Embaixo da Pele escrita por Ca_Dream


Capítulo 15
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Então, gente esse é o fim. Muito obrigada a todos que acompanham essa história e a todos que comentaram. Espero que eu tenha conseguido superar as expectativas de vocês.



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–Helena Destler! Volte aqui, agora mesmo. – Elise correu atrás da menina, mas Helena foi mais rápida. Os cabelos castanhos e lisos balançavam exuberantemente enquanto ela subia as escadas, rindo.

Elise suspirou. Quanta energia uma menina de seis anos era capaz de ter! Subiu as escadas atrás dela, mesmo sabendo que aquela altura, Helena já teria se escondido em um dos cômodos da casa.

Foi até a biblioteca, onde sabia que Erik estaria. Esperava que a filha estivesse com o pai. Abriu a porta e suas esperanças se mostraram esperanças vãs.

–Ela não está aqui, está? – perguntou. Erik abaixou o livro, sorrindo para ela.

–Não, não está. – ele estendeu um dos braços para Elise e ela foi em sua direção, deixando que Erik a puxasse para o colo dele.

–Isso tudo é culpa sua. – Elise continuou, fingindo irritação.

Os olhos de Erik brilhavam maliciosos.

–O que é culpa minha? – perguntou inocente. Como se ele não soubesse.

–Quando eu disse a você para contar a Helena, histórias antes de ela dormir, eu certamente não esperava que você contasse a ela sobre o seu tempo na ópera. Muito menos sobre as peças que você costumava pregar no coro de bailarinas.

–Helena gosta das histórias que eu conto. – Erik falou calmo. Brincando para irritá-la.

–É. Mas agora ela está pregando peças nos empregados também. – Elise continuou a repreendê-lo, embora Erik soubesse que ela não estava realmente com raiva. – Ela é teimosa, exigente e impulsiva. Como o pai.

–E bonita como a mãe. – Erik rebateu.

Elise o olhou, divertida.

–Você acha que vai me ganhar assim tão fácil?

–Acho. – Erik respondeu simples. Ele a beijou antes que ela pudesse responder. Segundos depois, Elise mal podia se lembrar de estar chateada com ele.

Os dois ouviram alguém bater. Elise se levantou do colo do marido, indo até a porta para abri-la. Helena entrou com olhinhos pidões.

Elise olhou para Erik e os dois suspiraram ao mesmo tempo. Nenhum deles conseguia resistir à filha.

–Aí está você. – Elise disse pegando a menina no colo e sentando em uma das poltronas. – Helena, você não pode sair correndo por aí, pregando peças nos outros.

A menina notou a seriedade na voz da mãe. Helena era muito perceptiva para alguém tão jovem.

–Eu sei. Me desculpe. – Elise cerrou os braços ao redor da filha, beijando sua bochecha. A menina então se virou para o pai. – Mas o senhor vai continuar a me contar histórias antes de dormir, não vai papai?

Erik lhe sorriu.

–É claro, querida.

–Mamãe, tio Raoul e tia Christine vão passar o natal aqui conosco? – Helena perguntou curiosa.

–Sim, querida. – Elise respondeu. – Não vai ser ótimo? Você e Gustave poderão brincar o dia todo. – Com o tempo, os dois casais estabeleceram a rotina de se visitarem e comemorarem datas festivas juntos. Haviam intensificado os laços de sua amizade, e, Erik e Raoul conseguiam desfrutar de uma mútua cordialidade. Mas volta e meia, os dois acabavam brigando. E sempre sobrava para Christine e Elise a tarefa de acalmar os ânimos.

Elise sempre brincava sobre a possibilidade de Helena e Gustave acabarem como namorados no futuro. Erik sempre respondia com algum comentário sobre como jamais permitiria que sua filha namorasse o filho de um almofadinha.

Velhos hábitos não morrem nunca.

Helena pulou de seu colo, indo abraçar o pai. Logo em seguida, disse que queria ir brincar no jardim.

–Mas não fique lá fora até tarde. – Erik respondeu. – Você pode pegar um resfriado. – a menina assentiu, saindo correndo. Mais uma vez.

Erik olhou para Elise, uma das sobrancelhas erguidas, acentuando sua expressão confusa.

–Achei que nós fossemos passar o natal em Londres. Como sempre fazemos. Você sabe que Helena adora ir à cidade. – Elise assentiu, tentando esconder o sorriso em seu rosto.

–Combinei com tia Isabelle de eles virem pra cá esse ano. Ela disse que seria ótimo. Ethan precisa passar um tempo no campo. Eu já ia lhe contar. – Elise se levantou, retornando para o colo dele.

Erik apertou as mãos na cintura dela e Elise descansou a cabeça sobre o ombro dele.

–Por que você não quer ir a Londres este ano? – a voz dele soou doce em seu ouvido.

–É por causa da viagem. – ele pareceu confuso.

–Mas são tão poucas horas. – Elise se afastou para encará-lo. Precisava dar a notícia olhando em seus olhos.

–Mas pode ser incômodo, por causa do bebê. – Elise sorriu, observando os olhos cinza de Erik ficarem arregalados de surpresa.

–Bebê? Que bebê? – ele então olhou para a barriga dela. – Nós vamos ter outro filho? – Ela apenas confirmou com a cabeça.

Ele a abraçou e os dois riram. Explodindo de felicidade.

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Henry Destler nasceu oito meses depois. Tinha os olhos acinzentados do pai e cabelos cacheados e negros, como a mãe. Apesar dos temores de Erik, Henry fora igual à irmã Helena. Nascera sem a sua deformidade.

Os anos passaram-se, trazendo toda a tecnologia que acompanhava a Segunda Revolução Industrial. Logo as ruas e avenidas das cidades se enchiam de mais pessoas e mais automóveis. A nova mentalidade das pessoas fazia com que todos se embebedassem em arte e cultura.

Raoul, Christine, Meg, Elise e Erik continuaram a manter contato.

Christine nunca mais voltou a cantar. Tornou-se uma esposa e mãe dedicada. Passava todo o seu tempo preocupada em dar atenção a Gustave e a Raoul. Ao contrário do que a família De Chagny pensava, Christine provou-se mais do que digna de fazer parte de uma família nobre.

Meg tornou-se Prima Bailarina da Ópera de Paris. Durante anos se apresentou no palco, ganhando fama e reconhecimento. Aos vinte e poucos anos, decidiu aproveitar o resto de sua juventude. Encerrou sua carreira e ela e a mãe mudaram-se para a América. Lá, Meg conheceu um proprietário de casa de shows. Os dois se casaram e tiveram uma filha chamada Melanie.

Helena cresceu e tornou-se uma bela mulher. Apesar da influência de seus pais, nunca se interessou por música. Erik tentou lhe ensinar a tocar piano, mas ela sempre preferiu somente observar o pai. No entanto, Helena desenvolveu um gosto peculiar por arte. Adorava desenhar. Com o tempo, ela se mostrou muito habilidosa. O hobby virou profissão. Helena teve sorte de nascer em uma época em que as mulheres começavam a ganhar espaço. Tornou-se uma reconhecida artista. Ela era boa demais no trabalho para não ser notada. E esperta demais para ser passada para trás.

Ao contrário da irmã, Henry era extremamente interessado por música. Como o pai, aprendeu a tocar diversos instrumentos. Bonito como era, transformou-se em um sedutor. Elise sempre reclamava que ele não deveria ser tão namorador, se engraçando com todas as moças da vila. Elise sempre dizia que quando ele se apaixonasse, ficaria louco de amor. E estava certa. Henry se apaixonou por Melanie, a filha de Meg. Ela era apenas alguns anos mais nova do que ele. Henry teve que se esforçar muito até finalmente conseguir conquistar Melanie. A menina era difícil. Mas eles começaram a namorar a sério.

Erik e Elise continuaram, através dos anos, tão apaixonados como estiveram quando se conheceram em Paris. Os dois se compreendiam de uma maneira inimaginável. Ajudando uma ao outro a recomeçar. Eles se completavam. Permaneceram, pelo resto de suas vidas, se amando de um jeito que só duas pessoas que enxergavam através da alma seriam capazes de fazer.


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