.

–Mas... Mas mamãe... E se eu estiver enganada? E se eu apenas entendi errado? Rick me confunde. Eu não tenho como agir sem ter certeza do que ele...

–... Arrisque! – Os olhos dela me encaravam passando confiança, força.

–Arriscar? Assim? No escuro?

–Você não está no escuro querida. Rick já deu muitos sinais. E você? Que sinais você já deu para ele?

–Sinais?

–Sim Kate. Para que o amor se encontre, é preciso que ele veja sinais. Os sinais que darão segurança para que ele possa dar um passo adiante. Que você ou ele possam dar um passo adiante. Arriscarem.

–Eu entendi mamãe. É... Talvez eu não tenha dado os melhores sinais do mundo. – Lamentei.

–Ainda está em tempo querida. Você é tão jovem, tão bonita, inteligente, só falta um pouquinho mais de segurança não é mesmo?

–É verdade... – Rimos juntas.

–Vá em frente meu amor. E logo me verá repetir pra você novamente. “Eu avisei!”. – Ela piscou para mim e saiu me deixando sozinha no quarto.

Querendo ou não a senhora Beckett sempre tinha razão. Era preciso que eu agisse. Hoje era domingo. Rick me pediu para quando terminar de ler ligar para ele para que ele pudesse pegar. Mas, na entrega do caderno eu teria que mostrar para ele algo que ele não imagine que eu seja capaz de fazer, essa era a minha aposta. Porém eu esperava ler uma história com início meio e fim, e não foi isso que aconteceu... Eu vou ligar.

–Alô?

–Rick, é a Kate.

–Oi Kate, tudo bem? – A voz dele estava desanimada.

–Tudo bem. Escuta... Eu terminei de ler sua história. Você me disse para ligar quando terminasse, então...

–Claro. Tudo bem. Eu posso pegar hoje?

–Pode. Claro.

–Ok.

–De que horas você vem?

–Não sei, acho que é melhor a gente se encontrar no central park. Eu preciso resolver uma coisa para dona Martha ali perto. – Ele deu um pequeno riso – Vou estar por lá de tarde. Pode ser?

–Ok. Tudo bem. Posso te encontrar umas 15 horas?

–Certo. Vou te esperar em frente ao Metropolitan.

–Até!

–Até!

Era minha vez de dar sinais não é mesmo. Coloquei uma calça justa, soltei os cabelos e usei o hidratante de cereja. Eu tentei o máximo possível estar dentro das características físicas de Elizabeth, mas sem deixar isso muito na cara. Usei a técnica do Bart e esperei em uma esquina da qual eu podia ver o Metropolitan. Rick se sentou nas escadarias e esperava. Ele parecia impaciente. O tempo todo olhava o relógio no pulso. Aquilo me fez rir. Então de repente ele se levantou. Olhava de um lado ao outro. É... Chegou a hora.

Caminhei em direção a ele. O vento soprava meus cabelos fazendo os voar. O sol sempre o fazia parecer mais claro que o natural. Ele me avistou. Eu apenas sorri. No meu braço direito eu trazia o caderninho. Ele me olhava como quem estivesse me vendo pela primeira vez. A boca dele semiaberta. Eu ri novamente. Apesar de tudo aquela situação era engraçada, ainda mais quando eu imaginava a cara dele com o que eu iria fazer.

–Oi Rick!

–Ka-Ka-Kate. Oi!

Continua…