Sutil escrita por Jibrille_chan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Non era pra eu estar postando essa fic agora. O_O POr isso aviso desde já que a continuação vai demorar horrores .______.



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Todos já haviam ido embora, bando de hipócritas nojentos. Só eu fiquei ali, em frente ao túmulo recém-fechado. A cerimônia havia sido o mais discreto possível, mas sempre havia os repórteres a fotografar.

O enterro da senhora Takashima.

Engraçado eu não estar triste, afinal era o enterro da minha esposa. Mas creio que eu não fui o melhor dos maridos. Sempre ausente, ocupado demais com a minha empresa. Ela sabia que seria assim, já que acabara se casando com um empresário. De qualquer maneira, iria ser estranho chegar em casa e não encontrar ninguém.

Mesmo que eu raramente conversasse com ela.

Pode parecer absurdo que duas pessoas casadas e que dividem um mesmo apartamento nem conversassem direito. Mas o que fazer? O casamento de cinco anos havia sido arranjado, sem que consultassem a minha vontade ou a dela.

Talvez agora ela esteja livre.

X X X X X X X X X X

- Alguém tem alguma pergunta?

Meus olhos passaram pela longa mesa, olhando os meus sócios. Todos acenaram negativamente.

- Muito bem, podemos encerrar a reunião de hoje. Muito obrigado.

Vi os outros sete homens engravatados deixar a sala. Eu disse sete? Não, apenas seis saíram. Um ficou pra trás.

- Uruha?

Sorri minimamente ao ouvir aquele apelido dos tempos do colegial.

- Diga, Ruki.

- Por que você não faltou hoje? Podíamos muito bem adiar a reunião, afinal ontem foi o enterro...

- Não. Não havia sentido em adiar a reunião. Claro que eu ainda estou de luto pela Kana, mas a vida continua. Não posso simplesmente abandonar a empresa.

O pequeno assentiu, pouco convencido. Eu não me importava, na realidade. Ficava grato pela preocupação sincera do meu amigo, mas eu tinha que trabalhar. Ocupar minha cabeça.

Como aliás eu havia feito nos últimos sete anos.

Nos últimos sete anos eu havia me dedicado àquela empresa, a Corporação Takashima de eletrônicos, a empresa da minha família. Eu não saía, não me divertia. Julgava até supérfluo. Como diretor da empresa, tudo ficava nas minhas mãos.

O pequeno soltou um suspiro, casado.

- Você é um caso perdido, Uru. Não tem mais concerto. Cuidado pra não ficar ainda mais workaholic.

- Dispenso o seu conselho, Ruki, mas agradeço a preocupação. Bem, eu vou para a minha sala.

Não esperei a resposta dele. Saí da sala de reuniões, entrando apressadamente na minha sala. O telefone tocou e eu ouvi a voz da minha secretária, cujo nome não me lembrava e nem fazia questão de lembrar.

- Takashima-san, seu pai na outra liha.

- Pode passar.

Que ótimo. O que raios meu pai queria comigo? Certamente coisa boa é que não seria.

- Moshi moshi.

- Koyou? Como está?

Franzi o cenho.

- Bem. Aconteceu alguma coisa?

- Não, é só que... Eu queria conferir se você havia mesmo voltado ao trabalho hoje.

Ah. Sabia.

- Hum.

-...

- Otoo-san, se me der licença, eu estou muito ocupado. Ainda há algumas coisas a serem resolvidas por aqui.

- Ah, é claro! Não quero atrapalhar. Bom trabalho!

- Arigatou.

Desliguei o aparelho antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa. Sim, ele só estava preocupado com a sua empresa. Sua maldita empresa. Ele podia estar um velho decrépito, mas ainda assim tinha forças o suficiente para me ligar e verificar se eu não havia dado falta no trabalho.

Suspirei, sentindo minha cabeça latejar. Qual era o mesmo o nome da secretária? Peguei o telefone.

- Ah... Será que poderia me trazer um aspirina? Já?

- Claro, Takashima-san!

Uns cinco minutos se passaram até a lerda da secretária me trazer a tal aspirina. Deixou o copo com a aspirina na mesa e sorriu. Eu apenas acenei afirmativamente com a cabeça, sério. Virei o copo de uma vez só, torcendo para que só aquilo já fosse suficiente para a minha dor de cabeça passar. Devolvi o copo para a secretária.

- Os currículos para intérpretes... Onde estão?

- Ah, Suzuki-san está analisando. Disse que em alguns minutos vem entregar para o senhor.

- Hai. Pode se retirar, sim?

A moça saiu, e eu fiquei a analisar outros papéis. Papéis, papéis! São papéis que não acabam mais. Meus olhos já estavam ficando cansados. Logo teria de ir a um oculista.

Ouvi batidas suaves na porta, e a pessoa do lado de fora não esperou pelo meu consentimento.

- Olá pra você também, Suzuki.

- Ah, olá. Olha, esses aqui são os currículos dos intérpretes. O único com todas as qualificações que pedimos é esse aqui. Ele acaba de vir da Alemanha.

Peguei a ficha do candidato.

- Shiroyama Yuu? Hum... O currículo me parece bastante útil. Masque uma entrevista com ele amanhã, e depois me diga o que acha. A conferência em Paris é daqui a três semanas, mas o quanto antes tivermos um intérprete, melhor.

- Hai. E... Como se sente, Uruha?

Acho que todos combinaram de me chamar pelo meu apelido antigo.

- Normal, Reita. Vá lgo marcar a entrevista, não podemos perder tempo.

Ele sorriu de canto. Dos tais sete sócios, três deles eram meus amigos de longa data. Já me conheciam bem demais para se aborrecerem com o meu jeito, ou se importarem com ele.

Reita saiu, me deixando sozinho novamente com os papéis malditos.

X X X X X X X X X X

- Mas que merda é essa?

Meus olhos corriam pela capa de uma revista chinfrim de fofocas. Na capa, uma foto minha no enterro da minha esposa, dois dias antes. Kai sorriu.

- É, achei que essa fosse mesmo a sua reação. Só passei para lhe mostrar. Saiu ontem mesmo nas bancas.

- Eu deveria processar essa revistinha pé de chinelo! Quem eles pensam que são para invadir o enterro da minha esposa?

- Digamos que não tenha sido uma atitude louvável. Mas também não precisa fazer tempestade em copo d\'água, Uruha.

- Diz isso porque não é com você!

Ele suspirou, cansado. Não disse mais nada, apenas se retirou da sala. Ele sabia que não conseguiria me acalmar. Que direito eles tinha de expor a minha imagem? Joguei a revista longe, descontando toda a minha fúria.

Senti uma necessidade imensa de sair da sala. Abri uma gaveta da minha mesa e a revirei, em busca de um maço de cigarros e um isqueiro. Saí furioso em direção à área reservada para fumantes.

Parei a alguns metros da área de fumantes, vendo algo estranho. Havia uma pessoa ali que eu nunca havia visto. Podia não fazer questão de decorar os nomes das pessoas, mas os rostos eu nunca me esquecia.

Ele estava parado mais à frente, olhando o céu azul por detrás de óculos escuros. Era simples identificar que não era nenhum dos funcionários: não estava de terno. Vestia uma calça simples e uma camisa preta. O único detalhe a mais era o piercing que adornava o lado esquerdo de seu lábio inferior.

Franzi o cenho. Minha empresa tinha virado clube por um acaso? Antes que eu pudesse ir até o sujeito tomar maiores satisfações, ele se virou pra mim. Colocou os óculos no topo da cabeça, e sorriu. 

Eu não sei o que deu em mim, mas eu fiquei estático, apenas encarando aqueles olhos escuros e profundos. Eles eram... como que poderia definir? Carinhosos. Mesmo com um estranho. Seu sorriso era sincero, e passava uma sensação de conforto.

Pisquei umas duas vezes antes de dizer qualquer coisa.

- O senhor está autorizado a entrar nessa área?

- Teoricamente sim.

Franzi o cenho.

- Teoricamente?

- É. Qualquer coisa é só perguntar pro Suzuki-san. Bom, eu tenho que ir. Até breve.

E saiu, sem mais nem menos. Meu cérebro levou alguns segundos até processar as informações. Suzuki? Ah, então aquele era o rapaz que fora chamado para fazer a entrevista para o cargo de intérprete. Qual era mesmo o nome dele? Bem, eu não fazia questão nenhuma de saber.

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