POV BELLA:

— O que? Filha, quem disse uma besteira dessas? Você é filha única e eu nunca escutei falar nesse tal James. — Renée riu e eu a observei curiosa. Ela não parecia estar mentindo mas as aparências enganam, não é?

Observei Charlie e depois voltei meu olhar para Renée.

— Você está mentindo. — Disse com firmeza e o sorriso saiu do rosto dela.

— James não é ninguém importante. — Ela disse com firmeza também.

— E onde está Claire? Por quê você não me responde? — Perguntei calma.

— Isabella, chega de perguntas. — Ela ia embora mas eu a puxei pelo braço.

— Você não pode simplesmente esconder que eu tenho uma irmã, Renée. — Falei indignada e ela se soltou de mim.

— É passado, Bella. Não é necessário que você saiba. Fazemos isso pelo seu bem. — Ela disse tentando tocar no meu cabelo só que eu cheguei para trás.

— QUE NEM FOI COM ANTHONY E COM RENESMEE? TAMBÉM NÃO ERA NECESSÁRIO QUE EU SOUBESSE QUE TENHO DOIS FILHOS? VOCÊ NÃO ME CONTOU QUE EU SOU MÃE PARA ME PROTEGER? ME PROTEGER DO QUE? ISSO É DOENTIL! — Gritei perdendo a calma. Puxei meus cabelos respirando fundo.

— Não! Eu sempre quis que você fosse a mãe que aquelas crianças merecem mas você quem não quis! — Renée gritou de volta.

— Já me falaram isso várias vezes só que a questão não é essa. Se não fosse o Edward eu teria morrido sem saber porque eu perdi a memória, mas vocês não, vocês seguiram a vida fingindo que não tinha nada importante envolvido. Acontece, mamãe, que estamos falando de duas CRIANÇAS. .

— Para de drama! Como se você gostasse delas mas esqueceu que você é PAGA pra vê-las? Daqui a dois meses elas vão embora então fale qualquer coisa só não finja que se importa. — Charlie disse com cara de tédio e eu senti um sentimento de ódio crescer dentro de mim, um ódio que eu nunca tinha sentindo. Porra, ele precisava ficar repetindo? Não é como se eu fosse me esquecer. Respirei fundo para não deixar as lágrimas escorrerem.

— Eu posso não ser uma mãe perfeita e, sim, eu estou sendo paga mas isso não é motivo pra vocês esconderem a minha vida de mim.

— Vai por mim... Você não quer saber filha... — Renée disse chorando.

— Sim, eu quero! Eu preciso. — Insisti e ela negou com a cabeça. — Me conte pelo menos quem é James.

— Não repita esse nome dentro da minha casa. — Charlie falou entredentes com os olhos fechados.

Se deixa ele assim é porque a situação é pior do que eu pensava...

— Quem é James? — Aumentei a voz chegando perto dele.

— Era um... Cara que você gostava na adolescência. Agora pare, por favor. — Renée praticamente se ajoelhou em meus pés.

— Se fosse só isso vocês não estariam assim. Quem é James?

— JAMES? JAMES É O VAGABUNDO QUE VOCÊ COLOCOU DENTRO DA NOSSA CASA. ELE ACABOU COM A MINHA VIDA, COM A DA SUA MÃE, DA SUA IRMÃ, DO EDWARD E DOS TEUS FILHOS. É GRAÇAS A VOCÊ QUE A MINHA VIDA É UM INFERNO, ISABELLA! AS SUAS IRRESPONSÁBILIDADES PREJUDICARAM A TODOS, INCLUSIVE A DOS TEUS FILHOS QUE NEM SONHAVAM EM EXISTIR. NÓS ESTAMOS TE POUPANDO DISSO PORQUE AQUELE ACIDETE FOI COMO UMA SEGUNDA CHANCE JÁ QUE TE FEZ ESQUECER. OS ANOS ANTES DAQUELA NOITE FORAM OS PIORES DA NOSSA VIDA. VOCÊ ESTAVA EM DEPRESSÃO, ESTAVA QUASE PARANDO EM UMA CLÍNICA PSIQUIATRA POR CAUSA DESSE CARA EU NÃO VOU VER VOCÊ PASSAR POR TUDO AQUILO DE NOVO.— Charlie gritou me assustando. Como assim? O que eu tinha feito? E por quê eu quase fui para uma clínica psiquiatra?

— O que eu e James fizemos de tão ruim? — Perguntei sentindo as lágrimas em meu rosto, não porque Charlie estava dizendo que a vida dele era um inferno ou que o meu acidente foi bom para ele mas sim pelo fato dele ter falado que eu tinha prejudicado Edward, Anthony e Renesmee. Eu não sei porque mas sempre ficava sensível quando o assunto era os três.

— Você não fez nada. A culpa não foi sua, Bells. — Minha mãe disse olhando nos meus olhos como se quisesse me convencer.

— CULPA DO QUE? ESTOU CHEIA DESSE IMENSO VAZIO DENTRO DE MIM. EU PERDI A MEMÓRIA, EU PERDI A MIM MESMA E VOCÊS COMO PAIS TINHAM DEVER DE ME AJUDAR A ME ENCONTRAR MAS VOCÊS NÃO FAZEM MERDA NENHUMA APENAS AGEM COMO SE EU NÃO ESTIVESSE TIDO UMA VIDA ANTES DO ACIDENTE.— Eles falavam como se eu lembrasse mas eles não queriam me dizer e isso estava acabando comigo.

Senti minha cabeça doer e percebi que Renée e Charlie ficaram quietos parando do meu lado como se esperassem que eu caísse. Me apoiei na cômoda olhando para baixo e respirando fundo.

FLASHBACK

— Já tomei minha decisão. — Disse olhando para minha amiga sentada na cama através do espelho.

— Você não pode abortar assim, tem que pelo menos contar para seus pais. — Jane disse e eu neguei rápido.

— Tá doida? Eles me obrigariam a cuidar. — Eu disse tacando o teste de farmácia no lixo.

— Não acho... Eles sabem que você odeia criança. — Jane disse. Ela era a única que sabia o que tinha acontecido comigo já que o pai dela era um policial amigo de Charlie.

— O caso é diferente, Jane. Eu não fui obrigada à fazer sexo. — Disse me virando para ela.

— E para o Edward? Vai contar? — Ela perguntou e eu sorri tristemente olhando nossa foto na tela do meu celular.

— Não posso... Ele iria querer essas crianças. Eu vou abortar sem ele saber. — Falei convicta.

— Mas, amiga... Ele não é idiota tirando que o pai dele é médico. Uma hora ou outra vai saber e vai te odiar ao menos que você se afaste dele. Pelo menos até essas crianças nascerem e você podar colocar em um orfanato. — Jane tinha razão mas meu coração partiu só de pensar na possibilidade de não ter Edward comigo.

— Eu vou ter que me afastar dele, Jane. Eu não estou preparada pra uma gravidez, você mas do que ninguém sabe que eu não posso cuidar de crianças. — Disse me deitando em seu colo.

— Swan, tira isso da sua cabeça. Foi uma fatalidade, você não teve culpa. — Ela disse acariciando meu cabelo.

FLASHBACK

Levantei a cabeça sentindo lágrima nos meus olhos e peguei meu celular sobre os olhares atentos dos meus “pais”.

— Onde você vai? — Charlie perguntou ao me ver colocar a sandália e pegar um casaco.

— Não interessa. — Sai de casa correndo e batendo aporta. Andei um pouco até parar em uma praça movimentada que ficava em frente a praia. Sentei na areia já que os bancos estavam lotados.

Disquei o número de Edward enquanto observava um grupinho de adolescente jogar vôlei na beira do mar.

— É melhor que seja importante, Swan . — Escutei a doce voz mal humorada e sorri fraco.

— Me encontre na praia em frente a praça agora. — Mandei o escutando gemer.

— Sexo no mar a noite? Que excitante. — Ele disse e eu gargalhei sendo acompanhada por ele.

— É sério, Edie.

— Me chama de Edie novamente e eu desligo o celular na sua cara. O que eu faria ai ?

— Preciso conversar e não tenho muitos amigos.

— E daí? Eu também não sou seu amigo. — Ele disse me fazer rir de novo.

— Vem agora

— Isabella, são 22:00 da noite e eu acabei de deitar na cama.

— Não estou interessada em saber. Vem e não traga as crianças.

— Nem que você me implorasse eu levaria, amanhã eles estudam. Em 20 minutos chego aí. — Disse desligando. Fechei os olhos sorrindo. Eu não fazia ideia do que falar com ele mas ele parecia uma ótima opção... Me lembrei da lembrança que tive e franzi o cenho.

Eu parecia gostar de Edward e não usar ele como “brinquedinho sexual” como ele diz e pelo que a tal loira falou eu não queria a gravidez por algum motivo que segundo ela era suficiente para Renée e Charlie não me obrigarem a nada mas se não era por eu não gostar de crianças, pelo que era?

Levantei e comecei a andar enquanto tentava colocar meus pensamentos em ordem, uma missão impossível já que metade eu não lembrava e a outra metade não entendia.

Avistei uma figura perfeita sorrindo torto e senti meus olhos se mais de lágrimas a medida que ele se aproximava.

— Okay, abro uma exceção hoje. Pode desabar. — Ele disse abrindo os braços. Nem pensei, corri até ele enterrando meu rosto em seu pescoço. Ele me pegou no colo e eu chorei como nunca, era possível que eu acabasse com o estoque de lágrimas.

— Shiuu. Seja lá o que tenha acontecido veja pelo lado bom: Você está no meu colo sendo consolada por mim, isso não é para qualquer um. — Ele falou me fazendo rir entre lágrimas. Eu adorava isso nele. Edward sempre dava um jeito de fazer o outro sorrir mesmo que não merecesse, ele tinha um bom coração, parece que nunca praticava a maldade e o mundo precisava mais disso.

— Eu nunca chorava... Até você chegar. Eu te odeio. — Sussurrei em seu peito.

— Eu também te odeio. — Sussurrou de volta beijando minha testa.