Além dos Mortais escrita por Ádrila Agnes, victor hugo


Capítulo 14
Medo


Notas iniciais do capítulo

Ponto de vista do Drake.
~ Ryan



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As palavras de Mayrise me preocupavam.

Eu não sabia se Savana – depois que ela havia saído da sala, eu não tinha a procurado – deveria mesmo confiar no que ela dizia, mas, ainda assim, com os ataques de Pandora ficando mais frequentes, tudo era possível, até mesmo que o Sol fosse destruído. E, se o Sol fosse destruído, a vida em todos os outros planetas definharia.

Me lembrei de que Sierra dissera que ela havia sido praticamente expulsa de seu planeta. E, uma ideia se passou pela minha cabeça. Uma ideia que não era somente esquisita, mas me dava medo.

Aparentemente, Sierra estivera visitando uma colônia independente de Netuno durante toda à tarde. Estava fazendo discursos e os incentivando a lutar. Sozinha. Mesmo sabendo que aquilo era perigoso.

Tentei não me preocupar com isso. Ela sabia se cuidar sozinha.

A encontrei em um jardim gelado no sul do reino. A neve cobria todas as árvores e a grama, além de um pequeno lago, onde crianças patinavam. Havia vários bonecos de neve. As pessoas estavam sempre agasalhadas, notei. Devia ser legal viver ali, onde sempre estavam no inverno. Sierra estava usando um suéter de lã, botas e jeans. Seus cabelos estavam soltos.

– Drake? O que você está fazendo aqui? – ela perguntou, terminando de beber a sua xícara de chocolate quente.

– Nós precisamos conversar.

– Conversar? – as faces de seu rosto ficaram vermelhas, e ela se afastou alguns centímetros de mim.

– Não é nada disso – ela sorriu, nervosa – Savana e eu discutimos.

Sierra soltou um suspiro. Me perguntei o que ela fazia ali, antes de eu chegar.

– Discutiram? – ela encostou a xícara no balcão da lanchonete e entregou o dinheiro, rapidamente.

– Não foi bem uma discussão. Mas ela não quis me procurar e eu não quero ser encontrado.

– E daí?

– E daí que ela encontrou a madrasta. Ela também discutiu com ela. Mayrise – não havia necessidade de dizer quem ela era, todos a conheciam - disse que o Sol está sendo atacado.

– Se o Sol está sendo atacado, por que ela não está lutando? – ela franziu a sobrancelha.

– Não sei... – hesitei por alguns segundos, antes de continuar – Por que você estava na Terra?

– Ah, Drake... – ela fitou os próprios pés – Eu já te disse. Nós não éramos mais bem-vindos nos nossos lares.

– Por que não? Nós somos os mocinhos, não somos?

Sierra coçou a nuca, claramente incomodada com aquelas palavras.

– Mocinhos, Drake? Em tempos de guerra, não existe definição de bem e mal.

– É, mas nós lutamos para um futuro melhor, e é isso que nos diferencia de Pandora, que é a...

– Eles se sentiam inseguros - ela disse com uma firmeza maior do que o seu olhar demonstrava - Eu e Brianna tínhamos organizado várias manifestações e, sempre que elas aconteciam, algo era destruído. Claro, havia outras pessoas participando, mas eles sabiam que eu e a minha irmã éramos, sei lá, a fonte de tudo aquilo.

Abri a boca para falar algo, mas não sabia o que dizer. Por alguns segundos, ela apenas fitou o horizonte, os olhos tristes e distantes.

– Os mercurianos não... Não estão do nosso lado?

– Não sei. A gente não anda tendo muitas notícias de Mercúrio desde... bem... que fomos enviadas para a Terra.

Notei certa dor em sua voz. Ter sido "enviada" para a Terra era um eufemismo. Descobri, há alguns dias, que elas haviam sido exiladas. Imaginei como deveria ser aquela sensação de não se sentir bem-vindo em seu lar.

– Da última vez que Brianna recebeu uma mensagem, soubemos que aparentemente, nós fomos invadidos pelos guardas de Pandora.

– Invadidos?

– Houve um combate sangrento. Aqueles que se negavam a ajudá-los foram executados. E os outros, temendo que aquilo também acontecesse com eles, se uniram aos cidadãos de Pandora.

Ela olhou para mim. Esperava que eu dissesse algo. Que a consolasse. Mas eu não me sentia em condições de consolar alguém.

– Isso... Isso é terrível – eu já ouvira falar de outros ataques contra-revolucionários, mas nenhum era como aquele.

– Agora, alguns deles se instalaram em Mercúrio. O planeta se tornou uma espécie de QG para eles.

– E a sua família? Além de Brianna... Eles... Estão bem?

Houve silêncio. Imediatamente, me arrependi de ter feito aquela pergunta.

Os olhos de Sierra ficaram marejados, mesmo que ela se esforçasse para não chorar. Estendi o braço para ela, mas ela se desviou, mesmo com a cabeça baixa. Estava soluçando.

– Sierra...

– Nós somos fortes - ela parecia estar dizendo aquilo mais para si mesma do que para mim - Não foi a primeira vez que lutamos contra aqueles guardas de Pandora. Não vai ser agora que eles iam se deixar perder...

Assenti, mas notei que aquilo não pareceu ajudá-la. Sierra estava trêmula, como Savana. E, ao perceber isso, lembrei do que eu realmente viera perguntar a ela.

– Você acha que eles vão fazer a mesma coisa com o Sol?

– O Sol? – seus olhos refletiam pura tristeza – Você... Você está dizendo que...

– Eles foram invadidos - os olhos dela mostraram puro terror.

– Drake! N-não, isso não pode se repetir de novo...

Ela se levantou em um pulo.

– Sierra?

– Nós precisamos ajudar Savana, Drake, antes que seja tarde demais.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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