Eram sete horas, e Clary, Jace e Alec ainda não sabiam o que havia acontecido com Magnus, nem o porquê de o Portal tê-lo “sugado”.

Alec cobria o rosto com as mãos, desesperado por uma resposta.

Clary e Jace tentavam em vão acalmá-lo, enquanto os outros Caçadores se preparavam para levar Syrena à Cidade do Silêncio.

Max não podia mais esperar. Ele precisava de um momento à sós com Syrena.

Ele caminhou até onde Elijah estava e pediu:

– Por favor, posso ao menos me despedir?

Elijah o olhou como se estivesse louco e disse:

– É claro que não! Ela é uma prisioneira extremamente perigosa, não uma hóspede!

Max estava prestes a desistir, quando Jace pôs a mão sobre seu ombro e disse a Elijah:

– Ele é um adolescente, Elijah. E a garota também. Deixe eles ao menos se despedirem.

Elijah assentiu relutante e trouxe Syrena para perto de Max, dizendo:

– Vocês tem cinco minutos.

Max e Syrena trocaram olhares por um bom tempo, até que ela o abraçou. Apesar das algemas de electrum nos pulsos, ela enroscava os braços ao redor de seu pescoço, como se nunca mais quisesse soltá-lo, e talvez realmente não quisesse.

Ela se afastou ligeiramente de Max e perguntou:

– Você já esteve lá? Na Cidade do Silêncio?

– Só na parte superior, onde os Irmãos se reúnem. Nunca vi as celas subterrâneas.

– Estou com medo, Max- Syrena disse com as mãos tremendo.

Max segurou as mãos dela com força, e disse:

– Eu não vou deixar nada acontecer com você!

– Promete?- ela disse.

– Prometo.

Ela o olhou por um instante, e quando Elijah disse que o tempo havia acabado ela sussurrou:

– Eu te amo.

E antes que Max pudesse responder, ela já havia partido.

Eu também te amo.

***

Allyson estava parada em frente a Maureen, que insistia em dispensá-la de suas tarefas. Maureen disse:

– Você não é uma escrava! Você é uma vampira, uma Moroi! Você não precisa me servir.

– Maureen, você o vingou, você...

– Eu não fiz isso por você!- Maureen gritou se levantando- Você tem que viver a sua vida!

Allyson se aproximou de Maureen e disse:

– Você me deu aquilo que eu sempre quis: ver Camille morta. Eu vivo agora apenas para servi-la, nada mais.

Antes que Maureen pudesse protestar, a porta do gabinete se abre e um homem bêbado entra acompanhado por Raphael.

O homem diz:

– Você é Allyson Medina?

Allyson assentiu com cuidado. O homem continuou:

– Meu mestre me pediu para lhe dar um recado.

– Que recado? Quem era esse homem?- Allyson perguntou.

– Ele me pediu para dizer que o Klaus está de volta na cidade, e que aguarda ansiosamente sua visita- o homem disse se enrolando nas próprias palavras.

Allyson estremeceu ao ouvir o nome de seu antigo amor, Klaus. Ela sempre o amara, mas depois da morte de seu irmão, Allyson só pensava em vingança. Ela foi atrás de Camille, tentando matá-la, mas acabou sendo transformada em vampira por Raphael. Depois disso a Praetor Lupus a levou para longe de tudo, e Klaus nem ao menos a procurou.

Desde então nunca mais ouviu falar de Klaus, e já havia até aceitado a possibilidade de ele nunca a ter amado de verdade, mas agora ele tinha voltado.

Allyson notou que Raphael a olhava com os olhos cerrados. Raphael era o único que sabia de sua relação com Klaus, e sempre detestara o outro vampiro.

Tomada pela angústia e pela raiva, Allyson agarrou o pescoço do homem bêbado e disse:

– Pode dizer uma coisa a seu mestre?

O homem estava ficando branco conforme Allyson apertava sua garganta. Allyson continuou:

– Diga a ele o que acontece com quem ameaça uma Moroi.

E Allyson pegou uma adaga e cortou superficialmente inúmeras partes do corpo do homem: o braço, a perna, o rosto, a barriga e cortou um pedaço da orelha.

Teria cortado mais se Raphael não a impedisse. Ele disse:

– Não é ele que você quer punir, é o Klaus. Você vai se arrepender disso depois.

Allyson soltou o homem, que gemia de dor e se contorcia para sair do hotel. Raphael pegou o homem e o guiou até a saída.

Allyson pagaria para ver a cara de Klaus quando percebesse que ela não era mais aquela donzela inocente que ele conhecera.

Não, definitivamente ela não era mais aquela garota.

* * *

Syrena caminhava lentamente atrás dos Caçadores que a guiavam pelo jardim do Instituto. Ela só conseguia pensar em Max e no que estava deixando pra trás.

Ela havia dito que o amara, e recebera silêncio em resposta. Ela já não tinha mais certeza sobre os sentimentos de Max.

E para piorar, Elijah a estava levando pessoalmente às celas. Ele devia estar adorando aquilo tudo.

De repente, Syrena escuta o barulho de uma flecha sendo disparada.

Tudo aconteceu muito rápido. Os Caçadores começaram a sacar as lâminas serafim enquanto Sereias de Vivian e outros sereianos avançavam pela rua deserta. Syrena pode ver um corpo caído no chão. Um Nephilim morto.

Ela correu para longe do ataque o mais rápido que pôde, até alcançar uma rua sem saída.

Mas antes que pudesse sair alguém a segurou. Elijah agarrou seu pescoço com as duas mãos, e disse:

– Sua aberraçãozinha! Você planejou esse ataque, não é?!

Syrena tentou se soltar, mas o aperto de Elijah a estava deixando sem ar. Ele gritou:

– O que você vai fazer agora, ein?! Os Lightwood não estão aqui para te ajudar!- ele sorri cinicamente- Eu esperei tanto por esse momento! Agora finalmente vou quebrar esse pescoçinho com as próprias mãos!

Syrena começou a se sentir tonta. A falta de ar a estava fazendo perder a consciência. Quando Elijah estava prestes a afundar mais ainda seus dedos no pescoço de Syrena, uma adaga espetou seu ombro direito.

Syrena reconheceu a adaga de sua irmã, feita de ouro e incrustada com rubis. Elijah afrouxou o aperto e se virou, bem quando um homem estava prestes a esfaqueá-lo no coração.

Syrena não pensou no que estava fazendo quando puxou a adaga do ombro de Elijah e a lançou na direção do outro homem.

A adaga o atingiu bem no peito, e ele caiu inconsciente no chão. Elijah fugiu correndo sem olhar para trás.

Quando Syrena se aproximou do corpo inconsciente, ela se espantou. Conhecia aquele homem. Era Morrigan.