Fighter escrita por Ster


Capítulo 1
A chuva antes de cair




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– Deixe-a em paz.

– Mas ela vai me deixar? – perguntou Tom. Ela vai me deixar?

...

Por toda a minha vida, eu sempre tive vozes sussurrando em minha mente. Várias de uma vez só.

Eu as escuto desde pequena, então aquilo era normal para mim. Eu pensei que todos ouviam, igual a mim. Mas quando minha mãe disse que aquilo definitivamente não era normal, eu comecei uma série de tratamentos para descobrir o problema, que no fim das contas, não tinha solução e nem nome. Eu me acostumei com elas, eu as adotei. Eu gostava de pensar que era um dom, feito e traçado exclusivamente para mim.

Quando eu conheci Voldemort, ele sabia sobre mim.

Pense sobre isso.

Eu odiava multidões, detestava olhares sob mim, mas ele amava. Gostava de lugares cheios, gostava de esbanjar seu poder, sua inteligência... Ele sempre estava rodeado de discípulos. Era apenas um homem rebelde, um garoto que se negou a crescer. E quando ele estava lá, as vozes paravam, e me permitiam respirar, me concentrar, enxergar.

– Teve seu tempo. – ele sorriu. E ali haviam apenas homens. Mas ele ergueu a mão, ele convidou-me. De alguma forma inexplicável, eu chamei-lhe a atenção, eu fui sua escolhida. A única mulher.

– Como se tivesse esperado. – murmurei. Naquela idade, eu era estúpida e iludida. Limitada nos poucos conhecimentos adquiridos, que com o tempo, Voldemort mostrou-me que eram todas ilusões. Mentiras traçadas pelo mundo bruxo, para aliviar a dor da verdade.

– Pode apostar que estive. – Uma jovem garota impressionável e de repente este homem... Ele é inteligente, louco, maravilhoso e sabe tudo sobre mim. Imagine o que isso faz a uma garota. Seus olhos parecem ter o poder de um Imperius e toda a sua magia parece vibrar ao seu redor, como uma bolha de proteção. Ele está no abismo das coisas, na beira do campo de centeio, sempre intocável. E sabe tudo sobre você, apesar de você nunca saber sobre ele.

– Nossas noites é uma zona livre de garotas. – Eram noites violentas, feitiços que eu nunca tinha ouvido falar antes, que foram banidos da humanidade com repúdio e ódio. Ele não tinham dó. Era letais, mórbidos e sádicos. Saiam em brigas de “gangues”, conquistava discípulos, ganhar novos locais de reuniões. A cidade era enorme, mas a noite era nossa. E entre todos aqueles de homens, eu estava ali. – Mas você não é só uma garota, não é?

Os problemas são de trás para frente. Sua ambiciosidade é perigosa. Ele quer mais, muito mais. Não ser apenas um dono da escuridão. Ele quer mais. Quer o mundo todo ao seu redor, ouvindo suas palavras. Sua ideologia pura e correta, limpa o mundo de toda a desgraça e sujeira que habita nele, só precisamos ouvi-lo, e se querem guerra para isso, guerra terão.

Mas se quiserem paz, Voldemort quer em dobro.

O sangue respingando em meu rosto, minha varinha soltando uma magia tão poderosa que chegava a vibrar... Como as pessoas não conseguiam ver a beleza nesses atos? Eram perfeitos. Eu gostava de sentir minha mão socando a carne tão forte que conseguia sentir o osso. O ar que você precisa sugar antes de pular em alguém, a concentração de um Avada Kedavra. A beleza no verde de um raio letal, com o Imperius de Voldemort, que me beija em um ápice de felicidade, quando não havia ninguém olhando.

Nós nos beijamos três vezes: Na primeira eu não me lembrei. Na segunda não era eu. Na terceira não era ele.

...

O dia está chegando.

E eu vivo pelos dias que o vejo. Vivo pelos chamados dele. Mas eu sei disso todas as vezes...

Eu sei.

Não atrevi-me a alertá-lo, a dizer minhas lamentações e medos, não ousei dizer que separar sua alma seis vezes era perigoso. Mas quanto mais eu o conhecia, menos ele me conhecia. Separar sua alma estava me separando dele. Sua memória era fraca, suas lembranças era dispersas... Ele já não sabia meu nome inteiro. O dia está chegando... Quando eu olhar nos olhos daquele homem... Meu Tom. Eu era a única pessoa a quem ele contara seu nome inteiro. Sua história. Seu sangue.

– Milorde... Houve aquela vez... Aquela vez que o senhor... – ele soltou um sorrisinho sádico.

– Eu estava morrendo, Bellatrix. Minha alma estava corrompendo-se, eu estava assustado. – Burra, pensou que ele diria o que? O que queria que ele dissesse, sua estúpida! Eu era tão cega, tão... Impossível. A garota que esperou... Eu esperei por tantos anos. Após uma bela vitória contra Dumbledore, nós comemoramos. Todos nós, juntos, estávamos subindo no altar do poder. Mas eu já não era Bellatrix Black, e sim Bellatrix Lestrange. Já não era eu. Mas ainda assim eu o beijei.

– O que o senhor ia dizer? – A frase foi clara: Bellatrix, eu... Eram tantas possibilidade, apesar de que apenas uma rondava minha mente, a frase dos meus sonhos... Eu não conseguia parar de imaginá-lo recitá-la.

– Eu preciso mesmo dizer? – Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você.

Eu amo você.

Minha família está preocupada. Eles temem que Tom me machuque, mas ele não seria capaz disso. Ele me salva todos os dias das pessoas que querem destruí-lo. Rodolphus acha que deve me salvar, acha que estou indo fundo demais em um poço sem fim. Tom joga sua varinha no chão. Nós estamos sujos de sangue após uma batalha brutal, mas ainda assim ele tem forças para espancar Rodolphus. Aquele já não é Voldemort. Ele está se perdendo, está ficando cego.

Minha gargalhada soa pela rua deserta, porém meu olhos revelam o medo.

Ver a dor no rosto de meu marido, ver o sangue em sua boca acumular após os diversos chutes do estômago dados por Tom me deixam enjoada. E quando eu olho nos olhos daquele homem... Tempo e guerra, juntos, assista-nos correr.

– Deixe-a em paz. – gemeu Rodolphus no chão. Voldemort apenas riu.

– Mas ela vai me deixar? – indagou. Ela vai me deixar?

Eu vou deixa-lo?

...

– Dê uma lição neles... Lutadora. – ele sempre me chamara assim. Ele sussurra essa sentença sempre quando ergo a varinha. Ele sabe exatamente que feitiço irei pronunciar, que maldição deixarei cair sobre a pessoa. Luta contra o Ministério, lute contra todos, mas nunca contra mim. Lutadora, eu sou sua lutadora.

Eu era um produto.

O medo... Eu o desconhecia há tempos. Não haviam regras que me parassem, leis que me impedissem. Eu mandava no mundo, e não ele em mim. Ele limpou minha visão, e tudo que queria era limpar a do mundo. Eu queria saber como ele conseguia não sentir-se mal com as coisas e eu finalmente tinha conseguido entender, absorver, adotar aquele sentimento para mim, como padrão.

Eu queria Tom para mim.

Queria que ele me dominasse um dia, trancasse-me em seu escritório e me possuísse a noite inteira, deixaria ele me bater, me espancar se necessário. Eu sonhava com aquilo, ansiava por aquilo, pensei que iria enlouquecer de tanto desejo.

– Bella. – ele cortou-me seco. Mas então, derramou um breve sorriso. – Bellatrix Black... Eu... – nos fitamos por toda uma eternidade. Diga! Diga o que viu no futuro, diga o que irá acontecer... Diga o que eu preciso ouvir... Diga Tom! Mas ele apenas suspirou, quase incapacitado, e então, aparatou.

A sala ficou grande demais... E vazia. Haverá o dia em que ele ficará cego de poder.

O dia está chegando...

...

DOCTOR WHO THEME

Não é o sol... É Tom.

O céu tem milhares e milhares de vozes gritando por ajuda, chamando Milorde. E ele salvou tantas vidas, tocou tantas vidas. O Universo é tão... Escuro sem ele. E eu sei que ele irá voltar para me buscar porque quando você está com Voldemort... Acaba, eu sei que acaba porque você não pode correr para sempre, mas... Todos os dias as pessoas morrem, todos os malditos dias, mas há aqueles dias em que ele está lá, e ele é misericordioso...

Nos dias onde Voldemort está lá, ninguém morre.

E eu sei que ele não me deixaria morrer ali, em Azkaban. E eu não posso deixa-lo morrer sabendo que é tão amado... Por todos, por mim. Mas quando ele voltar, ele não será o mesmo. Ele não será o mesmo. Quando nos vimos pela primeira vez após anos, eu o beijei.

Mas já não era ele.

Ele não tem ideia de quem eu sou...

E eu acho que isso irá me matar.


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Notas finais do capítulo

E matou, literalmente.

O que acharam?

Eu sempre achei que quando Voldemort era "humano", ele pode ter tentado ter algo com alguém, mas coisa de segundos, porque ele sabia que não era capaz de amar e tal.
br />Eu tenho certeza que ele nunca amou a Bella, mas acho que ele chegou bem perto disso.

Espero que tenham gostado.