Em Família escrita por Aline Herondale


Capítulo 12
Revendo Velhos Conhecidos


Notas iniciais do capítulo

Eu não deveria estar postando hoje mas como o capítulo já estava pronto e eu me atrasei com a postagem do capítulo anterior, é como um pedido de desculpas.
Capítulo dedicado a minha leitora querida que tem os melhores comentários. Drica sua linda!♥
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/477406/chapter/12

Evie folheava, preguiçosamente, um livro de figuras e ao ver uma imagem de sorvete, um desejo cresceu dentro de si. Ela saiu do quarto e caminhou até a cozinha. Pegou uma colher e uma casquinha de sorvete. Desceu o porão, até o freezer e após se servir de duas generosas bolas de sorvete – uma de baunilha e outra de chocolate – sentou-se ali mesmo, naquele chão imundo e começou a comê-lo. Queria provar para si mesma que não havia nada ali, naquele sótão, que deveria temer.

Lena sentou em frente à penteadeira que tinha no seu quarto e procurou pelo seu batom mais vermelho. Passou –o minuciosamente e sorriu ao ver o resultado. Desceu de volta para a cozinha e pegou a garrafa com o restante do vinho e duas taças de cristais. Caminhou rebolando até o corredor que levava ao quarto de Charlie.

Minutos atrás o havia escutado assobiar uma mesma melodia e subiu as escadas sem cerimônias. Bateu na porta duas vezes antes de entrar e ao ver seu quarto vazio e sem barulhos vindos do banheiro diminuiu o largo sorriso, que tinha estampado nos lábios.

Suspirou deixando os ombros caírem e caminhou até a cama do homem, sentando e jogando as taças e o vinho sobre a colcha azul. Correu os olhos pelo quarto e parou o olhar sobre a mala de mão que estava ao pé da cama.

Num impulso de curiosidade a pegou e colocou no colo.

Abriu sem receios e começou a bisbilhotar. Não encontrou nada de muito relevante, até puxar o pano preto ao fundo e encontrar uma caixa de sapatos branca envolta numa fita amarela. Curiosa, Lena pegou a caixa e abriu o presente. Ao ver o conteúdo, sorriu pomposa e mordeu o canto dos lábios.

Sentiu-se mais segura, confiante ao ver aquilo e deixou o presente exatamente como havia encontrado, lacrado e escondido na mala de mão.

Sem saberem – no momento em que mãe estava no quarto do genro e filha estava no porão tomando sorvete – o telefone da mansão tocou insistentemente mas como ambas estavam longe demais para escutá-lo a pessoa desistiu e nenhuma das duas residentes ficaram sabendo do ocorrido.

Infelizmente Emma Green não havia conseguido outro hotel de mesmo nível que o Palace mas sabia que preferia o motel à ir para o lugar revelado à Charlie.

Não podia correr esse risco.

Pensou em permanecer mais alguns dias na cidade e tentar, mais uma vez, conversar de modo civilizado com Lena. Mas logo desistiu ao se lembrar da forma horrível com que havia sido tratada. Com certeza ela não era bem vinda naquela casa, salvando apenas sua querida Evie. E pensando na sobrinha andou até o telefone que havia ali e discou o número da mansão Biltmore. Parecia ter perdido seu celular.

Mudo.

Deportou à recepção o problema e eles disseram que apenas o telefone público, localizado na esquina do motel, funcionava. Ela bufou e pegou um casaco, decidida a ir até a cabine telefônica.

Antes de sair, olhou o movimento da rua do motel e começou a andar com passos apressados.

Colocou duas moedas e discou o número da mansão, decorado. Chamou uma, duas, três, cinco vezes até finalmente cair na caixa postal. Ela tentou mais uma vez, até seus créditos terminarem. Quando se virou para sair da cabine e retornar ao quarto, a fim de buscar mais moedas, viu, ao longe, uma silhueta se aproximar da cabine onde estava. Aproximou o rosto do vidro embaçado e o limpou com a mão. Seu corpo todo gelou ao reconhecer Charlie, caminhando lentamente na sua direção.

Não havia para onde escapar e a rua estava completamente deserta. Ela apenas se encolheu no canto do minúsculo quadrado e esperou até que ele a alcançasse.

– Você disse que ficaria no Palace, não foi? Mas você está aqui. – Charlie disse ao abrir a porta da cabine telefônica, lançando um olhar de revolta. Esticou a mão e revelou estar segurando um aparelho telefônico. O que ela acreditava ter perdido. – Tive até que ligar para a empresa de táxi.

A senhora pegou o aparelho, sussurrando um obrigado, claramente amedrontada. Nesse momento Charlie levou as mãos até seu cinto e começou a abri-lo. Tia Emma arregalou os olhos e apertou mais ainda as costas contra a parede da cabine telefônica. Enquanto Charlie puxava o sinto vagarosamente ela repetiu incansavelmente a palavra “não” enquanto balançava a cabeça em negativa.

Charlie também entrou na cabine e fechou a porta atrás de si. Tia Green já estava aos prantos. Não havia para onde correr e mesmo se quisesse, não tinha mais a idade nem as pernas necessárias para fazer tal ato. Ficaria ridículo pois em dois passos Charlie a alcançaria e ela teria o mesmo fim.

Ele posicionou o sinto sobre o pescoço enrugado da mulher e num movimento rápido o apertou sobre a garganta da senhora. Esta tentava puxar suas mãos e soltava guinchos, enquanto tentava fazer com que algum resquício de ar entrasse em seus pulmões, sem sucesso. Pobre Tia Green.

Evie já terminara seu sorvete e abriu o freezer para guardar os potes de sorvete quando viu algo estranho em baixo dos pedaços de carnes congeladas que as cozinheiras deixavam ali para facilitar seus serviços. A tonalidade estava muito clara e parecia coberta por uma fina camada de...pêlos.

Evie esticou a mão para retirar o pedaço de carne que tapava sua imagem quando viu o rosto da senhora Deville ali mesmo, entre as carnes, totalmente congelado. Seus olhos ainda estavam abertos e sua boca contorcida para baixo. Ela soltou um grito e o pedaço de carne, assustada e horrorizada, e jogou os sorvetes de volta, fechando o freezer.

Só quando chegou ao seu quarto conseguiu regularizar a respiração e acalmar seus batimentos cardíacos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

NÃO DEIXEM DE COMENTAR!
XOXO



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Em Família" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.