Miosótis escrita por StardustWink


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Boo~ Como a Mii teve um surto de criatividade divino para escrever Noragami e inaugurou a categoria aqui no Nyah, eu resolvi terminar uma fic que já estava no meu word por alguns dias. (owo)

Dá para entender a fic sem ter lido o mangá, mas eu a fiz me baseando no capítulo 16 então pode ter alguns spoilers leves. Espero que vocês gostem! (>w



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Ele estava sendo absolutamente irritante nesses últimos dias.

Correção: Yato já era assim por natureza – mas, recentemente, parecia que ele estava pior. Essa já era a terceira vez em menos de um minuto que ele mandava uma mensagem para ela, e Hiyori tinha um teste na semana que vem para fazer!

Ela suspirou pesadamente, olhando pela janela de seu quarto.

Não é que ela não gostasse de tê-lo por perto. O ‘tump-tump-tump’ de seu peito toda vez que ela ouvia sua voz ou sentia seu cheiro já era a prova concreta disso – no entanto, a garota não tinha tempo de atender a seus desejos todo o momento...

Principalmente quando já tinham se passado quase duas horas e ela não conseguira nem terminar um capítulo de seu livro de história.

– Ugh. – A garota resmungou, encostando a cabeça na escrivaninha. Por que ela não conseguia se concentrar?

Mais um ‘beep’. Hiyori teve a breve vontade de tacar seu celular pela janela.

– Quer saber? Dane-se a Era Meiji. – Fechando o livro, a jovem levantou-se, indo até a mochila ver se conseguia se concentrar melhor estudando outra coisa.

– Talvez matemática... – Ela puxou os livros, um por um, mas não achou o que queria. – Ué, não tá aqui?

Ela procurou em todo o quarto, debaixo da cama, no armário... E nada. Hiyori suspirou, sentando-se na cama.

– Onde eu deixei?

– Deixou o quê?

– Eep! – A garota deu um pulo para o lado, assustada, e só depois percebeu o novo integrante do seu quarto. – Y-yato?

– Yo! – O deus sorriu, levantando uma das mãos em um cumprimento. Hiyori, recuperando-se do seu susto, encarando o deus de pé e encostado na parede de seu quarto.

– O que você veio fazer aqui? – Ela perguntou, estreitando os olhos.

– Você não estava respondendo minhas mensagens, então... –Ele cruzou os braços, chegando até a fazer bico.

– Eu estava estudando.

– Você não parecia estar estudando quando eu cheguei aqui.

– Eu estava procurando um livro!

– Sentada na cama? Hiyori, você tem que melhorar um pouco suas desculpas. – Ele abriu um sorriso torto, vendo que ela parecia ter ficado irritada com isso.

– Olha, Yato, eu não tenho tempo para isso, ok? – A garota bufou, desviando os olhos dele. – Eu tenho que estudar hoje. – Ela parou por um momento antes de acrescentar. - ...Assim que eu lembrar onde eu deixei meu livro.

– Você esqueceu?

– Bom, aparentemente sim– Por que você tá me olhando desse jeito? - Hiyori percebeu que o outro tinha um brilho irritado nos olhos, e piscou. Ela é que devia estar com raiva no momento! Ela, e não ele!

– Você devia tomar umas pílulas de memória, sabia? Já é a terceira coisa que você esquece a essa semana. – Ele comentou.

– Bom, me desculpa se eu ando estressada com os estudos! Não consegui nem ver a luta do Touno-sama ontem de noite!

– Você esqueceu isso também? – Yato pareceu ainda mais perturbado depois desse comentário, e o único fio de paciência que ela tinha de sobra se rompeu.

– O que tem de errado com você esses dias, hein? – Ela protestou, com uma veia brotando na testa. – Quer saber? Eu lembrei onde eu deixei meu livro. Se me der licença, estou indo lá pegar.

E, sem esperar mais nenhum segundo, a garota pisou firme até a porta e saiu do quarto. Deus idiota, ela pensou para si mesma. Quem ele pensa que é para se irritar por um motivo desses quando eu que deveria estar com raiva dele?

Hiyori saiu pela calçada, tomando o caminho que já sabia quase que por instinto. Lembrara que tinha levado seu livro para estudar com Yukine no fim de semana e acabara o emprestando depois.

Pensar no garoto de cabelos loiros trouxe seus pensamentos para Yato outra vez. O que será que tinha de errado com ele? Ela fechou os olhos brevemente, retomando o rosto que o mesmo tivera quando ambos brigaram há minutos atrás.

Não era nem um pouco comum dele se importar tanto com isso. O que acontecera, afinal?

E lá vou eu me preocupando com ele outra vez. Ela suspirou, repreendendo a si mesma. Mesmo estando brigada com o mesmo, ainda assim tinha a estupidez de tentar entender seus motivos (provavelmente!) irracionais.

Talvez ela fosse mesmo estranha como suas amigas diziam.

– Ah. – Hiyori levantou os olhos, reconhecendo a construção familiar do templo de Kofuku. Ela chegou rápido até a porta, e abriu-a sem hesitar. Kofuku estava usando os braços como travesseiro apoiada na mesinha do centro do cômodo, provavelmente emburrada que tinham a deixado sozinha ali.

– Ah, Hiyorin! – A deusa de cabelos róseos levantou a cabeça da mesa, abrindo um sorriso largo.

– Boa tarde. – Ela sorriu, olhando para os lados em seguida. – O Yukine já saiu?

– Ele está no trabalho! Você veio pelo livro, não é? – A deusa levantou de sua posição anterior em um segundo, puxando um livro do canto da mesa e saltitando até ela. – Aqui!

– Eh? – Ela pegou-o, observando a capa. – Como você sabia...?

– Ah, eles sabiam que você viria buscar ele uma hora ou outra! – Kofuku sorriu. – Mas o Yato-kun ficou realmente irritado que você estava demorando tanto para lembrar.

– Se ele queria que eu viesse pegar o livro, por que não levou para mim antes? – Hiyori resmungou para si mesma, sentindo uma veia brotar em sua testa.

– Ah, Hiyorin... Acho que ele não ficou irritado por causa do livro em si. – A deusa de cabelos róseos comentou, sorrindo. A outra estava prestes a rebater isso, mas impediu a si mesma logo em seguida.

Ela piscou, e memórias começaram a encher sua mente como num dilúvio. A vez que ela tinha esquecido sua borracha, a que tinha deixado um caderno na escola, a fórmula que escapara de sua mente enquanto estudava com Yukine... Yato tinha a irritado por cada coisa que esquecera nesses últimos dias.

É mesmo, não é. Até hoje, ele parecia irritado com isso. Seus olhos suavizaram, e Hiyori sentiu vontade de socar aquele idiota por um motivo completamente diferente.

– ...Tem razão. – Ela suspirou, sorrindo outra vez em seguida. – Obrigada pelo livro. Eu já vou então.

– Mas já? – A animação em que Kofuku estava derreteu-se em tristeza. – Você acabou de chegar! Eu não tenho ninguém para me fazer companhia aqui...

– Desculpa, é que eu realmente preciso estudar. – Hiyorin insistiu, sentindo uma gota descer pela testa. – Eu venho visitar vocês no fim de semana, ok? Até mais!

A garota foi rápida para sair antes que a deusa a abraçasse ou fizesse qualquer outra coisa para tentar impedi-la, com medo de não sobrar tempo nenhum para estudar no final das contas. Ela ficava mal por não poder passar tempo com eles, mas Hiyori tinha um futuro para garantir, e precisava evitar que seus pais a proibissem de sair de casa por causa de suas notas.

Afinal, aí ela ficaria menos tempo ainda com eles, e isso só pioraria as coisas. Mas, claro, nenhum deles entende isso. Ela bufou. Teria continuado a reclamar para si mesma em sua cabeça se não tivesse ouvido ruídos vindo de um arbusto mais próximo.

– Yato, saia daí. – Hiyori cruzou os braços, encarando o amontoado de verde e a pessoa que podia ser nitidamente vista atrás dele.

Um beep chamou sua atenção. Ela pegou seu celular do bolso, encarando a tela.

@Hiyo Há, como se isso fosse me convencer! Mulher estúpida, me ignora e depois acha que pode ficar me ordenando coisas?! Eu sou um Deus!

– E você ainda reclama disso no twitter?! – Ela teria realmente batido nele por isso se não fosse sua descoberta de antes... Para ser honesta, até depois de descobrir ela sentiu vontade de bater nele. Estava realmente perdendo a paciência outra vez. – Para de ser infantil e sai logo desse maldito arbusto!

A garota esperou mais um pouco e nada. Hiyori respirou fundo para tentar se acalmar – ok, ela podia fazer isso sem agredi-lo outra vez, respire fundo, 1,2,3...

Outro beep. Ela resolveu ignorar totalmente o tweet novo. Se Yato queria continuar com aquela brincadeira idiota, então ela iria fazer a mesma coisa.

A garota começou a digitar furiosamente no pequeno teclado, não dando tempo algum para qualquer resposta até que ela tinha dito tudo o que desejava.

@yato Qual o seu problema, hein?!

@yato Você fica se vangloriando que é incrível, falando que vai ser “o melhor deus do universo”, e fica com raiva de mim quando eu esqueço coisas banais?

@yato Eu não vou me esquecer de você, ok? Eu já enfatizei isso o suficiente quando te falei isso pela primeira vez! E

@yato ficar se preocupando com essas coisas mesmo depois disso é idiotice! Você não é uma pessoa que eu esqueceria facilmente, seu idiota!

A garota parou para respirar, quase como se tivesse gritado tudo isso em voz alta. Ela ficou encarando a telinha do seu celular, esperando que alguma coisa aparecesse ali, mas parecia que ele finalmente tinha se calado.

Por esse motivo, ela guardou o aparelho tornou a encarar o arbusto. Andou com passos firmes até lá, espiando para ver Yato encarando uma árvore à sua esquerda, aparentemente evitando olhar para ela – e Hiyori não pode deixar de notar o vermelho que coloria seu rosto.

Ah, droga. Eu falei coisas que eu não devia mais uma vez, não é? Ela xingou a si mesma mentalmente, corando um pouco. Depois, forçou-se a encarar novamente o garoto que ainda não tinha saído do lugar.

– Você pode sair logo daí?

Ainda sem falar nada, o Deus se levantou – e ela desejou por um momento que ele tivesse continuado agachado. Era difícil ser intimidadora com uma pessoa mais alta que você e que também estivesse tão perto.

Hiyori deu um passo para trás, cruzando os braços. Yato coçou o pescoço, antes de finalmente olhar para ela.

– Desculpa. – Ele murmurou. Ela sorriu com isso, feliz que tinha finalmente vencido daquele cabeça-dura.

– Tudo bem. – Hiyori pausou um pouco para encarar mais o rosto vermelho do garoto à sua frente antes de continuar. – Eu realmente tenho que estudar, Yato. Não me visite nem mande mensagens essa semana.

Mas-!– Ele arregalou os olhos outra vez, prestes a protestar, mas ela levantou uma das mãos e o interrompeu.

– Sem “mas”! Você já me atrapalhou o suficiente na escola, não acha? – Ela reclamou. – Você não vai morrer por causa disso.

O deus continuou com o rosto indignado de antes. Hiyori continuou a o encarar por mais um tempo, antes de suspirar outra vez.

Tudo bem, você pode me mandar mensagens. – Ele se animou visivelmente com isso. – Só não mande muitas, ok? E não me ligue, eu tenho que me concentrar!

– Ok, ok. – O garoto sorriu, e ela não pôde deixar de retribuir o gesto. Nunca pensaria que o mesmo ficaria tão contente de poder a irritar, nem que fosse só um pouco.

Ela também esperava que Yato fosse resolver aceitar de vez o que a mesma tinha dito. Tanto em não a visitar pelo resto da semana, quanto em acreditar que ela não se esqueceria dele e de Yukine.

Hiyori bufou internamente. Como se ela pudesse esquecê-los assim tão fácil.

xxx

Realmente, ela devia ter suspeitado que ele não manteria sua promessa. Toda aquela insistência e comentários absolutamente vergonhosos feitos no twitter tinham sido em vão.

Talvez ela estivesse sendo condescendente demais com ele.

Porém, ao acordar rodeada de florezinhas azuis e um cobertor a cobrindo em sua cadeira onde já estivera estudando por horas, ela não pôde encontrar motivos para se convencer a se importar com isso.

Hiyori pegou uma das flores, sorrindo.

– Eu já prometi isso, seu deus estúpido.

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miosótis – Flor de planta rasteira que desabrocha na primavera. Significa recordação, fidelidade e amor verdadeiro. É também conhecida como “Não-me-esqueças”.

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Notas finais do capítulo

E aí está! Hiyori-chan, eu não acho que ele ficou feliz só porque vai poder te irritar~ /sighs Eu dei meu melhor em escrever um dork!enciumado!preocupado-demais-para-ser-normal!Yato, espero que tenha ficado legal e não tão ooc assim, risos.

A flor que eu mencionei no título e na fic é a da capa! Elas são beeem pequenininhas e azuis uvu Fiquei meio magoada que elas são mais conhecidas em português por miosótis do que "Não-me-esqueças" /sigh Bom, o que eu posso fazer, né ;w;

Obrigada a todos por terem lido! E até mais! ♥