Eu não sei exatamente em que instante ocorreu, mas ocorreu.

Despertei numa sala diminuta, grampeando, carimbando, arquivando, relembrando... A luz que inicialmente me era tão incômoda, passou a ser tão indiferente quanto à minha própria presença lá. Não era meu lugar, simplesmente. Não havia sido treinada para isso. Mas a memória daquele dia era aterrorizante demais pra voltar. Aquele prédio, aqueles gritos... Tinha sido forte demais... Até pra mim.

- -

Coulson adentrara ao compartimento. A sala fragmentada e iluminada pela mesma luz enfraquecida parecia me assistir com desprezo. “Não voltarei ao campo.” Contudo, eu conhecia aquele olhar. Colson me observava enquanto eu arquivava os últimos relatórios das missões e boa parte dos ofícios requeridos pelo departamento. Administrava os últimos comandos quando ele finalmente se pronunciou. Não, eu não iria apenas “pilotar o Bus”. Estaria lá para apoiá-lo em qualquer missão, honrar o nome da S.H.I.E.L.D e simplesmente fazer o trabalho. Soava como uma segunda chance. Redenção que a principio rejeitei, dada as experiências anteriores. Essas coisas mudam você. Existem situações que provam que você permanece vivo, mas isso lhe custa algo grande e grave. E vê-la fria e pálida naquela câmara hiperbárica me fez relembrar isso. Há um momento na vida que você só precisa saber pelo que está lutando para poder sobreviver ou descobrir o motivo pelo qual você está sobrevivendo. E naquele momento, estava sobrevivendo por eles. Estava sobrevivendo por ela.