HIATUS - This Love escrita por Pequena Stiff, SheWolf


Capítulo 2
One


Notas iniciais do capítulo

Arrumei o cap anterior, pois a música que eu coloquei tinha saído várias vezes no (ctrl-v/c).
Bom, como eu sempre costumo postar o prólogo e logo depois o capítulo, está aqui. Espero que gostem.
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Edit da SheWolf: capítulo betado :3



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"Me deixe ficar onde o vento sussurra, pois assim que esqueço que você existe".

(Amy Lee)

3 dias depois; 11:40 p.m.

Eu estou em um quarto de hotel, ao lado de um carrinho de bebê, onde minha pequenina filha jazia. Eu não conseguia sair de perto dela, nem se assim eu quisesse.

Em uma cama de solteiro, no canto do quarto, meu filho dorme. Ressonando tranquilo como se estivesse em sua antiga cama. Em sua antiga casa, no antigo quarto.

Digo "antigo" pois tudo aquilo deixou de ser nosso em uma manhã fria, há aproximadamente 62 horas.

Eu não fugi, e não me escondi.

Só saí daquele lugar frio e vazio, e não fui procurada até agora para mentir para alguém sobre a minha localização.

É triste saber disso.

Pego minha filha do carrinho e fico encarando aquelas orbes negras, que me olham de volta como se um bebê, de apenas nove meses e meio, pudesse realmente estar me entendendo através de um olhar. Aconchego-me mais nela. Cheira tão bem. Cheira à inocência e à casa. Casa, não, lar. Minha bebê tem cheiro de lar. Passo a mão suavemente sobre o cabelo - também escuro - dela. Ela fecha os olhinhos com o afago. Suspiro. Ela me lembra ele. Eles me lembram ele. E dói. Muito.

Amamento a minha filha, e instantaneamente ela dorme. Não a coloco de volta no carrinho; tê-la em meus braços traz a paz que preciso no momento.

Não quero cair no sono, mesmo que Sarada já esteja dormindo.

Fechar os olhos me faria automaticamente enxergá-lo na minha frente. E eu não quero isso. Não quero vê-lo, não quero nem ao menos pensar nele.

Levanto-me, coloco-a no carrinho e caminho até a cama de viúva que está no canto do quarto. Sento-me no chão e começo a acariciar os cabelos do meu outro bebê. Ele, sim, era a cópia exata do pai. Os cabelos, naturalmente desalinhados, os olhos, frios e profundos, os traços, refinados que lembravam a nobreza, e o jeito, mandão e genioso.

Eu nunca conseguiria parar de enxergar Sasuke Uchiha em tudo?

E com um timing perfeito, o telefone começou a tocar pela primeira vez em quase três dias. Levantei-me e voltei para cama onde estava antes. Peguei o aparelho do criado mudo e simplesmente abaixei o volume do toque. Não atenderia. O visor mostrava que Sasuke Uchiha finalmente havia sentido minha falta. E simplesmente fiquei ali observando a foto que estava como tema de sua ligação. Ele não sorria, mas o seu olhar não demonstrava que estava zangado. Demonstrava que onde quer que estava, estava satisfeito. Eu havia tirado aquela foto no aniversário de cinco anos de Deisuke. Lembro-me bem desse dia. Foi o dia em que Sarada foi feita, tenho quase certeza. Um dos únicos dias dos últimos dois anos no qual eu senti meu marido presente.

O toque do celular não cessava.

Olhar aquela foto, pensar naquele dia, trouxe a minha mente o motivo de eu ter partido, o motivo de tamanha confusão...

Há três anos, o casal de melhores amigos meus e de Sasuke havia tido o primeiro filho. O pequeno Boruto, e, assim, Hinata, até então secretária do meu marido, decidiu que pararia de trabalhar para poder se dedicar ao pequeno, o que levou a um cargo vago na empresa, que logo foi preenchido pela prima do meu melhor amigo, Naruto, esposo de Hinata. A prima dele se chamava Karin e, com a entrada dela na empresa, o meu casamento foi para a beira de um precipício.

Karin era uma mulher bonita, e Sasuke era o que as pessoas costumavam chamar de "perfeito". Ele e ela combinavam em maneiras que nós dois nunca combinaríamos.

A proximidade dos dois foi aumentando, e a atração foi mútua e quase instantânea, por mais que doa dizer. E depois de pouco tempo, eu soube: meu casamento agora não era composto apenas por um casal. Havia uma terceira pessoa. Meu marido, antes monogâmico, passou a ser poligâmico. No começo eu não quis aceitar e negava a mim mesma que aquela situação fosse verídica. Mas depois de algum tempo... Eu não conseguia mais ignorar os sinais que estavam diante de mim.

Mesmo assim, nosso casamento ainda continuava.

Suspirei. Me lembrei de como era meu casamento antes de toda aquela confusão, e de como eu sentia falta do meu marido. Aquele com o qual eu namorei o colegial inteiro, e havia me casado depois da inconsequência de ter engravidado com apenas 19, quando ele tinha apenas 20. E mesmo com os problemas que tivemos que enfrentar, nós estávamos ali, juntos. Nosso casamento foi feliz, assim como nosso namoro. Sempre havíamos sido fieis.

Quando Deisuke nasceu, estávamos completos. Sasuke, ainda na faculdade, já tinha começado a trabalhar na empresa de marketing do pai, ganhando uma pequena fortuna por mês, mesmo ainda sendo estagiário. E nosso filho havia chego para nos completar de uma maneira que eu nunca havia imaginado. Sasuke chegava tarde da empresa, mas sempre ia ver nosso bebê no quarto, e em todo momento que estava em casa, estava paparicando e babando no primogênito. O carinho e devoção que Sasuke tinha com o filho era algo invejável. Eu tinha o marido perfeito, o filho perfeito, éramos ricos, tínhamos bons amigos de longa data, e eu não poderia querer mais nada.

Hoje, eu daria tudo para voltar no tempo.

Suspirei novamente e olhei o visor do celular. As ligações não cessavam, e assim que a ligação atual caiu na caixa postal, eu pude ver que já haviam 16 ligações perdidas. A grande maioria era do celular pessoal de Sasuke, e as outras haviam sido feitas do telefone fixo da minha casa.

Antiga casa, Sakura, antiga.

Não pude mais conter, as lágrimas começaram a escorrer por meus olhos. Fui para o banheiro e coloquei a banheira pra encher. Entrei quando a água estava pela metade e tentei relaxar. O fluxo de lágrimas continuava, e ia crescendo conforme eu me deixava levar. Eu sucumbi à elas depois de três dias fora de casa... Depois de dois anos de sofrimento.

Quando consegui conter as lágrimas e os soluços, meus dedos já estavam enrugados e a água não tão quente.

Pensei em minha pequena Sarada dormindo no quarto, e as lágrimas voltaram mais fortes.

Ela era só minha. Desde que eu engravidei, há mais de um ano, Sasuke e eu nunca mais tivemos intimidade alguma. E nunca, em nenhuma ocasião em todos os nove meses de vida da minha bebê, havia pego-a no colo. Sarada só tinha o sobrenome de Sasuke. Ele nem ao menos sabia o nome completo da filha. Coisa que me machucava mais do que eu achei ser possível. Quando descobriu da minha gravidez, chegou a insinuar um aborto, não com todas as palavras, mas foi o que ele quis dizer. No dia do nascimento da minha filha, nem ao hospital ele foi. Duvido que saiba qual foi, que dia foi.

As lágrimas só aumentavam. E foi depois disso que meu casamento não existia mais. Eu era apenas a Sra. Uchiha, que o acompanhava em eventos e que dividia uma casa com ele. Não uma vida, só uma casa. Nem com Deisuke ele se importava mais. Tanto que só notou a ausência dele dentro de casa quase quatro dias depois.

Quem era esse homem que eu não conhecia?

And I can’t get away from the burning pain
I lie awake
The fallen hero haunts my thoughts
How could you leave me this way?

Lea Michele If you say so


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