Plenitude escrita por Lúthien


Capítulo 45
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

Então, queridas leitoras e queridos leitores, esse é o derradeiro capítulo de Plenitude. Um pouco mais longo do que os outros, feito com mais carinho e atenção. Espero do fundo do coração que vocês curtam. Estou muito feliz por ter conseguido terminar essa fic. É a primeira história que consigo terminar (talvez tenha faltado desenvolver melhor algumas partes, mas eu queria focar na vida do casal após a mudança para a casa de praia). Tudo isso é graças ao apoio e a amizade de vocês e ao maravilhoso casal Feliko que inspira a todos nós.
Quero agradecer muito a todo mundo que acompanhou essa história até o fim. Plenitude é de vocês. Gostaria de pedir aos leitores anônimos que deixasse um comentário dizendo o que acharam da história no geral. Fica aqui o meu agradecimento pelo carinho, pelo incentivo, foi muito bom dividir essa história com vocês.
Mais uma vez, peço desculpas antecipadas por possíveis erros de digitação, rs.
Um grande abraço!
Lúthien



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Naquele fim de tarde, depois de ajudar Jaiminho com o trabalho de escola, Félix foi para o quarto de seu pai. Mas dessa vez não se entregou a apatia, apenas mergulhava nas lembranças, observando cada canto do quarto. Olhava para a cama onde tantas vezes via seu pai deitado, olhava para os objetos, as cortinas, as paredes,... tudo parecia estar impregnado pela presença de seu pai. A dor ainda estava presente, a saudade era imensurável, mas de alguma forma, ele começava a sentir que precisava se libertar e seguir em frente. Afinal, foi isso que Niko havia lhe ensinado:

"A gente não pode mudar o passado, mas a gente pode impedir que o nosso passado prejudique o nosso presente e o nosso futuro"

De repente a lembrança daquela conversa na antiga casa de Niko veio à tona. Naquele dia ele se sentia perdido, sofrendo com o desprezo do pai e da irmã, mas a vida havia lhe dado uma nova chance, ele aprendeu a perdoar e ser perdoado, a amar e ser amado. Não poderia perder isso. Do lado de fora daquele quarto, havia pessoas que o amavam, que esperavam por ele.

Félix sentou na cama do pai, acariciando o lençol que a forrava com uma das mãos. As lágrimas escorriam incessantes dos seus olhos.

“Ah, papi”

Sem motivo aparente, abriu a gaveta do criado ao lado esquerdo da cama e começou a remexer alguns objetos que estavam guardados lá. Encontrou um papel em que havia um desenho que tinha a assinatura de Jaiminho. Neles estavam desenhados Félix, Niko, Fabrício, Adriana, César sentado na cadeira de rodas e o próprio Jaiminho. Na parte de cima estava escrito: Minha linda família.

Enquanto olhava para o desenho, Félix sorria e recordava dos últimos momentos felizes que vivera com o pai. Lembrou-se da última vez que conversou com ele, na companhia de Niko:

— Boa noite seu César, como o senhor não veio jantar com a gente, vim ver como o senhor está.

— Eu estou ótimo, Niko, o Félix é quem fica fazendo tempestade em copo d’água.

— Ah, isso ele faz mesmo, seu César. SEMPRE! – respondeu Niko sorrindo.

— Ah é assim? Mas eu devo ter surfado nas águas do dilúvio pra todos vocês ficarem contra mim.

César havia sorrido junto com eles, ele e Niko começaram a se dar bem nos últimos meses, o pai ria de suas piadas, tinha uma afeição especial pelas crianças. Ele passou a aceitar a família que Félix havia formado e começava a se sentir parte dela.

— Eu me orgulho do homem que você se tornou. Independente do fato de você ser... enfim... você se tornou um filho e um pai exemplar. Imagino que um marido também, mas isso só quem pode dizer é o Niko. Mas eu vejo como você cuida dessas crianças, e como você se relaciona com o Jonathan e... e a forma como você cuida de mim. Você se tornou um homem de bem e eu me orgulho disso.

Félix perdeu a noção do tempo enquanto ficou no quarto do pai, mergulhado nas lembranças. Voltando a si, olhou para a janela, e percebeu que já era noite. Um cheiro gostoso de comida vinha da cozinha, Niko deveria estar preparando o jantar. Levantou se da cama e dirigiu-se até a porta, levando o desenho que Jaiminho havia feito para César. Antes de deixar o quarto, ele olhou para trás e disse:

— Adeus, papi soberano!

Niko de fato estava preparando o jantar, totalmente distraído, mexendo um molho branco com uma colher. Estava ouvindo um CD de Maria Bethânia, às vezes gostava de ouvir música com o volume baixo enquanto cozinhava e ficava cantarolando baixinho acompanhado a música. Quando começou a tocar a próxima faixa, sentiu dois braços enlaçarem sua cintura, sentiu um cheiro que o inebriava, sentiu um corpo encostando-se ao seu e um beijo estalar em seu pescoço.

De repente ouviu a voz de seu amado, cantarolar baixinho em seu ouvido:

­ Tô com saudade de tu, meu desejo

Sentiu um arrepio percorrer todo seu corpo, um misto de euforia, desejo, alívio... amor. Soltou a colher e virou-se para Félix, apoiando os braços em seus ombros, fitando-o com aqueles olhos verdes cheios de ternura e o acompanhou na canção.

Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu

Ficaram em silêncio fitando os olhos um do outro. Ambos tinham um singelo sorriso nos lábios. Então Félix continuou a cantar, sem desviar o olhar dos olhos de Niko que o acompanhava:

É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz

Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não posso ser feliz, assim
Tem dó de mim
O que é que eu posso fazer

A canção foi seguida por dois belos sorrisos. Ainda estavam com seus corpos colados, os rostos próximos, olhares fixos. Félix abraçou Niko mais forte, apoiando a cabeça no seu ombro:

— Carneirinho, eu preciso do seu colo.

— Eu estou aqui amor, sempre. Eu te dou colo, te dou carinho e tudo mais que você precisar.

Félix levantou a cabeça devagar e voltou a fitar os olhos do marido.

— Meu amado Carneirinho, não sei o que seria da minha vida sem você.

— Nem pense nisso, meu amor, eu estarei sempre aqui ó – Emocionado, Niko colocou uma das mãos no peito de Félix - E você vai estar sempre aqui no meu... eu te amo demais Félix. Eu senti tanto a sua falta.

— Me desculpa por ter ficado tão distante, Niko... Pelas coisas duras que eu disse, eu estava fora de mim.

— Querido, eu te amo, não tenho nada pra desculpar. Eu sei o que você está sentindo e nós vamos superar juntos isso tá bom?

— Eu sei... Que bom que eu tenho você pra me guiar, minha bússola.

Não disseram mais nada, pois seus lábios pediam ir ao encontro um do outro. E eles se encontraram num beijo apaixonado, sublime, cheio de urgência e saudade.

Foram interrompidos por Adriana que entrou correndo na cozinha.

— Seu Niko!

Soltaram-se depressa:

— Ai, o quê que foi criatura? - perguntou Félix assustado.

— Tem alguma coisa queimando seu, Niko!

— Ah, meu Deus, o molho!

Niko se virou para o fogão e viu que o molho branco que preparava havia grudado no fundo da panela e não poderia ser aproveitado.

— Iih gente, vou ter que fazer outro. Ainda bem que esse molho é fácil de fazer.

— Ah não Carneirinho, deixa isso aí, eu tenho uma ideia melhor.

— Que ideia, Félix?

— A gente pede uma pizza.

— Pizza amor? Pra quê? Eu posso fazer de novo, isso aqui é super fácil. Além disso, a massa cozinha rapidinho.

— Eu sei Carneirinho, mas essa noite eu não quero você pilotando fogão. Assim... a gente ganha mais tempo pra ficar juntinho, hum? O que você acha?

— Ah é? Nesse caso...

Quando iam se beijar, Adriana interrompeu pigarreando:

— Ham-Ham. Esperem pelo menos eu me retirar.

— Mas você ainda tá aí, criatura? Eu devo ter queimado a santa ceia pra você ficar nos atrapalhando.

— Eu já to de saída, eu hein!

— Félix, não fala assim com ela, amor.

— Ah Carneirinho, a Adriana sabe que eu tô brincando. Mas onde a gente tava mesmo, hein?

— Na pizza.

— Não, deixa a Adriana pedir a pizza, a gente pode esperar por ela lá no quarto, o que você acha hein?

— Só se você quiser comer pizza fria, né?

— Eu adoro pizza fria e borrachuda.

— Ahã, sei!

A alegria voltava a preencher os dias daquela família. Não que Félix não sentisse a perda de seu pai, mas a cada dia que passava, a dor se abrandava e ele se conformava.

Alguns dias depois, Félix e Niko encaixotavam os pertences de César, que seriam doados para a caridade.

— E esse jogo de xadrez, Félix? Nós trouxemos da nossa lua de mel, lembra?

— Claro que eu lembro Carneirinho. Esse a gente pode deixar pro Jaiminho né? Ele adorava jogar com o papi.

— É verdade, tenho certeza que ele vai gostar.

— Aqueles CDS ali, a gente pode ficar com eles também. O papi tinha um ótimo gosto pra música.

— Tinha mesmo, aliás, era um assunto que a gente tinha em comum pra conversar, eu até cheguei a mostrar um dos meus vinis pra ele.

— Eu me lembro disso. Vocês passaram horas e horas falando de música. Eu lembro até de você ter mencionado aquele disco que você ganhou da Lacraia, argh.

— Seu bobo. Sabe que eu estou até pensando leiloar aqueles discos e doar o dinheiro pro asilo também?

— Sério Carneirinho, mas você não vai sentir falta deles?

— Sinceramente? Não. Eu tenho outros gostos, outras alegrias...

— Hum, você é quem sabe.

— Ah, Niko quero te mostrar uma coisa que eu encontrei aqui outro dia, eu acabei guardando comigo.

— O que é?

— Espera, eu vou buscar.

Minutos depois, Félix voltou com uma folha de papel nas mãos.

— Olha isso.

Os olhos de Niko brilharam ao ver o desenho no papel.

— Nossa, Félix, que lindo. O Jaiminho fez isso?

— É, ele fez pro papi, olha só que gracinha, seus cachinhos, os olhos verdes! ... E isso estava guardado na gaveta do criado. O Jaiminho me disse que o papi adorou o desenho.

— O seu pai acabou nos aceitando, né amor?

— É, pelo menos nós pudemos ser felizes juntos antes dele partir.

— É verdade.

Félix ficou olhando para um desenho por alguns instantes, depois se virou para Niko e disse:

— Sabe de uma coisa, Niko? Eu estava pensando que... a gente poderia “oficializar” nossa família?

— Como assim? – perguntou Niko

Félix sorriu com a expressão confusa do marido.

— Bom, já que nós somos casados, e você agora é o Senhor Corona-Khoury, eu ... – Félix suspirou – enfim, eu pensei que eu poderia dar meu sobrenome aos nossos filhos. Eu quero ser pai deles, legalmente também.

— Jura? – Niko estava radiante – E a gente pode fazer isso, Félix?

— Bom, pelo que eu andei pesquisando com o advogado de escoteiro, aquele que é casado com minha prima Linda, sabe? Então... ele disse que sim, é possível. Imagina Jaime Corona-Khoury e Fabrício Corona-Khoury.

— Amor!!! Adorei. – Niko abraçou Félix com força – Adorei Félix!!! Família Corona-Khoury, soa tão lindo né?

— É, e elegante, como eu né? “Corona-Khoury”, chique!

Os dois riram juntos.

— Amanhã mesmo vou começar a trabalhar nisso.

— Aliás, falando em família, você ligou pra sua mãe? Ela estava muito preocupada com você.

— Liguei, falei com ela, com o Jonathan... aliás, ele e a Ana virão nos visitar qualquer dia desses.

— Ah que bom, to morrendo de saudades deles.

Algum tempo depois

A família Corona-Khoury estava toda reunida na sala, Félix tinha uma pasta nas mãos com documentos, Niko carregava Fabrício e Adriana preparava um lanche na cozinha.

— Tudo pronto, olha que gracinha os RGs dos nossos filhos, Carneirinho. Só eles mesmos pra ficarem tão bonitinhos em foto 3x4 – dizia Félix com um sorriso enorme no rosto.

— Hum, que papai mais coruja!

— Olha quem ta falando!

— Deixa eu ver pai?

— Toma Jaiminho, mas você tem que tomar muito cuidado pra não perder, isso é um documento tá, meu filho?

— Eu sei. Esse documento diz que vocês dois são meus pais de verdade?

— É, filho, mas o documento é só uma mera formalidade, o que importa mais é o que nós temos aqui dentro. – disse Niko colocando a mão no peito – O que constrói uma família é o amor que nós sentimos.

— Eu amo muito vocês dois!

— Ah, nós também amamos você, querido.

— Ai gente, eu devo ter roubando os doces de Cosme e Damião pra vocês me fazerem chorar com tanto doçura.

Todos riram, e Félix deu um abraço no marido e nos filhos.

— Vocês são os amores da minha vida, só falta o Jonathan nesse abraço coletivo – depois de soltá-los, Félix continuou – Os filhos crescem e abandonam a gente, aposto que vocês dois farão a mesma coisa.

— Ai Félix, não exagera, o Jonathan foi embora há poucos dias, e ele tem a faculdade, não pode passar o tempo todo aqui.

— Eu sei, Carneirinho, mas eu sinto saudade do meu filhote.

— Eu também, amor, eu também!

Minutos depois, Adriana gritou da cozinha:

— O lanche tá pronto!

— Oba, vamos comer, que to morto de fome.

— Tá, mas sem exageros, viu Carneirinho?

— Ah Félix, não começa! Olha, eu é quem devo ter salgado a Santa Ceia pra você ficar implicando com meu peso.

Mais tarde, Félix e Niko descansavam no quarto. Estavam deitados na cama, o primeiro enchia o segundo de beijos apaixonados. De repente ele parou, e se virou ficando deitado de costas, olhando para o teto.

— O que foi, amor?

— Nada, só me lembrei que amanhã faz três meses que o papi se foi.

— É mesmo, temos que levar flores no túmulo dele.

No dia seguinte, Félix, Niko e Jaminho foram até o cemitério colocar flores no túmulo de César, Fabrício ficou em casa com Adriana.

Depois de colocar as flores, Félix suspirou e disse:

— Ah, que saudades do papi soberano!

— Eu também sinto saudades do vovô.

— Nós todos sentimos, Jaiminho – disse Niko.

— Ai gente, eu não tinha reparado ainda como esse epitáfio é brega “Grande médico e amado pai”, quem teve a ideia brilhante?

— Félix! Isso é coisa de se dizer?

— Ah, estou sendo sincero Carneirinho, não vai me dizer que foi você o responsável por esse desatino?

— Não, foi a Paloma, coitada, tenha mais respeito.

— Ah, meu doce – Félix disse com ternura ao se lembrar da irmã, mas em seguida alfinetou – Eu gosto muito da Palominha, mas se tem uma coisa que ela nunca foi é criativa. Quando eu morrer, eu quero uma lápide bem grande, com um epitáfio de impacto.

— FÉLIX! QUE HORROR! Não fala isso nem brincando.

— Tá bom, Niko também não precisa ficar assim. Bom, vamos embora que tá ficando tarde.

Chegaram em casa ao entardecer. Fabrício estava dormindo e Adriana cuidava de algumas tarefas. Jaiminho foi para o quarto descansar, Félix e Niko foram para o deles.

Félix entrou no banheiro e Niko aproveitou para pegar um enorme caixa que tinha escondido no seu lado do closet. Ao sair do banheiro, Félix se deparou com a caixa em cima da cama.

— O que é isso, Niko?

— É um presente, pra você.

— Presente? Mas nem é meu aniversário.

— E você precisa estar fazendo aniversário pra eu te presentear?

— Não, mas você me presenteia todos os dias, Carneirinho – respondeu Félix sorrindo enquanto começava a abrir a caixa. Quando finalmente abriu, um sorriso enorme estampou o seu rosto, seus olhos ficaram marejados com a emoção - Um telescópio, Carneirinho?

— É, amor... você me disse uma vez que gostava de ver as estrelas quando era criança – Niko envolveu a cintura do marido com seus braços.

— É, foi no dia em que o papi morreu, eu lembro.

— Então, gostou?

— Pelas contas do rosário, Niko! Isso é pergunta que se faça? Esse é o presente mais lindo que eu já ganhei, claro, com valor material, porque sentimental, você e meus filhos são meu maior presente.

Félix virou-se para Niko e os dois se abraçaram emocionados.

— Idem, meu amor – respondeu o loiro.

— À noite nós vamos testá-lo lá na praia, o que você acha, hein?

— Ótima ideia, a gente pode levar os meninos e a Adriana.

— Eu tinha pensando num programinha a dois, Carneirinho, mas tudo bem. Vamos levar todo mundo.

— Não se preocupe, porque eu já planejei nosso programinha a dois pra mais tarde. – disse Niko com um olhar malicioso.

— Hum, tá cheio de segundas intenções, você é um verdadeiro lobo em pele de Carneirinho.

— É você que desperta isso em mim – respondeu Niko beijando o marido em seguida.

Depois do jantar, todos foram para a praia olhar as estrelas, Félix ensinou a Jaiminho e Adriana a manusear o telescópio. Fabrício também queria olhar, embora não entendesse o que estava vendo, estava atraído mesmo pelo objeto em si. Passaram momentos alegres ali. Félix com o seu humor que contagiava a todos a sua volta, não perdia a oportunidade de fazer alguma piadinha, que era recebida com gostosas gargalhadas ou alguma repreensão doce do marido. Depois de olharem as estrelas, ficaram brincando na beira da água, até que Félix se cansou e foi se sentar na areia, observando sua família se divertir. Niko e Adriana corriam na beira da água com os meninos. Aquele era o retrato de uma família feliz e plena de amor que Félix contemplava sentindo uma alegria que mal lhe cabia no peito. Instantes depois, Niko foi em sua direção, lhe deu um beijo e sentou-se ao seu lado.

— Cansou amor?

— Um pouquinho, já não tenho mais pique pra correr como os meninos.

— Pra falar a verdade, nem eu. E olha que eu sou bem mais novo que você – Niko sorriu.

— Tá me chamando de velho, Carneirinho? No máximo eu estou me tornando um coroa sexy.

— Muito sexy! – respondeu Niko lhe dando mais um beijo.

— Na verdade, eu tava aqui pensando, que família maravilhosa você me deu.

— Eu fico tão feliz quando você diz essas coisas – o olhar de Niko transbordava ternura.

— É a mais pura verdade. Sabe que agora eu me lembrei de uma coisa, já sei o que eu quero que coloquem no meu epitáfio quando eu partir desse mundo.

— Ai, Félix, para de falar bobagem.

— É sério, Carneirinho. Mas não se preocupe, não estou pensando em morrer, nós vamos viver muito, vamos envelhecer juntinhos, e vamos ver essa casa cheia de bisnetos.

— Deus te ouça! Mas qual é o epitáfio que você pensou?

Félix permaneceu em silêncio por alguns segundos, perdido naquele olhar brilhante, aquele olhar que a cada dia despertava o melhor que ele tinha em si. Depois de um suspiro profundo, sem desviar os olhos daquele rosto de anjo que lhe dava uma incrível sensação e paz, ele respondeu:

— Um pensamento de Gandhi que diz: “Se um único homem atingir a plenitude do amor, neutralizará o ódio de milhões."

Talvez a plenitude alcançada por Félix não tenha neutralizado o ódio de milhões de homens, mas o amor de Niko, de seus filhos e sua família preencheu seu coração de tal forma, que não houve mais espaço para sentimentos ruins. Ao atingir esse amor, ele pode resgatar em seu íntimo o seu lobo bom, alimentando-o todos os dias, como naquela antiga lenda dos índios. E atingindo esse amor, ele aprendeu a compartilhá-lo e tornou-se um homem pleno.

— FIM -

Sobem os créditos ao som de Final Feliz de Jorge Vercilo. =D


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Notas finais do capítulo

Um agradecimento especial a Angel (pelas ótimas ideias), Manu, Carol, May e TODAS as meninas do twitter. E minha amiga Mirian, pelo apoio, pelas observações, pela paciência. Beijokas, suas lindas!!!!

Confiram minha outra fanfic sobre Feliko: Clair de Lune