Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 26
Festa no lago


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente queremos agradecer a maravilhosa Lauren pela linda recomendação. Muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito obrigado mesmo. Isso é muito importante pra nós. Ficamos muito felizes que tenha gostado a ponto de uma recomendação. Obrigadão mesmo.
Hoje foto de uma nova personagem (Sarah)
Dedicado a Lauren ;)
Boa leitura!



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Voltando ao que eu fazia... Depois de conhecer Julieth (a admiradora não secreta de Daniel), eu e ele seguimos ate uma sorveteria onde pedi um Sunday e ele Banana Split. Nosso dia se seguiu de passeios vagos pela cidade e explicações de que ela se localizava em exatamente "lugar nenhum!". Isso mesmo! A cidade guardiã também conhecida como Ilheias era uma fonte mágica controlada pelos anciãos onde não tinha localização nos mapas. Os portais mágicos ficavam distribuídos pelo mundo e assim novos guardiões entravam e saiam. Claro, que com autorização.

Nenhum guardião poderia sair ou entrar de Ilheias sem o pleno consentimento de todos os Anciões, porque assim que as barreiras caiam, por segundos que fossem, era muito perigoso. Os riscos eram consideráveis de uma invasão.

Depois de duas horas fora de casa, decidimos voltar. Porque, de acordo com o Dani, beijar na festa do lago é a especialidade dele enquanto o seu "amor secreto" não corresponde.

A casa estava silenciosa e aquecida. A lareira queimava preguiçosamente dando uma luz avermelhada ao ambiente. O Daniel seguiu pelo corredor cantando alguma musica para si.

Então ele resolveu se arrumar.

– E eu Dani? - perguntei - Como vou me vestir se nem tenho roupa de festa... Lembra? Perdi tudo no incêndio...

– Ah, esqueci de avisar. - falou me olhando divertidamente - Antes de você acordar, minha mãe e Margareth, a filha dos Heenks, resolveram que não seria uma boa ideia você andar por ai sem roupa e fizeram umas comprinhas... está na segunda porta a esquerda no armário do meu quarto.

Quase não contive meu grito.

– Ah DAN!!!! - falei o abraçando - Que delicia! Roupa nova!

Ele riu assim que corri direto para o quarto. Me seguiu, pegou sua muda de roupa e saiu quarto a fora em direção ao banheiro.

– Fique a vontade. - falou - Fica tranquila. Só vamos sair as sete e meia, ainda tem bastante tempo para você arranjar o que vestir.

Olhei o relógio na parede. 17 horas. Dei de ombros, mas mesmo assim não resisti e corri ate o armário. Olhei roupa por roupa e percebi que elas tinham um padrão: Jeans, blusas de cores neutras justas, jaquetas e pouquíssimos vestidos. Bastante botas e Tênis... E nenhum salto. Como assim nenhum salto? Nada. Sem saltos agulhas, de tiras, plataformas, fechados.... Apenas botas e tênis. Não pude esconder a decepção, mas que logo foram compensadas. No fundo do armário repousava-se uma linda caixinha de veludo que só pude deduzir com anos de experiência serem...

– Joias... - suspirei abrindo a caixinha. Não eram nada excepcionais, mas só o simples fato de elas terem se preocupado em comprar, me comoveu...

– Vejo que você gostou do presente. - falou uma voz grave vindo da porta.

Imediatamente pus a caixinha no armário de volta, me virando hesitante.

– Valentim. - murmurei mordendo o lábio inferior. - Não o vi chegando... Oi. Ah! Muito obrigada! Amei... São lindas.

– Katherine. - respondeu me olhando carinhosamente. - Que bom que você gostou. Posso entrar?

– Lógico. - respondi - Afinal está casa é sua.

– É nossa Kate. Nossa. - falou e caminhou pelo quarto. - Eu sei que deve ser confuso... E Kate, posso te chamar assim?

– Claro. - respondi sorrindo. Oh gente que fofo!

– Então, eu sei que vai demorar um tempo para você se acostumar... Não que eu esteja te pressionando... Mas é que parece tão novo você aqui depois de tantas tentativas, eu estava quase desistindo e... Ai! Por Kira! Eu nem sei como agir diante da minha própria filha! - falou e percebi que ele segurava a emoção na voz.

Se sentou no beliche e balançou a cabeça devagar. Como que para organizar os pensamentos.

Não pude resistir e sorri me aproximando. Sentei-me ao seu lado observei-o em silencio. Realmente o Daniel herdara a beleza dele. Reparando bem, percebi que ele era mais bronzeado do que eu tinha notado no templo.

– Você se parece com ela. - ele falou baixo erguendo os olhos e me analisando com cuidado.

– Minha mãe? Como... Como ela era? O que houve para que eu nunca conhecesse você antes?

– Era linda igual a você. Ruiva, mas seus olhos eram azuis... - ele sorriu parecendo envergonhado e confesso que foi a coisa mais linda que já vi. - E aconteceu tudo tão rápido... Eu estava em uma missão e não pude evitar. Dias de amor e então eu descobri sobre você.

Ele suspirou batendo os dedos no lençol. Passou a mão pelo cabelo (nervoso, com certeza). As mesmas manias do Daniel.

– Me lembro da primeira vez que eu te olhei... Foi a primeira e a ultima vez que pude vê-la. Depois daquele dia, ela sumiu levando você com ela. - ele sorriu triste. - E me lembro de quando chegou ao templo ontem e que olhei dentro dos seus olhos. Foi ai que eu soube que era você. Você voltou pra mim.

Senti as lagrima quase transbordarem dos meus olhos e não consegui desviar o olhar.

– Você não tem ideia do quanto eu esperei por você. - reparei seus próprios olhos marejarem. - É bom saber que você está aqui, agora. Minha filha.

Ele riu nervosamente e não percebeu a lagrima que desceu pelo seu rosto.

– Posso ganhar um abraço? - pedi e senti meu corpo tremer. Aquela conversa estava tão estranha... Mas ao mesmo tempo ele era tão gentil, tão legal... Ele estava tentando me deixar a vontade.

– Claro. - falou sorrindo de orelha a orelha. Ele abriu os braços e eu me aninhei neles. Antes que eu percebesse... Comecei a chorar. Lagrimas grossas escorriam pelo meu rosto.

Ele começou a acariciar meus cabelos me apertando mais contra si como se tivesse medo que eu sumisse de novo.

Respirei profundamente e notei que ele emanava um perfume suave de canela. Doce e calmante. Senti-me mais do nunca de que estava no lugar certo e percebi como eu cabia perfeitamente no seu abraço.

– Isso tudo é tão mágico... - falei - Você e o Daniel são tão legais. Eu nunca pensei que ter uma família fosse assim... Vocês são muitos... - e minha voz falhou dando lugar ao choro. - Eu nunca tive uma família assim.

– Você tem uma família assim, Kate. Nós somos sua família.

Assenti apertando meus braços na sua cintura. Perdi a noção do tempo quando fechei meus olhos e fiquei ali sentindo seu perfume e suas mãos no meu cabelo. Era a melhor sensação do mundo.

– Atrapalho? - uma voz feminina veio da porta.

Me afastei relutante e nós dois olhamos juntos. Madalena estava parada na soleira com um sorriso amigável no rosto.

– Não querida. - Valentim... Digo, meu pai respondeu com um sorriso no rosto que percebi por relance que estava molhado.

– Então neste caso. - ela entrou trazendo nas mãos uma sacola vermelha. - Você é mesmo um anjo. - olhou pra mim. - Pois fez esse homem chorar. - falou dando um sorriso malicioso para o meu pai.

Dei uma risada nervosa. Não sabia o que falar.

– Eu trouxe algo pra você. - ela falou se sentando ao meu lado.

– Mais presentes? Não precisa se incomodar. Acho que já me deram presentes demais ali e...

– Esse é por minha conta. - ela falou.

– Vou deixa-las conversando, pois hoje é meu dia na cozinha, certo? - Valentim falou ficando de pé.

– Certíssimo. - Madalena respondeu.

– Depois conversamos mais. Não me intrometo em assuntos femininos. - deu um sorriso de canto que era incrivelmente igual ao do Daniel. - Se prepare tranquila para a festa que o Dani vai te arrastar para ir.

– O senhor vai? - perguntei ansiosa.

– Não. - ele riu passando a mão sobre o cabelo castanho. - Não tenho mais idade para isso. - respondeu - Essa festa é mais para os jovens.

– É uma pena. - respondi. - Poxa, seria legal.

– Quem sabe da próxima. - falou dando de ombros. Ele me deu um leve beijo na testa e um beijo delicado nos lábios de Madalena. Então saiu. Limpei as lagrimas e sacudi a cabeça afastando a nevoa que me embalava.

Me virei para ela e sorri.

– Espero que goste. - me entregou a sacola vermelha. - Confesso que peguei algumas dicas com sua amiga Maggie. - deu uma piscadela.

Sorri calorosamente e peguei um saco dourado da sacola e o abri com cuidado. Dentro havia uma roupa. Era bem simples: uma blusa branca justa, uma saia jeans, uma jaqueta de couro bege e uma meia calça preta. Em outro pacote havia um brinco de argola de ouro, um colar com alguns pingentes, uma pulseira de miçangas, um pingente de folha e um conjunto de anéis dourados. Por fim, o ultimo pacote estava uma bota de couro marrom.

– É lindo! Muito obrigado mesmo. - falei dando o meu melhor sorriso.

– Por nada querida.

– Nossa, eu nem sei o que eu dizer a você. Está sendo tão gentil comigo e...

– Estive procurando por você tem muito tempo. - ela me interrompeu. - Eu e Valentim já te amávamos antes de a conhecermos depois de adolescente. É bom vê-lo tão feliz de novo e o Dani... Já te ama intensamente. - ela assentiu segurando minha mão. - Eu posso não ser nada sua de sangue, mas sou de coração. Sempre que precisar de algo saiba estarei aqui. Sua mãe de consideração.

Encarei-a sem saber no que pensar. Ela franziu o cenho e remexeu as pernas parecendo nervosa. Analisei seu rosto, os olhos castanhos repletos de sinceridade, os cabelos encaracolados com mechas claras em alguns fios, sua roupa simples. Bermuda jeans e camiseta de seda.

– Isso é claro se não for demais pra você. Só quero que saiba que estou aqui para te ajudar. Assim como o seu pai e o Dani...

Abri os braços e abracei-a. Ela pareceu surpresa no começo, mas logo passou os braços finos a minha volta. Usava um perfume de rosas e sua pele era macia como veludo.

– Obrigado... - sussurrei sem mais nada a dizer.

– Por nada.

Não me lembro de quanto tempo demorei no banho, só de que quando sai já arrumada, dei de cara com o Daniel sem camisa no corredor, com os cabelos extremamente bagunçados e com uma bola colorida nas mãos enquanto Sunny pulava eufórica aos seus pés.

– Vai garota! - ele jogou a bola enquanto a Husky corria atrás feito louca.

– Não está pronto? - perguntei enquanto ele se dirigia ao quarto.

– Claro que estou. - saiu com uma camisa verde-clara nas mãos e vestiu rapidamente. - Vamos?

Encarei-o por um segundo. Vendo como ficava bonito na calça jeans clara e na camisa que realçava os seus olhos.

Assenti sorrindo e ele jogou seu braço em volta do meu pescoço. Assim que ele abriu a porta para sairmos, Valentim surgiu na sala.

– Dani? - chamou.

Nós olhamos vendo que ele sorria. Ele e Daniel trocaram olhares que claramente significava uma conexão forte entre eles.

– Ela vai ficar bem, pai. - Daniel falou sorrindo torto. - Ela está com o melhor guardião de todos os tempos.

Confesso que não tinha reparado o quanto o lago era bonito. A noite estava quente e a paisagem em volta era perfeita. O lago estava escuro, mas era iluminado por uma fogueira que havia sido montada na sua beirada. Uma musica soava alta e lanternas estavam penduradas em galhos das arvores mais próximas. Haviam jovens por toda parte, dançando, cantando, com as mãos na fogueira (e quando digo mãos, quero dizer MÃOS), se beijando e coisas assim. Fiquei ate surpresa de tantos jovens que tinham ali.

Daniel me puxou para a multidão. Ele cumprimentava alguns garotos que me olhavam com sorrisos, cumprimentava garotas, que na maioria das vezes me olhava feio. Por fim ele parou abruptamente e bati de cara nas suas costas.

Ele deu espaço para alguém passar, mas esse alguém me abraçou com força.

– Senti sua falta hein! - falou no meu ouvido.

Ela se afastou me fitando com seus olhos azuis. Estava bonita numa calça preta com alguns rasgados, camiseta preta, botas, uma maquiagem escura e batom claro. Os cabelos caindo em cachos pesados com as pontas em tinta roxa da festa da escola que me pareciam ter sido a uma eternidade atrás.

– Maggie! - exclamei me sentindo feliz.

Ela sorriu mostrando os dentes e esticou a mão de unhas pretas tirando uma mecha de cabelo do meu rosto.

– Como foi? - perguntou.

– Eles são perfeitos. - sorri tentando olhar por cima do seu ombro para o Daniel. - O Dani...

– Já nos conhecemos. - ela falou se afastando um pouco para que eu pudesse vê-lo.

Ele sorriu de um jeito estranho e encarou o chão, depois com relutância olhou para Maggie.

– Obrigado por... - ele passou a mão pelo cabelo. - Por cuidar dela.

Maggie assentiu. Eles se encararam por um segundo em que vi.... Vergonha? No rosto do Daniel?

– Agradeça ao Nick, Mozart. - falou Maggie. - Ainda nem sou uma guardiã.

– Farei isso. - ele respondeu passando mais uma vez a mão pelo cabelo e me encarando como se estivesse a fim de fugir dali. - Não é uma guardiã, mas faz um trabalho.

Maggie se virou para mim.

– O Nick queria falar com você. - olhou o Daniel rapidamente. - Posso roubá-la de você?

Ele hesitou por um segundo e depois assentiu. Maggie segurou minha mão e me guiou antes que eu pudesse protestar por ter deixado o Daniel sozinho.

Aproximamo-nos mais da lagoa até que avistei Nicolas jogando pedrinhas na água.

– Nick! – gritou Maggie. Ele se virou e acenou para que nós nos aproximássemos.

Maggie parou e olhou para trás onde pude avistar Julieth no meio dos jovens.

– Preciso ver uma pessoa. - falou pra mim. - Acho também que precisam conversar sozinhos.

Olhei-a atônita.

– Relaxa. - falou.

Deu um sorriso e correu contornando a fogueira e sumindo em seguida. Respirei fundo e caminhei ate Nicolas.

– Oi Nicolas. – falei baixinho com a voz rouca.

– E ai Katherine, como está indo sua adaptação aqui? – perguntou em um tom tão delicado que desconfiei.

– Bem... Minha família é tão... – falei suspirando.

– Imagino. Os Mozarts são legais. – falou indiferente.

– São sim. – concordei. Ficamos nos encarando por um minuto sem assunto, e por fim decidi quebrar o silencio – É.... então você é meu guardião?

– Acho que sim. – concordou jogando outra pedra no lago que quicou ao longe.

– E o que exatamente isso significa? - me arrastei sentando-se ao seu lado e observando a água escura.

– Que vou te treinar. – falou se virando para mim e sorrindo malicioso.

– Ah não! – gemi e ele riu me encarando. Uma risada graciosa e rouca.

– Pareço ser tão mal assim?

– Não – falei rindo baixo – Você tem cara de ser pior. – assim que falei ele me fitou surpreso.

Dessa vez ate eu me surpreendi. Nunca fui tão espontânea, ainda mais com ele... Só sei que começamos a engatar assunto após assunto e acabamos nos dando relativamente bem. Ele me explicou um pouco sobre os guardiões enquanto eu o observava fascinada.

Depois ele ficou de pé e ofereceu a mão para me ajudar. Caminhamos perto do lago enquanto ele explicava detalhe por detalhe. Nos afastamos da festa e ele parou em baixo de uma sequoia baixa e nós nos sentamos na grama. A iluminação ali era uma lanterna perdurada num galho e a lua brilhando no céu.

Você deve estar se perguntando o que EXATAMENTE um guardião faz. E como a própria palavra "guardião" diz é o _ Protetor, conservador: guardião das tradições. _ Mas de acordo com o que ouvi das explicações de Nicolas, os guardiões aqui não são apenas protetores uns dos outros, mas são mais do isso.

– Os guardiões foram criados para proteger a deusa Kira, seus poderes, o seu reino desde o céu ate a terra. E os humanos da força do mal, das trevas, das sombras, de...

– Kora. - completei sentindo um arrepio.

Nicolas me fitou intensamente e assentiu erguendo a mão direita e fazendo círculos no ar que rapidamente se transformaram em chamas vermelhas nas pontas dos dedos. A chama se ergueu no gramado e figuras surgiram. Uma guerra.

– Kora se fortalece a cada sangue de um guardião que é derramado. - continuou enquanto as figuras mantinham formas de lobos enfrentando uma pessoa. - A cada guardião que é persuadido e amaldiçoado. A cada guardião que é exilado daqui e tem que abandonar suas famílias. A cada traição.

Fitei o fogo se mover, os lobos atacarem e pessoa se esquivar tentando lutar, mas ela perdeu o equilíbrio e foi.... Morta.

Fitei Nicolas e mesmo no escuro podia ver o leve brilho do azul dos seus olhos. Eu podia sentir pela sua respiração que ele tinha receio de algum dia ter de lutar com o irmão.

– Existe um modo de trazê-los de volta? - perguntei a primeira coisa que pensei.

Ele ficou mudo por longos minutos e tive de chegar mais perto para ver se estava tudo bem.

– Talvez... - respondeu por fim. - Na verdade eu acredito que tudo tem um preço e talvez seja um preço muito grande a ser pago.

Imediatamente pensei em Daniel e Eliza. Gêmeos separados por uma maldição.

– Você.... - hesitei em perguntar. - Sente falta dele? Ou não eram tão próximos antes?

Ele me encarou e soltou um longo suspiro.

– É meu irmão Kate. - respondeu se mexendo incomodado. - Eu sempre vou querer trazê-lo de volta. Por Maggie e por.... Por mim.

Ele olhou para o chão e foi ai que deduzi. Ele amava o irmão, não importa o quanto de rivalidade tinham.

Estiquei a mão colocando por cima da sua que estava pousada na grama. Sua pele quente me causou um prazer involuntário.

– Sinto muito. - sussurrei.

Ele ergueu os olhos e meu corpo disparou em nervosismos. Aproximei-me hesitante e por um milagre ele não se afastou e sim remexeu o corpo ficando mais perto.

Sua respiração bateu no meu rosto e eu engoli em seco. Vi seus olhos descerem ate nossas mãos, subirem e pararem por um instante na minha boca e voltarem a me fitar.

Senti seu perfume invadir meu corpo sem permissão e mordi os lábios tentando pensar em alguma ação. Mas não foi preciso, ele se aproximou mais e a ponta do seu nariz encostou-se ao meu. Prendi a respiração e...

– KATE! – gritou uma voz melodiosa me assustando. Imediatamente eu e Nicolas nos afastamos em um pulo.

Encarei Maggie tentando gaguejar uma desculpa, mas aparentemente ela nem reparou no climão entre nós.

– Oi M-Maggie... – falei mordendo o lábio e estalando os dedos.

– Está tudo bem, Kate? – perguntou franzindo as sobrancelhas. – Você parece... Nervosa.

– Estou ótima, melhor impossível. – gemi e lancei um olhar de esgueira para Nicolas que parecia sem reação.

– Então ok. – falou – Vem cá que vou te mostrar alguns dos meus amigos. – continuou agarrando meu pulso. Fiquei de pé me sentindo mole, mas ela me arrastou para longe de Nicolas. Olhei para trás por um segundo e ele me encarava com uma cara de... frustração (eu acho).

Me deixei ser levada sem protestar. Quando chegamos na luz, fui apresentada a cerca de treze pessoas diferentes das quais não fiz questão de saber o nome, principalmente porque tudo o que eu conseguia pensar era em Nicolas e eu... Eu e Nicolas... a lagoa, a lua, o calor que senti com sua proximidade...

– Prazer. – falou alguém que demorei a identificar. Era uma menina de dez a treze anos sorrindo arrogante pra mim. Ela tinha um cabelo castanho escuro, os olhos eram verdes puxado para o âmbar e a pele mulata. O rosto era anguloso e reconheci sendo muito parecido com uma das Anciãs... quem eu não lembrava. – Sou Tereza.

– Você me lembra muito...

– A Rosalina, sim. – falou revirando os olhos – Deve ser porque ela é minha mãe.

– Claro – respondi apertando sua mão esquerda que estava estendida. – Eu...

– Todo mundo sabe quem é você garota. – falou indiferente - A filha tão esperada de Valentim e blá blá blá. Todo mundo já decorou essa historia idiota.

Senti pela primeira vez repulsa por uma pessoa, mesmo ela sendo uma pirralha. Pensei em dar uma resposta à altura, mas fui cortada por Maggie.

– Hum... Tess onde está a Sarah? Não vi ela hoje... – falou encarando a menina severamente que apenas empinou o nariz sem se afetar.

– Deve estar... Ali! – falou apontando em direção ao lago onde um casal dava um amasso não tão discreto. Tentei identificar quem era, mas estava longe demais.

– Vem cá Kate, pra você conhecer a Sarah. – falou Maggie agarrando meu pulso novamente e me arrastando para perto do casal.

O beijo deles mostrava que conheciam um ao outro de todas as formas possíveis. A contar pelos braços da garota jogados despreocupadamente em volta do pescoço do garoto, os braços dele na cintura dela num aperto firme e possessivo.

Assim que chegamos perto o suficiente Maggie gritou:

– CHEGA DE PORNOGRAFIA AÍ VOCÊS DOIS!

Não resisti e comecei a rir, mas meu riso logo morreu quando o casal se virou. Na minha frente estava uma menina loira extremamente sexy. Tinha olhos caramelo, mechas rosas por todo o cabelo, era alta e magra como uma modelo. Vestia um vestido estampado preto, uma meia calça cor da pele, botas cano curto marrom e um blazer branco. Ela era a exibição em pessoa de beleza e autoconfiança. E ao seu lado com uma calça jeans escura, botas, camisa azul, cabelos pretos caindo sobre a testa, olhos azuis e frios e com cara de babaca me encarando, estava Nicolas.

Meus olhos se arregalaram e acho que fiquei pálida.

– Kate essa é a Sarah. - falou Maggie.

– Sarah Santines – corrigiu a loira ainda me analisando.

– Isso. A... bom... namorada do Nick. – falou Maggie e imediatamente meu mundo caiu.

Aquele desgraçado ia me beijar? Mas tinha uma namorada!

Eu queria atacá-lo. Matá-lo, mas apenas fiquei petrificada ouvindo vozes a minha volta.

– Kate? - Maggie balançou meus ombros e focalizei a visão no seu rosto. - O que foi?

Balancei a cabeça me desvencilhando dos seus braços e cambaleei para trás.

– Eu preciso achar... - falei confusa. - Preciso ir.

Me retirei deixando-os confusos.

Vaguei passando por varias pessoas, trombando em algumas e quase derrubando outras. Caminhei sem rumo em meio a luz, depois claridade, escuridão e quando dei por mim estava na parte sul do lago. Arvores a minha frente e apenas a lua me iluminando.

Escorrei ate o chão e me sentei ali sem me importar com mais nada. Não ia chorar. Não por um idiota.

Fiquei minutos olhando as formigas fazendo trilhas na terra. Pensei estar sonhando, mas o som de galhos nas arvores na minha frente me trouxe de volta. Levantei a cabeça me sentindo tonta.

Meu coração martelou no peito. Respirei fundo no ar úmido. Um rosnado saiu do escuro, depois olhos negros cintilaram e uma forma peluda saiu na luz.

O enorme lobo marrom estava de volta, só dessa vez eu não estava sonhando. Ele se aproximou e minhas ações morreram. Ficou a exatamente 20 centímetros de mim. Prendi a respiração, mas eu não sentia a sua, embora visse seu peito subindo e descendo. Ele rosnou e me penetrou com os olhos.

Um barulho ao seu lado fez com que nos dois olhássemos. Uma silhueta surgiu. Alta e forte. Quando meus olhos se acostumaram com a verdade, meu coração parou umas duas batidas.

Esforcei no chão ate ficar de pé sem me importar com o lobo cor de café. Parei em frente ao garoto alto e sussurrei quase sem voz:

– Lucas.


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Notas finais do capítulo

Kate: http://www.polyvore.com/kat-poderosa/set?id=128487562&lid=3643792
Maggie: http://www.polyvore.com/maggie/set?id=128819085
Sarah: http://www.polyvore.com/sarah/set?id=128831726



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