Depois de todos partirem, Max ajudou Syrena a ir até um dos quartos. Depois disso, Clary, Isabelle, Jennifer e Melissa a ajudaram a se trocar. Enquanto as esperavam, Max decidiu perguntar a seu pai por que havia sido tão protetor com Syrena.

– Não sei ao certo, acho que ela me lembrou a sua irmã, e eu tive o impulso de protegê-la- Jace respondeu- Além do mais, ela salvou minha vida.

Naquele instante, a porta se abre e Max fica paralisado. Syrena estava linda, com uma blusa lilás de Jennifer e uma calça preta que era de sua irmã. Estava descalça e se apoiava em Clary e Isabelle. Quando Max a havia carregado ela parecia leve como uma pluma, seu corpo se encaixava perfeitamente no dele.

Melissa e Jennifer vieram logo atrás. Todos sentaram-se em um círculo, esperando para Syrena contar tudo o que sabia. Sentaram-se respectivamente, Clary, Syrena, Isabelle, Jennifer, Melissa, Max, Jace, Alec e Simon.

Syrena começou:

– Eu e minha irmã não somos sereias comuns. Por sermos mestiças, possuímos poderes que outras sereias não têm. Vivian pode controlar e influenciar o fogo. Por isso haviam coisas queimando sem motivo na noite do ataque. Eu, por outro lado, posso mover coisas com um pensamento.

– Então mostre!- Simon falou pela primeira vez na noite.

Syrena olhava fixamente para um vaso chinês na sala, presente dos Penhallow. De repente, o vaso começou a se mexer, até flutuar em direção à mesa em que estávamos. Todos olharam boquiabertos em direção à Syrena. Ela disse:

– Isso não é tudo. Eu e minha irmã podemos estabelecer uma conexão mental, ou seja, eu posso ver o que ela vê e ela pode ver o que eu vejo.

– Então pode nos ajudar a encontrá-la!- Jace disse.

– Não é assim tão fácil, a conexão simplesmente vem, eu não posso controlar. Vivian sempre foi melhor nisso do que eu. Quando éramos crianças e estávamos fugindo da Clave, ela usava a conexão nos momentos certos para não sermos capturadas. Não é à toa que não consigo alcançar sua mente, ela já deve saber que fui capturada.

– Mas você não consegue ver nada?- Max perguntou.

– Apenas fragmentos, como a luz do sol, árvores, o mar- Syrena respondeu pensativa.

– Então vai ter que ficar aqui até conseguir ver alguma coisa- Alec disse.

– Não vejo problema algum em ficar. Se eu sair, terei que enfrentar minha irmã- Syrena estremeceu- e não estou preparada para isso.

Jace suspirou e disse:

– Nenhum de nós está.

* * *

Jennifer andava pelas ruas de Nova York, e assim como sua mãe, Isabelle, todos os olhos se voltavam para ela. Estava com uma saia preta justa, uma blusa vermelha, meias arrastão e suas botas de couro que iam até o joelho.

Chegando no conhecido apartamento, avistou seu amado, Jake. Ele era sua primeira paixão, com ele dera seu primeiro beijo e todas as primeiras vezes com as quais podia sonhar haviam sido com ele. Ele era lindo, com cabelos negros e olhos azuis como os dela. A camisa branca e fina revelava suas Marcas, e seus músculos definidos.

Ele a olhou e sorriu de lado, como ela amava aquele sorriso. Concentre-se, Jennifer, uma vozinha sussurrava em sua mente, não é por isso que está aqui.

Ela o abraçou e disse:

– Tenho notícias do Conclave para dar.

Ele suspirou, meio desapontado, e disse:

– O que o magnífico Conselho quer agora?

– Parece que uma sereia com rancor dos Nephilim está planejando uma rebelião e a Clave está mantendo a irmãzinha dela no Instituto.

– E o que temos que fazer?- Jake perguntou.

– Por enquanto nada- Jennifer disse- Mas a Clave me fez comunicar a cada maldito Caçador de Sombras em Nova York!

– Vestida assim?- Jake fez uma careta, fingindo estar com ciúmes.

– Não, seu bobo- Jennifer disse, com um sorriso sedutor- Essa roupa eu coloquei só pra você.

Ele se aproximou e começaram a se beijar. Entre um beijo e outro Jake gemeu:

– Jen.

Parece que a noite vai ser mais quente do que eu tinha esperado, Jennifer pensou.

** *

Max estava prestes a ir para o quarto quando vê Syrena sentada na sala de música, em frente ao piano. Ele se aproxima e pergunta:

– Por que ainda está acordada?

– Não paro de pensar em como te agradecer por me defender.

Max disse:

– Não foi nada. Somos Caçadores de Sombras, é o que fazemos.

Syrena balançou a cabeça e disse:

– Mas você não é como os outros, não é como aquele homem, você protege.

– Na verdade, a maioria de nós não é como aquele homem. Ele é Elijah Nightweid, meu pai disse que ele adora se gabar por ter casado com Aline Penhallow.

– Mas por que se casar com alguém seria motivo para se gabar?- Syrena disse parecendo verdadeiramente confusa.

– Meu pai me contou que desde criança Elijah é obcecado por Aline. No começo, ele aceitou a rejeição, mas quando descobriu que havia sido trocado por uma mulher, ele enlouqueceu. Procurou os pais de Aline e disse que iria fazer a filha deles deixar de ser homossexual, e eles, é claro, aceitaram.

– Como seu pai sabe tudo isso?- Syrena perguntou.

– Meu pai e Aline já tiveram alguma coisa, mas meu pai amava incontestavelmente a minha mãe. E logo depois Aline arranjou uma namorada, Helen Blackthorn.

– E o que aconteceu com ela?

– Como eu tinha dito, Elijah disse aos pais de Aline que poderia “curar” a homossexualidade dela. Então ele se aproveitou de uma distração de Helen na Batalha contra Sebastian e a matou. Aline ficou arrasada e acabou aceitando o pedido de casamento de Elijah. Mas na véspera do casamento, ela descobriu tudo e tentou fugir, mas Elijah a agarrou e a possuiu no chão frio. Ele a machucou tanto que ela teve medo de ele matá-la se contasse a alguém. Depois disso ela nunca mais falou com os pais. Eu e meu pai somos os únicos que sabem, e agora você.

– Prometo que não vou contar a ninguém. Devo a vocês minha vida- Syrena disse.

– Sei que não vai. Confio em você.

Syrena sorriu de um jeito que fez todo o ar sumir dos pulmões de Max. Ele sorriu meio envergonhado e se inclinou para a frente, mas parou ao senti-la ficar tensa. Pegou sua mão, fina e delicada, e a beijou. Ele disse:

– Seria melhor se fosse dormir, amanhã será um longo dia.

Syrena deu um meio sorriso e assentiu:

– Boa noite, então.

– Boa noite.